Shadows of the past escrita por larissabaoli


Capítulo 22
Capitulo 22




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Bea havia me convencido a participar da festa de Halloween e eu havia realmente me empolgado e aceitado sua sugestão de fantasia. Eu tive que pedir a Rose para comprar nossas fantasias, já que eu já sabia que ninguém me deixaria sair e eu não pediria a Abe para fazer isso por mim e agora nós estávamos vestidas formalmente para irmos até o auditório ver o discurso da rainha, mas eu havia deixado o saco com minha fantasia em cima da cama.

Logo quando Angeline foi embora e seus moveis foram retirados, eu senti meu quarto ficar mais vazio, mas me acostumei a estar sozinha novamente e Bea sempre se mantinha ali de qualquer forma. Com o baile se aproximando todos pareciam extremamente entusiasmados e durante toda a semana alguns alunos pediram autorização para sair ou foram buscados por seus pais para irem em busca de suas fantasias e na sexta-feira esse era o assunto principal.

Esse e a volta de Gwen. Depois do “incidente” com Angeline, Gwen foi levada para a enfermaria da escola e lá foi constatado que Angeline realmente tinha quebrado o osso de seu nariz e então seus pais a levaram para um outro hospital, onde segundo as fofocas, ela teria feito uma plástica. Todos agora estavam sabendo que ela voltaria para a St. Vladmir no dia da festa e todos esperavam ver o que havia acontecido com seu rosto.

No ultimo domingo, eu finalmente havia terminado de restaurar as estantes, mas Dane apareceu como na primeira vez que eu o vi ali. Ele estava bêbado demais para ser útil, então eu não poderia dar a ele ferramenta alguma. Quando ele andava com Oliver, eu achava que era Oliver quem o fazia beber dessa maneira e não entendia o porque, mas agora que Oliver havia ido embora, eu tentava entender como exatamente ele conseguia bebidas alcoólicas com tanta facilidade, ele também parecia fazer uso de outras substancias ilícitas, mas eu não tinha certeza sobre isso, pois nós nos mantínhamos falando apenas o necessário um com o outro. Ele não mencionou o que houve entre Gwen e Angeline e eu deixei que o assunto morresse.

– Vem, vamos nos sentar na frente! Acha que se a rainha lhe reconhecer, pode acenar para você? – perguntou Bea, ela tinha uma certa fixação com Lissa e Rose, quase como se elas fossem artistas famosas ou algo assim – Aposto que isso faria Jessica explodir de tanta inveja.

Eu tentei não rir e nós nos sentamos na terceira fileira do auditório. O lugar estava começando a lotar e eu reconheci Dimitri ao lado do Moroi que eu havia xingado, Christian. Dimitri usava seu casaco por cima da roupa de guardião e Christian usava roupas escuras, o que eu imaginei ser sua marca registrada.

Eu havia posto um vestido simples, preto com detalhes bege nas mangas e na gola e havia posto os sapatos que Jill havia me emprestado para a festa que fomos. Eu me perguntava se poderia me aproximar de Lissa para perguntar o que havia acontecido com Jill ou se pelo menos Rose me diria alguma coisa, mas havia tantas pessoas ali que eu talvez nem pudesse falar com ninguém.

Quando Lissa subiu indo até o trono, eu vi Rose atrás dela e depois ela se pôs ao lado de Dimitri. Lissa fez um curto discurso falando sobre os últimos acontecimentos na Corte e as festividades e então nos desejou boas festas. Quando ela terminou o discurso, todos começaram a sair tentando manter uma maneira organizada, mas as vozes já estavam começando a aumentar e o auditório ficou vazio em pouco tempo. Eu perguntei se Bea gostaria de ir comigo enquanto eu tentava falar com Rose e ela parecia impressionada.

– Você pode? Quer dizer, ir lá e falar com elas? Caramba, é claro que eu quero! – ela disse se levantando.

– Calma, Bea. Calminha. – eu ri e me levantei indo em direção à porta por onde Lissa havia passado. Alguns guardiões estavam na porta, mas quando Dimitri me reconheceu, pediu para que eles me deixassem passar e eu expliquei que Bea era uma amiga, já que Bea parecia ter perdido a capacidade de montar frases depois de ter visto Dimitri.

A sala onde entramos estava lotada com professores, guardiões, a diretora e Lissa, dentre outras pessoas que eu não conhecia. Eu andei entre as pessoas até Rose.

