Beijo Escarlate escrita por Lailla


Capítulo 6
Surpresa




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Quando acordei, vi o café da manhã como sempre e sorri, sentando e pegando a bandeja para comer. Quando terminei, me sentei e fitei de relance a janela, vendo o sol brilhar levemente. Abri um sorriso e corri até ela, vendo a paisagem. Dei um sorriso largo, estava nevando! Fui feliz para a aula com Toshi e ele me ensinou sobre o ritual de transformação.

Shu e eu nos casaríamos em breve e três dias depois da noite de núpcias, seria feita outro tipo de cerimônia. A primeira, o casamento, que era os laços que faríamos e prometeríamos um ao outro. A segunda, o ritual de transformação, que seria algo parecido. Colocariam um laço vermelho em volta de nós dois enquanto estivéssemos no altar, assim como no casamento. Shu cortaria a mão e deixaria o sangue escorrer numa taça dourada. Pegaríamos nas mãos um do outro e Shu me morderia, me dando a taça para eu beber o sangue. Depois de beber, ele me seguraria quando eu desmaiasse. Não demoraria muitos minutos e eu acordaria como vampira em cima de uma cama de pedra, que estaria no altar.

– Eu vou desmaiar?! – Exclamei assustada.

– Uhm... Hai. – Toshi disse espantado pela minha reação – Mas não vai demorar para você acordar. – Ele deixou uma risada escapar.

Abaixei o olhar e suspirei.

– Ne. – Eu o olhei – Por que depois da noite de núpcias?

– Uhm... Bem, ninguém sabe ao certo. – Ele disse pensando – O primeiro rei fez dessa maneira e se tornou a tradição.

– Hum... – Suspirei.

Tudo isso só por causa do primeiro rei que quis se casar com a filha do líder da vila humana! Pessoas são retardadas!

– Mas e se... – Queria perguntar.

– O que?

– Se eu engravidar.

– Ah, não vai. – Ele sorriu.

O olhei confusa e ele pensou.

– Hum, bem... Vampiros e Humanos são como espécies distintas, bem diferentes por assim dizer. Já escutei casos de alguns vampiros que não queriam transformar as mulheres que amavam e vice-versa. Eles se casavam e mantinham relações, mas nunca ouvi um caso em especial que falasse sobre um híbrido.

– Ah...

Que estranho...

...

Depois do almoço, tomei banho e voltei para o quarto. Fechei a porta e vi Shu olhando pela janela.

– Não! – Exclamei, correndo na direção dele.

O empurrei para o lado, pondo-o na sombra.

– O que está fazendo?! – Exclamei com a mão no peito dele – Você pode se queimar!

Ele me olhava surpreso.

– Está louco?! – Perguntava.

Ele acalmou o olhar e segurou meus braços, me empurrando para trás e andando junto comigo.

– Não...! – Tentei detê-lo.

– É inverno. – Ele disse calmamente.

– Hum?

– O céu fica nublado e as nuvens tampam o sol.

O olhei, surpresa.

– Ah... – Abaixei o olhar.

Ele abaixou as mãos e foi até meu armário, pegando um cachecol. Pôs em volta do meu pescoço e pegou na minha mão.

– Vamos.

– Uh?

Ele me puxou e fui com ele, saindo do quarto. Percebi que ele também estava de cachecol. Andamos por quase todo o castelo para sair dele. Shu segurava minha mão o tempo todo, o que me deixou um pouco envergonhada. Passamos por casas, que naquele momento percebi como eram maravilhosas. Várias pessoas nos olhavam, me vendo com ele. Homens, mulheres e crianças. Entramos em uma pequena rua com arcos de madeira e trepadeiras entrelaçadas neles, era iluminada por tochas e deveria ser linda na primavera já que tem várias plantas. No fim da pequena rua, havia uma porta grande que estava aberta. Ouvi risadas de crianças. Quando entrei eu fiquei maravilhada, era como uma floresta. Estava coberto de neve e as árvores não tinham folhas, mas era lindo! Havia famílias, casais e crianças caminhando lá. Shu me olhou e começou a andar, vendo que eu estava paralisada.

– Sugoii... – Sorri feliz.

Ele me fitou em dúvida e me viu olhando para o chão enquanto eu andava. Eu realmente amava a neve, mas estava me comportando como uma criança que a via pela primeira vez!

