Beijo Escarlate escrita por Lailla


Capítulo 7
“Aos poucos... Megu.”




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Todos os dias eu ficava na biblioteca, lia a metade de um livro e às vezes até o final. Havia algumas histórias interessantes além da história dos vampiros. Naquela manhã eu estava tão entretida que não percebi Shu me fitando de trás de uma das estantes. Depois do banho eu fui para o meu quarto, comecei a sentir saudade da minha família de novo, ansiava pela próxima visita. Vi a porta de abrir e Shu entrar. Abri um sorriso.

– Shu! – Corri até ele e o abracei.

Ele pareceu surpreso. O soltei e peguei em sua mão, indo para a cama e sentando. Era estranho eu gostar que ele me mordesse, mas se fosse para ele gostar de mim mesmo que aos poucos, eu faria com prazer. Tirei meu cabelo da frente e ele segurou meus ombros, me beijando de repente. Arregalei levemente os olhos e os fechei lentamente, apreciando o beijo. Ele cessou e eu deixei escapar um suspiro.

– Shu... Nani...?

Ele chegou perto do meu pescoço e o mordeu gentilmente. Apertei a manga de seu terno e suspirei. Ele apertou levemente meus braços enquanto bebia meu sangue. Parou e passou a língua gentilmente pelas marcas, o que me fez apertar os olhos e ficar um pouco corada. Cessou e se endireitou, me olhando. Abaixei o olhar, extasiada.

– Posso fazer uma pergunta?

– Hum. – Ele assentiu, abaixando os braços.

– Você... Me odeia? Ou... Me odiou alguma vez?

Ele me olhava calmamente. Eu queria conseguir desvendar o que ele pensava apenas vendo seus olhos. Mantive o olhar baixo, esperando a resposta.

– Minha mãe sempre dizia pra mim que mesmo obrigada, ela se casar com meu pai foi a melhor coisa que aconteceu pra ela. – Ele dizia com aquela voz calma – Eu sempre odiei o fato que me casaria obrigado. Nunca pensei em casar, exatamente. Eu sabia que teria de ter filhos, mas a palavra em si nunca me passou pela cabeça e menos ainda com quem eu casaria.

Eu prestava atenção. Queria aproveitar o momento que ele conversava comigo. Guardar cada palavra, cada movimento de seus lábios em minha direção.

– Eu não sou tão amigável com mulheres, esse fato me ajudou a não me apaixonar, mas... Eu fico bastante no quarto... Biblioteca e escondido na área de inverno quando está nevando. Não queria que ninguém se aproximasse de mim... Não queria me apaixonar por alguém que nunca teria.

“Ele fez o mesmo que eu...”, pensei.

– Pensei que o líder da vila tinha apenas uma filha, mas depois descobri que eram três. Fiquei irritado por eu ter que escolher. Na verdade eu não queria nenhuma de vocês. – Ele disse.

Abaixei o olhar.

– Mas... – Ele continuou – Eu vi você de relance...

O olhei, surpresa.

– Normalmente nós que hipnotizamos os humanos pra conseguir atraí-los, mas quando eu vi você... – Ele suspirou – Você é tão bonita... Nunca imaginei que uma humana pudesse ser tão linda assim.

Corei levemente.

– E eu fiquei com raiva disso. – Ele franziu a testa – Eu te odiei mesmo, quis te magoar... Mas o seu cheiro me embriagava.

– Gomen... – Abaixei meu olhar, corada.

– Hum. – Ele balançou a cabeça, acariciando meu rosto – Você é considerada a pretendente perfeita. – Ele sorriu levemente – E eu tinha medo.

– Uh? – O olhei sem entender.

– Alguns ainda caçam. E eu pensei que você fosse me odiar... Ou ter medo de mim.

– Não... – Sorri levemente – Eu tinha medo de casar com alguém que não gostasse de mim. Tinha medo de ficar sozinha.

Ele me olhou, parecia surpreso.

– Você já mordeu... Outra? – Perguntei sem jeito.

