Shadows of the past escrita por larissabaoli


Capítulo 34
Capitulo 34




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Ao tirar minhas malas do carro, eu me mantive com a náusea que nada tinha a ver com Strigois. Era sábado e estávamos no horário humano da manhã, mas o sol estava fraco e Eddie me ajudou a descarregar enquanto Jill se mantinha irritantemente me verificando e Abe que havia ido me buscar no aeroporto fazia agora minha reserva no hotel e então os dois seguiram para a recepção comigo. Assim que cheguei, fui recebida por Simon ao invés de Marlene, final de férias e o hotel tinha vários quartos que estavam ficando disponíveis.

– Vai ficar no quarto ao meu lado, como na primeira vez. Se precisar de alguma coisa... pode contar comigo. – Abe disse.

Eu acenei e então quando começamos a caminhar para o elevador eu percebi Jill e Eddie ainda me seguindo.

– Sério? Vão com as malas e tudo? – eu disse me virando para encara-los.

– Ela tem razão... – disse Eddie.

– Você pode ir deixar minhas malas e as suas- - Jill começou, mas eu interrompi.

– Jill, o voo foi longo, eu já estou aqui, já estou de volta. Vamos passar no máximo três dias na Corte, mas se pretende passar esses dias dessa maneira, eu juro que-

– Okay! Indo para o meu quarto! – ela disse levantando as mãos.

E então ela deu meia volta e seguiu para a saída do hotel. Eu suspirei exasperada e caminhei para o elevador onde Abe me esperava.

– Todos só estão pensando no seu melhor, só estamos preocupados com você. – Abe disse me observando.

– E eu agradeço, mas se eu voltei não foi para ser mantida em observação. Um dos motivos foi justamente para tentar seguir com a minha vida. – eu olhei para Abe. – Um recomeço. E eu agradeceria que vocês pudessem voltar a me tratar normalmente.

Abe levantou as sobrancelhas, mas não me respondeu nada e então o elevador chegou e nós entramos.

Como eu sabia que teria que voltar ao horário “normal”, eu desfiz minhas malas e depois de tomar um banho rápido pus roupas confortáveis e fui dormir.

Quando acordei escutando alguém bater na porta, vi pelas cortinas que estávamos no por do sol, o que era o inicio da manhã Moroi, então eu poderia descartar a visita de Jill e Abe. Já que não era Jill, também era provável que não seria Eddie e minha relação também não estava das melhores com Rose, então eu imaginava que ela não me visitaria e sim que eu teria que ir pedir desculpas, indo até ela, então isso também cortava Dimitri da lista.

Eu me arrastei pela cama, levantando e trazendo o edredom comigo e então perguntei:

– Quem é? – eu grunhi com a mão na maçaneta.

– Ana? Anastacia? – eu reconheci a voz de Sydney e então abri a porta imediatamente.

– Me deixe perguntar mais uma vez: Quem é? – eu disse estreitando os olhos surpresa.

Sydney, a primeira amizade que eu tive além de pessoas da minha própria família e Yeva, estava agora na minha porta. Seu cabelo estava maior do que eu estava acostumada, seu lírio parecia estar perdendo a cor e era quase imperceptível agora e ela parecia mais madura, mas o que eu também não pude deixar de notar foi o anel que estava em sua mão esquerda.

– Hey, você também mudou bastante. Não é mais a garotinha que me trazia comida. – ela disse dando de ombros e me observando também.

– É, mas existe uma grande diferença entre me tornar uma dhampir em treinamento e virar uma ex-alquimista, atual usuária de magia, esposa de um Moroi e... mãe? – eu disse sorrindo e indicando para que ela entrasse no quarto.

– Wow, eu vim aqui para conversar com você, mas aparentemente, alguém já lhe deu todos os detalhes dos últimos meses... Me deixa adivinhar, Jill? – ela disse entrando.

– Ela nunca faz nada pela metade. – e então eu continuei a observando. – É bom ver você, Sydney.

Ela então parecia indecisa e dividida e depois de um tempo me perguntou.

