Shadows of the past escrita por larissabaoli


Capítulo 35
Capitulo 35




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Voltar a St. Vladmir foi bem pior do que eu pensava. Quer dizer, eu sabia que seria difícil voltar e saber que Bea não estaria ali, mas o problema é havia muita coisa ali que me lembrava ela. Eu foquei na despedida que tive e nos dias em que passei na casa de Sydney e de quando me despedi deles para voltar para a escola, mas ao passar pela porta do quarto de Bea que era antes do meu, eu senti meu coração apertar e minha garganta fechar ao mesmo tempo. Eu respirei fundo antes de entrar em meu quarto e comecei a desfazer minhas malas tentando trocar minhas tristes memorias por pensamentos felizes mesmo que fossem simples como o fato de que eu tinha me acostumado a segurar Declan, que Jill agora estudaria comigo e que há muito tempo eu não precisava de um amuleto para ajudar com meu humor. Ao pensar nisso eu lembrei que agora tinha outros tipos de objetos que eu carregava como se fossem amuletos comigo. O primeiro era o canivete suíço que Bea havia me dado e que agora estava comigo para onde quer que eu fosse, depois a pulseira que Joshua havia me dado e que atualmente servia para me lembrar que eu não estava sozinha e que eu tinha mais memorias boas que ruins do tempo que passei em Montana e o meu colar com um pequeno nazar, ao pensar nesse eu segurei o pingente passando pela corrente de um lado para o outro até me sentir sufocada ali dentro. Ainda faltava cerca de duas horas para começarem as aulas, mas eu não conseguia mais ficar parada. Eu troquei de roupa e então comecei a treinar sozinha, me alongando e então correndo ao redor do ginásio. Por ser setembro, o clima para mim estava agradável e depois de perceber que as pessoas começavam a acordar eu voltei para o quarto, vestindo o uniforme.

Encontrei Jill me esperando na porta do prédio principal e ela estava como sempre, animada. A tristeza de ter deixado Eddie na Corte já fora superada e ela me abraçou de lado, enquanto me apresentava aos amigos que eu já conhecia, mas que nunca haviam falado comigo.

Eu não conseguia olhar ninguém de verdade, já que percebia que todos estavam me encarando. A fofoca do meu retorno provavelmente duraria uns dois dias e eu já tinha previsto isso. Todos me olhavam com pena, tristeza ou apenas curiosidade, até ali mesmo enquanto Jill me apresentava alguns Morois diziam que já sabiam quem eu era e eu cheguei a ouvir alguns “eu sinto muito”, que tive que retribuir com um aceno simples.

Nós seguimos para a aula e então um garoto da nossa idade, mas uma cabeça mais alta que Jill continuou andando conosco. Na minha memoria, eu consegui extrair que ele tinha sido apresentado como Nolan e Jill e ele estava discutindo sobre jaquetas com franjas, o que fez com que eu ficasse quieta na maior parte da conversa e então Jill me puxou para que eu sentasse com ela na frente, o que eu recusei tentando ser o mais gentil possível e então fui me sentar na ultima cadeira do lado esquerdo.

Eu estava completamente ciente da presença de todos ali antes mesmo que a lista de chamada tivesse sido feita e resolvi que focaria apenas na aula, mas era um tanto difícil quando os professores começavam a olhar para você da mesma forma que todos os outros. Eu contava os minutos para as aulas do segundo tempo, onde eu teria algum tempo de privacidade na classe com Lemoine e em meio isso eu fiquei trocando algumas mensagens com Jill.

“Está tudo bem?”

“Sim.”

“Preciso te dizer algo, mas não quero que você fique chateada...”

“...”

“Na hora do almoço, nós sentaremos com Dane.”

“Eu passo, obrigada.”

Eu parei de responder enquanto seguíamos para a aula de Artes Eslavas e Jill correu com Nolan ao lado para vir até a mim.

– Ana, qual é! Depois que eu voltei para cá e nós começamos a conversar, eu chamei ele para sentar comigo, Nolan e os outros! Ele estava mal antes disso e não quero-

– Eu não disse para não almoçar com ele, Jill. Eu disse que eu não vou fazer isso. – eu disse a interrompendo e entrando na sala de aula.

– Então é você a ex do Dane? O que você tem na cabeça? Ele é lindo! – Nolan disse falando diretamente comigo pela primeira vez.

Eu me esforcei para não rir e ao invés disso me mantive em guarda.

– É mais complicado do que ele ser só “lindo”...

