Shadows of the past escrita por larissabaoli


Capítulo 30
Capitulo 30


Notas iniciais do capítulo

Para quem quiser ouvir enquanto lê:
If I die young - The Band Perry
Chasing Cars - Snow Patrol
Just So You Know - Jesse McCartney



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Apesar de sentir todo o meu corpo tremer, eu sabia que esse era o momento para o qual eu tinha me preparado. Tanto com relação à finalmente enfrentar Rolan – de maneira sóbria e definitiva – quanto a enfrentar um Strigoi. Da ultima vez que vi um Strigoi eu estava com Rose e não fui útil enquanto não conseguia me mover, dessa vez eu estava agindo e eu estava decidida em dar um ponto final em toda essa situação e eu sabia que Rolan estava ali já que todo o meu corpo estava reagindo mandando ondas de náuseas terríveis.

A casa estava escura, mas mesmo assim eu enxerguei Dane ir até uma janela e o acompanhei, começando a tirar os pedaços de madeira que estavam fixados, trazendo claridade para o ambiente e percebendo que aquela era provavelmente a casa de alguém que vivia isolado.

A casa tinha uma decoração toda em madeira escura e verde lodo , com uma mesa de sinuca para combinar, que parecia ter sido usada recentemente, mas eu deixei a decoração de lado, quando ouvi gritos abafados de Bea dentro da casa.

– De onde vieram? – perguntou Dane enquanto eu corria pela casa, passando pela cozinha e em seguida indo direto para o quintal, deixando todas as portas abertas.

– Dane, tire as tábuas da cozinha, deixe tudo claro. Eu vou continuar procurando. – eu disse e não fiquei para saber se Dane me obedeceria ou não.

Eu segui subindo as escadas e analisando cada quarto sem encontrar nada. Os gritos haviam cessado e isso me deixava ainda mais desesperada, sem saber o que eu estava fazendo ali, até perceber que aparentemente ninguém estava ali no segundo andar e descer as escadas novamente, olhando mais uma vez para a sala de estar que dessa vez estava mais iluminada e que fez com que eu também percebesse que haviam dois tacos que tinham sido usados ali, junto a dois copos em cada canto da mesa com líquidos amarelos dentro na borda da mesa. Então eu subi as escadas novamente caminhando para a escuridão que estava no segundo andar enquanto eu gritava:

– Dylan, seu bastardo filho da puta! Apareça! Pode parar com o teatro. – eu disse furiosa até ver alguém correr atrás de mim com uma pá e derruba-lo no chão tomando de suas mãos.

Dylan havia me atacado e agora estava no chão gritando de dor, mas além de seus gemidos eu ouvi os gritos de Bea voltarem e se aproximarem.

– Nunca mande um idiota fazer o seu trabalho. Se quer algo bem feito, faça você mesmo. – disse Rolan aparecendo na porta do quarto ao meu lado de repente com Bea ao seu lado amarrada e amordaçava. Ele estava com o sorriso cínico que eu tanto odiava, mas dessa vez estava bem pior do que já era.

Sua pele era de um pálido doentio e eu conseguia sentir seu ódio emanar de dentro dele. Seus olhos que costumavam ser verdes, agora eram vermelhos como sangue e apesar de seu cabelo castanho escuro continuar da mesma maneira que era, não havia nada mais de humano além dele – e não que houvesse anteriormente.

Bea também estava com as roupas de treinamento, mas estava machucada e suja em seu rosto, corpo e mãos e suas roupas estavam rasgadas. E ela me olhava desesperada balançando a cabeça enquanto eu via suas lágrimas descerem pelo rosto.

– Por que? – eu perguntei a Dylan. – Eu confiei em você! Eu te defendi!

– Porque aqueles infelizes precisam ter o que merecem! Porque eu farei como Rolan fez. Eu esperarei eles saírem da St. Vladmir e então eu os atacarei, me alimentando deles e mostrando o que eles são na verdade. Absolutamente nada! Comida de Strigoi!

– Assim como seu namorado se tornará, Anastacia. Não se preocupe, Dylan. Nós poderemos dividir o Moroi depois que eu lhe transformar, mas Anastacia e sua amiguinha serão somente minhas. – ele disse com o sorriso macabro e frio enquanto avançava em mim.

