Shadows of the past escrita por larissabaoli


Capítulo 24
Capitulo 24




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Acordei ouvindo alguém bater na porta e me arrastei carregando o edredom comigo para atender a porta.

– Quem é? – eu consegui grunhi.

– Acorda, raio de sol. – eu ouvi Rose dizer do outro lado e abri a porta. – Achou que passaria as férias sem treinar?

Ela já estava com roupas de ginastica e parecia já estar acordada há tempos. Eu balancei a cabeça e me virei voltando para a cama, mas ela me abraçou de lado puxando o edredom e me empurrando para o banheiro.

– Ah, vamos lá! Soube que você tem ido bem na St. Vlad e quero saber o quão boa você está. – ela disse.

Eu me sentia cansada e com sono, mas consegui tomar banho e trocar de roupa e em minutos eu e Rose descíamos para a tarde onde o sol estava se pondo e que tinha uma neve que começava a cair levemente passando pelos blocos, pelas mansões e chegando até as casas onde ficavam os guardiões. Parecia um pequeno bairro de flats bem organizado e prático e depois de um tempo chegamos até uma espécie de ginásio que parecia com o que havia na academia, mas bem maior e mais equipado.

Rose colocou suas coisas no canto da parede e começou a se alongar e eu segui fazendo o mesmo.

Depois do que parecia uma eternidade, mas foi apenas uma hora de treino, eu consegui aprender alguns movimentos com Rose e apesar de ser tão impaciente quanto Meredith, ela era uma boa professora. Quando me senti cansada, eu avisei que pararia e então eu a convidei para vir tomar café da manhã comigo no hotel, nós caminhamos no frio e foi um alivio sentir o vento gelado nas vermelhidões que agora haviam no meu corpo. Rose tinha além de um treinamento superior ao meu, alguns anos de experiência em campo e isso obviamente faria toda a diferença.

– Para alguém que não sabia nada, você está ótima. Aprendeu rápido e Meredith pelo visto está fazendo um bom trabalho. Sabia que estudávamos juntas? – ela disse, limpando o suor do rosto com uma toalha que estava no pescoço.

Eu a encarei um tanto surpresa e seguimos voltando para o hotel, onde eu escolhi uma mesa e nós começamos a nos servir.

– E então? O que achou dos planos de Janine para o natal? – ela disse tentando não rir.

– Eu gostei. Vai ser legal ter essa... experiência. – eu disse comprimindo os lábios.

Rose riu e nós nos sentamos e começamos a comer.

– Como está na St. Vlad? Soube que Angeline aprontou uma no pouco tempo em que esteve por lá.

Eu contei para ela o que tinha acontecido, sem mencionar com quem exatamente Gwen estava implicando antes de Angeline ataca-la e Rose pareceu se divertir com a historia.

– Então sem mais problemas? E está tudo bem com sua amiga? – Rose parecia artificialmente desinteressada e assim que eu notei, comecei a partir para respostas evasivas.

– Tudo bem. E Bea está aqui na Corte também. – eu disse enquanto terminava de comer.

Rose ficou em silencio por um tempo.

– E o que aconteceu com o Coringa da festa? Você ainda mantem contato com ele? – ela disse e percebi que ela estava me encarando, então me mantive com os olhos nos morangos e cereais que estava comendo.

– Sim, Dane está bem. O episodio que aconteceu na festa, não voltou a se repetir. – eu disse, sem encara-la.

– Ah, qual é! – ela disse perdendo a calma e me fazendo olhar para ela que me encarava e me apontava com um pedaço de pão na mão. – Você ainda está vendo ele? Ana, aquele garoto é problema! Você não devia-

– Você não o conhece. – eu disse impassível.

– Eu sei o suficiente sobre o irmão dele e eu sei que ele o idolatra.

– Não é bem assim...

Rose parou por um tempo estreitando os olhos.

– O que significa que você ainda está tendo “contato” com ele?

Eu olhei para a janela lá fora, para o clima que prometia piorar, mas que a neve ainda estava começando a chegar.

– Nós somos amigos. Trabalhamos juntos na detenção, depois que voltei. – eu disse evasiva.

– Ana, tenha cuidado. Aquela família não presta.

Eu me virei novamente para ela.

– Rose, com todo respeito... Eu sei me virar.

– Eu sei que você sabe, mas as coisas aqui são bem diferentes da Rússia.

Eu suspirei exasperada e revirando os olhos.

– Okay, Rose. Eu vou ter cuidado com quem me relaciono. Prometo até usar proteção. – eu disse com um sorriso amarelo.

Rose engasgou com o pedaço de pão que finalmente havia posto na boca e eu ri.

– É melhor você não estar falando sério. – ela disse e então voltou a comer, pensativa.