– É, ele é lindo, alto, usuário do espirito, olhos azuis acinzentados, o sonho maioria das garotas da St. Vladmir... – continuou Nolan e dessa vez eu realmente ri.

– Eu sinto muito, Jill. Não se preocupe, eu vou arranjar algo para fazer no horário do almoço. – e assim Jill saiu segurando Nolan pelo braço e a professora entrou na sala.

No horário de almoço eu fui até a biblioteca e resolvi pegar O Pequeno Príncipe e só então ir atrás de alguma comida, pegando apenas uma caixinha de suco e biscoitos. Eu não olhei para a mesa de Jill, mas foi fácil ver onde ela estava sentada já que todos os olhares se dirigiam para uma mesa próxima a janela e então eu saí indo até uma fonte com iluminação e me sentando com as costas encostada nela. O problema é que esse era um dos livros que eu já havia lido tantas vezes que logo eu me peguei dispersa imaginando como algumas frases se relacionariam na minha própria vida e na vida dos alunos que passavam por ali, até ver Nolan agarrado com... Gwen.

E quando eu digo “agarrado” eu quero dizer “romanticamente abraçado”... ele passava um braço ao redor de Gwen como se eles tivessem um relacionamento afetivo. Gwen estava... como sempre. Ela parecia ter emagrecido mais e parecia ter escurecido algumas mechas de seu cabelo, eles andavam como um casal e todos pareciam estarem acostumados com isso. Eu estreitei os olhos desconfiada e então percebi que Nolan havia captado meu olhar. Depois disso eu até considerei ignorar e fingir que não sabia que eles estavam ali, mas por ele ser um amigo de Jill, eu me vi obrigada a acenar. O pior foi que ele parecia não me reconhecer e levantou apenas uma mão, a que estava no ombro de Gwen, que fez com que ela percebesse para onde ele estava olhando, ou precisamente para quem. Eu forcei um sorriso, mas obviamente ela ainda continuava sendo a mesma vaca de sempre, fazendo uma careta de nojo e então puxando seu – aparentemente – namorado e continuando na direção onde eles estavam indo.

– E por que exatamente você estava acenando para o meu irmão...? – disse Nolan que apareceu ao meu lado e então fez com que eu entendesse tudo.

Ele começou a rir e então se sentou ao meu lado.

– Gêmeos. – eu concluí me sentindo estupida.

– Eu sinto muito, achei que Jill já tivesse lhe dito ou falado sobre isso com você. Aquele é Logan e atualmente se você quiser diferenciar nós dois, basta ver qual dos dois tem uma namorada loira ao lado. Se bem que eu também sempre tenho Jill ao meu lado e ela também é loira, mas bem... a quem estamos tentando enganar, não é mesmo? – ele disse dando de ombros.

Nolan então começou a falar que Jill tinha pedido para que ele me fizesse companhia e então começou a perguntar sobre Dane e diversas outras coisas. O observando de perto agora, eu pude perceber que tinha algo nele que me lembrava demais alguém, mas agora eu não sabia quem exatamente. O problema é que ele perguntava tantas coisas, me obrigando a responder maioria delas que ficava difícil parar e pensar quem ele me lembrava, até perceber que ele tinha um sotaque francês e um tanto britânico que estava começando a ser disfarçado.

Quando ouvimos o sinal tocar, nós nos levantamos e eu comecei a me despedir, mas então ele disse que teríamos a mesma aula e mais uma vez eu pude notar a semelhança e foi somente após entrarmos na classe do Prof. Lemoine que eu finalmente soltei:

– Você é familiar do Lemoine! – eu disse, finalmente reconhecendo e entendendo que os olhos de Nolan eram de um estranho tom de verde que parecia amarelado.

– Yup, mas eu prefiro que isso fique em segredo, se não se importa. Nada pior do que ter os pais trabalhando na escola onde você... vive. – ele disse tremendo artificialmente.

Pais? Eu olhei mais uma vez para Lemoine enquanto Nolan foi até ele e eles começaram a falar em francês apressadamente e logo em seguida Logan chegou, dessa vez me reconhecendo e acenando de leve. Metade de mim estava chocada e a outra impressionada. Eles deveriam ter cerca de dezessete ou dezoito anos e Lemoine não parecia ter mais que trinta. Wow!

– É bom revê-la, Anastacia. – disse Lemoine quando se levantou e veio até mim.

