Shadows of the past escrita por larissabaoli


Capítulo 31
Capitulo 31


Notas iniciais do capítulo

Músicas para o capitulo:
See You Again - (cover) Bea Miller e Boyce Avenue
Oblivion - Bastille
Bring me back to life - Extreme Music



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Eu não sabia há quanto tempo eu estava no hospital. Tinha consciência que Janine vinha me ver todos os dias e insistia para que eu me alimentasse e que Dane também vinha e me trazia flores, revistas, jogos ou simplesmente ficava ali ao meu lado, estudando para seus exames finais.

Às vezes, quando ele chegava, eu imaginava ver Bea atrás dele, mas dentro de mim eu sabia que isso nunca aconteceria. Eu mesma tinha ido ao enterro de Bea, eu mesmo tinha organizado seu memorial.

Nenhum familiar dela apareceu. Nem Ralf ou sua mãe. Apenas Mirtha que chorava em silencio enquanto a cerimonia acontecia. Apesar de ser junho, choveu por dois dias consecutivos, inclusive no enterro de Bea. Em sua lápide, ao invés de “filha amada” ou algo assim, estava a frase que ela havia me pedido. Que tinha vindo de uma conversa entre nós duas que parecia ter sido há uma eternidade. E logo abaixo eu havia pedido a minha mãe para arranjar alguém que pusesse as palavras “Beatrice Voda Sarcozy - Amiga e Irmã.”

Foi logo depois disso que minha mãe decidiu me internar, já que eu não me alimentava ou seguia com nada da minha rotina. Ela tinha vindo com Alberta e ficaria até depois das provas para me levar para a Corte, mas assim que chegou recebeu a noticia que Dane havia ligado e dito onde nós estávamos e então ela tinha vindo ao meu encontro.

A principio, eu tinha voltado às aulas na segunda-feira, mas nada era como antes. As pessoas também me olhavam como estivessem com pena de mim ou impressionadas com o que tinha acontecido e Alberta e Stan concordaram em suspender as aulas para todos os dhampirs em treinamento depois do almoço.

– Eu analisei as notas dela, ela estava bem antes disso e era uma das melhores da classe. Ninguém vai reprova-la, Janine. – eu ouvi a voz de Alberta no corredor.

Eu sabia que sempre havia alguém do lado de dentro, comigo no quarto ou do lado de fora no corredor. Alberta, Janine, Dane ou Deirdre sempre estavam vindo conversar comigo ou analisando meu estado.

Janine então entrou no meu quarto, me trazendo uma bandeja com um sanduiche e suco.

– Bom dia, Ana. – ela disse e se sentou na cadeira ao lado da cama. Ela sabia que eu não responderia, então continuou. – Conversei com Alberta e você será liberada das provas finais. Você estava indo tão bem que todos os professores entraram em acordo com isso. A melhor da classe. – ela disse com um sorriso curto.

– A segunda melhor. – eu respondi.

Ela entendeu o que eu estava dizendo e então se aproximou sentando na borda da cama e me abraçando de lado.

– Sim, a melhor da sua classe, quero dizer... Então eu, Abe, Mark e Oksana concordamos em antecipar sua viagem para a Baia. Abe comprou as passagens e vai levar você quando você quiser, está bem? Ele está vindo para cá no momento. Hoje mesmo chegou a Montana.

Eu acenei e então ela continuou.

– Mas para ir, você vai precisar voltar a se alimentar, Ana. Não pode enfrentar uma viagem de horas em um avião no soro. Não está doente o suficiente para isso, você só está... frágil. – ela disse.

Eu a encarei sem dizer nada mais uma vez e ela se manteve ali, com a bandeja no colo. Eu sabia que só estava atrasando Janine já que ela devia ter muitas coisas a fazer na Corte e eu deveria estar terminando meus testes como todos os outros, mas hoje era o ultimo dia de aula e eu estava ali. Sem conseguir reagir ou voltar.

Eu olhei para minha mão esquerda que estava com o soro injetado ali, a única coisa que estava me nutrindo por todos esses dias.

– Os formandos ganharão sua marca da promessa amanhã. – Janine começou a falar hesitando – Stan me pediu para perguntar se você não gostaria de tatuar sua marca Molnija junto a eles.

