Shadows of the past escrita por larissabaoli


Capítulo 21
Capitulo 21




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Ele estava bem vestido, mas com roupas amassadas como sempre e parecia estar tendo pesadelos ou algo assim, pois estava com a testa franzida e soltava alguns gemidos. O que ele estava fazendo ali, eu não fazia ideia, mas eu não ficaria ali com ele daquela maneira. Eu desci as escadas e encontrei o padre terminando de varrer a igreja.

– Padre, desculpe interromper, mas existe uma pessoa dormindo na biblioteca. O senhor poderia chamar algum guardião para leva-lo dali?

Padre Andrew deu um sorriso triste como se já soubesse do que eu estava falando.

– Creio que você esteja falando do Sr. Zeklos? Ele também está cumprindo detenção aqui na igreja, mas infelizmente ele nunca chega aqui de maneira sóbria ou disposto a concluir sua punição. Normalmente ele só passa sua manhã aqui e então vai embora e eu não quero o entregar para a diretora, Srta. Hathaway e agradeceria se você não fizesse também.

Eu não conseguia entender e então ele continuou.

– O Sr. Zeklos é um jovem que possui muitos conflitos, mas como não sabe lidar com eles, ele prefere... se entregar aos vícios. Não posso falar nada além disso por ser um segredo de confissão, mas eu agradeceria se você não o entregasse para a diretora.

– Sim, senhor. – eu disse acenando e me virei novamente indo em direção as escadas.

O padre que me perdoasse, mas eu já achava ridículo ter que passar o resto do mês aprisionada em uma biblioteca com Dane e eu não permitiria que acontecesse uma historia estilo “a cigarra e a formiga”. Se eu teria que ficar ali com ele, ele teria que me ajudar e fazer algo de útil. Não me interessava o quão conflitado ele fosse.

– Hey, acorda. – eu disse o cutucando no ombro.

Ele acordou de repente e ao me ver deu um sorriso curto.

– Se esse é o seu jeito de me acordar, eu prefiro minha imaginação. – ele disse e eu percebi que ele ainda estava meio bêbado.

– Pode levantar. Até onde eu sei você está em detenção e não no seu horário de cochilo. E se eu vou ter que trabalhar aqui, você vai ter que trabalhar também.

Ele riu e começou a se levantar cambaleando e apesar de saber que isso era uma maldade da minha parte, eu não tentei o ajudar.

– O que quer que eu faça? Sinta como se eu fosse eu. – ele disse pondo um de seus sorrisinhos cínicos e se esticando.

Eu revirei os olhos e então comecei a falar minhas ideias para o local e o que nós teríamos que fazer, quando eu terminei ele já parecia um pouco mais em alerta e se mantinha olhando em meus olhos o que me fez quebrar o contato e começar a andar pelo local e ele se manteve atrás de mim. Eu peguei em um armário de limpeza vários produtos e objetos e resolvi começar pelo local de entrada da biblioteca. Enquanto eu fazia isso, Dane se jogou em uma das poltronas e observou o que eu fazia.

– Só para deixar bem claro, eu nunca fiz nada disso. – ele disse apontando para a vassoura.

– Que surpresa, mas você está numa escola para aprender novas coisas, certo? – eu disse e entreguei a ele um aspirador de pó que ironicamente estava coberto em poeira.

Depois que o ensinei a usar o aspirador e comecei a varrer o local, nós trabalhamos em silencio até que eu olhei o relógio e estava no horário de almoço.

– Já pode ir se quiser. – eu disse e o vi se levantar e ir embora em silencio.

Eu comecei a passar o pano, pondo uma placa de advertência de piso molhado na entrada da frente. Se Padre Andrew viesse conferir nosso trabalho, não seria muito bom que ele escorregasse e a tirar pela sua idade, eu tinha quase certeza que ele poderia não sobreviver a uma queda da escada. Quando eu já havia conseguido por uma velha enceradeira que funcionava fazendo um barulho e uma vibração estranha e já estava no meio do serviço, ouvi um grito, seguido por um baque e um palavrão e desliguei a enceradeira, olhando para trás e vendo Dane que tinha usado a entrada do outro lado e caído no chão, segurando duas vasilhas.

Ele parecia com tanta raiva e eu estava tão cansada que eu ri de toda a situação.