Era bem verdade que eu não precisava das suas aulas, mas Lemoine era sempre tão legal comigo e suas aulas sempre me ajudavam ou ao menos me davam um tempo longe de toda a loucura que eram as aulas normais, então eu me agradeci quando vi que ele ainda estava em meus horários.

– É bom ver o senhor também. – eu disse.

E então ele começou a aula.

Enquanto Lemoine indicava Sonho de uma noite de verão como a leitura mensal, eu pude observar o quanto eles pareciam, mas ao mesmo tempo tinham suas próprias maneiras. Logan me lembrava dolorosamente Dane por seu jeito despojado de se sentar ou se movimentar em classe, Nolan era mais parecido com Lemoine, mas não por ser tímido, só um tanto nervoso e inquieto, as vezes batendo o lápis na mesa, as vezes irritado com um assunto que ele já conhecia. E depois a aula acabou mais rapidamente do que eu pude perceber e eu estava de frente à hora que eu mais temia: o treinamento.

Eu considerei pedir ao Lemoine para me conseguir um bilhete que me fizesse ficar ali, mas eu sabia que quanto mais eu evitasse esse momento, mais eu daria motivos para mais fofocas e eu odiaria tudo isso. Então eu juntei meu material e me despedi de Nolan e Lemoine, dando um breve aceno para Logan de volta e saindo para trocar de roupa.

Quando eu cheguei no ginásio, pude perceber todos me olhando e por eu estar de cabelo preso, sabia que boa parte também estava olhando para minha marca e agora percebendo a cicatriz que estava ali, enquanto eu guardava minhas coisas, eu me permiti passar a mão no pescoço e sentir tocando com meus dedos de leve.

– Anastacia? – eu escutei a voz de Alberta e abri os olhos a enxergando ao meu lado com uma prancheta na mão enquanto me observava.

Eu dei um sorriso curto, sem perceber que eu senti falta até mesmo de Alberta.

– Guardiã Petrov.

– Fico feliz que tenha voltado. - ela disse e eu acenei com a cabeça. – Mas como você pode imaginar, estou com um pequeno problema e gostaria que você me ajudasse.

Eu me senti curiosa, mas então rapidamente entendi onde ela estava querendo chegar, mas antes que eu pudesse hesitar, ela me interrompeu.

– Eu ficarei aqui o tempo inteiro com você. Suas avaliações da St. Constantine foram enviadas para cá e você era uma das melhores em classe. Tenho certeza que vai conseguir me ajudar aqui...

Eu respirei fundo e olhei ao redor. Todos já começavam a se aquecer e se separarem em pares, enquanto eu sabia que agora estaria sem par algum. Nossa classe estava com dois alunos em falta e poucos dhampirs haviam entrado no tempo em que estive fora. Se eu não aceitasse a oferta de Alberta eu teria que virar reserva da aula e se eu aceitasse eu seria o centro das atenções. Pensando bem, de uma maneira ou de outra, eu teria um alvo pintado de vermelho em mim, então antes que eu tivesse tempo de me arrepender, eu respondi:

– Tudo bem. Obrigada pela oportunidade, Guardiã Petrov.

E então Alberta começou a aula me apresentando como sua auxiliar enquanto eu olhava para meus próprios pés, sentia minhas mãos suarem e minhas bochechas esquentarem e depois Alberta se afastou e éramos só eu e... todos meus colegas de classe. Seniores tinham suas aulas separados dos outros. Alguns ali eram veteranos e outros transferidos como eu, mas todos me observavam com curiosidade e depois que eu separei todos, notei que um dos dhampirs transferidos sobrou.

– Hey, você vai ficar comigo. – eu disse o chamando para perto de mim, enquanto ouvia um dos babacas que cheguei a bater no passado para defender Dylan dizer “dificilmente” enquanto alguns meninos riam. – Qual o seu nome?

– Matthew, mas todos me chamam de Matt. – ele disse e por um motivo que eu não reconhecia, ele parecia resignado e olhando para frente de cabeça erguida.

E então eu comecei a aula e foi de certa forma fácil. É claro que eu era bem melhor demonstrando o que fazer do que descrevendo já que eu gaguejava ou falava baixo demais na maioria das vezes, mas numa aula de treinamento, falar não era realmente um requisito.

Matt era alto e moreno, de cabelos pretos e olhos castanhos, mas ainda não havia aprendido como usar seu peso ao seu favor. Então ele era grande e pesado em aula e eu teria que trabalhar duro para que ele aprendesse a se movimentar de verdade. Seus reflexos dhampir existiam, mas eu ainda levava a melhor sendo mais rápida e precisa nos movimentos e logo que a aula acabou, eu pedi desculpas pelos danos que sabia que havia causado e ele acenou dizendo em seguida que estava tudo bem.

