A Guerra Greco-Romana escrita por Maresia


Capítulo 4
Capitulo 3 - Feridas do Passado




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A diversidade de reacções foi estonteante, após o relato dos acontecimentos da noite anterior. Dokho estava lívido, a digestão de tudo aquilo não estava a ser fácil. Shion percorreu a distância que o separava do melhor amigo com passadas firmes e determinadas, dando-lhe umas palmadinhas de consolo nas costas, Dokho intimamente agradeceu, era bom sentir aquele apoio tão familiar.

Sísifo correu para junto da pequena Atena e murmurou carinhosamente:

– Vai tudo correr pelo melhor. Todos nós iremos protege-la com todas as nossas forças, prometo. – O sagitário nutria um amor especial por Sasha, pois fora ele que a trouxera para o santuário.

Asmita continuou sereno, contudo o seu coração sofria, chorando lágrimas de sangue que ardiam como o fogo flamejante. Dégel olhou em redor, ele pressentira tudo aquilo, só não sabia a gravidade da situação. Para alguém sem sentimentos ou emoções a preocupação era bem notória no seu rosto de traços elegantes. Todavia, o mais insinuante de todos fora Kardia. Chegou perto de Atena, ignorando a presença do Sagitário, abraçando-a.

– Hei miúda! Não tenhas medo e nem fiques preocupada. Eu darei cabo daqueles mariolas tão rápido como devoro uma maçã! – Kardia sempre lidava com as situações o mais descontraidamente possível.

– Escorpião não subestimes os nossos oponentes. – Avisou Sage. – Essa atitude é muito imprudente, visto que nem sabemos quem são nem conhecemos o seu verdadeiro poder. – Concluiu sabiamente.

– Sabemos que são italianos, e isso basta. São uns…

– Hei escorpião de língua afiada, cuidado com a boca. – A voz de Manigold cortou o ar. – Eu sou Italiano e gosto muito de mulheres, quanto mais melhor!

– Bem, bem, bem, vamos lá terminar com esta discussão meninos – Aldebaran de Touro pronunciara-se – Dokho, meu rapaz, eu tenho um grande respeito por ti, mas será que me permites uma questão?

– Claro Aldebaran. – Balança queria parecer seguro porém não o estava. Tinha receio da pergunta que aí viria.

– Será que esse sonho, não passou apenas disso mesmo, de um sonho? Existe essa possibilidade certo?

– Aldebaran desculpa, mas se fosse só um simples sonho eu não viria importunar a Deusa Atena. – Defendeu-se o jovem cavaleiro um pouco transtornado.

– Eu não desconfio de uma única palavra que proferiste Dokho, mas sonhos enganam. – Continuou Touro assertivamente.

– Infelizmente não se trata de um engano, Aldebaran – Sage falou de forma audível. – Tenho observado regularmente o movimento estrelar e tenho notado algumas perturbações. O que está escrito nos céus ninguém pode negar nem contrariar. – Concluiu o Grande Mestre.

Os presentes olharam para o velho sábio, ele tinha razão. Desde de eras mitológicas que as estrelas mostravam o destino da terra e dos seus habitantes, desta vez não iria ser diferente. Uma nova Guerra se avizinhava.

– Eu, o Grande Mestre e Dokho reflectimos sobre o assunto e decidimos que… - Iniciou Atena cortando aquele silêncio pesado. – Alguém será enviado a Itália para investigar movimentos suspeitos. – Finalizou.

– Eu ofereço-me! – Disse Regulus dando um passo em frente.

– Sem te querer tirar mérito jovem Regulos, mas o nome do cavaleiro a quem a missão foi atribuída já foi seleccionado – Afirmou Sage amigavelmente. – Quem irá para Itália será… Manigold de Caranguejo. – Revelou, olhando para o seu discípulo.

– EU, velhote!? – Manigold estava estupefacto com a notícia.

Manigold virou as costas e saiu de rompante do salão do Grande Mestre. Não conseguia acreditar no que os seus ouvidos lhe transmitiam. Sage queria enviá-lo para Itália! Não era possível.

– O que se passa com ele? – Questionou Albafica espantado.