– Posso abraçar você? Quer dizer, nós nos conhecemos bem antes de toda essa loucura, mas... eu nunca... – ela disse e então eu me aproximei e a abracei.

– Eu fico realmente feliz pelos seus avanços e que agora você se dê bem com criaturas malignas da noite. – eu disse rindo.

E então nós começamos a conversar enquanto eu “acordava” e trocava de roupa. Sydney me deu sua própria versão do que houve em meio ao tempo que passamos distantes, fazendo uma espécie de lista em ordem dos fatos, mas eu não esperava nada mais comum para ela e depois que eu terminei, ela se levantou da minha cama.

– Então, como eu disse... agora eu tenho uma criança para cuidar, bem, na verdade duas. – ela disse rindo – Pode vir comigo se quiser, tome café-da-manhã lá em casa. – e então eu levantei uma sobrancelha. – É, você também esqueceu de acrescentar “dona de casa”, universitária de arquitetura e estagiaria de um museu na lista.

Nós descemos e logo estávamos indo para além dos blocos e mansões, caminhando no por do sol, partindo para o lado onde as casas dos dhampirs estavam e então chegamos a uma casa de tamanho mediano e de dois andares que tinha o lado esquerdo em reforma.

– Essa no começo era uma espécie de casa para passarmos as férias, mas parece mais rentável nos mantermos aqui. Quer dizer, Lissa nos deu essa casa e é um lar seguro. Os horários são uma droga, mas não para Adrian e quando Declan começar a estudar, também vai precisar entrar no horário de vocês, certo? Então, eu estou cuidando da reforma e Adrian vai cuidar da decoração. – ela disse se sentindo orgulhosa.

E então nós entramos e eu pude ter mais uma surpresa. Adrian estava sentado no chão, com as costas no sofá e em seu colo estava um bebê.

– Hey, baby Hathaway. Veio ver com seus próprios olhos o mais novo pai de família da Corte? Soube que você estava isolada com os pinguins, mas Sydney estava ansiosa desde que Jill disse que iria lhe resgatar. – ele disse em voz baixa.

Eu revirei os olhos e não respondi, enquanto eu e Sydney íamos entrando e Sydney se sentou no chão ao lado de Adrian, enquanto eu sentava no sofá.

Ao me sentar eu tive uma visão melhor do bebê que vestia um pequeno pijama com nuvenzinhas brancas e azuis. Ele deveria ter cerca de um ano e alguns meses e seus olhos também me observavam atentamente. Adrian percebeu isso e então se aproximou de mim com o bebê.

– Esse é o Declan. Eu imagino que Sydney e Jill já tenham falado dele para você. Quer segura-lo? – ele perguntou e fez menção de levantar e eu balancei a cabeça, mas foi um tanto tarde demais.

Adrian pôs Declan sentado em meu colo e eu fiquei imediatamente tensa, tentando até mesmo prender a respiração. Eu não lembrava de nenhuma outra vez em que havia segurado um bebê na vida. Ele deveria ter 10 ou 12kgs e um pouco mais que meio metro e enquanto continuava me observando, ele pôs sua pequena mãozinha em meu pingente de nazar em meu cordão e tentou puxa-lo, o que me fez sorrir nervosa.

– Eu fiz café, – disse Adrian para Sydney – mas quando começava a preparar a mesa Declan acordou, então...

Sydney então se levantou e foi em direção à cozinha.

– Venha, Adrian. Ana, se quiser vir para a cozinha... – ela disse e então éramos só Declan e eu na sala.

Eu ainda não conseguia respirar direito ou me mover por medo de fazer algo errado e danificar o bebê de alguma forma e então eu me mantive ali, parada, com Declan puxando meu cordão com suas pequenas mãozinhas, mas não é como se ele quisesse o colar de verdade já que ele se mantinha me observando atentamente.

