Will we survive? escrita por Tia Gnoma


Capítulo 3
Capítulo 3 - Conhecendo pessoas


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, o capítulo de domingo o/



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Minha cabeça girava, começava a sentir dor de cabeça e enjoo, provavelmente por culta do estressa e a única coisa que queria no momento era sair correndo para um lugar bem longe daqui, com tranquilidade e sozinha. Como todos, eu estava com medo, não sei se conseguirei sobreviver por mais que seja habilidosa, essas provas são desumanas como eles, não sei o que esperar e por onde começar a treinar. Sentia-me perdida.
Estava tão distraída em meus pensamentos que nem percebi o barulho de passos na grama, só me caiu à ficha de que tinha alguém na minha frente quando esta colocou a mão em meu ombro. Abri os olhos rapidamente encarando a pessoa assustada e pronta para me defender, como se fosse instinto, mas me deparei apenas com um garoto de cabelos negros e olhos azuis me olhando preocupado e que deu um passo para trás de afastando com minha reação
— Calma, não farei nada - ele disse colocando as mãos para cima em sinal de rendimento.
— Tudo bem, que seja - respondi respirando fundo e depois e encarando séria - O que quer?
— Saber se está bem... - respondeu me fitando.
— E como estaria? Você tem noção do que está prestes a acontecer? - respondi franzindo o cenho.
— É que todos se desesperaram lá na sala, normal, mas você saiu quase correndo, achei que estivesse tentando fugir... - ele respondeu se sentando na minha frente.
— Não cheguei a esse ponto de loucura ainda, não quero morrer - retruquei cruzando os braços - Só queria ficar em paz por uns instantes para pensar.
— Quer que eu vá embora? - ele perguntou pronto para levantar.
— Não, pode ficar... - respondi desviando o olhar para o riacho.
— Sou Armin, prazer - ele estendia sua mão sorrindo.
— Anne... - respondi ainda séria, apertando sua mão levemente - Você me parece calmo demais com a situação.
Era verdade, todo estavam quase se enterrando num buraco prestes a morrer, desesperados e ele... Seguiu-me se preocupando comigo, como se fosse a coisa mais normal do mundo que estivesse acontecendo, como se aquilo fosse normal em sua rotina. Só tenho duas explicações para isso. Ou ele é louco ou é lerdo demais e não entendeu nada, não há outra explicação para uma pessoa ficar calma sabendo que pode morrer a qualquer momento.
— Eu vejo isso como um jogo - ele respondeu com um sorriso de lado - Acho divertido, é como se fosse um game de terror e nós somos os jogadores, não me assusta.
Fiquei o olhando com uma expressão de indignação e quase não acreditando no que acabara de escutar. Ele definitivamente tem problemas mentais! Achar divertido ser forçado a participar de uma espécie de "Jogos Mortais" é sinal de retardo mental e, por que diabos estou conversando com um louco?
— DIVERTIDO? Você é louco ou o que? - perguntei indignada o olhando - Você sabe que vamos morrer, não sabe?
— Calma! Posso ser um pouco louco sim e sei que podemos, mas é melhor manter o otimismo do que ficar me preocupando - ele respondeu mais sério - Levo tudo como um jogo, é legal.
— Por esse lado você tem razão, ficar tentando entender e sofrendo não vai ajudar - disse logo depois suspirando - Mas é difícil manter a calma total numa situação dessas.
— E você acha que estou totalmente calmo? - ele perguntou bagunçando o próprio cabelo.
Levantei o olhar e o olhei um tanto confusa, ele parecia bem calmo sim por sinal, desde que começamos a conversar, sorri e não demonstrou sinal de fraqueza ou medo.
— A-Acho... - respondi sem muita certeza.
— Pois não estou, é claro que não quero morrer, mas preciso me manter forte, é a melhor saída - respondeu me olhando.
— Tem razão... Preciso me acalmar... - disse colocando um braço sobre os olhos.
— Vem - senti-o pegar em meu pulso e me puxar.
Levei um pequeno susto, mas fui obrigada a levantar e o seguir, sério, esse menino é muito estranho. Tropeçando um pouco nos meus próprios pés tentando o acompanhar, fui andando, alcançando seu ritmo em seguida.
— Pra onde está me levando? - perguntei séria.
— Temos que começar a treinar ora - ele respondeu continuando a caminhar.