No entanto, o pior golpe fui eu que recebi, quando cheguei até o vestiário para me trocar e encontrei Jessica falando para outras garotas:

– Ridículo da parte dela aceitar o lugar da melhor amiga. Fica parecendo que a morte da Bea trouxe um beneficio na vida dela...

Eu parei onde estava enquanto deixava suas palavras me atingirem e fiz algo que me deixou com mais raiva ainda: eu dei meia volta. Caminhei a passos firmes e largos até a saída do ginásio e tudo o que eu queria era gritar, mas infelizmente eu sabia que se eu começasse a gritar, as pessoas apareceriam. Parte de mim – uma grande parte – queria voltar lá e fazer Jessica pagar pelo comentário estupido, mas eu sabia que não deveria fazer isso. Eu decepcionaria Alberta, conseguiria mais sessões com Deirdre e sabe Deus mais o que. Eu coloquei as mãos fechadas com força o suficiente para minhas unhas machucarem as palmas, enquanto respirava fundo e me controlava até que me senti mais calma e voltei para o vestiário agradecendo que quase todos já tinham saído para a aula de Stan.

A aula de Stan também passou rapidamente, enquanto eu fazia meu melhor para evitar contato com qualquer pessoa e de qualquer forma e logo eu estava voltando para a academia, mas passando pelo ginásio, eu pude ver que havia um grupo de Morois ali e parei para observar enquanto meus colegas passavam por mim.

Parecia uma aula de treinamento dhampir, só que... Moroi. Todos estavam separados em duplas, vestidos em roupas de treinamento, mas havia cheiro de fumaça e terra ali e isso não era o mais impressionante. A aula mais parecia uma cena de ficção cientifica onde bolas de fogo e de agua passavam de um lado para o outro, poeira também parecia controlada em correntes e correntes de ar passavam levitando pequenos objetos de plástico que passavam quase atingindo uns aos outros e em meio a todo esse caos, estava Christian Ozera.

Ele parecia apenas observar e se eu pudesse adivinhar, se divertia com o caos que estava sua – aparentemente – classe, enquanto ele se encostava na parede de braços cruzados até me enxergar ali.

– Hey, shadow kissed tem poderes, certo? Se quiser entrar e mostrar como invocar fantasmas... aposto que isso os ensinaria a ficarem quietos. – ele disse vindo até mim com seu humor acido de sempre.

Eu revirei os olhos.

– Quem em sã consciência lhe daria um cargo de professor?

– É temporário até acharem alguém mais... capacitado. Foi um projeto que já estava sendo discutido por Lissa e agora finalmente foi aprovado. Fazia tempo que muitos Morois estavam querendo aprender a usar seus poderes para ajudar vocês dhampirs ao lutar contra Strigois, alguns até chegaram a fazer isso às escondidas aqui dentro. Mas andando a passos pequenos essa aula é opcional e como você pode ver, ainda há muito para melhorar. – ele disse olhando ao redor.

– Ana! – eu ouvi a voz de Jill que congelou as bolas de agua que Nolan haviam jogado em minha direção, fazendo as se transformar em gelo e caírem em pedaços aos meus pés.

– Boa, princesa! – eu ouvi Nolan dizer e rir, enquanto Jill caminhava até a mim e enquanto ela passava no meio de uma luta, vi que ela passou entre Logan e Dane que lutavam juntos contra ela e Nolan. Logan era usuário do fogo e Dane parou para ver onde Jill estava indo e ao ver que eu estava ali ele abaixou os objetos que estava usando em telecinese para lutar e seu sorriso diminuiu levemente enquanto me observava.

Ele estava com roupas de treinamento e eu podia dizer que até isso lhe caia muito bem. Parecia mais magro e mais abatido embora seus músculos estivessem mais definidos, visíveis pelo moletom que ele vestia. Seu olhar me observava com atenção e então uma pequena bola de fogo quase atingiu seu rosto e ele voltou sua atenção para Logan e eles voltaram a lutar.

– Você não me falou sobre isso. – eu disse voltando minha atenção para Jill e forçando um sorriso.

– Não é incrível? – ela disse. – É a melhor aula que temos e finalmente estamos aprendendo algo de útil aqui. Eu sempre apoiei essa ideia de usar os nossos dons para autodefesa e agora que isso foi permitido, é demais!

