A Guerra Greco-Romana escrita por Maresia


Capítulo 17
Capitulo 16 - Rugido de liberdade




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A lua libertava lágrimas de prata na atmosfera pesada e insegura do santuário, chorava tentando-se escapar da escura e fria prisão noturna. Nas arenas onde os Cavaleiros testavam as suas vidas, cosmos e habilidades, Régulos de Leão esperava calmamente o seu oponente confortavelmente sentado no chão áspero de pedra. O peso de ser o mais novo entre os dourados pesava como uma enorme montanha rochosa sobre os seus frágeis ombros de menino. Apesar do jovem Leão ser ainda uma criança era dotado de uma estratégia impressionante, de uma força de luta incrível e de uma coragem que supera a de muitos homens adultos. O seu nobre e puro coração está inteiramente preenchido por bons princípios, bondade, valentia, companheirismo, lealdade e amizade, como ele se sentia agradecido por seu pai lhe ter incutido todas aquelas leis de vida.

De súbito, Régulos foi arrancado dos seus profundos pensamentos por passos que despertaram a sua atenção. Passos pesados e determinados ecoavam por toda a arena, finalmente o Leão iria provar o seu verdadeiro valor, finalmente o Leão libertaria todo o seu poder, finalmente o Leão brilharia em toda a sua dimensão.

– Onde está o meu adversário? Parece que se esqueceram de guarnecer as arenas de treino que idiotas! – Uma voz muito grossa encheu a calmaria da noite. – Bem assim tenho a minha tarefa facilitada, só me resta agradecer quando estiver na presença de Atena.

O recém-chegado começou a caminhar até à saída que se localizava no lado oposto, nunca se apercebendo da camuflada presença do jovem Leão Dourado.

– Onde pensas que vais? – Perguntou Régulos barrando a passagem do homem. Apesar de ter a possibilidade de o atacar pelas costas e terminar ali a batalha os seus valores impediam-no de tal ação, o seu pai nunca o iria perdoar. – Sinceramente nunca pensaste que seria assim tão fácil, pois não?

– Quem és tu garoto? Este lugar é demasiado perigoso para uma criança brincar! – O homem mirava o menino com desprezo.

– Onde está a criança? – Brincou Régulos olhando em volta fingindo não compreender.

– A criança és tu, seu pirralho inconveniente e estúpido.

– Certo, então não terás qualquer tipo de problema em enfrentar-me? – O dourado falava descontraidamente, seguro das suas capacidades de combate.

– Uma criança sem qualquer tipo de poder não é oponente para o grandioso Gladiador Brutos seria um ultraje lutar contigo pirralho! – Finalmente a identidade daquele homem fora revelada.

– Se estás tão convicto do que dizes vem, ataca-me. Ou espera! Talvez estejas com medo! – Provocou.

– Vou ensinar-te a não te meteres com os adultos, garoto miserável! – Gritou o Gladiador elevando o seu tremendo cosmo repleto de raiva e ódio.

– Vem! – Desafiou arrogantemente Régulos. – Estou pronto!

– Vais-te arrepender! Dá as boas-vindas à tua morte! – Porém, algo desviou as atenções de Brutos.

Um brilhante raio proveniente da lua incidiu sobre a reluzente armadura de Leão que repousava serenamente junto do seu cavaleiro. Brutos estava indignado com o que os seus olhos observavam, afinal aquele miúdo era um dos elementos que constituía a poderosa elite de Atena, aquele miúdo era um cavaleiro de Ouro! Não, não podia ser verdade, como um garoto tão jovem podia ser um dos “ homens” mais poderosos do mundo?

– Onde roubaste essa armadura? – Vociferou agarrando Régulos por um braço.

– Eu não a roubei, seu burro! Ela é minha! – Afirmou com um sorriso deliciado no rosto bonito.

– Não é verdade! – Gritou atirando o Leão pelos ares. Porém, Régulos levantou-se facilmente.

A reluzente armadura separou-se, colocando-se orgulhosamente no corpo da sua estrela. O duro rosto de Brutos desfigurou-se no misto de surpresa e de raiva.

– Então agora já estou à tua altura GRANDIOSO GLADIADOR! – Gozou Régulos caminhando em direção ao seu adversário.

– Essa inútil armadura nada muda! Não deixas de ser uma criança imprestável!

– Então tenho que te fazer mudar de ideias com a ajuda da minha luz! – O leão elevou o seu brilhante cosmo. – Relâmpago de plasma!

Vários ataques que faziam lembrar relâmpagos devido à sua intensa luminosidade foram disparados pelo jovem Leão, porém apenas uma pequena fração assertou no alvo pretendido, Brutos defendeu-se com destreza.

– É isto que o santuário tem para oferecer? Uma criança fingindo ser um cavaleiro de ouro! Que graça! – Brutos ria cruelmente de satisfação.

– Não penses que as tuas provocações baratas me afetam. Estás muito enganado. – Apesar de Régulos aparentar estar calmo o seu sangue fervia incontrolavelmente, não suportava ser descredibilizado, não por aquele homem vaidoso e presunçoso.

