A Guerra Greco-Romana escrita por Maresia


Capítulo 18
Capitulo 17 - Herói




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A noite desfilava arrogantemente como uma dama exibindo um elegante e comprido vestido negro, espalhando mistério e obscuridade por onde passava. A lua lançava na terra beijos húmidos e carinhosos de orvalho, gotas de esperança e coragem. A madrugada renascia timidamente pintando o universo de um verde primaveril e fresco. No horizonte misterioso e belo avistavam-se as doze casas zodiacais, símbolo de paz e amor na Terra. Atena estava receosa no seu templo acompanhada de Shion, de cabeça baixa e pensativo, e de Sage que olhava atentamente os sinais dos cosmos dos outros habitantes do santuário. Alguns Cavaleiros ainda aguardavam ansiosamente o que o destino lhes reservava. Outros tentavam corajosamente recuperar das suas duras e cruéis batalhas.

Nas arenas de treino Régulos ainda lutava contra o seu maldoso inimigo, mas a sua batalha mais complicada era contra si próprio, contra o seu puro e nobre coração. O dourado caía e caía pelo abismo escuro e frio da perdição.

– Régulos então, onde foi a tua valiosa coragem? Vamos acorda a vida ainda não terminou! – Uma voz suave e transparente ressuou no espaço vinda das profundezas da natureza. Uma voz muito familiar e querida ao pequeno Leão.

– Esta voz que me chama. Eu conheço. – Murmurou o menino com dificuldade.

– Vamos Régulos, os nossos companheiros precisam de ti. Abre os olhos! – Insistiu a misteriosa e tranquila voz.

– Eu não consigo, perdoem-me! – Balbuciou o Cavaleiro entregando-se à escuridão.

– Vou contar-te uma pequena história: As formigas são pequenas e frágeis, são dos seres mais minúsculos que existe no imenso universo, porém não desistem de cumprir com os seus deveres e objetivos, trabalhando sempre em equipa. Porque é que tu, um menino forte vai virar as costas à luta? Qual é a diferença entre um cavaleiro e uma formiga? – O homem falava sabiamente como se o seu conhecimento fosse pleno e infindável, como se a natureza estivesse dentro do seu espírito.

– Pai! - Régulos finalmente despertava ao ouvir as doces, sábias e amistosas palavras de seu querido pai, Ílias de Leão.

Brutos estava convencido da sua vitória, assistia sadicamente à derrota psicológica do Dourado. Porém, a sua ambição e superioridade fê-lo cair num grande engano.

– Meu filho ainda bem que retornaste ao mundo da luz, ao mundo onde pertences.

– Pai ainda bem que estás aqui ao meu lado. – A emoção toldava a voz ternurenta e infantil do Leãozinho.

– Eu sempre estive ao teu lado, só tens que acreditar que aqui estou. – Ílias acariciava com a sua mão sábia o cabelo desalinhado de seu querido filho.

Ao notar a agitação de Régulos o gladiador mirou-o com atenção.

– Com quem estás tu a falar enlouqueceste foi miúdo desprezível? – O escarnio desfigurava-lhe as feições duras.

– Ele não te pode ver, pai? – Perguntou Régulos confuso fitando Ílias.

– Não, porque eu estou dentro do teu coração. – Ao ouvir seu pai prenunciar estas calorosas e carinhosas palavras, apertou com força o seu peito dorido, como quem tenta guardá-lo ali para sempre.

– Pai como eu venço os leões? Eu não quero matá-los, não quero! – Perguntou o Cavaleiro exaltando toda a sua dignidade e honra.

– O que pertence à mãe Natureza, deve permanecer lá! – Foi a resposta dada pelo velho Leão.

Brutos estava demasiado curioso sobre o comportamento duvidoso de Régulos aproximou-se em largas e determinadas passadas.

– Com quem estás tu a falar, seu verme? – Questionou. – Não penses que podes pedir ajuda aos outros inúteis cavaleiros, eles não te ouvem, seu fraco! – Brutos deu um valente pontapé, contudo este foi defendido por uma poderosa e pura parede de cosmo. – De quem é este grandioso cosmo? – A confusão estava patente no rosto do inimigo. – Que raios tu escondes?

– Por favor pai, eu não compreendo, diz-me como liberto os leões? – Perguntou Régulos urgentemente.

– Usa os olhos com os quais foste abençoado, eles te darão a resposta. Apura os teus sentidos filho!

Régulos esforçou-se por ver mais do que os seus olhos lhe mostravam, mas nada de novo apareceu.

– Mostrem-me! Preciso de ver! Mostrem-me! – Pedia com todas as suas forças.

– A leveza do espírito é a chave filho! – Murmurou ternamente Ílias encorajando o seu amado rebento.

Finalmente, a tão precisa e desejada resposta veio ao seu encontro, transpassando-o como uma quente lança de luz.

–Sim, eu vejo! – Gritou o Dourado, pondo-se rapidamente de pé. – Eu vejo pai.

– A natureza sempre auxilia aqueles que dela necessitam. – Ílias sorria carinhosamente.

– São aquelas finas e cruéis cordas que prendem os leões ao coração de Brutos. – Concluiu, apontando para as duas criaturas imóveis, olhando Régulos, e curiosamente o seu pai.

– Sabes o que tens a fazer filho! – Incentivou.

– Sim! A nossa luz brilhará na escuridão mais uma vez. – Não um grito, mas dois gritos ecoaram fortemente na noite. – Relâmpago de Plasma! – Duas luzes iluminaram as penetrantes e teimosas trevas, destruindo as cordas indignas do destino.

– Finalmente estão livres! Vão embora depressa. – Disse Régulos acariciando o felpudo e fofo pelo dos dois leões.

Os animais fitavam pai e filho com aqueles olhos lindos e amendoados, carentes de amor e ternura.

– Eles vêm-te? – Perguntou Régulos.

– Todos os elementos naturais funcionam como um. Algures no futuro compreenderás. – Por agora aquela resposta bastava para satisfazer o jovem Leão que ainda tinha tanto para aprender sobre a vida.

Aos poucos a figura imponente de Ílias de Leão junto com as duas doces feras desvaneciam levadas pela leve brisa que se fazia sentir.

– Onde vais agora pai? Não me deixes sozinho por favor! – As lágrimas cobriram o rosto manchado de sangue de Régulos.

– Encontrar-me-ás nas águas, na areia, nas árvores e nas plantas. Basta procurares filho. - Com esta resposta Ília de Leão desapareceu unindo-se de novo a Mãe Natureza.

O dourado caminhou determinado em direção ao seu oponente. A aparição de seu pai devolvera-lhe as forças, devolvera-lhe a vontade de lutar.

– Pensei que tinhas morrido seu inútil! – Cuspiu Brutos.

– Eu jamais morreria às mãos de alguém odioso como tu, porque eu sou filho de um herói! Ouviste bem filho, de um herói, Ílias de Leão! – Exclamou orgulhosamente o jovem Cavaleiro.

– Hum, um herói! – Respingou o gladiador desprezando as palavras do Leão.

Como terminará o tenebroso combate nas arenas? O que Brutos ainda poderá esconder? A brilhante luz de Régulos mais uma vez cortará a maldade?


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