Eu acenei e depois de dizer algumas poucas palavras me dirigi para a academia.

Encarar Dane pela primeira vez fez com que tudo o que eu estava tentando reprimir voltasse de uma só vez e enquanto eu me exercitava ele era tudo em que eu conseguia pensar e eu me odiava por isso.

Quando cheguei a minha ultima aula, eu vi Meredith me olhar com uma expressão dura e com os braços cruzados no peito. Por um momento eu hesitei refazendo meus passos pelo dia inteiro tentando entender o que eu tinha feito de errado, até perceber que não se tratava só do dia de hoje.

Antes de toda a tragédia que aconteceu, eu precisei roubar uma estaca de Meredith e agora que ela sabia disso, eu tinha certeza que ela me faria pagar por ter pegue algo seu sem a sua autorização.

Foi uma das piores aulas em que eu já estive. Meredith pegou pesado com tudo o que sabia e eu acreditava que era pura sorte eu só ter ido para o chão duas vezes. Eu só tinha lutado dessa maneira duas vezes na vida e terminei a aula ofegando. Na St. Constantine eu não tinha uma mentora e praticava sozinha e isso era algo bem diferente. Eu conseguia ser boa entre os novatos e entre as pessoas da minha classe, mas eu sabia que tinha muito para melhorar ainda e enquanto eu pensava nisso eu também me deixei notar a ironia que me cercava ao me comparar com a garota que entrou na St. Vladmir para quem eu era agora.

– Guardiã Sheppard, eu sinto muito por-

– Eu sei. – ela me interrompeu – E eu sinto muito pelo que aconteceu, mas fico orgulhosa por você ter conseguido enfrentar um Strigoi sozinha. – e então ela começou a guardar suas coisas e não me disse mais nada.

Enquanto eu pegava minha bolsa, eu lembrei de seu relacionamento com Lemoine e me perguntei se ela sabia sobre Nolan e Logan.

– Guardiã Sheppard? – eu comecei.

– Oh, corte as formalidades, Anastacia. – ela disse revirando os olhos.

– Okay, Meredith... quantos anos tem o Prof. Lemoine? – eu perguntei hesitante.

Ela estreitou os olhos desconfiada e eu a vi aumentar a guarda automaticamente.

– Sua irmã também tem um relacionamento com alguém mais velho e isso começou depois que eu passei a lecionar aqui. – ela disse me encarando.

– Não, não é sobre isso! – eu me apressei em arranjar uma desculpa. – É que... sei lá, ele parece ter a mesma idade que você e você é da turma de Rose, então...

– Trinta e cinco. – ela respondeu rápida e secamente, me interrompendo mais uma vez.

Wow... eu comecei a fazer cálculos mentais sem acreditar que Lemoine tinha realmente trinta e cinco anos e dois filhos adolescentes.

Ao sair do ginásio, eu me sentia cansada e considerei mentir para Deirdre, mas isso não parecia ser uma boa ideia, então eu me dirigi até a sua sala, passando pela recepção e recebendo a noticia que ela estava com um paciente. Eu me sentei no sofá, no canto próximo a porta que havia na sala de espera e comecei a mexer em meu celular, não encontrando nada demais.

Quando finalmente a porta abriu, eu me levantei rapidamente dando de cara com Dane que estava saindo do consultório. Eu travei ao dizer um simples “eu sinto muito”.

– Anastacia, é bom revê-la. Espero que não se importe, mas coloquei vocês dois agendados no mesmo dia e em um horário próximo ao outro...

Eu tentava prestar atenção ao que Deirdre falava, mas Dane me encarava e eu não conseguia deixar de retribuir o olhar. Ele já estava com outras roupas e cheirava bem como sempre, era algum perfume caro, isso eu podia apostar, mas só de sentir seu cheiro todas as minhas memorias, inclusive as de nós dois na biblioteca da igreja voltaram com força total. Eu poderia apostar que ele estava lendo minha aura e isso fez com que um lado da sua boca se abrisse em um sorriso breve. Ele tinha plena consciência do que me causava.

– Então, vamos começar? – eu ouvi Deirdre dizer e então Dane deu um passo para o lado, me dando passagem e eu entrei enquanto me xingava mentalmente por ser tão estupida.

Quando eu finalmente me deitei, eu me sentia exausta de todas as maneiras possíveis, mas muito mais emocionalmente e então até que eu conseguisse dormir, eu resolvi deslizar para a mente de Oksana.


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