Não disse mais nada, apenas revirei meus olhos e o segui até o tal campo. Chegando lá, o moreno me soltou e eu parei olhando em volta. Havia vários tipos de treinamentos. Uma pista de corrida com obstáculos, manequins com alvos e marcações, uma mesa com facas e outras armas, um tapete que provavelmente era pra meditação ou sei lá, alvos presos em árvores perto de uma mesa com alguns arcos e flechas, um campo com grades e materiais para treinar em duplas provavelmente e por último, ao lado do campo, uma piscina... Pergunto-me se teremos provas em água para ter isso aqui ou é só para diversão mesmo.
— Então, o que vai praticar primeiro? - o moreno entrou na minha frente sorrindo.
— Se não se importa, preciso falar com uma pessoa antes... - respondi olhando em volta.
— Tudo bem então, até mais - ele respondeu se afastando a indo até os manequins.
Respirei fundo e passei os olhos pelo lugar procurando Jeff, mas não o encontrei. Queria antes de qualquer coisa, perguntá-lo uma coisa... Já que não o encontrava, iria perguntar para o homem da máscara azul de antes que estava encostado em uma árvore nos observando, ele deve saber.
— Licença, mas, sabe onde está o Jeff? - perguntei o olhando sem expressão alguma.
— A essa hora ele deve ter saído da mansão ou está dormindo - ele respondeu calmamente.
— Eu não posso procurá-lo em seu quarto, certo? - perguntei receosa.
— Infelizmente não, nossos quartos ficam no segundo andar, área proibida - ele respondeu.
— Oh tudo bem... Você é Eyeless Jack, certo? - perguntei o olhando, tentando me lembrar se esse era seu nome realmente.
— Sim, sou eu mesmo e você é a Anne, não é? - ele parecia sorrir por debaixo da máscara de alguma forma.
— S-Sou... Como sabe? - estranhei arqueando uma sobrancelha.
Tudo bem que ele não era humano e tudo mais, mas, se só um me escolheu, como é que também sabe meu nome? Não me lembro de ter o falado, só se eles conversaram sobre nós...
— Vocês estavam sendo observados há anos não se lembra? Sabemos sobre sua vida inteira - ele respondeu com a maior naturalidade.
— Mas se cada um escolheu um... - não estava entendendo.
— Oh bom, isso é por que... - ele deu uma pausa como se tivesse falado demais - E-Esqueça... Não posso ajudá-la ao invés de Jeff?
— Não, era só com ele, mas, obrigada mesmo assim... - respondi desconfiada.
Afastei-me voltando para o campo, algo me diz que há um grande segredo por trás de tudo isso e eu queria muito descobrir o que é talvez, se eu soubesse o que escondem, poderia acabar com isso tudo e nos libertar dessa maluquice. Iria procurar informações com cautela, mas não agora, preciso treinar afinal de contas, ainda preciso sobreviver.
Muitos já estavam usando os equipamentos, uns ajudavam outros, alguns pareciam nem saber por onde começar e outros aparentavam já ser experientes. Armin estava usando uma faca pequena contra manequins e eu não sabia por onde começar. Talvez, pelo que mais tenho dificuldade. Pensei um pouco no que sabia fazer e pontaria não era meu forte, deveria começar por ele.
Aproximei-me da mesa pegando um arco e o analisando. Era de madeira, mas uma madeira resistente, nada profissional, mas ajudava. Peguei uma flecha e ajeitando e logo mirando em um dos alvos. Mirei me concentrei e atirei, mas para meu desânimo, passou longe da árvore.
— É mais difícil do que parece - pensei alto suspirando decepcionada
— Só precisa se concentrar mais - uma voz feminina vinda do meu lado
Virei minha cabeça me deparando com uma garota de cabelos castanhos e olhos azuis, a mesma de antes na sala. Cruzei os braços a olhando ainda com o arco em mãos.
— Pois, se diz ser tão fácil, mostre o que sabe - respondi a desafiando.
— Sem problemas! - respondeu com um sorriso.
A menina fez como eu, mas parecia já conhecer o instrumento, se mostrava bem mais concentrada, e como esperado, sua precisão e mira eram muito melhores. A flecha não acertou o centro exato do alvo, mas ficou a poucos centímetros dele, sem dúvidas melhor do que eu.
— Não foi perfeito, mas só preciso treinar mais um pouco - ela disse sorrindo de canto.