– Sabe que está xingando dentro da igreja, certo? – eu disse, enquanto dessa vez abaixei para o ajudar. – O que está fazendo aqui?

– Eu vim ser uma boa pessoa e lhe trazer o almoço, além de vir almoçar com você, mas é claro que você tinha que planejar uma tentativa de homicídio para mim, não é mesmo? – ele disse se levantando e se pondo na minha frente. – Você possui uma risada legal, eu gostaria de lhe ver rir mais vezes.

Eu sorri de lado e ele me entregou uma vasilha.

– Salada? Sério? – eu disse, fazendo uma careta, mas na verdade a salada parecia boa e eu não me importaria tanto assim em come-la.

– Bem, você é uma dhampir e precisa se alimentar bem, certo? E achei que as garotas gostassem de saladas, quer dizer... Gwen vive comendo folha e seguindo dietas... – ele parou de falar.

Eu suspirei e peguei a vasilha, me sentando no chão encostada a parede próxima ao vitral para comer.

– Obrigada, mas eu não sou “esse tipo de garota”, acredite. – eu disse e comecei a comer.

Dane se aproximou e sentou ao meu lado, abrindo sua vasilha e começando a comer.

– Sobre eu ter voltado com Gwen... eu-

– Não me interessa. – eu o interrompi. – Vocês voltaram, Jessica já havia me dito. Fico... feliz por vocês.

– Ela me disse que Oliver a usava também. – ele disse depois de um tempo.

Eu parei de comer e o encarei tendo trabalho em me manter de boca fechada.

– Ela disse que ele a ameaçava e dizia que se ela contasse para mim, ele contaria para todos que a culpa é dela. Então depois que ele foi embora, ela veio até a mim e me contou tudo, então pedimos desculpas um para o outro e ela me pediu para voltar.

Eu não conseguia acreditar no que eu estava ouvindo. Eu não queria acreditar que Gwen tinha sido capaz de inventar algo assim.

– Como eu disse, o que há entre vocês dois não me interessa. Mas tenha cuidado. Uma vez você levou a culpa por mim e eu agradeço, por isso mesmo posso, como amiga, lhe pedir para analisar o que realmente aconteceu.

– O que você quer dizer com isso? Você sabe o que o Oliver fez, ele tentou fazer com você! – ele começou.

– Eu quero dizer que aquela não foi a primeira vez que eu vi Gwen e Oliver, Dane. Agora se você prefere acreditar na inocência de Gwen, isso é problema seu.

Ele ficou em choque e eu terminei minha refeição e em seguida voltei o que estava fazendo. Depois de um tempo ele se levantou e saiu, sem dar uma palavra.

Eu parei o que estava fazendo para respirar fundo e me controlar. Gwen era muito pior do que eu pensava, se ela era capaz de algo assim. Eu terminei guardando as coisas que eu havia usado e fui avisar a Padre Andrew que me deu as chaves do local e agradeceu pelo serviço.

Semanas se passaram e logo estávamos nos aproximando do Halloween. A escola todos os anos dava um grande baile no dia e a própria rainha viria para nos falar algo no auditório o que fazia com que todos estivessem enlouquecidos para o grande dia. Eu estava me tornando cada vez melhor e hoje em dia já podia lutar de maneira justa com Jessica, o que fazia com que o ódio que ela sentia por mim aumentasse cada vez mais. Angeline também estava melhorando, embora tivesse dificuldades nas aulas de Lemoine, mas eu pensava que a razão para essa dificuldade era que ela não conseguia prestar atenção na aula e sim no professor. Ela nutria uma paixão platônica por Lemoine e isso estava cada vez mais visível, o que fazia com que ele se tornasse mais uma vez o professor atrapalhado que eu conhecia. Outro problema que veio com isso, foi Bea me explicar que todos sabiam que Meredith também tinha uma queda pelo professor Lemoine e por isso ela tinha se mantido de mau humor e nos ferrado todos os dias durante suas aulas. Ela parecia saber de Angeline e por isso reagia dessa maneira.

