A Guerra Greco-Romana escrita por Maresia


Capítulo 15
Capitulo 14 - Traição




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O intenso cheiro a sangue voava pelo pesado ar noturno, penetrando bem fundo nas almas dos presentes. Kardia imóvel no chão sangrava incessantemente como a corrente de uma bizarra cascata, tentando resistir o mais possível aos ataques cortantes da loba. O seu corpo estava coberto por arranhões e feridas que quase desfiguravam a sua normal aparência jovial. A alguns metros dali, Dégel afundava-se a olhos vistos no abismo melódico dos lobos encarcerados na gelada prisão branca. Apesar das feridas que possuía não terem a mesma dimensão das do amigo, os seus olhos normalmente brilhantes e vivaços estavam turvos e parados como se aquele uivo infernal lhes roubasse a pouco-e-pouco a luz. O seu corpo estava imerso numa dormência assustadora como se os seus nervos tivessem sido arrancados brutalmente. Os dois gémeos riam a plenos pulmões, como se assistissem triunfantes a um espetáculo de comédia.

Os ataques da mortífera loba sucediam-se uns após os outros, ela não iria parar até existir um pingo de sangue no corpo mutilado do Escorpião Dourado. Os lobos cantavam alegremente a canção da Morte até o Aquário cair na loucura profunda. A esperança fugia horrorizada através do horizonte escuro.

– Não posso desistir! – Murmurou Kardia, quando a loba se preparava para mais uma investida tremenda. – Eu não vou desistir!

– Por mais quanto tempo irei resistir? – Questionava-se Dégel beliscando a cara para evitar cair nas profundezas negras da melodia dos lobos.

O escorpião sentindo o cosmo do amigo desvanecer-se a uma velocidade alucinante, subindo até as estrelas luminosas do céu, aclamou a todas as forças que lhe restavam centrando-as num único dedo.

– Agulha Escarlate! – Gritou, apelando para que o Aquário agarra-se a pouca vitalidade que possuía com unhas e dentes. A agulha envenenada penetrou no ventre da loba. O animal encarou o cavaleiro com um olhar que até parecia ser doce e ternurento antes de ficar inerte morta no chão.

Um urro de raiva invadiu o espaço, os dois gémeos avançavam possessos para o Escorpião.

Num último suspiro de misericórdia o Aquário levantou os seus braços. Um frio congelante encheu o local à medida que um grito determinado invocava: - Execução Aurora! – Este era o golpe mais poderoso e normalmente fatal do cavaleiro do gelo. Os lobos foram dizimados como pequenos insetos insignificantes. Todas as forças abandonaram por completo o corpo de Dégel, este caiu inconsciente no chão.

A deparar-se com aquele cenário, Kardia ignorou os furiosos Criadores correndo até o seu melhor amigo.

_ Dégel! Não são horas de dormir por isso vê lá se acordas. – Kardia batia levemente no rosto pálido do Aquário.

– Kardia, tu tinhas razão, não precisavas de mim para ganhares esta batalha. – Murmurou Dégel ofegante agarrando a mão do amigo.

– Não digas essas coisas, não sejas estúpido! Ouviste bem? – O dourado do Gelo sempre tivera este grande efeito de irritar o escorpião. – Vais desistir agora? Vais esquecer que és um cavaleiro de ouro? Vais ignorar a Deusa que juraste proteger? Vais deitar para o lixo todos os ensinamentos que o teu mestre te incutiu? – O dourado respirou fundo. – Se é isso que pretendes fazer, então não compreendo o que ainda estou aqui a fazer.

– Por favor tenta compreender. – Pediu desesperado o Aquário.

– Pára de te lamentar! Eu estou farto! Ouviste bem? – A paciência do cavaleiro fora até ao limite, deu um valente murro na cara do amigo. – Olha para mim! Vês o meu corpo está coberto de sangue, feridas e arranhões. Achas que é por isso que eu vou virar as costas e deixar o santuário à mercê destes dois vermes? Não é mesmo. Podes chamar-me louco, orgulhoso, impulsivo ou até mesmo estúpido, eu não me importo.

– Kardia! – Murmurou o Aquário

– Onde está a tua honra de Cavaleiro? – Questionou Kardia colérico

– Por mais que me custe admitir tu tens toda a razão existente no universo. Eu não vou desistir. Irei lutar a teu lado como sempre fiz, porque eu sou o Cavaleiro de Ouro de Aquário! – Prenunciando estas palavras Dégel levantou-se decidido. – Kardia obrigado por seres meu amigo! – Estas palavras foram ditas de forma tão pouco audível, apenas Kardia a poucos centímetros dele as conseguira escutar com clareza, porém, nada comentou sabia que o amigo iria ficar embaraçado, era demasiado orgulhoso para lhe dizer na cara o que sentia.

