Will we survive? escrita por Tia Gnoma


Capítulo 4
Capítulo 4 - Verdades Dolorosas


Notas iniciais do capítulo

O capítulo dessa semana, espero que gostem ^^



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Não me lembro exatamente do que sonhei, só sei que tinha algo a ver com sangue e pessoas. Acordei sentada na cama, suando e com o coração acelerado junto da respiração ofegante. Um pesadelo. Não queria acreditar que tinha a ver com meu passado, queria só esquecer aquilo.
— Foi só um sonho... - sussurrei para mim mesma me tranquilizando.
Passei a mão pelo cabelo me recompondo e me acostumando com a claridade que escapava pela janela. Não sabia que horas eram já que não tinha relógio algum aqui e nem sabia se os outros acordaram isso me deixava ligeiramente agoniada. Levantei-me indo até a janela, abrindo a mesma e olhando lá fora, era uma bela vista por sinal, da floresta e o riacho em que estava antes. Gostava da brisa que entrava me acalmava.
Sai dali indo até o armário novamente, mesmo que fosse a única acordada, iria pelo menos voltar no campo ou, começar minhas buscas sobre o segredo dessas pessoas e essa mansão. Já pronta, com um short jeans preto e uma blusa roxa com uma estampa qualquer, levantei da cama, mas, no momento em que ia sair do quarto, escutei alguém batendo na porta.
— Entra... - disse curiosa com quem era.
Talvez um deles avisando que o café fora servido. Para minha surpresa, quando a porta se abriu, pude ver Jeff que entrou e encostou-se à porta sorrindo, com as mãos nos bolsos do moletom branco. Arqueei uma sobrancelha o encarando, o que será que veio fazer aqui?
— Eyeless Jack me contou que estava me procurando ontem - ele disse sorrindo - O que queria?
Minha expressão mudou para uma surpresa, nem imaginava que ele ficaria sabendo, mas pretendia de qualquer forma o encontrar hoje para perguntar o que vem me agoniando desde que cheguei. Essa é minha chance.
— Queria te perguntar o porquê de ter me escolhido, e só a mim... - disse cruzando os braços.
— Quer mesmo saber? - ele sorria provocante de novo.
— Quero - respondi decidida.
— Pois bem - ele desencostou da porta caminhando até mim.
Descruzei meus braços o fitando um pouco apreensiva, não confio nele e qualquer movimento suspeito que faça, tenho que estar atenta. Ele parou na minha frente a alguns passos de distância.
— Deixe-me te fazer uma pergunta - ele me encarava - O que você fez há três anos?
Eu literalmente gelei com a pergunta dele. Meu coração voltou a acelerar, engoli seco e fiquei o encarando assustada. Aquela pergunta fez com que eu me lembrasse do que mais odiava lembrar, fez meu coração se partir em pedaços e minha mente a ficar confusa, me culpando.
— E-Eu... - minha voz não queria sair.
— Não adianta mentir, eu estava te observando lembra? - ele continuou mais sério.
— Se sabe, por que está me perguntando? - baixei a cabeça.
— Quero escutar da sua boca - ele segurou meu rosto o levantando bruscamente.
— E-Eu... Matei meus pais - disse tão baixo que eu mesma quase não escutei.
— Mais alto! - ele apertou mais meu rosto.
— Eu matei os meus pais! - exclamei com as lágrimas já escorrendo por meu rosto.
Mesmo que eu não quisesse, estava o encarando, minhas pernas tremiam e eu sentia que desabaria a qualquer momento, essa lembrança era a coisa de que mais me arrependo até hoje e ele estava me torturando por isso.
— Eu já estava te observando tempos antes por culpa da sua personalidade com os pais que te maltratavam e achei interessante - ele voltou a sorrir - E na noite em que vi você matá-los.
— PARA! - gritei fechando os olhos e soltando meu rosto de suas mãos - Por favor...
— Não, você me perguntou e agora vai escutar a resposta inteira - ele respondeu friamente voltando a segurar meu rosto ainda mais forte? A verdade é que todos ficaram de olho em você depois daquela cena, mas eu fui mais rápido e te indiquei antes dos outros e bom, não precisei de mais nenhum proxy, naquele dia eu percebi que você era perfeita para estar aqui.