– Eu prefiro morrer, seu escroto. – eu disse enquanto ele partia para cima de mim e eu o atacava com a pá que Dylan tinha tentado usar para me derrubar, mas ele me bloqueou jogando a pá para a escada enquanto me pegava pelo pescoço e me jogava para cima de Bea, para dentro do quarto.

– Fique ai enquanto eu vou atrás de seu namorado. Preciso amarra-lo antes que ele faça algo estupido.

Ali eu percebi porque não vi ninguém da primeira vez. Rolan estava mantendo Bea no banheiro que tinha no quarto e que ligava ao outro quarto, o que tornava fácil de mover-se entre a casa, afinal ele já estava ali há um mês.

Eu tirei meu canivete do tornozelo e comecei a desamarrar Bea rapidamente e quando tirei a mordaça de sua boca, ela começou a me contar com ódio em sua voz:

– Eu vou matar o Dylan, Ana! Eu vou mata-lo e não vou me arrepender! – ela disse se levantando e então nós seguimos pelo corredor voltando para descer a escada enquanto Bea gritava e chorava desesperada. – Aquele maldito bastardo tentou me usar enquanto Rolan me segurava e assistia, Ana. Eu quero mata-lo!

Eu tentei não congelar enquanto Bea me dizia isso e logo nós descíamos a escada para encontrar as portas fechadas e as cortinas postas no lugar das tabuas. Dylan estava escurecendo o lugar par Rolan.

Eu entreguei o canivete para que se Bea encontrasse Dane, ela o desamarrasse e então nós partimos para a sala de estar, mas assim que descemos a escada, eu pude ver Rolan socando o rosto de Dane que estava amarrado em uma cadeira enquanto ria e as memorias do que ele fazia comigo vieram junto a sua risada. Eu apanhei novamente a pá que ele havia jogado na escada e voltei para ataca-lo.

Dessa vez eu consegui atingi-lo, fazendo com que a pá entrasse com força em suas costelas, mas a força dele ainda era bem maior que a minha e logo ele me derrubou novamente, dessa vez me fazendo cair próxima a Dane que quando me viu, deu um sorriso corajoso e ao mesmo tempo como se somente ele soubesse de algo que eu não sabia e então ele sussurrou um “eu te amo” que me deixou confusa, mas eu me levantei e voltei a avançar em Rolan, dessa vez pondo em pratica tudo o que eu havia aprendido com Meredith.

Como ela havia me ensinado, Strigois poderiam ser mais velozes e mais fortes, mas nós – mulheres dhampir – podíamos ser tão fatais quanto, se fossemos precisas. Então eu comecei a usar os tacos da mesa de sinuca e a pá para ataca-lo e enfiar nele, enquanto ele se defendia quebrando-os até que eu ouvi Dylan gritar.

Quando todos nós nos viramos para olhar, Bea estava em cima de Dylan com o canivete que eu havia dado a ela e que ela tinha usado para mata-lo. Ela estava de joelhos chorando desesperadamente enquanto o corpo de Dylan perdia os movimentos e seu sangue jorrava pelo tapete.

– Não, sua dhampir idiota! – eu ouvi Rolan gritar e então tomar o pedaço de taco de sinuca que eu estava na mão de uma só vez em grande velocidade e ir até Bea perfurando seu coração.

Foi como se o mundo tivesse parado e ao mesmo tempo tudo estivesse acelerado demais para ser real. Depois de ver Bea ser perfurada e Rolan arrasta-la até uma parede, eu soltei um grito e me levantei indo atrás dele e enquanto ele batia a cabeça de Bea contra a parede eu tirei a estaca que estava em minhas costas e enfiei fundo em seu coração pelas costas o que também o pegou de surpresa.

Eu não me importei em ver o corpo de Rolan cair no chão, mas sim em ir até Bea para tentar levanta-la.

– Ana, me solte. Não seja estupida, eu não vou sair daqui. – ela disse com um sorriso que logo foi substituído por um cuspe de sangue – Vá e leve Dane daqui.

– Não! – eu disse e então tomei o canivete que ainda estava em suas mãos, indo até Dane e o soltando. – A cure! Por favor, Dane!

Dane então se levantou e foi até Bea, mas nessa hora nós ouvimos um estrondo e a cozinha começou a pegar fogo.

– Eu liguei o gás. Achei que conseguiríamos sair e deixa-los para queimar. Precisamos sair daqui! – ele disse pegando Bea no colo a força.

