Shadows of the past escrita por larissabaoli


Capítulo 29
Capitulo 29




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O plano ainda estava de pé e eu me mantinha completamente certa de que partiria sem contar a ninguém, embora eu tivesse anulado tudo isso até que Dane saísse da clínica. Eu precisava dizer que me sentia até agradecida por estar suspensa e assim poder me manter ao lado dele enquanto ele se recuperava tendo somente as aulas extras para me preocupar. Eu não havia admitido minha mentira sobre Dylan, mas ele também não perguntou nada. Nós nos mantemos bastante ocupados para falar, na verdade e em 24hrs ele foi liberado, apesar de isso também ter ido parar em seu histórico.

– Meu pai está furioso comigo. – ele disse, jogando o celular para mim enquanto terminava de se vestir. – Essas não serão férias agradáveis.

“Você não faz ideia.” Eu pensei.

E depois ele seguiu para assinar alguns documentos e receber alguns papeis com sua alta para irmos embora. Era o final do dia de uma quinta e Dane em 24hrs havia se recuperado completamente usando o espirito e fornecedores. Eu sabia que ele ainda parecia cansado, mas não havia nada que nenhum de nós dois pudéssemos fazer além de esperar que os efeitos do que havia acontecido passasse.

– Você já terminou seus horários, certo? – ele me perguntou enquanto saíamos do hospital.

– Yeah. Já terminei com a Meredith e hoje não tenho sessões com Deirdre.

– Nós bem que podíamos ir até a biblioteca da igreja...

Eu sorri de lado.

– Dane, você está suspenso e acabou de sair do hospital por conta de uma overdose. Eu estou suspensa e tendo sessões de terapia por agressividade-

– Casal perfeito! – ele me interrompeu.

– Se nos metermos em mais uma... eu não acho que seja uma boa... – eu disse dando de ombros.

Ele me abraçou de lado e começou a dramatizar.

– Anastacia, eu quase morri! Eu vi a luz diante dos meus olhos e ao ver você no hospital eu achei que já estivesse morto e que você fosse um anjo! Então eu entendi que precisamos aproveitar o tempo que nos resta! Venha me encontrar! Faça uma loucura! – ele disse e então pôs a mão no meu rosto me dando um beijo de tirar o fôlego e saindo na direção do seu dormitório.

“Vamos aproveitar o tempo que nos resta!” Se quando eu fosse encontrar Rolan algo desse errado, Dane estaria certo mais uma vez. Eu suspirei e andei em direção à igreja e em pouco tempo Dane veio me encontrar trazendo lanches em uma cesta.

– Um dia vão perceber que você costuma roubar comida do seu bloco. – eu disse pensando.

Dane deu de ombros.

– Não é como se Morois precisassem de comida “normal”. E sei que você nunca lembra de jantar a não ser quando Bea lhe trás algo.

Eu deixei essa informação fixar por um momento.

– Você nunca me contou sobre o que conversava com Bea enquanto treinava nos sonhos.

Ele ficou em silencio por um tempo até me responder.

– Sobre você na maior parte do tempo. Nós não tínhamos muitos interesses em comum. – ele disse levantando as sobrancelhas.

– Estranho. – e então voltei a comer.

Depois de terminamos a refeição, eu continuava com a cabeça a mil e pensando sobre o quanto essa semana tinha passado rápido e apesar da minha lista, eu não estava nem perto de descobrir quem era o informante de Rolan, o que me faria ir lá fora mais as cegas do que eu pensava.

– Ana, por que ultimamente parece que você está sempre com medo? – ele perguntou, tirando minha concentração.

– Muita coisa em mente. – eu admiti sendo evasiva.

– Quer falar comigo sobre? – ele disse enquanto deitava carpete e me chamava para deitar ao seu lado.

Eu respirei fundo.

– Posso começar falando, ou melhor, perguntando o que você estava pensando quando quase se matou? – eu disse ainda sentada e de frente para ele.