— Está errado - eu tentei baixar a cabeça.
— Não estou não Anne, você é uma de nós, você é como nós - ele sorria assustadoramente.
— Não sou uma assassina como vocês! - exclamei o encarando.
Tentei me soltar e sair dali, mas ele me segurou pelo pulso me jogando contra parede de novo, me fazendo sentir uma dor na coluna e fechar os olhos. Meus pulsos estavam presos contra parede pelas mãos dele e as lágrimas não paravam de cair.
— Não é? Então como é o nome de pessoas que matam outras? - ele aproximou seu rosto e eu encarei aqueles olhos frios.
— Eu não queria... Estava fora de mim... - tentei me explicar desesperada.
— Eu me vi em você naquele dia, por isso te quis como minha proxy - seu sorriso voltou ainda mais estranho - Deveria se orgulhar disso Anne, são poucos humanos que podem ser como nós.
— Eu não quero ser como vocês - minhas palavras saiam como um pedido desesperado para que ele me soltasse.
— Você não tem mais nada para perder na cidade, deveria se esforçar e viver conosco - ele passou a faca devagar sobre meu rosto e eu virei o mesmo.
— Não quero viver aqui, eu quero recomeçar minha vida - tentava não olhá-lo nos olhos.
— Recomeçar? Como? Você seria presa por assassinato e condenada à prisão perpétua - ele continuava com a ponta da faca sobre meu rosto - Que tipo de vida pode ter em uma prisão?
— Eu dou meu jeito... - tentava de toda forma tirar meu rosto de perto daquela coisa.
— Não vai não, você vivia fugindo antes de vir para cá, poderá ter uma vida muito melhor vivendo conosco - ele levantou meu rosto com a ponta da faca me fazendo encará-lo com os olhos vermelhos.
— Não quero voltar a matar as pessoas, eu me arrependo até hoje do que fiz - agora o olhava diretamente nos olhos suplicando que parasse.
— Anne, nós somos iguais, ambos matamos os próprios pais e fugimos - ele sorria para mim - Seríamos uma dupla perfeita.
Balancei minha cabeça negativamente sentindo o gosto das lágrimas tocarem meus lábios.
— Não sou como você, eu não quero continuar assim Jeff... - eu me recusava a concordar com ele.
— Você seria uma assassina perfeita - seu rosto estava muito próximo do meu e aquele sorriso me causava arrepios - Eu poderia deixá-la tão linda quanto eu...
Ele voltou a passar a faca levemente sobre meu rosto sorrindo e eu entrei em pânico o encarando assustada. Esse louco não pode fazer nada contra mim! Debati-me tentando me soltar, mas ele era muito mais forte.
— M-Me solta, me deixa em paz! - continuava tentando me soltar - Não sou como você!
— Oh Anne... - ele aproximava mais seu rosto ainda com a faca sobre o meu.
— Anne o café está na... - uma voz vinda da porta me deixou aliviada - Mesa...
Olhei para lá com o rosto molhado, e me deparei com Hoodie parado na porta. Eu o olhava implorando por socorro, mas minha voz já não queria mais sair. Jeff olhou também e me soltou.
— D-D-Desculpem! Eu atrapalhei! - Hoodie parecia muito envergonhado e sem jeito - Desculpem, só vim avisar que o café foi servido!
Ele saiu de lá de cabeça baixa e já solta, me sentei no chão encostando as costas na parede e olhando para o chão por entre as pernas, com as mãos aos lados da minha cabeça.
— Pense no que eu disse - escutei a voz de Jeff mais uma vez antes dele sair do quarto.
Desabei a chorar, vendo as lágrimas caírem no piso o molhando, enquanto meu coração estava cada vez mais apertado pela culpa que sentia e que me matava por dentro, nunca me senti tão mal em toda minha vida, eu queria fugir dali, ir para um lugar bem longe de tudo e de todos, mas aonde quer que eu vá, essa dor nunca vai passar, nunca me perdoarei por isso, irei me culpar até o dia de minha morte.
— Eu o odeio, odeio essa mansão, eu me odeio - dizia baixo me encolhendo ali - Eu sou um monstro...

