A Guerra Greco-Romana escrita por Maresia


Capítulo 3
Capitulo 2 - Premonição




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Nota: SPOILERS de Lost Canvas e Gaiden

Quando digo 11 cavaleiros, não é um engano, visto que Aspros de Gémeos está morto e Deuteros de Gémeos está isolado na ilha Kanon.

Itálico refere-se a flashbacks!

Era quase quatro da manhã, anunciava o relógio da aldeia mais próxima do santuário. No horizonte avistava-se os primeiros raios de claridade. O sossego e a tranquilidade reinavam nas doze casas, apenas os pássaros nocturnos quebravam aquela serenidade maravilhosa.

No entanto, nem todos os cavaleiros estavam profundamente adormecidos. No décimo primeiro templo alguém se agitava debaixo dos lençóis de linho branco e perfumado. Dégel de Aquário não conseguira permanecer por muito mais tempo no mundo dos sonhos, algo o fizera despertar. O jovem cavaleiro de descendência aristocrata era um homem frio, sem sentimentos nem emoções, era de facto imperturbável, completamente gelado. Mas naquela madrugada algo não está bem com o mago do gelo. Estava agitado, o seu coração estava acelerado, como se percorresse muitos quilómetros. Algo de facto o preocupava bastante, porém não sabia o quê. Bebeu um pouco de água. Levantou-se e dirigiu-se à janela do seu espaçoso quarto.

Olhou a imensidão da madrugada, aos seus olhos analíticos tudo parecia calmo, mas seria esta a verdade escondida por de trás de um véu de serenidade aparente. Dégel era bastante inteligente para não se deixar enganar por ilusões. Ele sabia que aquela tranquilidade toda não escondia nada de bom.

– Será que Atena ou o Grande-mestre já perceberam alguma coisa? – Resmungou Aquário para o silêncio do seu templo.

Dégel voltou a deitar-se. Ele sabia que a manhã logo chegaria e, com ela a reunião convocada por Atena, aí tudo se iria resolver. Alguns minutos se passaram sem Dégel conseguir adormecer, até que o inesperado acontece! A porta do seu quarto abriu de rompante.

Quem ousava incomodá-lo a uma hora daquelas? E ainda por cima de uma forma tão impertinente e desagradável? – Pensou irritado. A resposta não tardou a chegar.

– Hei Dégel! Estás acordado? - Perguntou a voz trocista de Kardia vinda da umbreira da porta.

– Kardia, eu devia ter adivinhado! O que fazes aqui?

– Bem, eu não tinha sono e decidi vir fazer-te companhia se puder é claro.

– Companhia a uma hora destas? Estás maluco ou bêbedo?

– Maluco já eu sou desde o dia do meu nascimento E bêbedo sou estou às vezes. Mas agora estou normal.

Kardia e Dégel eram os melhores amigos há muito muito tempo, todavia Dégel por vezes não tinha grande paciência para estar com o amigo. Tudo para Kardia é vivido até ao limite, emoção máxima e reflexão mínima. Esta personalidade muitas vezes não combinava com a do Aquário, sempre controlado, racional e gelado. Sem dúvida aquele não era o melhor momento para estar com o Escorpião.

– Kardia não é a melhor altura para teres vindo aqui. Preciso de estar sozinho. Vemo-nos na reunião mais logo.

– E dizes tu que somos os melhores amigos! – Ripostou indignado. – Lixa-te!

Kardia saiu rapidamente do quarto do amigo. Percorreu a escadaria que levava a casa de capricórnio sempre a resmungar.

– Um tipo já não pode querer ter a companhia do seu melhor amigo que é expulso quase a pontapé. Não há direito!

– Kardia faz pouco barulho ainda é muito cedo, vai mas é dormir mais um pouco! – Ouviu-se a voz irritada de El Cid, quando o escorpião passou pelo décimo templo.

– Dorme tu deixa-me em paz! - Desceu a escadaria que conduzia a casa de Sagitário reclamando e reclamando.

– Mas deixa estar! Quando precisares de atenção eu faço o mesmo! Seu desgraçado pinguim!

Sísifo acordou assustado com toda aquela barulheira, dirigiu-se à entrada de sua casa e perguntou em voz audível:

– Quem está aí?

– Sou eu porquê? – Kardia respondeu em tom de desafio.

– Kardia de Escorpião! – Suspirou Sagitário - O que fazes a vaguear a uma hora destas pelas doze casas? Queres acordar todos aqui?

Sísifo nunca foi muito com a cara do Escorpião. Ele sempre o conseguia pôr fora de si. Apesar de o Sagitário saber que ele era um excelente cavaleiro, não era capaz de esconder que não morria de amores por ele.

– Eu acho que tenho direito de andar por onde me apetecer! Acho eu! Ou será que as regras mudaram e ninguém me informou?! – Provocou Kardia com um sorriso sínico no rosto bonito. Ele sabia que Sísifo não gostava dele mas também não fazia nada para melhorar a situação.

– Não as leis não mudaram. – Respondeu friamente.