Quando consegui tirar boas notas nos primeiros testes, passei a mostra-los nas videoconferências para Oksana e Mark que pareciam cada vez mais orgulhosos e felizes por eu estar me adaptando. Quanto aos domingos, Dane e eu nos falávamos o mínimo que podíamos e eu sabia que ele e Gwen ainda estavam juntos. Para evitar que ele voltasse a mencionar isso em nossas curtas conversas, eu passei a pedir a Angeline para me ajudar e então, todos os domingos depois da missa, ela aparecia pela entrada secreta e se mantinha me ajudando com os consertos e com a limpeza do lugar. Muitas vezes se mostrando mais útil que Dane e apesar de não nos falarmos, eu podia notar que ele agora chegava no horário e não aparecia mais bêbado, embora parecesse cansado, às vezes triste e com olheiras.

Angeline também se mantinha tendo alguns problemas de controle e eu sabia que ela podia explodir a qualquer momento já que Jessica e Gwen estavam fazendo com ela a mesma coisa que havia feito comigo e começando a inventar mentiras e boatos sobre ela.

– Elas bem que poderiam vir de Tweedledee e Tweedledum para a festa. – Angeline disse enquanto estávamos no café da manhã, Gwen devia estar fazendo um trabalho com Jessica para estar acordada a uma hora dessas.

Eu ri e observei Jessica e Gwen passarem por nós.

– Hey, você leu mesmo Alice no País das Maravilhas como o Lemoine indicou? – eu perguntei depois de perceber a referencia.

– Não, mas eu assisti o filme. É perturbador e não devia ser mostrado pra crianças. – ela disse, parecendo assustada e me fazendo rir mais ainda.

– Não ligue para elas, continue ignorando – eu disse e voltei a comer.

– Vou me manter quieta, mas não vou conseguir por muito tempo.

Bea também passou a criar uma amizade com Angeline, depois que deixou de lado seus preconceitos e agora éramos nós três andando juntas na maior parte do tempo. Eu desejava que Jill estivesse aqui para conhecer Angeline, mas até agora nem Rose e nem ninguém havia me dado o menor sinal de que ela estava voltando ou onde ela estaria.

– Ah, seu pai me mandou mensagens. Eu vou estar fora daqui antes do baile. – ela me disse simplesmente.

– Está de brincadeira?

– Não. Ele não me disse para onde eu iria, só que eu me preparasse para sair. E sinceramente, eu estou ansiosa. – e então ela voltou a comer.

– Angeline! – eu tentei não rir – Achei que você estava gostando de ficar aqui!

– Bem, eu gostei de conhecer vocês... Bea, Meredith, o Moroi meio estranho que é afim de você, o professor Lemoine... alias, é uma pena eu ter que sair das aulas dele. – ela disse suspirando.

Por mais estranho que parecesse, eu me senti na verdade ansiosa por Angeline. Não sabia para onde ela iria, mas fiquei feliz por ela poder ir lá fora e conhecer o mundo e então passamos o resto do dia conversando sobre a Rússia e ela me disse algumas coisas sobre algumas paisagens da América que ela já tinha visitado com os Keepers. No final do dia nós contamos para Bea e ela nos ajudou dizendo como Angeline deveria prosseguir com a papelada e maioria estaria nas mãos de Abe, na verdade, o que deveria ser muito mais fácil. Nós estávamos no quarto agora, Bea havia conseguido do que ela chamava ser “suas fontes confiáveis” alguns salgadinhos e torrões de açúcar e nós estávamos comendo e pesquisando sobre os lugares mais legais do país.

No domingo, eu subi as escadas assim que a missa terminou e Dane subiu logo atrás de mim.

– Sem sua guarda-costas hoje? – ele começou.

– Angeline é uma amiga.

– Ah, qual é! Ela é assustadora! Às vezes eu tenho medo de ela simplesmente criar asas na aula e ir dormir de cabeça para baixo!

– Ela é confiável. – eu disse me virando para encara-lo bruscamente enquanto abria a porta.

– E eu não sou? – ele me disse e parou na entrada.

Estávamos nós dois no pequeno espaço da porta.

– Não foi isso que eu quis dizer...

– Não, o que você quis dizer é que prefere que ela esteja aqui porque não quer ficar a sós comigo e conversar civilizadamente.

– Conversa sobre o quê? – eu disse, tentando não aumentar o tom de voz.