POV's Anne Off

POV's Jeff On

Sai do quarto de Anne a deixando lá, encolhida no chão chorando e não me arrependo do que fiz, disse apenas a verdade, ela tinha que aceitar que era uma de nós mas por mais que achasse certo meus atos, estava preocupado com o fato de que agora seu psicológico estava abalado e ela não treinaria direito hoje, logo, amanhã seria a primeira prova e ela poderia se sair mal. Ela não pode morrer, tenho planos a envolvendo e acho que é capaz.
Coloquei as mãos nos bolsos do moletom segurando a faca junto ainda pensativo mas logo suspirei baixo caminhando pelo corredor até as escadas que davam para o térreo. Desci as mesmas olhando para a mesa da sala de jantar que já estava cheia, faltando claro, um lugar apenas.
— Alguém viu a Anne? Só falta ela - olhei de relance para Ben, ainda no primeiro degrau da escada.
— Está no quarto dela - respondi caminhando até o sofá da sala aonde me joguei lá.
Fiquei deitado, ilustrando minha faca com a manga do casaco, vendo meu próprio reflexo e pensando no que fazer agora.
— Hoodie você não foi chamá-la? - escutei a voz de Mask.
— C-Chamei! M-Mas ela não deve estar com fome - a voz do outro soava envergonhado.
— EJ, pode ir lá ver se ela vem? - mais uma vez a voz de Mask se fez presente.
— Claro - respondeu o outro.
Levantei-me ainda sério, indo até a sala, me encostando-se a uma das paredes com os braços cruzados, me perguntava se ela desceria...

POV's Jeff Off

POV's Anne On


Não sai daquela posição e o chão se mostrava cada vez mais marcado pelas lágrimas, por mais que tentasse, não parava de lembrar do que escutei uma retrospectiva horrível passava pela minha mente, me torturando lentamente.
— Anne? - escutei uma voz familiar vindo da porta e levantei a cabeça.
Era Eyeless Jack, ele entrou no quarto e ao me ver ali e se aproximou parando na minha frente enquanto eu voltava a olhar para baixo tentando conter aquela tristeza que sentia em meu peito.
— O que houve? Por que está chorando? - ele perguntou preocupado agachando na minha frente.
— N-Nada... - respondi sabendo que ele nunca acreditaria nisso.
— Foi o Jeff não foi? O que ele fez? - ele permanecia me olhando.
— S-Só disse a verdade - respondi entre soluços.
— Não leve em consideração o que ele diz ou vai enlouquecer - sua voz saía calma e meiga - Faça o seguinte, levante daí, lave o rosto e desça para comer algo, precisa se alimentar para conseguir treinar.
Levantei minha cabeça mais uma vez e ele já estava de pé, ainda na minha frente, me olhando. Não conseguia ver seus olhos por culpa da máscara, mas tenho certeza de que agia gentilmente de verdade.
— Obrigada - agradeci com um sorriso triste.
— Não há de que - ele respondeu - Faça o que eu disse, é o melhor para você.
Assim que ele saiu do quarto, me levantei sentindo minhas pernas tremerem ainda por culpa do nervoso e fui até o banheiro olhando meu rosto no espelho. Meus olhos estavam inchados por chorar e isso não sumiria tão rápido assim. Parando de chorar, joguei água no rosto tentando melhorar minha aparência sem sucesso. Não queria aparecer assim, mas não podia ficar trancada no quarto para sempre. Não sei o que é pior, passar o resto da vida na cadeia, morrer ou ter que voltar a matar outras pessoas. Balancei a cabeça para afastar esses pensamentos e saí do banheiro e logo do quarto.
Respirei fundo e caminhei pelo corredor descendo assim as escadas indo até a mesa aonde alguns já tinham saído e muitos ainda continuavam. Jeff estava parado em uma das paredes me olhando. O encarei por alguns segundos ainda parada, mas lembrando do que ele me disse, baixei a cabeça escondendo meus olhos com a franja e caminhando até meu lugar aonde me sentei e tomei o café sem olhar para ninguém ou falar com ninguém mas pude ver olhares curiosos sobre mim.
Levantei rápido caminhando até a porta da saída, mas sinto alguém segurar meu braço me fazendo virar e olhar quem era. Armin.
— O que aconteceu? - ele perguntou me soltando.
— Não quero falar nisso, por favor, me deixa um pouco sozinha - respondi o olhando.
Virei saindo dali e caminhando pela floresta, tinha que me acalmar e parar de pensar nisso se quisesse estar bem para praticar hoje.


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