– Hey... então... ficar encarando as pessoas não é legal. Eu tenho esse hábito e pelo menos é o que dizem para mim. – eu disse levantando as sobrancelhas e então eu tentei soltar meu cordão, tirando as mãozinhas dele com meus dedos, o que fez com que ele agarrasse minha mão e começasse a brincar com meus dedos apertando, o que me fez sorrir. – É um prazer conhece-lo Declan. Mas se quer cumprimentar alguém, é melhor fazer assim... – e então eu segurei sua mão como se fosse maior e a sacudi de leve. Por mais bobo que parecesse eu ri e logo vi Declan abrir um pequeno sorriso também.

Depois de um tempo eu ouvi Sydney me chamar e fiquei tensa novamente.

– Okay, garoto. Somos só você e eu e você vai ter que me ajudar. – E me desculpar se eu fizer alguma besteira, eu pensei.

E então eu segurei Declan com cuidado e com as duas mãos e então me levantei indo em direção à cozinha e caminhando em passos lentos.

– Pelo amor de Deus, Ana! Ele não é uma bomba relógio! – Sydney se aproximou de mim rindo e então tirou Declan de meus braços o pondo numa cadeirinha colorida e cheia de bichinhos pendurados. Declan passou a observa-la e então preencheu sua atenção com os bichinhos.

Depois que começamos a comer, Eddie apareceu e eu lembrei que Jill havia me dito que ele agora morava com Adrian e Sydney, depois uma Moroi que me foi apresentada como Daniella Ivashkov, a mãe de Adrian e então Jill também apareceu, me dizendo que já havia passado em meu quarto e sabia que eu deveria estar aqui.

E depois de eu ajudar Sydney e Adrian a limpar tudo, enquanto Jill e Eddie cuidavam de Declan não havia muito o que fazer e logo eu me senti um tanto perdida, até que Adrian veio até a mim.

– Quer conhecer a casa? Eu tenho milhões de ideias e você pode me dar uma opinião de fora.

– Eu já fiz a planta do quarto de Declan, Adrian. Está decidido. – disse Sydney revirando os olhos.

– Está vendo? Poucos anos casados e ela já toma controle de tudo. – Adrian suspirou com um sorriso e então acenou para que eu o acompanhasse.

Ele me mostrou cada cômodo, inclusive os que estavam em reforma, terminando no quarto de Declan. Esse era espaçoso e tinha um grande lugar para por a janela, junto de alguns moveis de bebê que já estavam postos ali.

– Então, esse vai ser o quarto de Declan, mas veja: do lado esquerdo vai ficar minha galeria e do direito o quarto de casal. Olhe para sua parede direita. Eu vou me manter de porta aberta na galeria, mas nem sempre estaremos de porta aberta no quarto de casal. E se nem eu nem Sydney ouvirmos Declan quando ele acordar? Então... Sydney acha uma insanidade minha, mas o que você acha de uma janela aqui. Como as que tem nas maternidades!

– Adrian, eu...

– O vidro seria um daqueles que só um lado pode ser visto, é claro. Assim nós nos manteríamos de olho no bebê, mas ainda teríamos privacidade... – ele parecia esperançoso.

Eu fiz uma careta, fechei os olhos e então suspirei abrindo os olhos novamente.

– Adrian, Sydney está certa. – eu disse.

– Ah, qual é! Eu só estou pensando na melhor maneira de-

– Você me pediu para ver seu ponto de vista, agora veja o meu, que provavelmente é o ponto de vista de Sydney: Você disse que mesmo com a janela, vocês ainda teriam privacidade, mas isso seria sobre o Declan não poder ver vocês, certo? Agora imagine vocês em... momentos privados e... com o bebê ao lado. Ele não vai poder ver vocês, mas eu consideraria bem desconfortável ter ele ao lado e ainda mais com a decoração do quarto de bebê praticamente dentro do quarto de vocês...

– Okay, planos devidamente arruinados, visão devidamente perturbada. – ele disse e então balançou a cabeça para se livrar de um pensamento ruim. – Quer ir ver a minha galeria improvisada? É a garagem, mas no momento é o melhor que tenho.

E então nós saímos do quarto e descemos as escadas indo até a garagem.

