Shadows of the past escrita por larissabaoli


Capítulo 33
Capitulo 33




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Pelo que Jill havia me contado muita coisa havia mudado, mas algo permanecia: ela continuava uma incrível tagarela. Falou praticamente sem pausar por um tempo indefinido, me atualizando de tudo e me dando muito que pensar.

– Okay, segura a linha de pensamento: Tem certeza que estamos falando da mesma Sydney? – eu perguntei sem querer acreditar no que Jill havia me contado.

Ela riu e então continuou falando e me contando tudo o que havia acontecido. Depois de termos nos abraçado por um longo tempo e ela ter criticado não só minhas roupas como também minha aparência, nós agora estávamos comendo balas que ela havia trazido. Eu realmente senti falta dos doces americanos, mas enquanto comia, isso me fez lembrar de quando Bea me trazia doces e qualquer outro tipo de comida.

– E então, você não imagina a minha decepção quando depois de tudo o que eu passei, eu retorno a St. Vladmir e você não está lá. – ela disse depois de um tempo, como se quisesse começar outro assunto.

– Jill, nós nos conhecemos por pouco tempo, mas eu sei o suficiente para adivinhar que você já descobriu tudo o que houve. Você sabe porquê eu fui embora. – eu disse levantando uma sobrancelha.

– Talvez, mas prefiro que você me conte. – ela disse se aproximando. – Anda, do começo e sem pressa. É a sua vez de falar.

Eu a encarei por um momento decidindo como começar e então resolvi contar tudo, afinal todos ou maioria já sabiam e então eu falei, mas dessa vez, pela primeira vez desde que tudo aconteceu, eu consegui terminar sem chorar. Não é que eu não estivesse triste, porquê eu estava, mas de alguma maneira, eu me senti mais confortável contando tudo a Jill.

Quando terminei, contando como as coisas estavam na St. Constantine ela parecia ouvir com atenção, mas ao mesmo tempo, enquanto franzia a testa, eu sabia que ela tinha mil perguntas.

– E é isso. Agora eu estou aqui até minhas aulas começarem, mas eu me pergunto o que você está fazendo aqui já que... bem, Jill, como você sabia que... – e então eu fui entendendo.

Jill provavelmente tinha falado com Mark ou Oksana e descoberto quando eu estaria em casa.

– E eu achando que você ficaria feliz em me ver. – ela disse fingindo estar ofendida e estreitando os olhos.

Eu balancei a cabeça e dei um meio sorriso.

– Então você veio aqui para ter uma conversa de autoajuda comigo e me pedir para voltar? – eu disse revirando os olhos.

– Ah, qual é, Ana! Eu estou finalmente livre, as coisas na Corte estão ficando melhores, muita coisa mudou, agora eu posso ver meus pais, eu e Eddie finalmente estamos juntos... – ela parecia entusiasmada. – Só falta você de volta a minha vida.

Eu balancei a cabeça, mas não era bem uma negativa. Eu realmente senti falta de Jill e só de imaginar em voltar a Corte, eu me sentia ansiosa. Também mal conseguia acreditar em tudo o que ela havia me dito e sentia saudades de Sydney.

– Eu fico feliz por você estar bem e viva. Sinto muito por não ter estado presente. – eu disse por fim.

– Bem, eu digo o mesmo! – ela disse e então me abraçou mais uma vez. – Mas agora é a hora em que você diz “Okay, Jill. Vou arrumar minhas malas.”.

Eu ri e isso soou estranho, já que parecia algo que eu não fazia há tempos.

– Não vai me deixar em paz enquanto eu não dizer que volto, não é?

– O que você acha? Eu saí da América para cá, perdendo aula e com escolta para isso. – ela disse apontando para a porta.

– Com escolta? – eu disse sem entender.

– Eddie também veio. Ele está lá fora com seus pais. Ele adorou tudo por aqui. – ela disse com um sorriso e corando um pouco.

Eu fiquei surpresa e então saí do quarto, carregando Jill comigo e indo até a cozinha para ver Eddie sentado próximo ao balcão e conversando com Mark e Oksana que estavam preparando o jantar. Ele parecia ter crescido e amadurecido rapidamente desde a ultima vez em que nos vimos, criando até uma barba rala, mas que estava bem cuidada. Assim que eu cheguei até a cozinha ele me deu um sorriso que me fez lembrar da primeira festa que eu fui, onde eu estava conversando com Adrian e ele me observava e protegia por simplesmente não conseguir evitar sua natureza de guardião.

Enquanto eu passei a ajudar meus pais com o jantar, eu observava Jill e Eddie que agora eram publicamente um casal. Estava bem obvio desde a primeira vez que eu os vi que eles gostavam um do outro, mas segundo Jill, somente após ela ser resgatada que eles finalmente ficaram juntos.

Parecia surreal que tanta coisa havia mudado para boa parte dos meus amigos e eu agora me sentia indecisa entre voltar ou me manter onde estava e eu tinha certeza que essa foi a intenção de Jill ao vir aqui. Eu conseguia imaginar também que ela havia propositalmente bloqueado o que tinha descoberto quando voltou a St. Vlad, porque sabia que essa seria a pior parte. E então por alguns momentos eu me deixei pensar no que aconteceria se eu voltasse.

Depois do jantar, Oksana se aproximou de nós três que estávamos no sofá inocentemente.

– Ana, você poderia ir até a confeitaria para mim? Não fiz sobremesa alguma, mas estava com vontade de comer alguns cupcakes...