Quando voltei para o quarto, eu comecei a procurar por algo para vestir, mas minhas opções eram apenas duas. O vestido que eu havia usado no discurso de Lissa que eu havia ganho de Rose e o vestido de Jill que eu que havia usado para a minha primeira festa na corte. Eu considerei conseguir escapar da Corte para ir comprar algo, mas sem Jill ou Eddie para me acobertar eu sabia que seria quase impossível e então eu teria que me virar com o que eu tinha. Eu escolhi ir com o vestido preto por ele não ser tão curto e depois Bea veio até meu quarto para me ajudar com a preparação. Rose e eu havíamos treinado pra valer e eu não tinha percebido que ela havia me causado alguns hematomas nas pernas que daqui para o anoitecer talvez ficassem roxos.

Bea e eu passamos a tarde juntas comentando sobre o que fazer e ela me dava dicas, já que sabia bem mais sobre festas dessas famílias, ela me ofereceu um vestido, mas nós sabíamos que provavelmente nada caberia em mim por ela ter muito mais corpo do que eu. Nós almoçamos e então voltamos para o quarto e Bea me ajudou a dar um jeito no cabelo, fazendo um coque lateral com fios soltos e nos detalhes que eu não perceberia.

Depois, logo quando chegou a hora do jantar, ela voltou para casa me desejando boa sorte e que eu não caísse ou deslocasse nada com o salto. Eu agradeci e então comecei a por o vestido e me preparar. Enquanto eu tentava colocar o colar com o pequeno nazar que tinha, acreditando que isso fosse me dar alguma sorte, eu ouvi alguém bater na porta e então fui olhar pelo olho mágico para ver Dane incrivelmente bem vestido como sempre. Eu me olhei no espelho e para a bagunça que estava no meu quarto e então abri a porta.

– Você é péssimo em ser discreto. – eu disse com um sorriso curto.

Ele me olhou dos pés a cabeça e eu tive uma prazerosa sensação enquanto o observava. Ele estava com uma calça preta e um blazer azul marinho, com uma camisa branca por dentro. Se ele achava que azul era a minha cor, eu também acreditava que essa era a dele.

– Eu vim buscar você. – ele falou finalmente e mostrou um pequeno buque de orquídeas brancas me oferecendo.

Eu segurei e cheirei de leve.

– Obrigada. – eu disse com um sorriso e então dei a ele meu nazar. – Pode me ajudar a por? Eu estava fazendo isso quando você bateu na porta.

Eu me virei para ele e ele pôs o colar ao meu redor, fechando rapidamente, mas pondo as mãos em meus ombros e acariciando levemente meu pescoço.

– Vamos, – eu disse depois de um tempo – não quero que se atrase.

Eu peguei uma pequena bolsa que Bea havia me emprestado e onde eu havia posto meu celular e algumas outras coisas. Enquanto passávamos pela recepção, eu vi que não era Marlene que estava lá e sim Simon, que assim que nos viu pôs uma careta de desprezo que me fez revirar os olhos. Dane e eu nem estávamos de mãos dadas, mas a proximidade dele era um tanto visível e eu notei alguns olhares enquanto caminhávamos até sua casa que era uma das mansões que haviam na Corte. O lugar estava bem iluminado e com mais pessoas do que eu pensava. Não era bem uma festa lotada e tinha no máximo 20 pessoas, mas eu imaginava que ali estivessem alguns membros esnobes das famílias reais e apesar de parecer intimidante, eu pus minha melhor cara de “eu não ligo” e segui Dane enquanto andávamos até que ele foi até seu irmão que estava com uma taça na mão enquanto conversava com quem eu reconheci ser o irmão de Bea.

– Hey, Jesse. Essa é Ana, a garota que eu tenho falado para você. – ele disse e dessa vez segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos.

Jesse e o irmão de Bea pararam de conversar e se viraram para nós dois. Jesse parecia com Dane, mas seus olhos pareciam mais gélidos e sem vida apesar do mesmo sorriso cínico que eu tanto odiava e gostava ao mesmo tempo em Dane e outras diversas características físicas.

– É um prazer, Ana. Dane tem falado muito sobre você. Eu sou Jesse e esse é Ralf. – ele disse pondo a mão no ombro do amigo.

– Nós já nos conhecemos antes. – eu disse tentando não fazer uma careta. – Ah, feliz aniversário, aliás. A festa está maravilhosa. – eu lembrei que Bea havia me dito para dizer algo assim mesmo que a festa estivesse uma droga.

– Obrigada, aproveite. Aposto que vai encontrar alguns de deus amigos da St. Vladmir aqui. – Jesse disse e então eu vi uma espécie de maldade em seu olhar.

Dane então saiu me mostrando sua casa e os lugares em que passávamos, os quadros e as fotografias de sua família. Ele me disse que sua mãe havia morrido e que seu pai agora era casado com outra mulher, mas que ele não costumava se dar bem com sua família, a não ser pelo irmão.

Nós estávamos próximos da escada que levava ao segundo andar, enquanto ele me mostrava alguns porta-retratos que tinham fotos dele e de Jesse quando crianças.

– Você ainda possui algumas covinhas. – eu comentei olhando as fotos e o observando. – E tinha lindas bochechas.

– Obrigada. – ele disse e se aproximou de mim, segurando as fotos. – Eu tenho mais fotos... no meu quarto.