Quando Adrian abriu a luz, eu pude ver tantas pinturas pelas paredes da garagem que eu me perguntei qual deveriam ser a cor real das paredes. Algumas estavam em molduras, outras estavam ainda na tela, haviam dois cavaletes, um de cada lado da garagem e uma estante cheia de tintas, rolos de tela e pincéis. Também havia uma poltrona que parecia confortável ali e Adrian me pediu para que eu sentasse nela enquanto ele começava a explicar.

– É o único lugar onde Sydney não liga para minha bagunça. É praticamente o meu santuário. – ele disse abrindo os braços de maneira dramática e me lembrando dolorosamente Dane. – Os quadros de pintura abstrata são dos meus tempos mais obscuros. Eu ainda os mantenho por eles serem bons mesmo quando eu não estava tão bem assim. Os outros, são de depois que eu comecei a... melhorar. Maioria coisas do meu cotidiano e memorias dos lugares de onde estive ou Sydney e Declan. É quase como se anteriormente eu fosse Picasso ou Dalí e atualmente Da Vinci ou Vincent van Gogh. – ele disse com um sorriso nada tímido.

Eu me mantive observando todo o lugar, mas as pinturas abstratas continuavam chamando minha atenção. Elas eram mais obscuras como Adrian tinha dito, mas havia algo nelas que me deixou as observando por um tempo. Eu cheguei a ouvir em algum lugar que muitos pintores em suas artes colocavam para fora o que estavam sentindo por dentro, então se era dessa forma que Adrian se sentia antes de começar a se tratar...

– Adrian, você sente falta? – eu perguntei antes de pensar direito.

Ele levou um tempo para perceber para o que eu estava olhando e então foi até o quadro que eu observava.

– Eu não sinto falta de como eu me sentia, era algo horrível na maior parte do tempo. Hoje em dia também não sinto falta das bebidas ou dos cigarros, mas todos os dias é difícil saber que não posso usar mais meus poderes. Que eles são minha maior fraqueza. Eu gostava de ler auras, entrar em sonhos, cuidar das pessoas que eu amava... Mas eu tento pensar que hoje em dia eu faço isso. Eu cuido do Declan e da Sydney. E eu preciso me manter bem para continuar. – ele concluiu e então me olhou com uma sobrancelha levantada. – Por que o interesse?

– Nada demais. Só parece... uma luta e tanto. – eu disse ainda refletindo sobre o que ele havia me dito.

– E é, mas eu agora tenho uma família para me ajudar com isso. Já o seu ex está sozinho. – ele disse com os olhos no quadro novamente.

– Jesus! Será que nada aqui pode ser mantido em segredo? – eu disse e então me levantei da poltrona aborrecida.

– Ah, qual é, baby Hathaway! Eu não sabia que você estava em busca de alguém para me substituir enquanto eu estivesse fora. Eu marquei sua vida tanto assim? – ele disse rindo. – A sua família realmente gosta de fazer um usuário do espirito sofrer, não é mesmo?

Eu sabia só de olhar para ele que ele não estava falando isso por mágoa ou por ainda ter algum ressentimento com Rose, mas sim somente para me irritar.

– Tchau, Adrian. – eu disse caminhando para da garagem.

Mas então Adrian me seguiu, segurou meu ombro de leve e falou com um pouco mais de seriedade.

– Ana, eu falei sério. Você não é obrigada a estar com ele, mas se ele realmente gosta de você, não se afaste dele por completo. Tente ajuda-lo. – ele disse e então eu me virei para encara-lo.

Ele parecia serio, mas isso durou pouco.

– Talvez você devesse até trazê-lo no dia de ação de graças! Eu tenho alguns conselhos maravilhosos... – ele continuou e então eu revirei os olhos e saí dali voltando para a sala.

Depois de me despedir de Sydney, Adrian e Declan eu voltei para casa e deixei também Jill e Eddie antes que eles insistissem em me acompanhar, mas por não ter muito o que fazer, eu continuei andando pela Corte até encontrar o bloco principal. Bem, eu não sabia se Rose estava ocupada, mas eu precisava por o que aconteceu para trás e então eu entrei no bloco encontrando Janine na entrada.