– Não uma vampira, mas não uma humana daqui. – Ele disse calmamente – E não como eu mordo você.

– Hum? – O fitei em dúvida.

Ele estava com o olhar baixo, mas calmo como sempre.

– Já bebi sangue humano algumas vezes, mas com você é diferente. – Ele disse – É... Algo mais íntimo.

Corei o olhando. “O beijo escarlate, ne?”, pensei. Ele ajeitou o cabelo, parecia ter vergonha.

– Por isso que fiquei com raiva do Keiji.

Arregalei levemente os olhos, surpresa.

– Ele sabe o que eu penso sobre isso. Fez isso tanto pra me irritar como porque você...

– Nani?

– Seu sangue deve ter atraído ele também.

Abaixei o olhar, compreendendo.

– Ne? – Perguntei.

Ele me fitou.

– Keiji-san vai ter que escolher uma das minhas irmãs?

– Provavelmente.

Não soube mais o que dizer. Uma delas também viria pra cá. Ele se calou por uns instantes.

– Shu... – Chamei sua atenção – Você ainda acha que eu só vou ser alguém... Pra você ter filhos?

– Não. – Ele abaixou o olhar.

O olhei surpresa. Não sei o que deu em mim, mas me aproximei dele e pus as mãos gentilmente em sua nuca. Ele me olhou sem expressão, mas ao mesmo tempo com calma. Corei um pouco e o beijei gentilmente. Ele fechou os olhos calmamente e pôs os braços ao meu redor. Cessou suspirando e beijou meu pescoço, apertando um pouco minhas costas com a mão. Apoiou a testa no meu ombro e respirou fundo.

– Não faz mais isso. – Ele disse com um tom ainda mais calmo.

– Por quê? – Perguntei suavemente.

Ele correu as mãos e as subiu até meus ombros.

– Não sei se vou conseguir me controlar... – Ele disse.

– Ah... Como? – Corei.

Ele se endireitou e passou levemente a mão pelo cabelo, parecia pensar.

– Boa noite. – Ele beijou minha testa.

Fiquei surpresa e apenas o vi sair do meu quarto, fechando a porta em seguida. Acalmei o olhar e sorri levemente mesmo com aquela dúvida. Shu não me odiava mais... Naquela noite eu dormi tão bem, a primeira vez depois de muito tempo. Despertei lenta e suavemente e vi Shu acariciando meu cabelo, tirando-o da frente do meu rosto.

– Shu? – Apoiei o cotovelo.

Não percebi, mas o ombro da minha camisola estava baixo. Ele estava sentado ao meu lado ainda mexendo no meu cabelo, correu a mão para o meu ombro e endireitou minha camisola.

– O que está fazendo? – Perguntei suave.

– Te vendo dormir. – Ele sorriu levemente.

– Eh? Você não dorme? – Perguntei em dúvida.

– Raramente.

– Por quê?

– Normalmente a maioria dorme durante o dia, mas eu fico fazendo outras coisas. Lendo ou pensando.

– Ah... – Disse – Você me vê dormindo... Frequentemente?

– Mais ou menos. – Ele desviou o olhar.

Corei.

– Desde quando?

– Antes de te morder.

Fiquei surpresa. Então os olhos vermelhos que eu vi daquela vez foram os dele! Fiquei até um pouco aliviada. Acalmei o olhar.

– Dorme aqui. – Pedi.

– Não posso.

– Por quê?

– Não podemos dormir juntos até o casamento. – Ele disse com calma – Mesmo que seja apenas para dormir.

Abaixei o olhar e me deitei de novo.

– Shu... Você um dia vai me amar? – Perguntei com os olhos meio abertos.

Ele me olhou sem expressão. Se inclinou apoiando a mão e me beijou. Pus a mão em seu ombro, apreciando o beijo. Ele cessou e se aproximou do meu ouvido.

– Aos poucos... – Ele sussurrava – Acho que amo você... Megu.


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Notas finais do capítulo

xD



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