Eu me mantive com os olhos fixos na bandeja. Às vezes eu esquecia que eu tinha matado um Strigoi. Eu fechei os olhos comprimindo os lábios enquanto lembrava do que tinha acontecido de uma só vez. Não parecia que eu tinha matado um Strigoi, mas sim que eu tinha finalmente posto um fim no meu passado. Eu havia matado Rolan. Eu não precisava mais temer a Baia ou qualquer outro lugar. Eu poderia recomeçar. Mas a que custo? Me livrar de Rolan também fez com que Bea se fosse.

– Sim. – eu respondi e tomei folego para acrescentar. – E eu vou embora logo depois disso. Poderia avisar a Abe? Mas antes, pode chamar Dane?

Ela pareceu surpresa por eu ter dito tantas frases depois de dias de silencio e então saiu do quarto enquanto eu começava a comer o sanduiche que ela havia me trazido.

Quando Dane chegou, eu estava tirando o soro de minha mão sozinha e então ele veio até mim e tirou a agulha de minhas mãos me curando imediatamente e limpando com o dedo as gotas de sangue que saíram dali.

– Sua mãe disse que você me chamou... – ele disse parecendo cauteloso.

Todos eles pareciam estar pisando em ovos o tempo inteiro comigo.

– Sim. Eu preciso conversar com você. – eu disse o encarando novamente. Ele ficou em silencio e eu continuei. – Eu vou sair da St. Vladmir. Ainda não disse nada a meus pais, mas vou pedir para ser transferida.

Dane parecia em choque.

– Por que? – ele perguntou.

– Porque eu preciso de um tempo. Eu preciso me afastar e me recuperar sozinha. – eu disse simplesmente.

– E quando você vai voltar?

– Eu não sei.

– Ana – ele disse e segurou minha mão. – Não precisa ir embora, nós podemos resolver isso juntos, você vai melhorar, basta continuar as sessões com a Deirdre-

– Dane, eu não quero mais ficar aqui.

– Por que?

– Porque Bea não está aqui! Porque tudo foi culpa minha e você sabe disso! Você leu minha mente e viu que tudo isso foi culpa minha! Se no ano novo eu não tivesse saído de casa ou tivesse ido sozinha, Rolan jamais teria a conhecido! Se eu não tivesse espancado Rolan ou não tivesse causado o acidente dele, ele não teria se tornado um Strigoi! Foram as minhas escolhas que mataram ela, Dane! – eu comecei a chorar enquanto falava sem ligar para o meu tom. – E ela sempre estava lá por mim! Ela sempre estava disposta a me ajudar e foi isso que eu fiz com ela! Eu a matei!

Dane tentou me abraçar, mas eu recuei encostando na parede.

– Não foi culpa sua, Ana. Rolan sempre torturaria você enquanto estivesse vivo. Você sempre o temeria! Bea sabia disso! Bea não ia querer que você fosse embora e abandonasse tudo aqui! Ela te amava tanto quanto eu e não ia querer que você carregasse essa culpa consigo!

– Cale a boca! Por favor, apenas cale a boca! – eu disse desesperada. – Você sabia! Desde o começo você via a aura dela e sabia como ela se sentia e você nunca me disse nada!

– Ela me disse para não falar nada! Ela não entendia o que sentia por você e depois que nós conversamos em sonho ela me fez prometer que nunca diria nada! Eu achei que você perceberia com o tempo! – ele disse exasperado.

– Vá embora! – eu gritei e então Deirdre e um enfermeiro apareceram na porta enquanto eu avançava para empurrar Dane pela porta.

Ele então segurou meus dois braços e me fez encara-lo.

– Eu te amo! Eu sinto muito pelo que aconteceu! Ela também era minha amiga, Ana! Por favor, não vá embora! – ele disse e então Deirdre se meteu entre nós dois, me segurando.

– Eu preciso. – eu disse quando o enfermeiro se pôs entre nós dois, o levando para fora.

Deirdre conversou comigo até que eu me acalmei e então eu fiquei em observação por mais seis horas até Janine aparecer para me levar para o quarto e eu dormir até a hora da cerimonia dos formandos.

Eu usei o vestido preto que tinha, enquanto prendia o cabelo em coque e pedi a Janine para me arranjar uma de suas botas. Janine estava fazendo guarda em meu quarto, dormindo no quarto de Bea e me ajudou a me arrumar e depois arrumar as malas. Quando eu chegasse a Baia pediria a Mark e Oksana para procurar uma escola para mim na Rússia.