– Shu-sama!

Ele se virou e vimos um casal de crianças sorridentes vindo em nossa direção. Ele soltou minha mão por um momento e agachou no chão, apoiando um dos joelhos.

– Kon’nichiwa. – Ele sorriu levemente.

O olhei surpresa, foi a primeira vez que o vi sorrir.

– Ne, ne, Shu-sama? – A menina disse – Essa que vai ser a princesa? – Ela sorriu.

– Hai. – Ele disse com o mesmo sorriso.

– Kawaii! – Ela exclamou de uma forma fofa.

Sorri pelo sorriso dela.

– O nome dela Megumi. – Shu disse.

– Kawaii. – Ela sorriu mais – Ne, nee-san? Como é o sol?

– Uhm... – Gaguejei – Anou... – Agachei, me ajoelhando ao lado de Shu – Ele é como uma tocha, mas bem brilhante e pode iluminar tudo que tocar. – Sorri.

– Sugoii! – Ela exclamou.

Sorri mais, Shu me fitou e parecia contente. Olhei para o lado e exclamei em dúvida ao ver o menino inclinado em minha direção, respirando fundo.

– Uhm...

– O seu cheiro é bom, nee-san. – Ele sorriu se endireitando.

Corei. Shu abaixou a cabeça e deixou escapar uma risada.

– Goro-kun! – A menina o reprovou.

– Que foi? Mas é! – Ele exclamou em dúvida.

– Ela é a amada do Shu-sama, baka! – A menina exclamou com as mãos na cintura.

“Amada?”, pensei em dúvida corando levemente.

– Mine! Goro! – Uma mulher loira os chamou gentilmente – Vamos!

– Hai! – Eles exclamaram em coro – Ja ne, Shu-sama e nee-san. – Eles disseram e saíram correndo.

Shu levantou, o que me fez fazer o mesmo. Ele pegou minha mão de novo e começamos a caminhar. Os casais e famílias que passavam por nós cumprimentavam Shu e a mim. Ele fazia o mesmo e eu não sabia o que fazer, apenas assentia levemente com a cabeça. Claro que eu não fiquei surpresa por ele cumprimentar tanta gente, ele era o príncipe! Nos afastamos um pouco de todos e sentamos em um banco de pedra. Ele olhava para o céu e eu o olhava. Quando ele me fitou eu desviei o olhar, corando.

– Me desculpe pelas crianças, elas estão na fase que o olfato fica mais apurado.

– Hum. – Assenti – Tudo bem. Achei até graça. – Sorri levemente – Arigatou.

– Hum? – Ele me fitou em dúvida.

– Por me trazer aqui. Eu amo neve. – Deixei escapar um sorriso, sem olhá-lo.

– Hum. – Ele assentiu – Esse lugar fica fechado durante a maior parte do ano. É só no inverno que podemos vir aqui.

– Ah. – Compreendi – Por causa do sol?

– Hai.

– Aqui deve ser lindo na primavera. – Olhei para algumas árvores, imaginando flores nelas.

– Nessa época já está fechado, mas conseguimos ver as flores nos arcos.

– Hum. – Assenti, sorrindo.

– Como é... Lá? – Ele perguntou sem me olhar.

O fitei.

– Nunca foi lá fora? – Perguntei em dúvida.

– Não na vila.

– Hum. – Pensei – Eu gosto da primavera, mas o inverno é minha estação favorita. Na primavera as ruas ficam cheias de flores por causa das árvores. Fica tudo colorido. No inverno é tudo branco e calmo. – Sorri – Minhas irmãs e eu brincávamos na neve jogando bolas de neve uma nas outras. No natal abríamos os presentes juntas e ríamos do que ganhávamos, sempre era o que queríamos. Um vestido novo, um par de sapatos ou um colar de pedrinhas brilhantes que meu pai pegava no rio. – Sorri, me lembrando.

Ele me olhava, esperando que eu dissesse mais.

– Uhm... O que é “Natal”? – Ele perguntou.

O olhei em dúvida e fiquei surpresa.

– Vocês não tem natal?

– Não...

– Hum... – Pensei – É o dia que celebra o nascimento do filho de Deus. Comemoramos e as crianças também ganham presentes. – Sorri – É uma celebração que une várias pessoas.

– Ah... – Ele me olhava.