Eu o encarei arqueando as sobrancelhas e ri baixo balançando a cabeça.

– Dane! Achei que você seria o acompanhante de Gwen, mas a encontrei aqui sozinha. – disse a voz de uma mulher, nos fazendo virar para olhar para as escadas.

Ela era uma Moroi com longos cabelos pretos e olhos castanhos, que tinha cerca de 40 anos e eu reconheci como Dane havia apontado pelas fotos, como sua madrasta.

Dane fez uma careta e esperou que a mulher descesse as escadas, vindo em nossa direção.

– É, mas felizmente eu agora estou acompanhando outra pessoa. – ele disse olhando para mim – Ana, essa é Erica, minha madrasta. Erica, essa é Ana, minha namorada.

Se houvesse uma competição para quem havia ficado mais surpresa com o que Dane tinha dito, seria uma batalha difícil entre eu e Erica, mas ela foi melhor em disfarçar o espanto e deu um sorriso falso e curto.

– É um prazer e uma surpresa devo acrescentar. Dane e Gwen namoraram por tanto tempo que eu já os imaginava juntos para sempre. – ela disse fazendo parecer óbvio. – Vocês estudam juntos também?

– Só no primeiro tempo. – Dane respondeu com um sorriso preguiçoso. – No segundo ela vai à luta – literalmente – enquanto eu mato o tempo.

– Imagino. – ela disse e então se afastou indo até o Moroi que eu reconheci pelas fotos ser o pai de Dane e estava no lado esquerdo da sala, próximo a ponta da mesa.

Depois que ela saiu eu me virei para Dane esperando alguma explicação.

– O que? Eu achei que estivesse óbvio. – ele disse dando de ombros.

– Não, não estava. – eu disse ainda sem reação.

Ele parecia estar adorando o quão sem palavras eu estava e me abraçou de lado, mas ouvimos um garçom dizer que o jantar seria servido e andamos até a mesa.

Para a minha infelicidade alguém teve a maravilhosa ideia de me por entre Dane e Gwen e de frente para Jesse e logo depois que sentamos, não demorou até Gwen aparecer com um vestido roxo com renda preta e ridiculamente decotado. Por ela ser uma Moroi, não havia muito o que mostrar, mas eu imaginava que qualquer pessoa que fosse servi-la poderia ver até onde iria seu decote e foi só ver Erica vir sussurrar algo no ouvido de Gwen que eu notei a semelhança.

– Dane, Erica e Gwen são familiares...? – eu perguntei, em voz baixa.

– Primas. – ele respondeu e então seu começou a pedir para que a comida fosse servida.

E então eu notei que a única dhampir sentada a mesa era eu, mas eu não fui a única a notar isso.

– Não vai se levantar e servir? – eu ouvi Gwen dizer e então me virei para encara-la e responder na mesma altura.

– Não, mas se quiser fazer essa gentileza, eu agradeceria. – eu disse e ela pareceu se ofender, pondo um olhar de desprezo.

Esse seria um jantar e tanto.

Depois de jantarmos, eu evitei olhar para qualquer pessoa que não fosse Dane ou as pessoas que serviam a mesa, Arthur Zeklos – o pai de Jesse e Dane – fez um discurso que foi brindado com champanhe e Jesse fez outro em agradecimento. Dane me lançou um olhar enquanto erguia a taça e eu acenei brindando com os outros.

Quando a sobremesa chegou, um flambado de abacaxi com rum e açúcar mascavo, que Dane havia me explicado ser a sobremesa favorita do irmão, eu sabia que não gostaria de experimentar isso, mas por educação comecei a me servir, até que quando Gwen foi servida, ela bateu o braço no prato bem na hora em que o garçom o trazia, o que fez com que toda a sobremesa virasse para o meu lado e caísse em meu colo, sujando o vestido.

Eu estaria mentindo se eu dissesse que eu não considerei avançar nela e esfregar sua cara e seu nariz recém-consertado no meu prato, mas eu sabia que isso atrairia muita atenção. Ela havia feito de proposito obviamente, mas ela estava no lugar dela. Sua prima era a madrasta do aniversariante e ela seria defendida não importa o que fizesse.

– Eu sinto muito, Ana! – ela começou a dizer e então virou-se para o garçom, um dhampir de cabelos castanhos e cacheados e que parecia pasmo com o que tinha acontecido – Viu o que você fez? – ela disse em voz alta.

Eu olhei mais uma vez para o vestido e respirei fundo, pegando um guardanapo e tirando os pedaços de sobremesa que haviam em meu vestido. Eu peguei cada um deles e juntei no pano, dando de volta a Gwen e me levantando com o melhor sorriso que eu conseguia dar no momento.

– Está tudo bem, Gwen. Eu catei os pedaços e você ainda pode comer. – eu disse e me retirei da mesa, vendo Dane se levantar também.

Eu caminhei em passos firmes em direção a porta, com calda e sorvete pingando do vestido até que Dane me alcançou e se pôs na minha frente.

– Você está bem? – ele disse me parando e segurando meu rosto em suas mãos.