Kardia sorriu sarcasticamente. Tinha consciência que irritara Sísifo e, isso dava-lhe bastante prazer. Virou as costas balançando o cabelo de forma orgulhosa e seguiu o seu caminho até a sua casa, onde ficou até a reunião.

A hora da reunião chegou finalmente e com ela a curiosidade aumentou no coração dos onze cavaleiros de ouro. Todos eles vestiram as suas armaduras reluzentes e dirigiram-se ao décimo Terceiro templo, onde a Deusa Atena e o Grande-Mestre os aguardavam.

Estavam quase todos reunidos no grande Hall angelicalmente limpo à excepção de um dourado.

– Onde está Dokho? - Perguntou Shion olhando em seu redor.

– Tu é que tens de saber Shionzinho! Afinal de contas ele é a tua namorada! Não é verdade? – Manigold e as suas piadas de mau gosto.

– De facto ele não está aqui! – Reparou Regulos de Leão.

– Alguém o deveria procurar a reunião está prestes a começar! – Sugeriu Aldebaran.

– Sim eu v… - Principiou Shion. A porta dos aposentos de Atena abriu-se de par em par.

Atena saiu do seu templo acompanhada por Sage e por…

– Dokho!!! – Exclamaram a maioria dos presentes.

– Bom dia a todos! – Saudou Atena delicadamente. Os onze cavaleiros, Dokho juntara-se aos restantes, fizeram uma vénia à Deusa e ao Grande-Mestre.

–Para satisfazer a curiosidade Dokho está aqui antes da reunião, porque veio informar a mim e a Atena de um sucedido muito grave e importante. – Esclareceu Sage.

– Mas o que é assim tão grave? – Questionou Dégel.

– Está na cara não acham?! – Disse Manigold com ar muito sério. – O Shion acabou com ele e agora não suporta a desilusão e veio demitir-se! Não foi? – Todos riram a sua maneira excepto Dokho, Dégel, Atena e Sage.

– Acabou a risadinha Manigold. – A voz de Sage imperava. – O assunto é mesmo muito sério não é ocasião para gracinha. – Repreendeu.

O ambiente estava pesado. Os cavaleiros entreolharam-se preocupados e depois voltaram a focar Atena Dokho e Sage. Por fim Atena falou com voz doce.

– Era bastante cedo quando Dokho se dirigiu aos meus aposentos para me relatar um acontecimento.

Dokho jantou um verdadeiro manjar dos deuses e de seguida meteu-se na sua confortável e quente cama, estava cansado do treino. Demorou algum tempo a cair nos braços de Morfeu, pois por algum motivo que desconhecia estava bastante agitado e até um pouco nervoso. Depois de muitas voltas e reviravoltas lá adormeceu.

O cavaleiro de Balança passeava alegremente perto de uma linda cascata de belíssima água cristalina. O sol brilhava de forma intensa queimado um pouco a pele do cavaleiro. O céu estava pintado de um azul profundo. Dokho admirava aquele cenário como quem não acredita em tanta beleza.

– Só pode ser o paraíso! – Murmurou.

Andou mais uns paços em direcção à bela cascata, deslumbrando-se com a paisagem, quando um enorme dragão de um branco angelical lhe barrou o caminho. Ele conhecia bem aquela imponente criatura.

– Mestre! - Exclamou Balança. Tinha milhares de perguntas para fazer ao seu adorado mestre mas a única coisa que saiu dos seus lábios foi:

– Estou feliz por o voltar a ver! – Lágrimas escorriam pelo seu rosto de menino.

– Dokho, eu não tenho muito tempo para te falar, por isso, ouve com atenção. – O dragão falava num tom profundo e urgente.

– Mas mestre como está aqui? O que se passa eu não compreendo nada!

– Meu querido Dokho por favor deixa-me prosseguir, é muito importante o que tenho para te transmitir. – Continuou o sábio mestre – Um grande perigo ameaça o santuário e a paz no mundo. Um plano maquiavélico está a ser concebido para matar a Deusa Atena.

– Matar a Deusa Atena? – Dokho tentou interromper o discurso do velho dragão.

– Um perigo vindo da península Itálica um perigo liderado por Júpiter. – Finalizou o dragão.

O cenário começou a distorcer-se, a cascata, o sol, o céu e por fim o imponente dragão. Dokho já estava de volta a sua cama no sétimo templo no Santuário de Atena na Grécia.

O jovem cavaleiro ergueu-se de sua cama, tremia violentamente, as lágrimas escorriam-lhe pelo rosto, caindo-lhe no peito, de forma incessante. Tentou dar alguns paços mas, as pernas não respondiam a sua vontade. Tinha sido um sonho demasiado pesado até para um homem corajoso como Dokho. O seu mestre era a criatura, para além de Atena, mais importante da sua vida. Aquele sonho atingira o seu coração como uma bala ferindo-o mortalmente. Balança deu um estalo na sua cara, não devia perder tempo com sentimentos, pensamentos ou emoções, tinha algo muito importante a fazer.


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