Deixei escapar um sorriso alegre pra ele. Era a primeira vez que conversávamos tanto.

– Sente falta deles? – Ele perguntou.

O olhei, surpresa.

– Hum, hai. – Assenti.

Ele olhou para frente, parecia pensar. Sorri levemente e olhei para algumas árvores. Shu olhou para um lado e se aproximou de mim. O fitei com o olhar calmo e ele tirou meu cabelo gentilmente da frente do meu pescoço. Se aproximou e beijou meu pescoço, sorri levemente, feliz. Pus gentilmente a mão no braço dele e ele me abraçou, me mordendo. “Baka... Não aguenta nem quinze minutos...”, pensei sorrindo.

...

O jantar foi agradável. Shu participou e mesmo não conversando comigo, eu gostava de tê-lo presente nas refeições. A rainha parecia feliz e Keiji parecia mais sociável e agradável do que antes. Ele não dizia mais bobagens para irritar Shu e também não tentava mais nada comigo. Eu me sentia mais segura pelo menos. Fumiko preparou um banho para mim e eu o tomei, indo para o quarto em seguida. Fitei a janela percebendo que já era noite enquanto pegava minha camisola no armário e Shu entrou no meu quarto de repente, me assustando.

– Etto...!

Ele se aproximou e pegou minhas mãos.

– Ponha luvas e um cachecol.

– Uh? – Não compreendi.

– Rápido. – Ele disse quase cochichando.

O fiz, vendo-o vestido quase da mesma forma. Ele pegou em minha mão, me fazendo segui-lo. Enquanto andávamos pelos corredores sei lá para onde, me perguntava qual era o propósito daquilo.

– Shu, nani...

– Shh... – Ele disse, parando na entrada para outro corredor.

Fiquei quieta, mas em dúvida. Ele espiou a entrada e andou rápido, me fazendo fazer o mesmo. De relance vi uma empregada naquele corredor. O que ele estava fazendo? Se escondendo? Fomos ao que parecia ser o final do corredor e ele olhou para a direção de onde viemos.

– O que vai fazer? – Cochichei.

Ele passou a mão por um quadro grande, e atrás dele parecia ter destravado algo. O abriu como se fosse uma porta e eu vi uma entrada quadrada. Ele me pegou pela cintura e me pôs ali.

– Uhm... O que...

Ele subiu também e fechou a “porta-quadro”. Estava muito escuro, o senti me pegar no colo e começar a andar agachado naquele túnel pequeno. Depois de alguns minutos vi uma iluminação fraca que aos poucos ficava forte. O túnel se abriu e entramos em uma espécie de cômodo pequeno que dava para a entrada de mais um túnel, porém de tamanho normal. Ele pegou uma das tochas que tinha na parede.

– É uma saída de emergência. – Ele disse, me fitando – O segundo rei mandou construir passagens escondidas pelo castelo para que se acontecesse um ataque de outras famílias ou até mesmo dos humanos, pudéssemos fugir.

Compreendi, mas não entendi a razão de estarmos ali. Ele pôs o braço em volta de mim como se me abraçasse e começamos a andar, entrando no túnel.

– Trouxe você escondida porque meu pai não vai gostar nada de eu ter feito isso. – Ele disse enquanto andávamos.

“Mas fazer o que?”, pensei em dúvida.

Depois de alguns minutos, paramos em uma espécie de hall, bem grande. Havia algumas portas, tipos de entradas.

– Essa é para a floresta, essa para o esconderijo subterrâneo, essa sai perto do rio e essa... Sai próxima a vila. – Ele disse indicando as portas da esquerda para a direita.

– Eh? – O olhei – Por que...?

– Vem. – Ele pegou minha mão de novo.

Entramos na última porta e seguimos pelo túnel. Não acreditava que ele estava fazendo isso. Ele estava me levando para a vila? Saímos na floresta, que era ao lado da vila e ele apagou a tocha. Pegou minha mão e andamos pelo vale até eu começar a ver as luzes das tochas da vila. Abri um sorriso e o fitei.

– Shu... Por que está fazendo isso?

– Você disse que estava com saudade deles. – Ele disse – Vou tentar te trazer de novo talvez, mas só podemos ficar uma hora aqui.

– Hai. – Disse com um sorriso, admirada.