Juntos quebraram a distância que os separava dos gémeos, unidos e prontos para retomar a batalha.

– Que bonita reconciliação! – Zumbou Rémulo

– Se gostam tanto de estar juntos morrerão dessa forma! – Gritou Rómulo.

O combate que se seguiu foi algo impressionante. Murros, pontapés, ondas de energia, agulhas escarlates e blocos de gelo voavam em todas as direcções. Era difícil descrever tal violência destrutiva.

– Cuidado Kardia. Posso jurar que a velocidade deles ultrapassa a própria velocidade da luz! – Avisara Dégel tentando evitar um poderoso golpe desferido por Rémulo, porém, o seu esforço de nada serviu. A potência do golpe era aterradora atirando-o pelos ares.

– Eu já compreendi isso. Agora cuida de ti e deixa-me em paz! – Todavia, o escorpião distraíra-se com a conversa e, um tremendo murro assertou-lhe no rosto arrogante. – Maldito! – Vociferou indignado disparando algumas agulhas envenenadas.

– Cavaleiro a tua inteligência é algo que tenho de louvar, no entanto nem ela te poderá salvar do teu destino. – Afirmou Rómulo espancando dolorosamente o Aquário.

A batalha estava bastante equilibrada, mas a surpreendente velocidade dos gémeos marcava a diferença. Os dois cavaleiros estavam exaustos, contudo, tentavam defender-se com todas as suas forças contra a ofensiva romana.

– Vamos elevar os nossos cosmos até ao infinito! – Exclamou Dégel.

– Só assim venceremos os nossos inimigos! Vamos levar as nossas vidas até ao limite! – Completou o Escorpião.

Dois cosmos gigantescos inundaram a penumbra noturna, como dois grandes meteoritos de energia.

– Gela meu cosmo! – Bramiu Dégel preparando o seu punho. – Pó de Diamante!

– Inflama meu cosmo! – Berrou Kardia. – Agulha Escarlate!

Os ataques dos dourados deslizaram orgulhosamente até aos seus oponentes. Os gémeos não conseguirão evitar a sua potência acabando por serem lançados ao ar e caindo ruidosamente no chão.

– Conseguimos Dégel! – Festejou Kardia abraçando o amigo.

– Larga-me Kardia e não cantes já vitória ainda é bastante cedo. – Disse o Aquário de mau-humor libertando-se do escorpião.

O Dourado do Gelo estava certo, os Criadores voltaram a levantar-se para horror dos dois protetores de Atena.

– Desde o nosso nascimento que eu e Rémulo fomos abençoados com um poderoso sangue divino. – Rómulo caminhava lentamente enquanto falava. – Ao longo do tempo tenho tomado consciência que essa bênção enfraquece drasticamente quando é partilhada por dois portadores.

– Mas que diabos temos nós a ver com isso? – Interrompeu Kardia impaciente, todavia o gémeo que discursava ignorou-o prosseguindo a sua explicação.

– Se um único portador adquirir este sangue sagrado ganha capacidades que supera qualquer homem que anda sobre a terra. Capacidades que nem eu próprio consigo imaginar nem descrever. – Rómulo esquivara-se, ficando nas costas desprotegidas de seu irmão. – Porém, existe certamente um preço a pagar e eu estou disposto a fazer esse sacrifício.

Kardia e Dégel tinham a perplexidade e o espanto desenhados nos rostos. Não queriam acreditar no que os seus olhos vislumbravam. Nas mãos de Rómulo brotavam horrorosas garras afiadas, fazendo lembrar um perigoso lobo.

– Até sempre irmão! – Despediu-se – Garras da criação! – Um grito arrepiante irrompeu a noite, enquanto as garras de Rómulo perfuravam, arrancavam e mutilavam as costas de Rémulo.

– Irmão! – Latiu Rémulo caindo por terra.

– Como te atreves! Ele era teu irmão seu nojento verme rastejante sem escrúpulos! – A temperatura do corpo de Kardia alterara-se drasticamente devido à raiva que provinha do seu interior. – Apesar de ele ser nosso inimigo não merecia morrer desta forma. Vou ensinar-te o verdadeiro valor da vida humana!

A noite assumira um tom carmesim. Como terminará este combate sangrento e traiçoeiro?


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