Ele tentou gaguejar alguma resposta, mas eu entrei na sala e comecei a andar até uma das estantes que ainda precisava ser consertada, depois de alguns minutos Angeline chegou e nós pudemos começar a trabalhar. Esse deveria ser o nosso ultimo domingo ali, mas eu resolvi que terminaria o projeto que tinha começado e pedi ao Padre Andrew para me manter ali. Nós já havíamos limpado o chão do lugar e tirado as teias de aranha do teto e então começamos a restaurar as estantes uma por uma. Eu e Angeline estávamos sempre com calos e cortes nas mãos, mas Dane parecia sempre estar bem e sem nenhum arranhão. Ele havia pedido a Angeline para lhe ensinar a usar pregos e martelos e também havia me pedido para lhe ensinar a usar uma furadeira, mas eu me neguei dizendo que ele não precisaria e que essa era minha parte no trabalho.

O mais estranho de observar Angeline e Dane é que eles pareciam estar sempre um com medo do outro. Angeline o achava estranho, metido e inútil, enquanto Dane achava que ela era louca, perigosa e selvagem, mas mesmo assim eu sempre arranjava um jeito de por eles para trabalhar de maneira conjunta, mas dessa vez era a minha vez de ir buscar o almoço e eu deixaria os dois juntos. Da ultima vez que isso aconteceu, quando eu voltei Angeline disse que quis martelar a mão de Dane por ele ter ido perguntar a ela se ela era tão protetora comigo porque gostava de mim. Ele parecia achar divertido que eu tive que passar o resto do dia acalmando Angeline que se recusava a largar o martelo.

– Então, é minha vez de buscar o almoço. Por favor, tentem não destruir nada que nós já reconstruímos e tentem não se destruir também. – eu disse enquanto me levantava e saia.

Quando voltei, vi que tudo estava inteiro e que o martelo ainda estava na caixa de ferramentas da igreja, mas que Angeline e Dane estavam conversando em voz alta.

– Quer falar sobre duas meninas andando juntas? Okay, comece a falar sobre sua namorada e aquela anã da Jessica. Pelo que eu soube ela já lhe passou um belo par de chifres, então você talvez devesse ter cuidado para que ela não lhe traia com a amiga também.

– Wow! – eu exclamei e entrei no local, me pondo no meio dos dois.

Dane parecia com raiva agora e Angeline já vivia podendo explodir a qualquer momento.

– Como você sabe disso? – ele disse olhando para Angeline e em seguida para mim.

– Todos aqui dentro sabem disso. Graças à dhampir que anda sempre com a sua namorada, todos aqui estão sempre muito bem atualizados das fofocas. – ela disse, pegando a vasilha que eu havia trazido para ela e se retirando.

Ele ficou em silencio e a observou ir.

– Dane... o que você foi falar com Angeline para que ela reagisse dessa maneira? – eu perguntei desconfiada.

– Eu fui perguntar por que ela agia como a guardiã de uma dhampir. – ele ainda observava Angeline ir, mas depois me olhou e estreitou os olhos – E sabe o que ela me disse? Que estava apenas cuidando da cunhada dela.

Eu fiquei sem reação e olhei para ela que parecia não estar nos ouvindo e comia tranquilamente.

– Eu... Joshua é apenas um amigo! Eu o conheci enquanto estive fora...

– E então vocês se apaixonaram e tiveram um tempo vivendo como Tarzan e Jane? Ela me disse que você tinha até aceitado uma pulseira de compromisso! – ele me disse e eu olhei para meu pulso, onde a pulseira que Joshua tinha me dado estava posta e então olhei para Dane de volta.

– Eu aceitei essa pulseira como uma lembrança de um amigo! E o que você tem a ver com isso? Você tem namorada, não é mesmo? Você pode ter dito que queria que eu voltasse, mas foi só eu sair da St. Vladmir para você voltar com a Gwen! – eu não conseguia acreditar que estávamos tendo essa discussão.

– E foi só você fugir para se jogar no primeiro selvagem que você encontrou. Eu imagino que foi dessa forma que você superou o que havia acontecido com Oliver, certo?

Eu não me contive e lhe dei um tapa que fez um barulho que ecoou no local e chamou a atenção de Angeline que se levantou e se pôs no nosso meio.

– O que eu faço, não é da sua conta. E eu não me joguei em ninguém, muito menos para superar o Oliver. Isso pelo visto, quem fez foi Gwen. – eu disse e peguei minha vasilha, puxando Angeline e indo me sentar no lado oposto ao que ele estava.