Nós começamos a andar pela casa enquanto o fogo se espalhava e logo que conseguimos sair, o fogo atingiu a sala, deixando a casa completamente em chamas. Dane carregava Bea enquanto eu o guiava e a chuva tinha começado a cair fortemente.

– Me solte, Dane. – disse Bea e então nós andamos alguns passos até que Dane sentou, ainda a segurando, mas sua camisa de treinamento assim como toda sua roupa estava ensopada de sangue que saia de sua boca e do ferimento e da chuva que caia torrencialmente.

– Dane, cure ela! Por favor! – eu disse desesperada.

E então ele fez menção de toca-la, mas ela segurou a mão de Dane.

– Não. Depois do que Dylan fez comigo, eu não quero que ninguém mais me toque. – ela disse começando a chorar novamente. Eu nunca havia a visto chorar antes.

– Bea, deixe Dane lhe curar, por favor! – eu disse, me sentando a sua frente.

– Não. – ela disse e então engasgou com seu próprio sangue.

Eu a peguei e então comecei a andar com ela de volta ao posto. Eu precisava pedir ajuda de alguém, eu precisava fazer algo por Bea e então nós voltamos ao posto de gasolina que estava deserto assim como a cidade inteira devia estar trancada em suas casas devido a chuva.

Eu me sentei no chão, debaixo do teto que havia no posto, abraçando Bea e ela pôs o braço ao redor do meu.

– Por favor! Deixe Dane curar você! Não vai doer nada e depois podemos fingir que isso nunca aconteceu. Sempre fazemos isso, não é mesmo? Você não pode ficar assim, Bea! Você precisa voltar e se formar, ser a guardiã da sua mãe ou o que você quiser! – eu dizia enquanto chorava e em meio a soluços.

Bea respirava com dificuldade e tentou se sentar, me fazendo perceber que sua nuca também estava ferida de quando Rolan bateu sua cabeça na parede da casa e então ela usou a força que tinha para puxar o pedaço que Rolan havia enfiado nela para fora, o que fez com que o sangue que jorrava aumentasse ainda mais.

– Eu não aguentaria voltar depois do que aconteceu. Agora eu sei o quanto você é forte, Ana. Você é mil vezes melhor em superar algo assim do que eu. Você é mil vezes melhor em tudo. Vai se tornar uma guardiã tão boa ou melhor que sua mãe ou irmã. – ela disse e sua voz começou a falhar enquanto seus lábios perdiam a cor. – E sobre eu ser a guardiã da minha mãe... bem, as coisas mudam e depois que eu te conheci, tudo mudou mesmo. – ela continuava e então esboçou um sorriso fraco antes de dizer. – E sabe o que eu quero escrito em minha lápide? “O futuro de ninguém está escrito em pedras.” Eu te amo, Anastacia. Eu estou orgulhosa de você.

E então ela fechou os olhos e eu vi seu braço cair imóvel ao seu corpo.

Depois disso eu vi Dane ligando para diversas pessoas, eu vi lágrimas no rosto dele também e ele me perguntar mil vezes se eu estava bem, mas eu não conseguia responder ou me mover e depois de muito tempo eu vi três carros com alguns guardiões descendo deles, mas na hora em que um deles se aproximou de mim ao lado de Dane e se abaixou para tocar o corpo de Bea eu me ouvi gritar desesperadamente enquanto a abraçava.

Dane se aproximou ainda mais me abraçando, mas eu não conseguia larga-la. Eu não queria que ela se fosse e então senti o calor de Dane me curando, mas o que eu tinha afinal? Alguns arranhões e hematomas? O que era isso na frente do que havia acontecido com Bea? Eu tentei afastar Dane também, mas ele segurou o braço livre com que eu o afastava e me abraçou com mais força ainda, então eu senti sua presença em meu cérebro e agora ele sabia. Ele sabia de tudo. E então eu vi Alberta e Janine se aproximarem de mim e se sentarem no chão ao meu lado.

Em seus rostos, eu pude perceber que as duas estavam se controlando para não chorar, mas para que? Por que se controlar? Alberta puxou devagar o corpo de Bea para si e dessa vez eu deixei, enquanto Dane me abraçava e me levantava. Eu não queria deixa-la, mas Janine também começou a me levar e logo eu estava dentro do carro no meio dos dois e em seguida o carro partiu e eu me virei para ver Bea ainda imóvel, dessa vez no colo de Alberta que chorava enquanto a segurava.


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