Ele também respirou fundo e fez uma careta enquanto coçava o cabelo, os sinais para sua vergonha.

– Foi um dia ruim de uma semana pior ainda. – ele disse simplesmente.

Eu fiquei em silencio enquanto esperava por mais informações o interrogando com o olhar.

– Ah, vamos lá... eu não quero falar sobre isso. Nós terminamos e as coisas ficaram bem feias, eu me senti sozinho e voltei a beber, até querer algo mais forte e ao mesmo tempo querer me curar, então eu achei que deveria fazer o que eu fiz. – ele disse encarando o teto.

Eu não sabia o que falar, mas escolhi por ser o mais sincera que eu podia no momento.

– Você não deveria ter feito nada disso. – eu disse e então comecei a pensar. – Me prometa que se eu me afastar de você novamente, você vai procurar Bea ou algum amigo, ou até Deirdre antes de fazer qualquer besteira.

– Ana, você- – ele disse começando a sentar.

Eu comecei a falar mais para acalma-lo.

– Agora estamos bem, mas você e eu... nós temos muito o que trabalhar ainda e você sabe disso. Nenhum relacionamento é perfeito e talvez nós teremos algumas outras idas e vindas. Preciso que você saiba se erguer sozinho. Você já conseguiu isso uma vez quando você e Gwen terminaram. Você precisa ser capaz de continuar se um dia nós nos separarmos de novo. Porque eu odiaria saber que você se destruiu por minha culpa, Dane. Ou que você deixou as loucuras do espirito vencerem você... – eu disse tentando me controlar. – Então só... me prometa. Por favor.

Ele pensou por um tempo em tudo que eu havia falado e então acenou.

– Eu prometo. – ele disse e então continuou, dessa vez me olhando nos olhos. – Mas você está errada. Você acha que terminar com Gwen foi a mesma coisa que quando você terminou comigo, quando na verdade não foi. Gwen e eu não tínhamos metade do que eu tenho aqui, com você. O que eu sentia por Gwen, não era nada, comparado ao que eu sinto por você. Com ela, eu era o meu pior, sem ligar para nada. Com você eu sinto a necessidade de ser o meu melhor, porque você merece. Porque você me faz querer ser melhor.

E então eu o beijei antes que eu não pudesse me controlar e começasse a desabafar e chorar. Eu esperava que mesmo depois que eu me fosse, ele ainda quisesse continuar sendo seu melhor, então quando nós nos despedimos e eu cheguei até meu quarto, escrevi três cartas. Uma para a minha família, uma para Bea e uma para Dane. Pondo todas debaixo da minha cama e me deitando para mais uma noite insone.

Bea estava excepcionalmente mal humorada quando nos encontramos no dia seguinte para o treino e depois dela ter me feito trabalhar dobrado nos exercícios, ela finalmente resolveu soltar.

– Não é legal ficar sabendo da sua vida por terceiros sendo que somos amigas e vizinhas de quarto. – ela começou.

– Eu sinto muito. Qual foi a fofoca de Jessica dessa vez? – eu disse tentando não revirar os olhos.

– Você e Dane voltaram. – ela disse e então eu percebi que não havia contado isso a ela, mas provavelmente toda a escola já sabia graças a Jessica.

– Eu sinto muito. – eu repeti. – Deveria ter contado a você.

– Deveria ter me contado por que vocês acabaram, para começar. – ela disse enquanto se alongava.

Eu entendia que havia falhado com Bea nessas ultimas semanas e que ela tinha toda razão em estar magoada comigo, então simplesmente optei por contar o que eu podia.

– Nós terminamos por eu ter feito uma besteira, mas voltamos e agora estamos bem. – eu disse.

– Ah, qual é, Ana! Me diga uma novidade. – ela disse erguendo os braços. – Okay. Se não quer falar, não fale.

E então ela saiu da sala me deixando sozinha para terminar o alongamento e ir para as outras aulas. Eu me olhei no espelho.