Nós descemos e eu percebi os olhares e fofocas que ainda me acompanhavam. Até Jessica parecia falar em voz baixa com outros dhampirs, mas provavelmente eram coisas ruins e mais fofocas maldosas. Nós seguimos até o salão de festas que estava cheio de dhampirs seniors em três filas, ganhado suas marcas da promessa e eu caminhei para a fila mais distante das portas. Ninguém me perguntou o que eu estava fazendo ali e eu pude ver que todos ali estavam curiosos e impressionados. Eu deveria ser a fofoca mais recente de St. Vlad. E então chegou a minha vez e eu sentei na cadeira, mas eu não conseguia sentir medo, eu só queria que aquilo acabasse. O tatuador foi rápido e preciso enquanto desenhava a marca no lado esquerdo, depois pondo um curativo tapando a tatuagem e quando eu me levantei vi Abe em um terno preto e branco que parecia sério demais para ele e Dane na porta do salão e então comecei a ouvir aplausos de diversas pessoas ao redor e pude perceber que ali não estavam apenas os seniors, mas também meus colegas de classe e os colegas de classe de Bea, pessoas que sentavam conosco no almoço, eles haviam começado a aplaudir emocionados. Logo todos estavam aplaudindo e alguns estavam em lagrimas, o que eu não conseguia entender e então eu olhei para Janine.

– Eles estão impressionados. Você é provavelmente a pessoa mais jovem desse lugar a ter enfrentado e matado um Strigoi sozinha. E eles também estão aqui em solidariedade a sua dor por ter visto dois colegas morrerem. – ela disse e então me abraçou, mas enquanto isso eu lembrava que não foi só Bea que havia morrido, mas Dylan também e lembrar disso fez com que minha tristeza e a raiva aumentassem.

– Mãe, por favor, me tire daqui. – eu disse e então Janine me guiou entre a multidão e logo eu estava indo de encontro a Abe que me abraçou sem dizer nada.

Dane também não falou nada quando voltávamos para o meu quarto e enquanto quando Janine e eu subimos para pegar minhas malas e descemos com elas, ele ainda estava ali, me observando.

– Eu vou dar um tempo para vocês dois, estamos lhe esperando lá fora. – disse Janine.

– Não demore. – completou Abe e então os dois saíram, me deixando com Dane.

– Eu não quero mais discutir, Dane... – eu disse.

– Eu sei, mas eu preciso falar e você vai me escutar. Essa vai ser a terceira vez que você está me deixando, Ana. Você precisa de tempo e eu sei disso, mas você não percebe o quanto dói quando você se afasta dessa maneira. Eu vou esperar que você volte, mas não vou fingir que consigo entender. Eu achava que você era mais forte que isso-

– Não. – eu interrompi, mas ele me calou novamente.

– Sim, Ana! Eu achava que você poderia ficar e se recuperar sozinha como você tinha dito que eu deveria fazer se algo ruim lhe acontecesse, mas não. Você está fugindo. Para quê? O que isso vai fazer com você? Mesmo assim, eu vou te dar esse tempo. Em meio a isso eu vou fazer o melhor para me manter sóbrio e me manter indo as sessões com Deirdre. Eu não vou passar as férias em casa. Vou viajar. Depois de entrar em sua mente eu vi o que meu pai tinha feito e disse a ele que contaria tudo se ele não me deixasse em paz. Eu não quero voltar para casa ou olhar para a cara dele e então eu vou sair por aí. Se você quiser, eu irei até a Rússia ver você.

– Dane...

– Eu sei. Como eu disse, vou lhe dar tempo. E não é como se eu tivesse opção, já que eu me recuso a deixar de amar você. Porque isso foi a melhor e a pior coisa que já aconteceu na minha vida, mas eu não me arrependo de nenhum segundo. Então em meio a isso, adeus, Anastacia. – ele disse e então me deu um beijo no rosto, saindo em direção à igreja e me deixando ali.

Eu fiquei parada o observando ir enquanto pensava em cada palavra que ele havia me dito e deixava mais lágrimas escaparem. E então eu as limpei com as costas das mãos e segui para o portão carregando minha mala, minhas memorias e meu amor por Dane.


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