Nos aproximamos e fomos para minha casa. Shu olhou para cima e me pegou no colo, corei um pouco. Ele saltou e apoiou a mão no corrimão da varanda. Subiu e ficou em cima do corrimão, entrando na varanda e me pondo no chão. Abri a porta vendo se não tinha ninguém e entramos. Abri um sorriso ao ver minha penteadeira simples e minha caixa de madeira onde eu guardava os colares que meu pai fazia para cada uma. Peguei um e sorri. Shu observava meu quarto, curioso.

– Esse é meu quarto. – Disse.

Ele me olhou, parecia surpreso. Ouvi passos, passando direito da porta do meu quarto e abri um sorriso. Olhei para Shu com um sorriso e ele assentiu. Abri a porta e corri pelo corredor. Desci as escadas e antes de terminar vi Seiko. Terminei de descer e corri em direção a ela.

– Tadaima! – Exclamei cantarolando.

Ela virou surpresa e eu a abracei, fazendo nós duas cair no chão.

– O que?! – Ela suspirou com um sorriso largo.

Seiko? – Tane a chamou do outro cômodo e veio até onde estávamos – Megu! – Ela exclamou e correu até nós, se ajoelhando e me abraçando.

Rimos e nos abraçamos.

– Como você chegou aqui? – Tane sorria.

– Shu me trouxe.

– “Shu”? – Ela perguntou em dúvida e olhou para o topo da escada.

Shu descia os degraus, ele estava de terno, sobretudo e cachecol.

– Uhm... O príncipe! – Elas exclamaram, se levantando e fazendo uma reverência.

Ele pareceu ficar surpreso.

– O que está acontecendo? – Meu pai perguntou, chegando no cômodo – Majestade? – Ele exclamou perplexo, fazendo uma reverência.

– Não precisa... – Shu disse surpreso.

Levantei e abracei meu pai. Ele ficou surpresa, devia estar pensando como chegamos ali.

– Shu me trouxe pra ver vocês! – Sorri o olhando.

Minha mãe ouviu minha voz e chegou no cômodo, ofegante. Correu e me abraçou, chorando. Ela fitou Shu e fez uma reverência, o que o fez ficar sem jeito. Ele me fitou.

– Onde quer que eu fique?

– Uhm... – Pensava.

– Podemos servir algo a você, Majestade? – Minha mãe perguntou.

– Hum... Hai. – Ele disse educadamente.

– Irei pegar algo. – Minha mãe sorriu, devia estar feliz por ele me trazer para visitá-los.

Shu foi com meu pai para outro cômodo e eu subi com as meninas. Fomos para o meu quarto e nos sentamos na cama. Elas estavam eufóricas tanto quanto eu.

– Ne! Como é lá? – Seiko perguntou curiosa.

– É bem luxuoso. – Sorri – Tem uma biblioteca e eu fico lendo a maior parte do dia. Toshi me ensina...

– “Toshi”? – Tane perguntou.

– Hai, meu professor. Ele me ensinou a história deles, etiqueta e sobre a transformação.

– E como vai ser? – Seiko perguntou curiosa.

– Bem, isso eu não posso falar. – Tentei sorrir – É segredo dos vampiros.

– E a rainha? Ela já foi daqui, ne.

– Hai. – Sorri alegre – Ela me trata muito bem e me pôs num quarto que tem uma janela com vista para a vila. O rei parece estar gostando de mim, mas nos reunimos apenas nas refeições.

Elas sorriam.

– Shu me levou na floresta que eles têm...

– Floresta? – Tane perguntou.

– É dentro da montanha, eles só abrem as portas no inverno por causa do sol. Não é tão grande, mas é lindo.

– Sugoii! – Seiko exclamou sorrindo – Mas... Ne, Megu.

– Hum?

– Shu-sama já... Mordeu você? – Ela perguntou torcendo um pouco a expressão. Sabe... Você é humana.

– Uhm... – Deixei escapar um sorriso – Hai.

Elas arregalaram os olhos.

– Mas por que você sorriu? – Tane exclamou perplexa.

– Anou... – Sorri mais – Ele não gostava exatamente de mim antes, mas do nada me mordeu e passou a fazer isso com frequência. Lá isso é algo... Bom. – Torci a expressão, sorrindo.

– Que estranho. – Tane fez cara de tédio.

Ri. Ficamos conversando no quarto e rindo como fazíamos antigamente. Quando deu o horário, Shu entrou no quarto.