– Estou me afastando, para o próprio bem dela. Se eu tiver chance de consertar isso, eu consertarei. – disse a mim mesma no espelho e então senti como se alguém tivesse me observando.

Eu girei procurando por algo ou alguém estranho, sem encontrar nada e em seguida me mantive olhando ao redor. Eu tinha certeza de ter visto a sombra de alguém no espelho, mas por ter sido algo muito rápido, não consegui ver nada além das cores das roupas. As mesmas de treinamento dos guardiões.

No horário de almoço, Dane e eu seguimos para o refeitório enquanto recebíamos alguns olhares.

– Jessica aprendeu uma nova palavra e fez dessa o nosso novo apelido como casal.

– Que palavra? – eu estranhei.

– Aberração. Aparentemente, “casal aberração” é nosso novo apelido. – ele disse como se não o afetasse (o que eu tinha certeza que não afetava).

Eu balancei a cabeça e então quando entramos no refeitório eu procurei por Bea, mas não a encontrei em lugar algum.

– Onde está Bea? – Dane perguntou também procurando.

– Nós meio que brigamos, ela provavelmente não vai querer sentar comigo hoje. – eu disse num suspiro enquanto a procurava por todo o refeitório.

Dane franziu as sobrancelhas, mas depois de perceber que Bea realmente não estava ali, nós nos sentamos e começamos o almoço. Era sexta-feira e Dane começaria suas sessões com Deirdre no final do dia, mas eu tinha certeza que ele seria completamente honesto com ela, da maneira que eu não estava sendo e que logo sua situação melhoraria. Então quando o sinal tocou, eu me levantei me despedindo dele e o deixando no refeitório, desejando a ele boa sorte com a psicóloga.

Quando cheguei até a aula Técnicas de Combate Básico para Guardiões, todos estavam pelos cantos e Bea ainda não tinha chegado, mas logo depois que 10mins se passaram, as pessoas começaram a olhar para os lados e se perguntar onde ela estaria, até que alguns meninos vieram até mim.

– Hey, sabe onde Bea está? – um dhampir do mesmo bloco que o nosso perguntou, seu nome era Travis.

– Não. – eu disse, sem saber.

– Ela não disse se faltaria?

– Não para mim. – eu disse me lembrando do quão magoada ela parecia hoje pela manhã.

Ele pareceu pensar por um momento e então saiu para conversa com seus amigos, voltando logo depois.

– Pode dar a aula, então?

Eu pensei que ele estava brincando, mas então percebi que ele estava falando serio e me senti surpresa e sem saber o que fazer.

– Não fui preparada para isso. Não sei nada sobre... – eu disse como se pedisse desculpas.

– Você é tão boa quanto Bea, só precisa nos avaliar e manter as coisas justas. Vai lá, segunda Bea estará aqui de volta. – ele disse, o que fez seus outros amigos concordarem.

Eu acenei e então fui para o meio, apesar de me sentir nervosa em ser o centro das atenções no momento, então eu comecei a separar duplas enquanto percebi que Dylan também não estava ali e logo todos começaram, mas Jessica parecia revoltada com a situação.

– Quem morreu e te fez líder, bloodwhore? – ela disse de braços cruzados.

Eu respirei fundo e me concentrei em pensar “como Bea agiria” e então me forcei a ser zen ao responder:

– Não sou líder, nem auxiliar ou professora, Jessica e por isso mesmo essa aula é opcional agora que Bea não está aqui. Então sinta-se a vontade para sair se quiser. – eu disse e então voltei a andar pela classe.

Ela viu que seu xingamento não surtiu efeito algum e com uma raiva que dava para sentir do lado de fora do ginásio, saiu dali.

A aula seguiu sem mais problemas e depois que acabou, eu recebi alguns parabéns tímidos de pessoas que iam embora e logo eu estava sozinha no ginásio, até ver Dylan vindo em minha direção e ele parecia suado e sujo mesmo sem ter participado da aula.