– Espetacularmente bem. – eu disse sem me importar com o tom de voz.

E então eu percebi que ele estava se esforçando para se manter sério.

– Dane, se você rir, eu juro que...

Ele comprimiu os lábios com força e pôs as mãos em meus ombros, analisando meu estado enquanto eu mesma abaixei a cabeça para olhar como estava e então eu não me aguentei e ri e Dane riu também.

– Eu quis tanto esfregar a cara dela no meu prato – eu disse depois de me acalmar e passando a mão no cabelo. – Anda, me deixa ir. Eu preciso tirar esse grude de calda.

– Não, eu tenho uma ideia melhor. – ele disse com um sorriso de lado. – Vem, vamos até o meu quarto.

– Dane! – eu disse exasperada.

Ele riu mais ainda e segurou minha mão, me levando de volta e em direção à escada.

– Eu não vou fazer nada com você, eu prometo! – ele disse e então parou, nos degraus – A não ser que você queira...

Eu ri baixo e não respondi, enquanto subia as escadas. O quarto dele era o primeiro no lado esquerdo do corredor e ele abriu a porta. Estava escuro, mas logo Dane buscou por uma luminária que ficava em cima de uma cômoda. A decoração de seu quarto era bem legal e possuía diversas fotografias espalhadas pelas paredes.

– Uma das minhas paixões. – ele disse ao perceber que eu estava observando as fotos.

Ele andou até seu closet e então voltou com uma caixa branca que eu reconheci na hora.

– Eu não acredito nisso. – eu disse querendo rir.

Essa era a caixa que Dane havia deixado em minha porta com três vestidos e que eu havia devolvido a ele, há tempos. Eu não esperava que ele guardaria aqueles vestidos e muito menos que um dai eu fosse precisar deles e naquela época eu o odiei por ter feito isso.

– Pode escolher. – ele disse com um sorriso enquanto estendia os três vestidos em sua cama.

Eu peguei o vestido azul marinho que tinha mangas curtas e alguns botões no centro e logo em seguida Dane me deu um beijo no rosto e saiu do quarto.

– Vou estar na porta, assegurando a sua segurança. – ele disse em uma de suas piadinhas.

Eu esperei que ele saísse e então comecei a abrir o zíper de meu vestido, tendo cuidado para não sujar minhas pernas ou o sapato que eu estava. Depois fui até o banheiro e passei água nos lugares que ainda estavam sujos e grudentos no vestido, enquanto torcia para que o vestido não ficasse danificado, olhei para o espelho e vi três prateleiras postas no canto. A primeira e a segunda possuíam artigos de higiene, mas a terceira possuía vidrinhos de remédios. O que me chamou atenção foi ver que cada um deles tinha uma etiqueta colorida e uma outra com algo escrito. Eu peguei o que possuía uma etiqueta preta na tampa e li “se as coisas ficarem sérias” e ao ler a bula reconheci como um antidepressivo que Oksana uma vez precisou tomar.

Eu fechei a torneira e voltei para o quarto. Dane já havia conseguido ajuda. Os comprimidos já estavam com ele, mas ele provavelmente só tinha medo de começar a toma-los. “Se as coisas ficarem sérias”... Quanto as coisas precisariam ficar serias para que ele começasse a tomar os remédios? Eu me perguntei e comecei a vestir o outro vestido, que coube perfeitamente em mim. Eu me olhei no espelho que havia em seu closet e sorri sem querer admitir para mim ou para Dane o quanto eu havia gostado do vestido. Eu peguei minha bolsa e então abri a porta, vendo Dane mais uma vez ficar sem palavras.

E então ele pegou o buque que havia me dado, que ainda estava junto a bolsa.

– Espere, eu tenho uma ideia.

Ele então começou a tirar cada flor do buque com cuidado e deixar um pequeno fio de caule que ele começou a enrolar em meus cabelos. Suas mãos eram delicadas e trabalhavam de maneira eficaz e quando ele terminou, ainda haviam algumas flores no buque, mas eu sabia que ele tinha enganchado algumas em meu coque e cabelo.

– Perfeita. – ele disse e então, pôs a mão em meu queixo e me beijou.

Eu sei que não era o tipo de garota que ligava para isso, mas eu precisava admitir nem que fosse apenas para mim que descer e voltar até a mesa tendo Dane segurando minha mão e com uma roupa incrível e ver Gwen de olhos arregalados de ódio, me fez ter um certo prazer. As pessoas já começavam a se levantar e voltarem a se espalhar pela casa e enquanto Dane passou para falar com seu pai, eu me aproximei de Gwen para dizer:

– Foi uma maravilha que Dane tivesse comprado esse vestido para mim há um tempo, não é mesmo? E espero que você tenha comido a sua sobremesa, afinal.

Ela me olhou com desprezo e eu continuei.

– Ah, e se quiser derrubar alguma outra coisa em mim, fique a vontade. Eu adoraria vestir os outros que estão lá em cima. – eu disse tocando seu ombros com um sorriso que faria qualquer pessoa que não soubesse o que eu estava falando achar que eu e Gwen éramos melhores amigas.