Dane saiu da biblioteca parecendo furioso e eu mesma não estava no meu melhor estado. Eu não havia contado para ninguém, mas os anéis não estavam mais fazendo efeito e eu sentia isso. Eu deveria ir pedir ajuda a Sonya ou Lissa, mas como eu estava indo bem na escola, eu não queria interromper isso e sair para ir até a Corte. Eu havia perdido o apetite com toda essa discussão e agora me concentrava em me acalmar.

– Hey, acha que ele vai contar que você bateu nele? – disse Angeline depois de um tempo.

Eu balancei a cabeça. Dane não era esse tipo de pessoa e nós dois só tínhamos discutido até magoar um ao outro, mas ele sabia o que aconteceria se ele contasse a alguém e eu tinha quase certeza que ele não faria algo assim.

Na segunda, Angeline foi buscar seus papeis de transferência no horário de almoço e eu estava sentada ao lado de Bea no refeitório.

– Angie, me contou o que houve ontem. Você está bem? – ela me perguntou enquanto nós terminávamos nossa refeição.

Eu acenei e dei de ombros e em seguida nos levantamos para ir até a lixeira. Quando estávamos pondo a bandeja vazia no balcão, vi alguém se aproximar e me virei para encarar Gwen e Jessica.

– Será que você não cansa de se meter no meu relacionamento, Anastacia? – disse Gwen parecendo ofendida. – Ou será que você só não enxerga o quanto está sendo ridícula indo atrás de Dane? Você acha que alguém como ele vai ter alguma coisa com alguém como você?

Eu respirei fundo e coloquei minha melhor máscara de “eu não ligo”.

– Gwen, eu não sei do que você está falando, mas eu posso garantir a você que não sou eu que vou atrás do seu namorado. Como eu disse para a sua amiga, é você que não consegue controlar seu relacionamento ou Dane e isso não é culpa minha. Não me envolva nas suas briguinhas.

– Minhas briguinhas acontecem porque existe uma piranha o tempo inteiro ferrando nosso namoro. – ela disse se aproximando de mim com Jessica em seus calcanhares – Você sabe quem é essa piranha?

Eu considerei quão rápido eu poderia avançar nela, mas eu tinha certeza que Bea me seguraria de novo. Também tinha certeza que Jessica estava se preparando para atacar ao menor sinal. A raiva pulsava em cada membro do meu corpo e eu percebi muitas pessoas se aproximando. O que ninguém percebeu foi que Angeline estava entre essas pessoas e quando Gwen deu um passo à frente, ela saiu do meio das pessoas que se juntavam e se aproximou de nós surpreendendo a todos enquanto pegava a cabeça de Gwen pela nuca e batia no balcão onde eu havia posto as bandejas do almoço.

– É você. – ela disse, soltando a cabeça de Gwen que caiu de joelhos e com o nariz que agora deveria estar quebrado ou deslocado e sangrando. – A piranha é você.

Todos nós olhamos chocados para o que tinha acontecido e ninguém conseguia ter uma reação, até que os guardiões que estavam presentes no refeitório chegaram e seguraram Angeline pelo braço.

– E é assim que se faz uma grande saída. – ela disse e em seguida me olhou com um sorriso. – De nada, Ana.

Os guardiões a levaram para o que com certeza deveria ser o escritório da diretora Kirova, mas eu não tinha certeza do que aconteceria com ela. Ela havia acabado de receber seus papeis de transferência e a diretora agora ela não era mais aluna da St. Vladmir, então a diretora não poderia expulsa-la. Eu então sorri ao perceber que essa foi exatamente a linha de pensamento que Angeline seguiu para fazer o que fez com Gwen e Bea parecia ainda estar em choque, enquanto todos os outros começaram a murmurar e Jessica retirou Gwen com a ajuda de outro guardião do refeitório. O nariz de Gwen estava começando a ficar roxo e havia sangue por todo o seu uniforme.

Logo depois de sair da aula de Lemoine, fui obrigada a ir até a sala da diretora para dar a minha versão dos fatos e fiz questão de apontar Angeline como inocente o máximo que eu podia, para uma Kirova que me olhava com ódio e desprezo. Abe havia sido chamado e Angeline estava agora reclusa ao nosso quarto até que ele chegasse.

– O que você está me dizendo é absurdo! – disse Kirova.