Eu revirei os olhos para sua tentativa de me tirar de casa, mas me levantei junto com Jill e Eddie, trocando de roupa rapidamente e pegando as chaves do Jipe que Abe tinha me dado de aniversário de 17 anos.

Por ser feriado, a confeitaria estava lotada e logo nós tivemos que conseguir uma mesa para esperar que nossos pedidos fossem entregues.

– Foi ideia sua e dos meus pais lotarem a confeitaria também? – eu disse com uma careta, enquanto olhava para a fila.

– Tudo bem, podem ir se sentar. – Eddie disse e então tomou meu lugar na fila.

Eu até tentei argumentar, mas então Jill me puxou e logo nós sentamos e ela começou a olhar o cardápio com um interesse forçado. Eu sabia que ela estava apenas disfarçando algo, já que o cardápio era escrito em russo.

– Então... existe outra coisa que me deixou bem magoada quando eu cheguei na St. Vladmir. – ela disse, ainda sem me encarar.

Eu não respondi e então deixei que ela continuasse.

– Adrian recuperou-se por completo e em muitos sentidos. Inclusive do seu breve relacionamento com Rose. Então eu achei que estava livre de cuidar de usuários do espirito, mas para minha surpresa... – ela disse finalmente me encarando – Existe “um outro Adrian” que uma outra Hathaway deixou para que eu cuidasse. Você por um acaso conhece algum Moroi, loiro, usuário do espirito e de coração partido?

Eu fechei os olhos e suspirei. Ao contar toda a minha historia, eu também deixei claro que tinha um relacionamento que eu havia acabado ao vir para cá, mas não especifiquei que era Dane por simplesmente não ter certeza se aguentaria ter que falar sobre ele com Jill.

– Como você descobriu? – eu perguntei encarando Jill novamente.

– Bem, as fofocas são bem mais detalhistas do que você, Ana. E então depois que eu fui falar com ele, nós meio que nos tornamos amigos. – ela disse dando de ombros.

– Como ele está?

– O que você acha? Ele está como você, Ana. Eu e alguns poucos amigos somos os únicos a ter contato com ele, além da psicóloga que ele continua frequentando. – ela disse parecendo triste ao lembrar. – E eu me enganei. Ele é um cara legal... Eu queria tê-lo conhecido quando vocês estavam juntos.

Eu fiquei ereta na cadeira enquanto me sentia desconfortável ao imaginar a tristeza de Dane.

– Ele está bem? Quer dizer... ele está bebendo?

Jill não me respondeu e ao invés disso deu de ombros como quem se desculpa e então passou a defender Dane.

– Mas ele também não está tomando nenhum medicamento. Então ele esta sempre miseravelmente triste. Pelo tempo que eu passei dentro da cabeça de Adrian, imagino que o espirito esteja sendo bem desagradável com ele...

– Jill... – eu gemi desabando na cadeira e olhando para o teto para me conter.

– Eu sinto muito, Ana, mas acho tudo isso uma estupidez sua. Eu me mantive tempos afastada de Eddie e eu sei que isso foi horrível para nós dois e nós nunca nem tínhamos tido nada sério. Eu sei os motivos que lhe levaram a ir embora, mas você não foi a única a sofrer com isso. Ele está lá sozinho e você também. Você precisava de um tempo, mas agora você só está com medo! E nem tente dizer que não se trata disso. Eu sei que você está com medo de voltar e enfrentar o que ficou lá, mas eu estou aqui agora, Ana. Nós podemos enfrentar isso juntas! – ela disse parecendo excepcionalmente séria.

Eu fiquei em silencio enquanto suas palavras faziam com que eu me lembrasse de Bea. “Nós podemos enfrentar isso juntas!”. Eu encarei seus olhos verdes que eram grandes e parecidos com os de Lissa.

– Quando exatamente você se tornou uma psicóloga? – eu disse e então Eddie voltou com nossos pedidos, mas Jill e ele quiseram ficar e comer ali.

No dia seguinte, eu acordei antes de Jill – que havia dormido no meu quarto e fui até o jardim, encontrando meu pai cuidando de algumas plantas.

– Bom dia, Ana. – ele disse antes mesmo que eu chegasse perto o suficiente.

Eu me aproximei e me sentei em um dos banquinhos feitos de tijolos que Mark costumava deixar ali.

– Está tudo bem se eu voltar? – eu perguntei.

Vai ficar tudo bem depois que você voltar. – ele respondeu com um sorriso e então segurou minhas mãos. – Você sabe que eu e Oksana respeitamos suas decisões e estamos aqui para lhe apoiar sempre, certo?

Eu confirmei e então ele me deixou ajudar com as plantas. Como sempre nós dois não éramos tão bons como Oksana seria, mas assim como ele, eu também achava algo bom mexer com a terra.

Jill insistiu em se manter na cidade até que Mark (que agora não poderia tomar nenhuma decisão legal por mim) tivesse que usar seus contatos para conseguir minha transferência e voltasse. O que fez com que nós tivemos tempo para que eu mostrasse a ela todos os lugares da cidade, inclusive a casa dos Belikov. Para meu completo espanto, Yeva e Jill conversaram por horas e sobre tudo. Em um dia que passamos ali, Jill interagiu e encantou rapidamente a todos e depois que voltamos para casa, Mark já havia chegado, me entregando uma pasta com meus papeis de transferência além dos meus pertences que estavam no quarto.

– E agora nós voltamos, certo? – Jill disse assim que eu guardei os papeis.

– Jesus, Jillian! Não é como se eu fosse fugir! – eu disse exasperada e mais para mim mesma.


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