Ela deslizou seu ombro tirando minha mão e saiu em direção a Erica, eu honestamente não ligava para o que elas iriam falar.

Dane demorou bem mais do que eu esperava e eu pude mais uma vez dar uma olhada na decoração de sua casa, dessa vez por mim mesma, até que ele voltou e ao se aproximar de mim eu senti que ele parecia estar com raiva e ressentido.

– Podemos sair daqui? Para qualquer lugar. – ele disse e eu senti sua urgência.

Eu acenei e então ele saiu me levando da casa.

– Dane, o que houve? – eu perguntei depois que já estávamos lá fora.

– Nada, eu só tive uma discussão com meu pai. – ele disse e eu sabia que no momento ele não falaria nada além.

Nós caminhamos de volta para o hotel e eu percebi que não poderia leva-lo até o meu quarto. Eu podia apostar todas as minhas economias que Simon ligaria para Abe na mesma hora em que a câmera do elevador parasse no meu andar. Então eu me dirigi até o restaurante que começava a fechar e fiz um pedido enorme de frutas e guloseimas, pondo tudo dentro de uma sacola de pano.

– Vamos jantar novamente? – ele perguntou sem entender o que eu estava fazendo.

– Chama aquilo de jantar? Eram porções tão pequenas – eu disse lembrando e fazendo Dane sorrir de leve. Seja lá o que ele e o pai dele tinham discutido, isso ainda estava o deixando triste.

Nós subimos até o ultimo andar e em seguida subimos as escadas até o terraço do bloco. A neblina estava começando a se acumular, mas eu sabia que o batente dali era mais alto e que os riscos seriam menores. Eu sentei no pequeno muro que nos cercava e esperei que Dane sentasse comigo, mas ele começou a analisar a vista do lugar.

– Aqui é lindo. Como você descobriu? – ele disse olhando ao redor.

– Eu sempre procuro pelo lugar mais alto nas cidades. Eu sei que esse não é o mais alto, mas tem uma visão legal. – eu disse começando a comer algumas uvas.

Ele apoiou os cotovelos no muro e ficou observando em silencio por um tempo.

– Meu pai notou sua existência. – ele disse depois de um tempo.

– Eu imaginei. Afinal, eu era a única dhampir ali... – eu disse pensando.

– Eu pensei que ele fosse incapaz de notar a presença de qualquer pessoa que não fosse Moroi e da realeza. – ele disse mais para si mesmo e eu fiquei em silencio. – Ele jogou baixo comigo, como sempre.

– Dane, - eu comecei – eu sinto muito. Se eu soubesse que lhe causaria problemas...

– Você não causou. Eu fui até ele para que ele viesse até você e eu o apresentasse, mas é claro que ele tinha que ser um babaca como sempre.

– O quão ruim foi? – eu disse com uma careta.

– O quão ruim a frase “você decepcionou e causou vergonha como sempre” soa? – ele disse, ainda sem conseguiu olhar para mim.

– Bem ruim. – eu disse.

Ele respirou fundo e se sentou ao meu lado pegando um morango.

– Ele acha que eu vou me tornar um Strigoi. – ele disse simplesmente, me deixando sem palavras. – Minha mãe tinha os mesmos problemas que eu e se tornou, então ele acha que é isso que vou me tornar. Ele é bem estupido se acha isso e mesmo assim continua me tratando dessa forma, quer dizer, se eu me tornasse um Strigoi, ele seria a primeira pessoa que eu mataria.

Eu o encarei boquiaberta enquanto ele falava, absorvendo as informações até que entendi que esse era mais um dos segredos de Dane e que ele estava me confidenciando, então tentei agir naturalmente.

– Bem estupido. – eu disse e eu mesma me senti estupida por não conseguir falar algo melhor.

Ele me olhou e então viu a cara que eu deveria estar fazendo.

– Eu sinto muito. O que eu disse foi ruim, eu peço desculpas. – ele disse com cuidado.

Eu balancei a cabeça e voltei a comer.

– Queria que você tivesse ficado mais na festa. Todos estavam a observando e você estava deslumbrante... como você sempre é. – ele disse, pondo o braço ao meu redor e eu me aproximei dele, enquanto ele me abraçava. – Você está gelada. Achei que os siberianos viessem com dupla proteção contra o frio. – ele disse, passando a mão pelo meu braço, tentando me aquecer.

Eu o cutuquei e sorri pondo o braço ao seu redor.

– Eu não estou sentindo tanto. – eu disse e percebi que era verdade.

Nós comemos por um tempo e ele se manteve me abraçando.

– Se eu perguntar algo, você poderia ser completamente honesta comigo? – ele começou, me olhando.

– Sim. – eu disse me sentindo curiosa.

– Quando estamos juntos, você... você se afasta e eu vejo sua escuridão aumentar. Você parece ter uma reação rápida e imediata. Você tem medo de mim? Ou trauma do que aconteceu com o Oliver? – ele me perguntou com seriedade.