– Nunca o tinha visto assim! – Afirmou Shion.

– Mais tarde falarei com ele. – Tranquilizou Sage.

– Assim que Manigold fizer o primeiro relatório da missão eu vos convocarei novamente, para vos pôr a par do plano estratégico. Obrigado por terem vindo, podem regressar às vossas rotinas. – Despediu-se a Deusa acenando aos seus cavaleiros.

Todos eles abandonaram o décimo Terceiro Templo.

Manigold chegara finalmente ao seu templo. Uma empregada sorridente barrou o seu caminho.

– Senhor Manigold o que deseja para o almoço? Carne, peixe, legumes…

– Sai da minha frente! – Ordenou o Italiano desorientado – Vou para o meu quarto e não quero ser incomodado por ninguém, e quando digo ninguém é mesmo ninguém. – Sem mais explicações trancou-se no quarto.

A cabeça de Manigold andava à roda com tantos pensamentos. Nunca colocara a possibilidade de regressar ao seu país de origem. Aquela maldita terra que só lhe provocara sofrimento, tristeza, angústia e lembranças assustadoras. Manigold ficara órfão bastante novo. Tivera que suportar muita dor para ainda estar vivo. Tivera que ver muita gente querida morrer. Tivera que roubar para não morrer à fome. Tivera que ultrapassar muitos obstáculos até ser encontrado por Sage. Sim, fora Sage que trouxera Manigold para o santuário e o treinara para que ele se tornasse um dos cavaleiros pertencentes à elite de Atena.

– Como é que aquele velho racento me pode fazer uma coisa destas? Ele sabe o que eu sofria naquele país de maldade e desespero! Só pode ser brincadeira. – Desabafou.

O seu coração batia a uma velocidade trepidante quase lhe saindo do peito. Pegou numa moldura e atirou-a para o outro lado do quarto. Aquela raiva para com Sage estava a consumi-lo.

– Ele não pode fazer isto comigo! – Gritou, atirando mais objectos que se estilhaçaram nas paredes e no chão.

– Eu não vou lá voltar, garanto!

O nervoso Caranguejo atirou-se para cima de sua cama, agarrou a sua almofada ficando ali imenso tempo a tentar digerir tudo o que se tinha passado, desde o sonho de Dokho até à revelação de quem iria na missão. Finalmente caiu no sono profundo.

Todos os outros cavaleiros estavam bastante preocupados com a ausência de Manigold.

– Boa tarde. – Saudou Shion entrando na quarta casa. – Posso ver Manigold! – Pediu a uma serva.

– Desculpe Senhor Shion mas o Senhor Manigold pediu para não ser incomodado. Ele está no quarto já há imenso tempo. Estou muito preocupada, porque quando ele voltou da reunião não me parecia nada bem. – Explicou a dedicada serva.

– Poderia fazer-me um favor?

– Claro Senhor Shion. Diga por favor

– Quando Manigold sair do quarto diga que estive aqui. E que lhe peço se pode passar na casa de Carneiro com a maior brevidade que lhe for possível. Estou preocupado.

Depois de recitar o recado para a serva, Shion saiu da casa de Caranguejo e dirigiu-se à primeira casa.

– Mas o que se passará com ele? – Pensou o jovem Carneiro atravessando a casa de Gémeos à muito vazia. – Ele não é o tipo de pessoa que se deixe levar por emoções! – Concluiu.

Já era tarde quando Manigold despertou do sono. Doía-lhe a cabeça devido à enorme torrente de pensamentos que o assombravam. Uma batida na porta o fez levantar da almofada.

– Quem é? – A voz saía-lhe rouca.

– Senhor Manigold tem uma visita. – Ouvia a voz doce da sua serva.

– Não quero receber ninguém. Acho que fui bem claro nas minhas ordens. – Ripostou, fitando a porta pintada de castanho.

– Lamento discordar de ti Manigold. Mas a mim tu irás receber com certeza. – Aquela voz era bastante familiar.

A porta abriu-se lentamente e alguém entrou no quarto com passadas determinadas, parando à beira da cama onde Manigold estava deitado.


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