– Oh, eu iria até seu quarto na minha pausa, mas fico feliz de ver você andando por aí. – ela disse analisando meu estado.

– Eu estava com Jill e os outros, mas agora vim falar com Rose.

– Eu soube que vocês tiveram um mal entendido quando ela foi lhe visitar. Eu disse para ela esperar você melhorar um pouco mais, mas... – ela parecia nervosa em... me ver?

– Mãe? – eu chamei parando e a fazendo parar também, percebendo que ela parecia um tanto emocionada.

– Eu estou bem, só estou feliz por você ter voltado. – ela disse com um sorriso curto.

Eu prendi o lábio para a sensação de tristeza que me invadiu ao perceber que eu me afastei bruscamente e sem pensar dos meus familiares. Mark e Oksana estavam lá e podiam me ver, mas Janine, Rose e Abe estavam aqui e só me viram em videoconferências que eu fazia e agora eu nem sequer lembrava quando tinha sido a ultima vez que eu tinha falado com Janine.

Eu me aproximei dela e a abracei, sendo retribuída com um abraço apertado. Nós tínhamos a mesma altura, mas na maioria das vezes, eu sentia que ela era maior que eu e Rose.

– Enfim, eu levo você até lá.

E assim era minha relação com ela. Apesar do pouco tempo que passamos juntas, bastava meias palavras para concluir toda uma conversa. Ela deu um sorriso enquanto me soltava e eu acenei indo com ela até uma sala que parecia extremamente comum, exceto por ser dentro de um castelo.

Lissa estava sentada no sofá, Christian no chão com a cabeça próxima as suas pernas e Rose estava sentada na poltrona ao lado, com o controle na mão e trocando de canais parecendo entediada. Dimitri estava sentado no braço da poltrona e parecia pensativo, mas assim que nos viram entrar todos pararam por alguns segundos e então Rose se levantou e o mais estranho foi Dimitri que instantaneamente pareceu surpreso e depois aliviado.

– Hey. – eu disse sem saber como ou por onde começar.

Janine então fez uma breve referencia a Lissa e acenou para todos saindo da sala e me deixando sendo observada, mas logo depois que todos perceberam o quão constrangida eu parecia, Lissa voltou sua atenção para a televisão e também fez com que Christian parasse de me encarar enquanto Rose veio até a mim.

– Hey, soube que você chegaria hoje. – ela disse enquanto se aproximava.

– Rose, eu sinto muito. – eu comecei e então ela me interrompeu.

– Eu sei, eu sei, você não tinha intenção, eu também não queria ter sido uma idiota, então... vamos esquecer isso e focar agora no seu retorno, okay? Anda, quer me ajudar a escolher um filme? Lissa tem exatas três horas até que precise ir para uma reunião com o conselho e eu me recuso a deixar Christian com o controle em mãos.

E dessa forma, Lissa me pediu para sentar ao seu lado, também me perguntando algumas coisas e pareceu sincera quando disse que estava feliz em me ver e então eu comecei a sugerir alguns dos meus filmes favoritos até chegarmos ao consenso de assistir um que agradasse a todos. Depois de assistirmos, eu me levantei para voltar para o hotel e ir almoçar, mas já do lado de fora senti meu celular vibrar e quando abri a mensagem que havia recebido, vi que ela estava escrita em russo.

“Preciso falar com você. Pode me encontrar na cozinha do hotel? – D.”

Ao ler a assinatura que tinha apenas uma letra “D”, outra pessoa me surgiu em mente, mas já que a mensagem estava escrita em russo, havia poucas ou somente uma opção. Eu olhei para a porta que havia acabado de fechar e comecei a andar de volta para o hotel, passando pela recepção e dessa vez encontrando Marlene, mas eu não tive muito tempo para falar com ela e depois que ela me deu boas vindas, eu disse que estava com fome e então segui para o restaurante, entrando direto para a cozinha antes que alguém percebesse o que eu estava fazendo e me impedisse, mas eu não encontrei ninguém e logo todo o aroma que tinha ali, eu realmente senti minha fome aparecer.