Eu fiquei em silencio e analisei o que eu poderia responder a ele. Eu não me sentia preparada para falar sobre o que havia acontecido comigo e eu não gostaria que Dane tivesse tocado nesse assunto. Eu queria ter um jeito de voltar no tempo e ter preenchido o silencio antes que ele me perguntasse algo assim. Eu queria qualquer coisa menos ter seus olhos me analisando enquanto ele esperava uma resposta que eu não conseguiria dar honestamente.

– Eu não tenho medo de você. – eu respondi finalmente e essa parte era pura verdade.

Ele pareceu aliviado e para o meu próprio alivio ele não exigiu que eu respondesse algo a mais.

– Eu vou ter paciência sobre... isso. Eu entendo. Você vai superar isso aos poucos e bem, já que você insiste em dizer que eu preciso de ajuda, você pode me deixar ajudar você também, certo?

Eu acenei sorrindo de lado e pus a mão em seu rosto para lhe beijar e nós ficamos por um tempo, até que ele parou deixando o rosto próximo ao meu.

– Okay, eu disse que ia ter paciência, mas fazer isso vai ser mais um exercício de autocontrole. – ele disse rindo.

– Então tudo bem se eu testar seu autocontrole? – eu disse e mordi seu lábio puxando de leve, o fazendo voltar a me beijar.

Depois de um tempo nós nos levantamos e ele fez questão de me deixar na porta do quarto e eu entrei indo me preparar para dormir.

A neve que estava à espera, finalmente caiu e depois que Rose e eu voltamos do treino, eu tomei uma ducha rápida enquanto ela me esperara e preparei minhas coisas para irmos até a cabana onde Janine ficava. Quando entramos, eu pude ver Janine parecer confusa pela primeira vez enquanto olhava receitas no notebook e assim que nós chegamos, começamos a ajuda-la. Rose havia me dito que tinha pedido dicas a Christian para fazer algumas coisas e Janine estava se esforçando o quanto podia, mas ali eu sabia que só eu tinha experiência em me virar na cozinha e logo eu tratei de prender meu cabelo e começar a cozinhar, fazendo de Rose e Janine minhas ajudantes.

A cozinha de Janine era tão pequena quanto sua casa, mas eu estava acostumada a cozinhas pequenas pela cabana onde eu morava e logo me senti em casa enquanto começava a cozinhar.

– Abe disse que logo chegaria, mas com toda essa neve ele deve estar tendo um trabalho e tanto. – disse Janine com o celular na mão.

Eu cozinhei todas as coisas tradicionais americanas que havia aprendido, verificando na internet muitas vezes, mas por fim eu poderia considerar um bom trabalho. Quando o horário do jantar chegou, eu tinha farinha e farelos em muitos lugares e estava descabelada, mas me sentia orgulhosa de toda a comida que tinha feito. O peru ainda estava no forno e eu teria tempo para tomar banho e me preparar, então saí da cozinha indo pegar meu celular e vi diversas mensagens de Dane, mas maioria com assuntos banais, então eu não respondi, esperando para chegar de volta ao quarto para poder ligar para ele. Eu avisei a Janine que voltaria ao hotel e deixei cronometrado em quanto tempo ela deveria fechar o forno e então saí para a neve que estava aumentando cada vez mais.

Quando cheguei ao hotel, eu vi Marlene quase voar em minha direção.

– Ana, eu preciso que venha comigo. Rápido, antes que Simon chegue para trocar de turno comigo – ela disse num tom meio urgente.

Eu a segui e ela me levou até os sofás e cadeiras onde uma vez eu já tinha visitado e onde agora estava Dane, que dormia esparramado em uma poltrona.

– Ele não pode ficar aqui. Ele chegou aqui há umas duas e disse que esperaria até que você voltasse. Ana, você precisa leva-lo daqui antes que alguém veja...

Eu me aproximei e sabia que ele havia bebido antes mesmo de sentir seu hálito. Eu me sentia cansada, mas não hesitei em lhe acordar e lhe levantar enquanto ele murmurava coisas sem sentido e pedidos de desculpas.

– Marlene, pode pedir a alguém para deixar uma garrafa de café extra forte no meu quarto? Eu vou cuidar dele, não se preocupe.

Eu arrastei Dane para o elevador e de lá para o meu quarto, se ligar quem estava vendo ou se importaria, entrando com ele e o deixando dormir por mais um tempo em minha cama. Eu soltei meu cabelo me sentindo um tanto desesperada e com raiva, mas eu não deixaria isso transparecer, não hoje. Logo eu ouvi alguém bater na porta e Marlene veio me entregar uma garrafa térmica cinza cheia com duas canecas. Eu acordei Dane e o pus sentado e ele já parecia um pouco mais sóbrio.

– Ana, eu sinto muito-

– Beba o café, Dane. – eu disse sem ligar pro quão seca eu parecia. Eu peguei minha toalha e as roupas que vestiria e antes de entrar no banheiro, lhe disse – Espere que eu saia, não vá fazer nenhuma besteira.