– Ana... – ele começou ofegante e eu percebi que ele estava machucado e que estava com roupa de treinamento, mas tênis normais.

– Dylan, calma. – eu comecei a ficar nervosa por ele estar tão ofegante e vermelho como estava. – Você precisa de algo?

E então Dylan me encarou e eu pude ver diversas marcas de mordidas em seu pescoço.

– É culpa minha... Ela foi pega... Ele me mandou avisar você.

Eu senti minha vista escurecer, enquanto olhava Dylan e percebia o que ele estava falando. Bea havia sido pegue por Rolan e todo esse tempo Dylan era o informante.

Depois de eu ter falado diversos palavrões em diferentes idiomas e em alto e bom som, já que não podia descontar minha raiva em Dylan e por me sentir tão idiota quanto eu estava sendo desde o começo, eu corri de volta para o dormitório que estava cheio de pessoas indo para a aula de Stan e subi as escadas com Dylan o tempo inteiro atrás de mim e nós passamos tão rápido que em meio a todos os alunos indo para a aula de Stan, ninguém reparou em Dylan subindo para o dormitório das garotas. Essa provavelmente havia sido a primeira vez em que ele corria tanto assim por um longo tempo e eu segui sem ligar para o quão ofegante ele estava, minha cabeça estava em o que Bea podia estar sofrendo nas mãos de Rolan.

– Dylan, preciso que me diga por onde você entra e sai aqui, preciso que me diga onde Rolan está e o que mais ele está planejando. – eu comecei, entrando em meu quarto e pegando minha mochila que já estava preparada.

Ele então me explicou que havia uma árvore próxima ao portão que uma vez eu havia usado para sair, que tinha galhos tão grandes e altos que um deles era uma ponte para a cerca e contanto que a pessoa fosse boa o suficiente para pular, seria até fácil conseguir sair dali.

– Ele já planejou tudo, Ana. Ele já tem uma casa e conseguiu um carro na cidade. Ele vem todas as noites e eu estava sendo seu fornecedor... Precisamos avisar a alguém! – ele continuava tagarelando.

– Não vai contar a ninguém. – eu ordenei, o que fez com que ele calasse a boca imediatamente. – Não vai dizer a ninguém sobre isso e preciso que você me leve até Rolan.

– Você está louca? É isso que ele quer! Ele só falava sobre você e sobre esse plano estupido!

Eu senti a escuridão aumentar e não me contive quando peguei ele pela camisa e o encostei contra a parede.

– Você vai me levar até lá! Bea está lá fora com Rolan e eu preciso trazer ela de volta. Quando eu mandar, você vai correr com ela de volta para a escola. Você entendeu?

– Mas você-

– Eu me viro. – eu disse e então o larguei, pois Dane estava olhando pela porta que estava entreaberta.

– Dane- – eu comecei e ele olhou para os lados e em seguida entrou no meu quarto, trancando a porta.

– Eu não sei o que está acontecendo, ou quem é Rolan, mas eu vou com você. – ele disse, cruzando os braços.

– Não. – eu respondi prontamente.

– Anastacia! – ele disse exasperado. – Então era sobre isso que o que você me disse ontem se tratava? Você está partindo em uma missão suicida? Então não há nada no mundo que você possa fazer para me impedir de ir com você. – ele disse e realmente parecia decidido.

– Na verdade, Rolan me contou que ele é um usuário do espirito, certo? Ele seria bem útil se algum de nós se machucasse... – Dylan se meteu e eu me virei para avançar nele, mas Dane me segurou por trás, enquanto Dylan se esquivava indo de encontro à parede.

– Deus, Ana! Quem é Rolan, afinal? – ele disse, ainda com os braços ao meu redor.

Eu me soltei de Dane e falei mais alguns palavrões, até respirar fundo e encarar Dane.