Na luta corpo a corpo que se seguiu Régulos estava em clara desvantagem, visto que a estatura corporal do Gladiador era muito superior à sua. O Leão era magro e pequeno, por outro lado Brutos era alto, entroncado e possuía braços e pernas fortemente armados com poderosos músculos avassaladores. Apesar de todas estas adversidades o jovem dourado tinha algo que corria a seu favor, a sua velocidade impressionante, e ele tirava um precioso proveito dessa habilidade.

– Pára de saltar de um lado para o outro como uma carraça irritante, para eu te dar o golpe final!

– Tenta apanhar-me se fores capaz seu urso gordo e lento! – Zombou Régulos atirando um valente pontapé que derrubou Brutos.

A paciência do Imperador da Justiça estava atingir um nível bastante perigoso, o seu peito arfava de raiva, o seu sangue fervia de ódio e o seu suor cheirava a maldade pérfida. Régulos era um excelente cavaleiro mas será que estaria pronto para o ataque que aí vinha? Será que o seu puro coração se libertaria dos seus valores? Será que o seu psicológico inocente estava pronto para a tortura que vinha a caminho?

– Não me deixas outra escolha, seu maldito inseto! – Brutos estava frustrado porque fora obrigado por uma criança a utilizar um dos seus golpes mais poderosos. – Acho que não vais continuar a rir depois do presente que tenho guardado para ti. Manipulação de Feras!

Com um arrebatador estrondo dois imponentes leões materializaram-se na frente de Régulos. Os rostos dos animais estavam imersos num ódio tremendo, como se estivessem em constante sofrimento.

– Leões! – Exclamou olhando aqueles olhos iguais a fendas que tão bem conhecia. – Serão apenas ilusões provocadas pelo seu cosmo?

O dourado avançou destemidamente em direção às criaturas, tentando alcançar o seu corpo peludo se ele existisse.

– Achas que eles são apenas ilusões? Vais comprovar com a tua própria vida que são bem verdadeiros, de carne, osso e inutilidade. – Brutos levantou um dos braços disforme. – Está na hora do jantar! Ataquem seus nojentos desprezíveis!

Os leões lançaram-se sobre o Cavaleiro, a sua velocidade era extrema como se não possuíssem corpo, como se fossem leves borboletas que voam ao sabor da brisa madrugadora. Régulos foi atirado ao chão devido ao descomunal peso dos animais, estes precipitaram-se sobre ele furiosamente como se fosse um veado à beira do abismo. Os seus rugidos enchiam o espaço, num grito arrepiante de pânico e dor.

O ataque foi algo tenebroso, os animais mordiam, arranhavam e lançavam Régulos pelos ares, como se um frágil boneco se tratasse. O Leão tinha capacidades suficientes para colocar fim à vida das criaturas, todavia a coragem abandonara-o por completo, ficara imóvel, sofrendo todos aqueles fatais golpes. A alguns metros dali o Gladiador assistia tranquilamente à destruição eminente de Régulos.

– Não posso lutar contra eles! – Murmurava enquanto os leões destruíam o seu corpo já bastante ensanguentado. – Como posso eu lutar contra seres iguais a mim?

Num laivo de desespero o Cavaleiro tentou erguer-se, contudo um dos leões arranhou-lhe o rosto com aquelas garras destrutivas, fazendo tombar de novo. Então aí tudo ficou mais límpido na mente cansada do dourado. Aqueles olhos amendoados nada mais transmitiam a não ser pânico, sofrimento e dor. O coração de Régulos escutou horrorizado o grito de liberdade inscrito nos olhos dos escravos de Brutos.

– Por favor! Parem, eu posso ajudar! Deixem-me ajudar! – Pedia Régulos entre lágrimas de raiva. – Como podes usar estes nobres e puros animais para satisfazeres as tuas maldades absurdas? Como podes? – Berrou o Cavaleiro dirigindo-se ao Gladiador que assistia aquele cenário desolador pacificamente.

– Porque eu posso. Seres mais fracos obedecem à lei do mais forte! – Foi a rancorosa resposta dada pelo Gladiador.

– Ninguém pode ser assim tão mau! – Pensou o jovem Leão em toda a sua ingenuidade. – Liberta-os ouviste bem! Depois resolveremos as coisas entre nós! – Ripostou enquanto era mordido incessantemente. O sangue manchava o chão de vermelho brilhante parecendo uma bizarra e arrepiante pintura pré-histórica.

– Não, é muito mais divertido assistir aqui sossegado à tua derrota criança! – Brutos riu-se contaminando a noite com a sua maldade desmedida.

– Seu cobarde! – Gritou Régulos sofrendo mais um penoso ataque que lhe fez um profundo golpe no pescoço. – Não, isto não! – Um tremor de pânico e receio percorreu o seu ferido e sangrento corpo quando se apercebeu que o último golpe sangrava sem parar. – Se continuar assim vou morrer sem dúvida alguma. – Constatou horrorizado. – Atena, tio Sísifo, Aldebaran, Paaaiiii! – Pensava enquanto sentia os dentes e as garras dos manipulados leões roubarem-lhe a vida.

Enquanto Régulos caía pelo abismo escuro e pútrido da morte, um aconchegante, carinhoso e quente abraço respondeu ao seu desesperante chamado. Quem libertará o jovem Leão da maldade da Morte?


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