E então eu entrei no banho, deixando algumas lágrimas caírem. Eu me sentia decepcionada por Dane ter bebido e tentava entender o lado dele, mas era bem difícil. Depois que saí, me vesti ali mesmo no banheiro e então saí do quarto, encontrando Dane sentado na cama, me olhando abatido.

– Por favor, deixe eu me desculpar. Quando eu saí daqui ontem, eu não tinha intenção de beber. Eu voltei para casa, mas então meu pai e eu brigamos mais uma vez e eu saí com Jesse para comemorar seu aniversário. Ele e Ralf saíram da Corte para ir até uma boate e então eu não consegui e comecei a beber. Eu sinto muito, de verdade. Eu não devia ter vindo aqui e espero que não tenha lhe causado problemas. – ele disse com a caneca na mão.

Eu me aproximei dele e tirei sua caneca pondo no criado mudo ao lado da garrafa e me sentando ao seu lado.

– Dane, é véspera de natal. Eu me sinto cansada e passei o dia inteiro cozinhando. Eu não vou falar sobre isso hoje, esta bem? Eu não quero mais falar sobre isso. – eu disse por fim.

Ele confirmou e então se levantou.

– Eu sinto muito, amanhã nos falamos? – ele disse indo em direção à porta.

– Não. – eu disse, o que fez com que ele parasse na porta surpreso. – Você vem comigo. Ontem eu conheci sua família. Hoje você vai conhecer a minha. – eu disse e forcei um sorriso curto, enquanto me levantava e me dirigia à porta indo com ele de volta à casa de Janine.

Eu não fazia ideia do que esperar enquanto caminhava com Dane e quando cheguei até a casa, vi que Bea já havia chegado trazendo mais comida e Mirtha para a ceia. Ela usava um suéter vermelho com varias renas minúsculas que parecia engraçado e jeans e Mirtha estava ajudando minha mãe a retirar o peru do forno.

Quando eu entrei, pude ver o espanto de Bea e logo Mirtha e Janine pararam para ver quem havia chegado. Eu não falei nada e Dane deu boa noite, enquanto eu o dizia para sentar no sofá ao lado de Bea. Dane e Bea nunca mais haviam se falado depois do que houve, mas bem... hoje era 24 de dezembro e eu estava contando com um milagre de natal.

Depois de ter ajudado Mirtha e Janine a porem a mesa, eu vi Rose chegar e ela veio até a mim imediatamente.

– Algo para me explicar? – ela disse apontando para a sala.

– Rose, essa é uma casa aberta e pequena. Não adianta sussurrar se você vai apontar para a pessoa. – eu disse e acenei para Dane que acenou de volta sem entender.

E então pouco tempo depois Abe chegou, praticamente coberto em neve e trazendo orgulhoso um grande peru totalmente envolto em papel alumínio.

– Boa noite, família amada. – ele disse me fazendo rir.

E depois de resolver o que faríamos com o peru que Abe trouxe, nós nos sentamos. Janine havia conseguido cadeiras extras para sua casa em meio aos planos que havia feito e apesar de lotada, todos nós sentamos a mesa, mas não demorou muito até que Janine e Abe começassem a me observar e questionar com olhares o que Dane estava fazendo ali e então eu me levantei, tentando não me tremer ou ter um ataque de pânico enquanto falava.

– Então, eu agradeço pela presença de todos e acho que todo mundo aqui já se conhece. – eu sentia minha mão soar e então as escondi dentro dos bolsos de meu jeans. – Pai, mãe, Rose... essa é Bea, minha melhor amiga na St. Vlad e Mirtha, que é tipo a mãe dela, mas bem melhor. – eu disse dando de ombros enquanto olhava para Bea e Mirtha. Bea parecia me dar olhares de motivação, mas isso só fez com que eu ficasse mais nervosa. – E esse é Dane, o cara que levou a culpa por mim no... incidente que aconteceu. – eu respirei fundo e me sentei enquanto toda a mesa me encarava e então comecei a beliscar um biscoito de gengibre, falei um pouco mais baixo. – E também meu namorado.

Eu esperei enquanto a mesa se mantinha em um silencio constrangedor e logo Janine começou a falar, mas nada sobre o que eu havia dito e sim sobre como ela estava agradecida e feliz por esse dia da maneira dela e então Abe começou a se servir, o que levou todos os outros a começarem a se servir também.

Por estar nervosa, eu me sentia sem fome e coloquei pouca comida no prato, tentando não encarar ninguém além de Mirtha ou Bea. Quando todos nós terminamos a sobremesa e começamos a nos levantar, eu comecei a tirar a mesa e Rose veio me ajudar com a intenção de fazer um novo interrogatório.

– Namorado? Sério? – ela disse começando a empilhar pratos.

Eu confirmei enquanto empilhava também.

– Eu não consigo entender. – ela disse.

– Sério? Bem, você namora Dimitri, Lissa namora Christian... achei que você entendesse.

Ela me encarou.

– Falando nisso, onde está Dimitri? – eu perguntei agora me lembrando de não tê-lo visto há bastante tempo.

– Em missão. – ela disse com um suspiro, parecendo triste.