– Tudo bem. Vamos juntos. Mas não posso falar nada para você agora e preciso que você ajude Dylan a tirar Bea e leva-la de volta para cá.

– Não vou deixar você sozinha. – ele disse.

– Pode voltar e me ajudar depois, mas precisa me garantir que vai me ajudar a resgatar Bea. – eu contava com a certeza que depois que me matar Rolan iria embora e todos poderiam voltar para St. Vlad sãos e salvos.

– Okay, eu ajudarei Dylan com Bea. – ele disse.

E então nós começamos a planejar o que faríamos.

Nós conseguimos sair da escola com sucesso apesar de eu saber que Dane se sentia cansado enquanto corríamos pela floresta. Nós tínhamos esperado as aulas acabarem e quando o bloco estava lotado novamente eu fiz os dois saírem pela janela. Dylan ajudou Dane a pular e depois Dane curou Dylan dos arranhões que os dois conseguiram ao pular do segundo andar. Eu dava graças por Dane conhecer tão bem as plantas e ter visto que era seguro pular para cair em cima dos arbustos. E então eu desci comentando com Travis que estava no hall de entrada que tinha uma sessão com Deirdre e que ela havia me pedido para levar fotos e por isso eu estava com a mochila, puxando diversos assuntos desnecessários para disfarçar e então saindo para encontrar Dane e Dylan próximo a arvore que eles haviam falado.

Eu fui a primeira a subir e depois que pulei esperei pelos dois. Dane foi o ultimo a passar, pois caso alguém aparecesse ou visse o que estávamos fazendo, ele usaria compulsão e depois que ele também pulou nós partimos correndo pela noite escura, quente e abafada.

Quando chegamos até a estrada, eu vi nuvens pesadas se acumulando.

– Nós bem que poderíamos pedir carona a qualquer carro que passe, tenho certeza que alguém nos daria. – disse Dane ainda ofegante e suado e logo eu percebi que ele estava falando em usar compulsão para conseguir carona.

– Tudo bem. – eu disse me recuperando também. – Se virmos algum carro passar, nós pediremos.

Depois de um tempo, vimos uma picape que por um momento eu pensei ser a de Joshua devido sua lentidão e Dane começou a acenar, o que fez o carro parar.

– Precisamos de carona até a cidade mais próxima. – Dane disse usando compulsão sem perder tempo.

– Claro. – Um homem de cerca de quarenta anos disse. Ele usava boné, mas mesmo deu para perceber que tinha cabelos pretos e olhos azuis e fumava tanto que seu carro tinha o cheiro tão forte quanto seu hálito e pelo visto trabalhava vendendo peixe já que assim que entramos nós percebemos isso.

Ele dirigiu com seu carro na velocidade que podia e apesar de Dane também ter ordenado para que ele acelerasse, eu sabia que não havia muito que fazer. Quando chegamos à cidade, o dia já estava clareando embora o sol ainda não tivesse aparecido e a tirar pelas nuvens cinzentas que se mantinham carregadas, não apareceria.

Nós descemos no posto de gasolina e então Dane foi conversar com o homem que nos deu carona, voltando com as chaves do carro.

– Dane!

Ele deu um sorriso de lado.

– Vamos precisar de um carro de fuga! Seja lá para o que ou para onde estamos indo. Então eu o curei, afinal seus pulmões deveriam estar podres e usei compulsão para que ele parasse de fumar. Em troca de ter salvo a vida dele, eu pedi as chaves do seu carro e ele me deu.

– Como ele vai sair dessa cidade? – eu disse tentando não perder a calma.

– Fácil. Ele vai pedir carona. Nós conseguimos, certo? – ele disse dando de ombros.

Eu fechei os olhos respirando fundo e resolvi esquecer o assunto, mas se por um milagre todos nós ficássemos vivos, eu iria arranjar uma maneira de devolver o carro para esse homem.

– Dylan, nos guie até a casa onde está Rolan. – eu disse firmemente.