– Obrigada pela fantasia. – eu disse depois de abraça-la.

– É, eu entendi o porque você não pediu ao Abe para enviar para você. Só não entendi por que escolher uma personagem tão...

– Tem uma máscara. – eu disse e pisquei, mas esses não eram os verdadeiros motivos. – Rose, essa é Bea. Minha guia, amiga e parceira de crime por aqui.

Bea sorriu ainda sem conseguir montar uma frase e ela e Rose se cumprimentaram formalmente.

– E ela é muda? – me perguntou Rose virando-se para mim.

– Não. – eu ri – Ela só está emocionada, aparentemente, você é tipo popular por aqui.

– É um prazer conhece-la, guardiã Hathaway. – disse Bea finalmente.

– Guardiã Hathaway é a minha mãe, você pode me chamar de Rose. Você está em treinamento também? – ela perguntou.

– Ela é a melhor daqui. – eu disse, fazendo Bea corar e ficar ainda mais nervosa do que ela estava.

– Uh, a melhor? Talvez você possa ser mais uma trabalhando na Corte. Lissa sempre precisa de mais um guardião, pelo visto. – Rose disse, causando uma comoção em Bea e me fazendo rolar os olhos.

– Obrigada, mas eu pretendo me tornar a guardiã da minha mãe. É tudo o que eu quero. – ela disse parecendo sonhadora.

E então Lissa apareceu e eu apresentei Bea para a rainha enquanto puxei Rose de lado para falar:

– E então, o que houve com Jill? – eu falei em voz baixa.

Rose começou a olhar para os lados e hesitar.

– Eu sinto muito, Ana. Não posso falar sobre isso.

– Ah, qual é! Nenhuma informação? Nada? Ela está bem, certo? Viva?

Rose se aproximou de mim, como se fosse me abraçar mais uma vez, mas falou num sussurro que foi quase impossível de ser ouvido dentre a multidão que ali estava.

– Ela está bem, algumas coisas aconteceram e ela precisou ser retirada da Corte. Adrian, Eddie, Sydney e Angeline estão com ela, está segura. Quando Lissa revogar a lei, ela voltará.

E então ela me soltou e eu fiz o melhor para por um sorriso no rosto. As palavras dela ainda ecoavam em minha mente e eram tantas informações que eu me senti tonta.

– E então, vocês vão ficar para o baile? – eu disse tentando iniciar outro assunto.

– Na verdade... sim. – Rose disse com um sorriso curto e ainda falando baixo. – Você não é a única que vai ser fantasiar e usar máscaras hoje.

Eu fiquei surpresa e então Bea apareceu ao meu lado e em seguida nós saímos.

– Cara, essa noite mal começou e já é uma das melhores da minha vida! – Bea me disse e então nós andamos apressadamente de volta ao bloco dos guardiões.

Enquanto eu me olhava no espelho, agora com a fantasia e eu sabia que se ela não tivesse uma máscara, eu nunca seria capaz de usa-la, mas era exatamente por isso que eu havia a escolhido. Eu havia pensado em todas as personagens que eu gostava e que eram ruivas, mas todas elas se vestiam de maneira provocante demais e eu não teria coragem de me vestir assim. Até que Bea resolveu que eu poderia usar uma máscara e resolver o problema. Por um momento eu achei que fosse uma grande loucura, até ela realmente me explicar o que faríamos e então eu pedi a Rose para conseguir uma fantasia de Mulher Maravilha e outra de Arlequina. Bea não tinha problemas em se vestir daquela forma e eu poderia me vestir como Arlequina, já que a fantasia incluía uma máscara preta e uma espécie de chapéu bem estranho. No espelho eu podia achar que ninguém me reconheceria agora, exceto por Rose e Bea que eram as únicas que sabiam que eu havia escolhido essa fantasia. Eu sorri e em minutos ouvi Bea bater na porta.

– Sou eu, eu estou pronta. Você vai ou não? – ela me perguntou

Para despistar Jessica e ter uma noite livre de problemas, eu teria que dizer que não iria e esperar que ninguém estivesse olhando para sair do meu quarto. Bea parecia sempre estar acompanhada de alguém, então hoje seria bem fácil andar ao lado dela e não ser reconhecida.