– Eu sinto muito. Quando ele volta?

– Eu não sei. – ela disse e então nós terminamos de esvaziar a mesa e fomos nos apertar pela sala, mas não encontrei Dane ou Abe e então me aproximei de Janine.

– Onde está Abe?

Ela abriu um pouco a janela que exibia uma nevasca e Abe e Dane conversando.

– Interrogando seu... como você apresentou mesmo? Namorado. – ela disse e não parecia nada feliz. Eu abri minha boca para responder, mas ela continuou. – Engraçado que você esqueceu de mencionar algo tão importante quando estávamos conversando.

Eu urrei exasperada e abri a porta, indo até Abe e Dane. Abe parecia calmo e cínico enquanto Dane parecia suar mesmo naquele frio.

– Então... o clima obviamente não está bom e eu acho que isso encerra o assunto. Vamos entrar? – eu disse me aproximando de Dane.

– Claro que sim, Anastacia. Eu só estava perguntando a Dane como vocês se conheceram. – ele disse, pondo a expressão de Zmey que eu tanto conhecia.

Eu tentei não revirar os olhos e logo Abe começou a voltar para casa, seguindo comigo e Dane. Apesar de estar nervosa e parecer correr para longe a qualquer momento, eu me mantive atuando como se estivesse calma e segura e logo Mirtha e Bea voltaram para casa, o que eu vi como deixa para que eu e Dane voltássemos para casa. Cada um de nós saiu com uma cesta de comida que havia sobrado e eu pensei em dar a minha a Marlene quando eu chegasse, se ela ainda estivesse lá. Depois de termos ido deixar Bea e Mirtha na porta de casa, Dane disse que me acompanharia novamente e nós seguimos para o hotel.

– Então... tudo saiu uma maravilha. – ele começou.

– Yeah, sem danos. – eu disse ainda lembrando do quão foi difícil para mim assumir algo assim.

– Bem, seu pai disse que me danificaria bastante se algo acontecesse a você. Vai mudar meus piores medos na hora de dormir, com certeza. – ele disse e eu ri.

– Hey, eu protejo você. – eu disse e segurei sua mão enquanto caminhávamos. – E lembre-se, esses foram só os dois primeiros, os outros pais estão na Rússia! – Ele fez uma careta e então riu comigo enquanto o tempo só piorava e eu tinha uma ideia. – Dane, o que acha de ir comigo depois conhece-los? Tenho certeza que Oksana pode lhe dar bons conselhos sobre o espirito.

Ele pareceu pensar um pouco e depois respondeu.

– Por mim tudo bem. Eu ficaria aqui na Corte sozinho de qualquer forma e isso... não seria seguro para mim. – ele disse num suspiro.

E então ele me deixou na porta do hotel, enquanto eu lhe pedia para correr de volta para casa por conta do tempo e não fazer mais nenhuma besteira.

Quando entrei no hotel, encontrei Simon e fiz uma careta enquanto ia até ele para perguntar.

– Marlene já foi embora? – eu perguntei.

Ele nem se deu o trabalho de tirar os olhos do computador que havia no balcão.

– Acabou de sair. Se correr pode encontra-la na saída. – ele disse com seu sotaque francês sem emoção nenhuma.

Eu murmurei um “obrigada” enquanto ia até o restaurante e de lá para a cozinha, onde eu sabia que era a saída do hotel para os funcionários, abrindo a porta e encontrando Marlene beijando um homem alto.

– Ah, eu sinto muito- eu comecei a dizer.

E então eu reconheci o homem que Marlene estava beijando. O pai de Dane.

Marlene parecia envergonhada, mas mesmo assim sorriu ao me ver.

– Oh, feliz natal, Ana. Como foi sua noite? – ela disse.

Eu comecei a lembrar o que tinha vindo fazer e parei de encarar Arthur.

– Eu trouxe uma cesta para você. Espero que goste. – eu disse e então comecei a me retirar. – Boa noite e feliz natal.

Eu não contei a ninguém o que tinha visto.

Eu pensei em contar a Dane, mas não sabia o que ele faria com essa informação e não queria prejudicar Marlene se algo acontecesse. Eu escolhi apenas fingir que nada havia acontecido junto com todo o resto e filtrei nas coisas boas que haviam acontecido na noite. No outro dia eu marquei uma conferencia com Mark e Oksana e expliquei a eles que traria amigos comigo e depois de pouco tempo Janine veio até meu quarto dizendo que de maneira alguma eu viajaria sozinha com Dane. Eu então expliquei que Bea também iria e que estaríamos na casa de Mark e Oksana, além de que essa seria uma viagem curta e depois de discutir para convencê-la por muito tempo, eu consegui uma resposta positiva, mas ela falaria com Rose para me acompanhar.

Agora nós estávamos esperando um taxi que nos levaria até o aeroporto e a neve finalmente havia parado. Bea parecia ansiosa e feliz, enquanto eu observava Rose encarar um cada vez mais assustado Dane.

Essa seria uma viagem e tanto, eu pensei.


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