– Não senhora, é apenas a verdade e foi tudo um grande mal entendido. Angeline se aproximou para saber o que estava acontecendo como todos os outros, mas no meio das pessoas que estavam ali, ela tropeçou, o que fez com que ela se agarrasse em Gwen para não cair. E então Gwen também se desequilibrou e bateu a cabeça no balcão. – eu disse me divertindo enquanto parecia inocente.

– As pessoas me disseram que ela havia avançado em Gwen! Que muitas coisas foram ditas e que você estava incluída nisso tudo, como sempre!

– Bem, as pessoas dessa escola sempre estão fofocando, não é mesmo? – eu sabia que “as pessoas” a que ela se referia deveria ser Jessica – Eu mesma já fui vítima de muitas dessas fofocas. Angeline agora está sendo também. – eu disse em um suspiro.

Kirova me liberou parecendo furiosa e em seguida eu passei uma mensagem para Bea contando exatamente o que eu havia dito para que ela confirmasse a mesma historia.

Quando cheguei no quarto, Angeline parecia já estar com tudo pronto em sua velha mala.

– E então? O quão furiosa ela estava? – disse Angeline, ainda parecendo feliz com o que tinha feito.

– Muito, muito mesmo. – eu disse e ri baixo, me sentando em sua cama. – Eu vou sentir sua falta, Angie.

– Sabe que eu não concordei com esse apelido, certo? – ela disse fazendo uma careta.

Eu confirmei com a cabeça e me levantei novamente, indo até o guarda-roupa e pegando a mochila que havia comprado enquanto estava com os Keepers.

– Fique com essa. Se eu precisar fugir novamente, posso usar a minha velha. Tudo vai caber perfeitamente aqui. – eu disse e depois a ajudei a por suas coisas na mochila e então eu segui para minhas outras aulas.

Jessica parecia disposta a me fazer pagar pelo que Angeline fez, mas eu já estava tão boa quanto ela o que fazia nossa luta ser justa e eu conseguir me manter sem cair. As aulas seguintes passaram rápido e ninguém parecia prestar atenção. Todos queriam saber o que tinha acontecido e o que aconteceria com Angeline e Gwen agora.

Abe chegou na manhã seguinte e parecia calmo como sempre. Nós não vimos o que ele chegou a ir falar com Kirova ou como tudo se resolveu, mas pela manhã, ele nos acordou e pediu para que Angeline se aprontasse para ir embora.

– Foi muito ruim? – eu disse, enquanto ela estava no banho.

Abe deu de ombros e se sentou e minha cama. Ele estava com um terno branco com detalhes vermelhos.

– Para onde vai leva-la? – eu perguntei ansiosa.

Ele hesitou antes de falar.

– Não posso contar. Digamos que ela vai estar em missão para a rainha. – ele disse e então ficou em silencio, me fazendo ficar muito mais curiosa.

– Algum lugar muito quente ou muito frio? – eu comecei a tentar adivinhar.

– Anastacia, eu não posso dar detalhes. – ele disse, comprimindo os lábios e tentando não sorrir.

Eu suspirei e passei a mudar de assunto, mostrando a ele como estávamos indo.

– Soube que Angeline se meteu nisso porque existe algumas garotas com quem você está tendo problemas?

– Não é nada demais, Abe. E depois do que ela fez, talvez eu passe um bom tempo sem maiores problemas. – eu disse tentando não rir.

Quando eles estavam saindo, eu fui até Bea que já estava acordada e nós acompanhamos Abe e Angeline até um dos portões.

– Foi bom conhecer vocês. Espero que a gente se veja um dia. – disse Angeline.

– Foi bom conhecer você também... E obrigada. – eu disse agradecendo pelo que ela havia feito por mim nos últimos dias.

– De nada, eu já queria bater nela há muito tempo mesmo. – ela disse dando de ombros, o que fez com que Bea risse.

– Adeus, Angeline. Foi divertido conhecer você. – ela disse abraçando Angeline de lado.

– Adeus e obrigada a vocês também.

Abe a levou e nós seguimos para o nosso treino. Eu sentiria falta de ter Angeline para reclamar das aulas e cochichar sobre as pessoas comigo. Apesar do curto tempo que passei com ela, eu esperava esperançosamente que um dia nós nos encontrássemos novamente.


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