Eu não respondi e então esperei mais algum tempo. Agora eu me sentia entusiasmada para a festa e eu tinha combinado comigo mesma de por a questão de Jill de lado esta noite. Aparentemente ela estava bem agora e estava rodeada de pessoas de confiança, era isso o que importava. Talvez ela até estivesse indo em uma festa em algum outro lugar. Eu duvidava que Lissa ou os pais de Jill a deixassem permanecer sem estudos, então talvez em sua escola atual ela estivesse indo a uma festa hoje também. Eu preferia acreditar que sim.

Ouvi a batida que havia combinado com Bea e então abri a porta saindo rapidamente. O bloco já estava quase vazio, exceto pelos guardiões e nós descemos as escadas indo em direção ao salão.

Quando entramos, eu me senti impressionada com a decoração. O teto estava iluminado com luzes fluorescentes, enquanto alguns lugares exibiam desenhos ou quadros com luzes de neon, havia um DJ e todos estavam de fantasia, exceto pelos guardiões. Eu me perguntei se Rose e Dimitri estariam aqui fantasiados também, mas além de cowboy do velho oeste, eu não conseguia imaginar Dimitri fantasiado de outra coisa. A música estava alta e Bea começou a me puxar para dançar.

– Você não veio a uma festa para ficar parada, certo? – ela disse e então nós seguimos nos misturando a multidão.

Enquanto estávamos dançando, garçons passavam entre nós oferecendo bebidas coloridas, mas obviamente sem álcool e enquanto eu tomava um suco de abacaxi senti a mão de alguém em meu ombro.

– Hey, sis. – disse Rose e eu me virei para vê-la e em seguida não consegui conter o riso. Ela estava vestida de Rogue, uma mutante do X-Men. – O que acha da minha fantasia?

– Acho que Janine ficaria bem de Mistic. – eu disse ainda rindo. – Onde estão os outros?

Rose apontou para um lugar afastado onde havia uma espécie de área vip. Eu não reconheceria que eles estavam ali, se não fosse Dimitri que como eu havia imaginado, realmente se manteve com seu casaco e com a roupa que estava. Lissa estava entre eles vestida de elfa, num vestido branco e irreconhecivelmente com o corpo pintado de verde, enquanto Christian estava vestido de Fantasma da Ópera.

– Vocês realmente levaram a sério o negocio de combinar com a personalidade, certo?

Ela riu e nos falamos por mais um tempo até que ela saiu e eu fui atrás de Bea que tinha ido pegar mais alguma bebida para ela.

Quando me aproximei de Bea próxima ao balcão, percebi que ela estava falando com Jessica que também tinha sua fantasia refletindo sua personalidade: ela estava vestida de bruxa. Eu me aproximei de Bea, ficando do lado oposto e de costas para ela.

– Então, sua amiga não veio? – eu reconheci a voz de Jessica.

– Não, ela não costumar vir para as festas. – disse Bea. – O que é uma pena.

– É mesmo, mas é melhor que ela não tenha vindo. Gwen chegou a me dizer que iria pedir aos seus pais para conseguir uma ordem de restrição para ela e sua amiga selvagem assim que chegasse aqui.

Eu ouvi Bea rir.

– Boa sorte com isso e pode avisar a Gwen que ela está segura, Angeline foi transferida e deve estar aproveitando uma vida melhor agora. Ela não vai voltar, Jessica. Pode pedir a Gwen para se acalmar e parar de tremer.

Eu não vi o que Jessica tinha feito ou como ela tinha reagido, mas em seguida Bea virou-se para mim e me fez virar para ela, ainda rindo.

– Então, acho que agora veremos Gwen, finalmente. – ela disse, procurando onde Jessica tinha ido.

– Eu não estava ansiosa por isso. – eu disse.

– Tá brincando? Eu estava morrendo de curiosidade para saber se Gwen viria de Frankenstein ou de Barbie cirurgia plástica! – ela disse e nós rimos e em seguida formos novamente para a pista de dança.

Depois de um tempo, nós começamos a perceber muitas pessoas se locomovendo da porta até o balcão e não foi preciso olhar duas vezes para entender que Gwen tinha vindo fantasiada de Cisne Negro. Eu revirei os olhos para a situação enquanto as pessoas que estavam a cercando e ela se tornava a nova fofoca da semana.

Eu dancei por um longo tempo enquanto as pessoas prestavam atenção em Gwen e suas historias, até perceber uma pessoa na ponta do balcão me observando.