— Todos temos coisas em que somos melhores, o meu não é pontaria, mas posso melhorar se me esforçar e em pouco tempo fico como você - respondi sorrindo igualmente.
— Veremos então - ela respondeu me olhando - Sou Lucy.
— Anne - respondi voltando a ficar séria - Porque está treinando algo que já é boa?
— Quero aperfeiçoar um de cada vez até que todas as habilidades fiquem perfeitas e nada melhor do que começar pelo que me dou melhor - ela respondeu confiante.
— Acho ruim assim - comentei revirando os olhos.
— Por que? Diga-me sua opinião então - ela disse apoiando uma mão na mesa.
— Se não tivermos muito tempo para a primeira prova e focar somente em uma coisa, na hora, podemos acabar nos saindo muito mal já que tudo aqui é imprevisível - respondi a fitando - Pense comigo, e você treina só pontaria hoje e amanhã é a prova ai precisa de agilidade e você é péssima nisso, que diferença vai fazer você saber pontaria se não é rápida o suficiente para o que eles propuseram?
Achava a maior besteira focar em um treinamento só sem saber o que iremos enfrentar a partir de agora, se deixar um ponto fraco isso pode acabar com tudo, por isso quero igualar tudo para sair razoavelmente bem em tudo e assim sobreviver.
— Faz sentido - ela disse fazendo uma expressão pensativa, mas voltando a sorrir - Mas quando se é perfeito em algo, pode ajudar de alguma forma se pensar bem.
— Prefiro me prevenir - respondi me virando de novo para o alvo.
Passei mais um tempo ali treinando com Lucy, ela me dava algumas dicas que foram bastante úteis até decidir ir treinar outra coisa.
— Até mais, boa sorte ai - disse acenando a medida que me afastava.
— Boa sorte pra você também! - ela respondeu acenando de volta e logo treinando de novo.
Parei no centro do campo olhando em volta e me perguntando o que treinar agora. Decidi ir até os manequins com uma faca, melhorar um pouco meu desempenho com esse tipo de instrumento. Fiquei praticando sozinha e quando dei por mim, já estava anoitecendo e todos entravam na mansão, mas estava tão compenetrada que nem me toquei até escutar uma voz dizendo que o jantar estava sendo servido.
Suspirei baixo deixando a faca na mesa e seguindo junto dos outros para dentro e logo, caminhando até a mesa de jantar aonde quase todos já se sentavam. Vi que havia bandejas e placas com nomes nos lugares, cada um sentava no seu devido lugar claro, e eu, fiz o mesmo.
Abri a bandeja me deparando com um prato de macarronada, meu favorito. Não pude deixar de notar que cada um comia um prato diferente e me pergunto se são suas comidas favoritas também. Parece que essas pessoas nos conhecem mesmo.
Sentei ao lado de uma menina com cabelos de diversas cores que escutava música, por isso resolvi não incomodar e comi quieta na minha, estava cansada e só queria descansar agora. Terminei de comer antes do que quase todo mundo e subi as escadas, olhando aquele corredor e tentando me lembrar de onde era meu quarto.
— E agora...? - pensei alto caminhando devagar.
Parando e olhando em volta, tentando me recordar, olhei para a porta ao meu lado a abrindo. Não sei se todos os quartos eram iguais, mas me lembro de acordar em um lugar exatamente assim e pelo que me recordo, era essa a porta. Sendo ou não sendo, ficarei aqui.
Fechei a porta, pegando uma toalha branca que estava encima da cama (não me lembro disso antes) e indo para o banheiro logo em seguida aonde tirei a roupa e entrei no chuveiro deixando a água quente bater em meu pescoço e cabelos, me relaxando. Fiquei alguns minutos, não muitos e logo saí, me enrolando na toalha e voltando ao quarto.
Não podia usar as mesmas roupas que estava antes, provavelmente estavam sujas e isso me deixou incomodada já que não tinha trago nenhuma outra.
Olhei para o armário me perguntando se haveriam roupas do meu tamanho ali e sinceramente, nesse lugar, eu não duvido de nada. Abri as portas de madeira me deparando com diversas peças de roupa, todas, do meu tamanho.
— Bizarro, mas incrível - disse baixo abrindo um sorriso.
Como iria dormir, só peguei uma camisola de seda preta e por fim, me deitando e não demorando muito para acabar dormindo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler



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