– Hey, não pode entrar aqui! –um homem vestido de chef começou a vir na minha direção, mas a expressão dele logo mudou de confusão para espanto e eu senti alguém se aproximar de mim.

– São ordens da rainha. – disse Dimitri que apareceu da porta que dava até o beco e então o homem acenou e simplesmente voltou ao seu trabalho enquanto Dimitri olhou para mim. – Venha comigo, eu tenho no máximo 15 minutos.

E então eu o segui até o beco onde uma vez eu encontrei Marlene e Arthur, mas o lugar estava vazio dessa vez, exceto por mim e Dimitri que impressionantemente parecia nervoso e que começou a falar comigo em russo apressadamente.

– Eu não sei como falar sobre isso com você, mas no momento não existe ninguém melhor para que eu possa perguntar isso, quer dizer... a sua mãe também é como vocês, mas eu não conversaria com a sua mãe sobre...

– Dimitri, calma. – eu disse começando a ficar confusa. – Respire. Você disse que tinha pouco tempo, então me diga de uma só vez. Qual o motivo de você precisar falar comigo em segredo?

Dimitri então respirou fundo.

– Como você gostaria de ser pedida em casamento? – ele soltou de uma vez só.

Eu parecia ter me perdido.

– O quê?

– Anastacia, eu estou pronto para dar um passo à frente no meu relacionamento com Rose, mas eu não sei como ela vai reagir quando eu pedir. Eu quero que ela aceite, mas ela parece tão contra a ideia...

– Dimitri, eu não sou a pessoa certa para responder a sua pergunta no momento, quer dizer, você já viu como minha vida pessoal está? Caso não tenha percebido, está um tanto caótica... Se você está procurando por conselhos para formar uma união feliz, talvez você devesse pedir ao Adrian... – e então eu parei lembrando – Ou a Sydney.

Ele comprimiu os lábios pensando e então balançou a cabeça.

– Eu estou há tempos me perguntando qual seria o melhor momento, mas não sei como fazer isso. Eu não perguntaria isso a Sydney e muito menos ao Adrian, mas você... vocês são tão parecidas... é claro que Roza é única, mas talvez se você me dissesse como eu deveria fazer...

– Olha, eu não sei. Nunca pensei ou precisei pensar sobre isso, mas acho que você não corre risco nenhum em pedir. Vocês se amam. Já provaram isso um ao outro muitas vezes e já ultrapassaram diversos obstáculos com sucesso.

– Então o que você acha de eu pedir a mão dela no jantar de ação de graças?

– Não! – eu respondi prontamente.

– Você está me deixando confuso, Ana.

Eu parei e refleti, afinal se ele estava pedindo minha ajuda, ele teria que aguentar minha sinceridade.

– Você me perguntou como eu gostaria de ser pedida, certo? Bem, tenha certeza que eu não gostaria de um grande estardalhaço. Seja simples. Não faça disso um grande gesto, isso deixaria – pelo menos a mim – bem nervosa. Como você vai fazer isso, aí já é com você, mas se quer saber a minha opinião, você tem chances de uma resposta positiva e isso só aumenta se pega-la desprevenida e sem argumentos, então acho bom você planejar bastante.

Ele pareceu absorver cada palavra que eu tinha dito e depois começou a repeti-las como se fizesse uma lista.

– Okay, então eu tenho chances dela aceitar meu pedido, mas somente se eu pedi-la sendo discreto e simples. Se eu fizer um grande gesto isso vai deixa-la nervosa, mas eu preciso mesmo assim planejar bastante. Eu preciso ter argumentos o suficiente para faze-la dizer sim, mas você diz que eu não corro risco nenhum em pedir. – ele fez uma careta. – Eu continuo um tanto confuso.

– Bem, pelo que eu sei... Hathaway’s não são fáceis. – eu disse e então ele deu um sorriso curto acenando e eu me despedi em seguida voltando para o meu quarto enquanto Dimitri seguiu de volta por onde veio.


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