– Bea, quem você já conseguiu reconhecer aqui? – eu perguntei, não querendo acreditar no que eu havia percebido e então Bea me disse todas as pessoas que ela já havia reconhecido apontando.

– ... além dos mais óbvios, a Cisne Negro, a bruxa e o Coringa ali – ela disse apontando para quem agora eu sabia que era Dane.

Ah, merda.

– Meu cabelo está saindo para fora disso aqui? – eu perguntei a Bea.

– Não. O que houve? – ela disse se pondo em alerta.

– Nada. Você sabia que Dane viria de Coringa? – eu perguntei.

Ela ficou em silencio por um tempo e então eu entendi.

– Ah, qual é! Eu descobri depois que pedimos a fantasia a Rose e eu até trocaria com você, mas você viria de Mulher Maravilha?

Eu não respondi e resolvi ignorar que ele estava ali, mas era tarde demais. Enquanto nós paramos de dançar e ele percebeu que eu estava o encarando de volta, ele desceu do balcão e começou a vir até nós, mas eu não permitiria que a minha presença fosse descoberta. Se Dane viesse até Bea e eu estivesse presente, provavelmente alguém entenderia que deveria ser eu a Arlequina, então eu pedi licença a Bea e fui ao encontro dele, o que lhe deixou surpreso e fez com que ele parasse e voltasse para o lugar onde ele estava. Eu me aproximei dele que parecia já ter começado a beber.

– Eu pensei que você estivesse mais para uma heroína. – ele me disse.

– O que me entregou? – eu perguntei suspirando derrotada.

– Sua dança me atrai. – ele disse com um sorriso cínico.

– Engraçadinho. Contou a alguém que eu estou aqui?

– Não e no momento não tenho ninguém para quem contar. – ele disse bebendo o que reconheci pelo cheiro ser vodka.

– O que quer dizer com isso?

– Que eu terminei com Gwen. Ou você acha que o Cisne Negro ali me deixaria em paz e sozinho aqui se ainda estivesse comigo? – ele disse erguendo o copo para Gwen que estava nos observando e então fez uma cara feia e virou o rosto, voltando o olhar para os outros ao seu redor.

– Pare de chamar atenção, por favor! – eu disse um tanto alarmada.

– Hey, relaxe. Quer um gole? – ele disse oferecendo o copo.

Eu não tinha certeza se eu não queria. Na ultima festa, Adrian me ofereceu bebidas e eu aceitei porque Jill confiava nele e eu achei que eu também poderia. Eu confiava em Dane?

– Só se me disser onde você arranja seu estoque interminável de bebidas. – eu disse sem acreditar que ele realmente me responderia.

Ele olhou ao redor, parecendo relaxado como sempre e então me olhou.

– Meu irmão me envia. Vem dentro de garrafas e vidros de outros líquidos e então eu ponho em meu cantil. – ele disse, abrindo o blazer roxo que vestia para me mostrar um bolso com um cantil de metal dentro.

Eu quis perguntar por que o irmão dele deixaria que ele se tornasse um alcoólatra, mas eu sabia que não tinha o direito de fazer uma pergunta tão pessoal e deixei para lá.

– Eu respondi sua pergunta. – ele me disse e então me entregou o copo.

Eu acenei e então bebi um pouco. Ele tinha misturado suco de laranja com a vodka, fazendo um gosto bom.

– Quer dançar? – ele me disse depois de um tempo.

Eu balancei a cabeça.

– Vai chamar atenção.

– E daí? – ele disse e se aproximou do meu rosto. – Veio para aproveitar a festa ou para ficar com medo de Gwen, Jessica ou de qualquer outra pessoa?

Eu olhei ao redor e comprimi os lábios. E em seguida olhei para Rose que ainda estava na festa ao lado de Lissa e os outros. Talvez, pelo menos hoje, eu poderia ter o apoio de Rose se Gwen me fizesse algo, então eu não precisaria ter medo. Dane me estendeu a mão e eu segurei e então ele me guiou de volta a pista de dança.

Eu fiquei em frente a ele e então ele pôs as mãos para cima em defensiva, como se me perguntasse se poderia se aproximar, eu acenei uma vez e ele pôs as mãos em minha cintura.

– Pode por as mãos em meus ombros, eu não vou morder seus pulsos. A não ser que você queira. – ele sorriu com a piadinha.

– Se vai começar com as brincadeiras... – eu disse segurando suas mãos e começando a sair, mas ele me segurou.