– Megu.

O olhei. Tane e Seiko se entreolhavam, abrindo um sorriso.

– Já? – Perguntei com um sorriso leve.

Ele assentiu com a cabeça. Sorri e abracei as meninas. Fomos para a porta da varanda e ele me pegou no colo. Entrou na varanda e pulou o corrimão, aterrissando comigo na neve. As duas deram um sorriso largo pelo que viram e correram para a varanda.

– Ja ne! – Elas cochicharam como se gritassem, se inclinando um pouco.

Shu me pôs no chão e eu acenei para elas, indo embora com ele em seguida. Fomos para a floresta e entramos por onde viemos. Não sabia como, já que estava tudo escuro e não tínhamos uma tocha, mas Shu sabia exatamente por onde estava indo, mesmo eu achando estranho termos virado em um momento. De repente paramos e Shu empurrou uma rocha grande, me deixando passar e fechando a rocha logo depois que passou. Olhei para os lados, estava de noite e um pouco escuro, mas eu vi que estávamos na floresta dentro da montanha.

– Por que viemos pra cá? – Perguntei em dúvida.

Ele se aproximou e pegou em minha mão gentilmente, começando a caminhar comigo.

– Só quis vir aqui. – Ele disse calmamente.

Deixei escapar um sorriso. Ainda não acreditava que Shu fizera aquilo por mim. Acho que aos poucos eu estava me apaixonando por ele. Queria conhecê-lo, saber do que ele gostava e do que não gostava. Conhecê-lo de verdade!

Andamos um pouco, não havia ninguém. Já era bem tarde.

– Você gosta daqui, ne? – Perguntei suavemente.

– Hai. – Ele disse calmamente.

– Shu, você gosta de mim? – Perguntei, abaixando a cabeça.

Eu sei que foi de repente, mas eu queria muito saber se ele sentia o mesmo por mim! Ele não respondeu, apenas parou de andar e se jogou no chão, sentando e me puxando enquanto o fazia. Exclamei pelo susto e acabei sentando entre as pernas dele.

– Nani... – Eu disse sem entender.

Estávamos na pequena floresta, sentados na neve e com poucas árvores em volta naquele local. Seria até romântico se eu não estivesse confusa com tudo que ele fazia. Suspirei e ele me fitou.

– Nani? – Ele perguntou suavemente.

– Eu nunca sei o que você está pensando. – Disse quase resmungando.

Ele abriu um sorriso leve e se aproximou do meu ouvido de repente. Me assustei, pensei que ele fosse morder meu pescoço, mas não fez nada. Apenas sussurrava.

– O seu sangue é doce de tal maneira que até o seu cheiro me descontrola.

– Eh... – O olhei confusa e até corei um pouco – Você quer me morder agora? – Perguntei. Isso seria um elogio vindo dele?

Ele deixou escapar uma risada. Foi a primeira vez que o vi assim.

– Seria bom. – Ele deixou escapar.

– Por que me mordeu naquela vez? – Perguntei, franzindo a testa confusa – Na primeira vez.

– Porque você me atraiu.

O olhei, surpresa e sorri gentilmente. Olhei para o céu e vi as estrelas cintilando. Estiquei o braço para cima e abri a mão na frente de onde estava vendo. Shu me olhava sem parar e olhou para minha mão. Eu mexia minha mão um pouco, dobrando levemente os dedos em cima das estrelas.

– O que está fazendo? – Ele perguntou sem entender.

Deixei uma risada escapar.

– É como se eu estivesse tocando o céu. – Sorri continuando a fazer aquilo.

Ele me olhou e depois fitou minha mão. Eu continuava e naquele momento fiz um gesto como se estivesse acariciando a lua. Ele esticou o braço e abriu a mão em direção ao céu. Olhei para sua mão e sorri, admirada. Ele aproximou a mão da minha e a pegou gentilmente. Abaixou nossos braços e me olhou. Aquele olhar, aqueles olhos azuis da cor do céu pareciam tão gentis. Eu estava admirada, ele pôs uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e aproximou o rosto. Eu o olhava, extasiada. Senti seus lábios tocarem os meus enquanto ele ainda me olhava. Fechei os olhos, corando levemente. Ele também fechou os dele e continuou a me beijar gentilmente.

“Shu... Eu te amo...”, pensei.


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