Dylan havia se mantido em silencio desde que eu quase o agredi e agora eu me mantinha desconfiando dele, embora ele não parecesse uma ameaça. O problema é que eu me perguntava como Rolan o tinha achado e embora eu tivesse estudado sobre o quão forte a compulsão de um Strigoi podia ser, eu não conseguia deixar de odiá-lo por ter levado Bea até Rolan...

– O que disse para Bea aceitar que você a levasse para fora dos portões? – eu perguntei parando no meio do caminho.

Dylan pareceu envergonhado e então respondeu.

– Eu disse que Rolan tinha pego você. Ele tinha me mandado dizer isso. Anastacia, eu sinto muito. Ele me disse que me tornaria um Strigoi e naquela época era tudo o que eu queria para me livrar dos garotos que me batiam! Eu não sabia o quão horrível ele era e depois de um tempo ele me fazia ir e voltar a pé por toda essa distancia! Ninguém percebia que eu não estava na escola, porque ninguém se importava comigo, então foi fácil para ele...

Eu deixei que ele continuasse falando enquanto eu percebi Dane me encarando e me olhando fixamente, eu sabia que ele estava tentando ler minha aura ou simplesmente ler minha mente como Oksana fazia.

– E há quanto tempo isso está acontecendo? – eu pensei sobre como ele falou “naquela época”.

– Há um mês e alguns dias. – Dylan respondeu.

Eu me impressionei, mas não respondi nada. Há um mês Rolan estava rondando a St. Vladmir atrás de mim. Há um mês Dylan estava sendo obrigado a trabalhar para ele, sendo seu servo e fornecedor. O que Dylan tinha contado para Rolan? Eu olhei para Dane. É claro que Rolan sabia da sua existência o suficiente para saber que ele era um usuário do espirito.

Eu comecei a andar enquanto Dylan mostrava o caminho e não consegui evitar de checar se a estaca que eu havia posto próximo a minha coluna estava no lugar. Eu também tinha um canivete suíço que Bea havia me dado de aniversário em meu calcanhar e contava com isso para me ajudar a libertar Bea.

Nós paramos de frente a uma grande mansão que parecia antiga e abandonada e pude notar que as janelas estavam completamente tampadas com pedaços de madeira.

– Eu entro e vocês esperam na porta. – eu disse.

– É, nem nos seus sonhos. – disse Dane.

– Falando em sonhos, sabe que eu posso por você para dormir, certo? – eu disse e ele entendeu minha ameaça, mas sequer ligou.

– Não vai entrar aí sozinha. A tirar pelo que eu estou descobrindo Rolan é um Strigoi e eu não vou deixar vo-

– Dane, olhe o que você acabou de dizer! Rolan é um Strigoi! Acha que ele vai querer avançar em quem primeiro? Ele sabe que você vai ser alvo fácil! – eu disse exasperada, a medida que olhava a casa começava a sentir minhas náuseas começarem.

– Então vamos fazer assim: entramos juntos e então começamos a tirar as tabuas de madeira das janelas a medida que entramos. Dando claridade no lugar e fechando o cerco para ele. – ele disse apontando para casa e me deixando impressionada.

– Não é uma estratégia ruim. – eu disse arqueando as sobrancelhas.

– Seu espanto é ofensivo. – ele disse com uma careta.

Dylan parecia nervoso e se mantinha suando o tempo inteiro.

– Eu vou entrar primeiro. – ele disse finalmente. – Digo que não achei vocês. Tenho as chaves. – ele disse pegando as chaves do bolso do moletom que estava.

Eu podia argumentar contra, mas como eu disse, meu julgamento (ou humor) com Dylan não estava entre os melhores, então eu simplesmente acenei e ele entrou abrindo a porta e deixando-a entre aberta.

– E agora? – disse Dane.

– Agora nós contamos um minuto e entramos. – eu disse pegando mais uma vez na estaca grudada ao meu corpo.


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