– Me desculpe. Eu sou um idiota e você já sabe disso. – ele me disse, me olhando nos olhos.

Eu deixei que ele me abraçasse novamente e pus as mãos em seus ombros. Nós começamos a nos mover e próximo a mim, eu vi Bea dar um sorriso de lado, que me fez corar um pouco.

– Você estava certa. – ele disse depois de um tempo enquanto estávamos dançando.

– Sobre? – eu perguntei sem entender.

– Eu não conseguia confiar em Gwen. Depois que voltamos. Eu sempre estava desconfiado, mas ela insistia em manter o namoro. – ele continuou embora esse não fosse um assunto que eu queria ter começado – Mas foi muito pior do que já estava. E então eu esperei que ela voltasse para cá e então terminei tudo.

Eu não falei nada.

– Essa é a hora em que você diz que me avisou e coisas assim...

– Dane, eu nunca quis que isso acontecesse. Eu nunca quis que você terminasse com a Gwen ou que você descobrisse que ela estava te traindo. Eu sinto muito por ter sido eu a ter descoberto e ter feito o que eu fiz.

– Não precisa pedir desculpas, não era você que estava errada. Mas eu preciso pedir desculpas por ter dito o que disse para você na biblioteca. Foi hipócrita da minha parte e eu sinto muito. Você é livre para estar com quem quiser. Eu só estava... – parou e então olhou para o lado, comprimindo os lábios.

Eu ri baixo e olhei para o outro lado, enquanto a música que estávamos dançando acabava e começava uma outra que parecia agitada, mas tinha uma melodia romântica. Dane não me soltou e eu estava começando a não me importar.

– Você também é livre para estar com quem quiser agora. – eu disse.

– Yeah, mas eu só quero estar com uma pessoa. – ele me disse e então pôs a mão em meu rosto, mas dessa vez era como se ele tivesse esperado uma resposta minha.

Eu não conseguia quebrar o contato com seus olhos e então me aproximei o beijando e então pondo os braços ao seu redor. Ele começou o beijo devagar e carinhosamente, mas me fazendo perder o folego. Dessa vez, eu não tinha bebido o suficiente para estar confusa, eu tinha o beijado primeiro e toda a situação parecia de alguma maneira certa. Nós nos beijamos por um tempo indeterminado, até paramos para recuperar o ar e eu senti sua respiração próxima ao meu rosto.

– Me encontre depois da entrada da biblioteca, no terraço da igreja. – ele disse, me dando um beijo rápido e saindo.

Eu fiquei sem saber o que fazer e então fui atrás de Bea.

– E então... – Bea me disse parecendo calma.

– Eu estou ferrada. – eu disse.

– É, amor faz isso com a gente. – disse Bea suspirando.

Eu fiz uma careta.

– Eu vou ao banheiro. – eu disse me dirigindo até o banheiro feminino do salão e encontrando com Rose no caminho.

– Hey, Ana. Quem diria que você estava se adaptando tão bem a vida aqui. – ela me disse tentando reprimir um sorriso e então viu minha expressão. – O que foi? Aconteceu alguma coisa?

Eu a encarei e então a puxei para o banheiro comigo, mas ele estava cheio de gente e eu não poderia falar com Rose ali e então eu a puxei para fora da festa e segui com ela para o lado de fora.

– Rose eu... – eu comecei, mas não sabia bem como falar.

– O quê? O Coringa ali tentou algo com você? Você pode me falar.

Eu sentia minhas bochechas e meu pescoço esquentarem.

– Ele não fez nada, mas eu não posso ficar sozinha com ele.

– É, você não pode. – ela disse e então percebeu do que eu estava falando – Ah, você...

– Não é que eu não queira. É que eu não possa. Eu tenho medo. – eu disse desabafando.

Rose entendeu o que eu estava dizendo e me abraçou.

– Oh, sis. Eu sinto muito. Mas você vai precisar superar isso. De alguma maneira e algum dia. – ela me disse.

– Eu sei. Mas eu fiquei de encontrar ele na entrada secreta da igreja e-

– Aquela entrada ainda existe? Meu Deus, o sistema de segurança daqui continua uma droga. – ela disse. – E o que ele está pensando? Você não vai encontrar ele.

Eu me separei do abraço de Rose.

– Você é muito nova. – ela continuou e cruzou os braços.

Eu levantei as sobrancelhas tentando não rir.

