A Guerra Greco-Romana escrita por Maresia


Capítulo 23
Capitulo 22 - A maior sabedoria de Virgem




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O poderoso ataque de Asmita modificou-se a escassos milímetros de atingir Július. Sem dúvida as aparências iludem sempre os olhos daqueles que não vêm para além do que está na sua frente.

O imperador mergulhava vertiginosamente através de um buraco negro, frio e húmido que arrepiava a sua divina e nobre pele. Até que por fim, aterrou numa longa estrada sinuosa coberta de enormes pedras, buracos e perigosos desníveis, ladeada por um profundo abismo negro como breu. O oponente do dourado carregava às suas costas uma pesada e descomunal vasilha de barro cheia de algo não visível que o desequilibrava incontrolavelmente.

Várias pessoas de rostos ocultos pelos cabelos desgrenhados caminhavam a seu lado, rindo da sua figura deprimente. O cruel homem continuava o seu desesperado caminho envolto naqueles risos de pura satisfação e prazer.

O imperador tentava cobrir o seu rosto rubro devido à vergonha que sentia daquele momento. Como alguém da sua categoria divina podia ser submetido a trabalhos de escravo? Como aquelas imundas pessoas podiam troçar com tal satisfação do seu governante?

De súbito, uma voz suave e deliciada encheu a estrada sem fim:

– O destino sempre se encarrega de ajustar as contas necessárias com aqueles que cometem injúrias e atrocidades contra a humanidade. Ninguém está a salvo da sua mão justiceira. – Asmita de Virgem olhava de forma penetrante o céu azul enquanto estas palavras lhe saíam dos finos e sábios lábios. A brisa que se fazia sentir brincava delicadamente com os seus compridos cabelos louros.

– Mas, quem me fala? – Questionou Július lançando um olhar de relance em seu redor, no entanto nada viu.

Um feroz e arrepiante vento deslizou impecavelmente sobre o sinuoso caminho do Imperador. A pressão exercida atirou-o no abismo que caminhava silenciosamente a seu lado.

Július caía a pique pelo precipício da ganância e do egoísmo desmedido. Durante a sua queda miserável sentia as dores daqueles que torturara através da sua maldade e superioridade sem limites nem barreiras. O seu corpo era atirado de um lado para o outro ferindo-se, sangrando, despedaçando-se e gritando de sofrimento. Finalmente o rodopio de dor agonizante cessou. Ele pousara suavemente num local imerso numa luz esverdeada.

– Mas, o que se passa aqui? – Praguejou tentando colocar-se de pé.

Caminhou durante imenso tempo em círculos confusos e persistentes, não encontrando a saída daquele bizarro lugar.

Depois de muito andar, as suas atenções focaram-se numa enorme estátua que se elevava acima do que os olhos podem alcançar. Olhou com mais pormenor e reconheceu a figura esculpida.

– Buda! – Constatou, enquanto se apercebia que caminhara todo este infindável tempo na palma da divina mão daquela divindade. – Virgem, eu devia esperar isto de ti.

– Agora estás à mercê do teu próprio destino, da tua incessante maldade, do teu profundo egoísmo e da tua cruel ganância! – Exclamou Asmita, elevando uma das suas mãos trazendo o Imperador de volta ao cemitério.

Július tremia incontrolavelmente deitado na areia sagrada, escondendo o seu rosto com as mãos.

– Ninguém escapa à punição do céu. – Afirmou Asmita.

– O que planejas fazer comigo agora, seu …

– Acho que não estás em posição de dizer seja o que for, agora estás nas minhas mãos e sujeito à minha vontade. – Respondeu o cavaleiro intensificando o seu maravilhoso cosmo. – Ressoa meu cosmo! Ressoa através das vontades daqueles que sofrem as duras passagens deste mundo cruel e indigno!

– Não te atrevas a tocar-me, eu sou divino! – Gritava aterrorizado o imperador, tentando escapar há vontade imperativa do dourado.

– Estou farto dessa conversa impura e desonrada! Prepara-te para receber a maior sabedoria do cavaleiro de Virgem! Tesouro do Céu!

A paisagem cemiterial ficou repleta de tapeçarias alusivas à mitologia Indo e Budista, proporcionando ao dourado a sintonia perfeita entre ataque e defesa.

– Remoção do sentido do tato! – Bramiu Asmita. O Imperador ficou imóvel na areia, não sentindo absolutamente nada devido à dormência insolente que percorria o seu corpo. – Agora os teus gestos já não prejudicarão mais ninguém. Remoção do sentido do paladar! – A língua de Július enrrolou-se como uma cobra, não o deixando prenunciar uma única sílaba que fosse. – Agora não contagiarás o mundo com as tuas palavras repletas de maldade e falsidade. Remoção do sentido do olfato! – O adversário do dourado foi abandonado pelos cheiros indistintos da areia húmida. – Já não conseguirás cheirar a agradável fragância do teu egoísmo. Remoção do sentido da audição! – O pesado silêncio invadiu a mente do inimigo. – O único som que ouvirás é o cruel bater das asas da morte. Remoção do sentido da visão! – As trevas circundaram a mente, o corpo e o coração do Imperador.

– Estou praticamente morto, não tenho saída. O poder deste homem rivaliza com o poder dos próprios Deuses. – Pensou Július sentindo a incontestável morte a seu lado.

– Nada mais te resta para além do teu cosmo. Apesar de tudo foste um adversário bastante forte e teimoso. Tiveste oportunidade de alterar o teu destino, todavia faltou-te o mais necessário, a coragem para tal feito. Agora, já está tudo perdido. Aguarda tranquilamente a chegada da Rainha das Trevas. – Asmita falava diretamente com o sub-consciente do inerte Imperador, por fim retirou o sexto e último sentido, a intuição.

– Asmita o teu nome ficará escrito na história, como aquele que desafiou a vontade divina, como aquele que desafiou o próprio destino. Tu serás para toda a internidade uma lenda. – Finalmente Július entregou-se nos braços da solitária e negra morte.

O virgem passou a sua mão fria pelo rosto, limpando um teimoso fio de sangue que escorria para o seu pescoço. Colocou-se de pé e começou a andar até a saída do cemitério.

– A passagem por este mundo é tão curta. No fim tudo se resume a isto. – Pensou, cruzando os portões enferrujados do antigo cemitério.

Um delicioso perfume de glamour e elegância subia tranquilamente as escadarias que conduziam a sétima casa, protegida por Dokho de Balança.

Quem será o adversário do jovem cavaleiro? Estará Dokho preparado para ultrapassar os obstáculos impostos pelas estrelas? No final deste combate o dourado de Balança será o mesmo?


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