– Você não vai encontrar aquele garoto na entrada secreta da igreja. Ele pode tentar algumas coisas com você e a tirar pelo seu hálito eu não sei se você está sóbria ou se ele está sóbrio o suficiente para... E você é muito nova e eu nem sei quem ele é! – ela agora olhava ao redor, como se buscasse ver Dane em algum lugar, mas eu pensei no que ela estava me dizendo.

Dane estava bêbado e tinha ido para o terraço da igreja. O batente do terraço ia até a altura do meu joelho e eu sabia disso porque tinha ido lá com Angeline num dos domingos para por o tapete e as poltronas no sol. Dane estaria lá sozinho e ele estava instável, pois já estava bebendo a bastante tempo.

– Rose, eu preciso ir. – eu disse, mas quando eu comecei a sair, ela me segurou.

– Não, você não está ouvindo o que eu disse? – ela me disse.

– Não vou me encontrar com ele. Vou impedir que uma tragédia aconteça. – eu disse e então saí em direção à igreja.

Eu corri até a igreja e torcia para que ninguém estivesse por lá, enquanto eu entrava pela porta secreta olhando para os lados para ver se ninguém estava me observando e então andei até as escadas e subi de três em três degraus. Quando cheguei ao terraço, encontrei Dane sentado no batente, com as pernas para o lado de fora e comecei a me sentir mal.

Eu não queria que ele se assustasse e não sabia como chegar até ele sem que isso acontecesse, então optei por fazer barulho com a porta, o que fez com que ele virasse para me ver.

– Anastacia! Eu fico feliz que você tenha vindo, mas eu realmente achei que não viesse. – ele disse com um sorriso abobalhado.

Eu me aproximei dele aos poucos e me sentei ao seu lado, com as pernas para o lado de dentro do terraço.

– Eu vim – eu disse e então ele me ofereceu o cantil que eu segurei, mas não bebi. Estava leve, o que significava que estava quase vazio. – mas quero voltar para a festa. Pode voltar comigo?

– Para quê? – ele disse, tirando uma mão do batente e pondo em meu rosto, subindo um carinho para minha têmpora e então tirando o chapéu e a máscara de minha fantasia, o que fez com que caíssem.

– Oh, eu sinto muito. – ele disse e fez menção de pegar o chapéu, o que fez com que ele fosse mais para a ponta do batente e eu puxasse seu braço, me aproximando mais dele e sentindo o forte cheiro de álcool.

– Está tudo bem. – eu disse, me sentindo cada vez mais nervosa. Quando eu olhei para baixo, pude tentar calcular que estávamos a cerca de seis a sete metros do chão. Uma queda daquela altura seria fatal. – Dane, vamos sair daqui. Podemos ir para a biblioteca... – eu tentava me manter calma e não conseguia largar de sua mão.

– Por que? Olhe ao redor, Ana! Esse lugar é perfeito. Olhe as estrelas e como o vento está agradável hoje, como tudo parece favorável. Hoje a noite está perfeita. Você está perfeita. – ele disse e se aproximou para me beijar novamente o que fez com que ele se desequilibrasse mais uma vez.

Eu o segurei o abraçando com força.

– Dane, por favor. Vamos sair daqui, venha comigo. – eu disse passando a mão em seu rosto e tentando manter a calma o máximo que eu podia.

– Azul definitivamente é a sua cor. – ele disse olhando como se visse além de mim.

Eu olhei para minha roupa e ao redor, percebendo que não havia nada de azul ali e então entendi. Algumas vezes, minha mãe dizia que podia me ver a distancias dependendo do meu humor e que minha aura era capaz de produzir uma luz forte se eu estivesse emocionada o suficiente. Ela também me disse que cada pessoa tinha uma aura de uma cor e que a minha era azul. Eu olhei para Dane e passei a compreender o porquê de ele sempre estar bebendo e quando sóbrio ele parecer triste e cansado. Como ele nunca tinha ferimentos em suas mãos, quando as minhas e as de Angeline estavam detonadas com a reforma. Eu entendi o bilhete com os vestidos e como ele sempre parecia saber quando e onde eu estava, como naquela festa mesmo.

– Você é um usuário do espirito. – eu disse.

Ele sorriu e suspirou como se fosse me falar algo, mas então Rose abriu a porta com um estrondo dando um susto em nós dois e fazendo Dane desequilibrar e escorregar.


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