Beijo Escarlate escrita por Lailla


Capítulo 28
Parabéns, Haru




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/639501/chapter/28

Eu estava com Yuuro perto do rio. O inverno estava acabando e a neve derretia aos poucos. Ele estava sentado e escorava as costas na árvore enquanto eu estava sentada bem perto dele, bebendo seu sangue. Eu apertava sua roupa e ele meu ombro enquanto estava com o outro braço em volta da minha cintura. Sua respiração estava ofegante e eu me aproximei mais, ficando mais contra seu corpo. Cessei percebendo que se continuasse ele desmaiaria.

– Gomen. – Tampei a boca.

– Nande? – Ele perguntou ofegante.

– Bebi muito.

– Hum, daijoubu. – Ele sorriu – Por que você sempre faz isso?

– Nani?

– Esconde a boca quando acaba.

– Hum. – Abaixei o olhar e fiquei de costas para ele para limpar os lábios – Você não acha isso repulsivo?

– Beber sangue?

– Hai.

– Não.

Fiquei surpresa e o olhei, ele sorria gentilmente.

– Nande? – Perguntei.

– Não sei... Apenas sei que é você – Ele sorriu – Você não me dá repulsa.

Corei, abaixando o olhar.

– Ne. – Ele disse, tirando alto debaixo da blusa – Tome.

– Hã? Nani?

Ele me mostrava um pequeno livro com a capa de couro. Tinha uma árvore em relevo na capa, era lindo.

– Uhm...

– Pensei que você poderia dar para o seu irmão. – Ele sorriu – Você tinha comentado ontem que ele queria um livro, ne. Eu gosto desse, é sobre reis.

– Hum, arigatou. – O peguei.

Ele me olhava e coçou o pescoço.

– Ne, quando será o seu baile? – Ele perguntou.

– Hum? Como você...?

– Palpite. – Ele sorriu.

– Na primavera.

Ele deixou uma risada escapar.

– Nani? – Perguntei em dúvida.

– “Haru”. – Ele sorriu – Pensei nisso, mas quis confirmar.

– Hum. – Corei, abaixando o olhar.

– Você também vai dançar com todos os jovens de lá?

– Hum. – Assenti.

– Vai dançar comigo depois?

– H-Hum. – Corei – Vou fugir quando conseguir. – Sorri.

– Hum. – Ele sorriu.

Sentei ao lado dele e Yuuro pôs o braço em volta de mim, mexendo em uma mecha do meu cabelo. Corei levemente e sorri, aquilo era bom.

Depois que voltei para casa, fui até a biblioteca e vi Ichiro. Ele estava com um livro a sua frente e o observava desanimado. Era o que ele normalmente fazia quando terminava de ler um livro e pensava em o que mais ele poderia fazer.

– Presente. – Sorri, esticando a mão e entregando o livro que Yuuro me dera.

Ele me olhou em dúvida e olhou para o livro, vendo que ele era diferente.

– Haru... O que... – Ele pegou e o analisou – Onde o conseguiu?

– Hum, achei. – Sorri, dando uma piscadela.

Ele franziu a testa, desconfiado.

– Bom proveito. – Sorri e me retirei.

Ichiro ficou a observar o livro e viu como ele era distinto. O abriu e começou a ler.

– Não é daqui... – Disse, olhando em seguida para a direção que eu fui – O que você fez dessa vez, baka?

...

A primavera chegou e Hana foi até a vila pegar flores nos arcos que davam para a entrada da pequena floresta da montanha. Voltou para o castelo com um buquê e foi em direção ao seu quarto. Quando chegou no corredor, Daichi virou a esquina e esbarrou sem querer nela, o que a fez derrubar as flores.

– Etto... – Ela disse em dúvida.

– Hum... Gomen. – Ele disse, abaixando para pegar as flores.

Ela abaixou para pegá-las também.

– Daijoubu.

Ele pegava as flores e a fitava uma vez ou outra.

– Estão desabrochando rápido. – Ele comentou.

– Hai. – Ela sorriu – Está tudo colorido lá fora.

– Hum.

Eles levantaram e Daichi deu a ela as flores.

– Arigatou. – Ela disse sem jeito.

– Hana, hum...

– Nani?

– Anou... Posso falar com você um instante? – Ele pediu – Em particular.

– Hum, hai. – Ela disse mesmo sem entender.

Os dois foram para seu quarto e Hana dizia como as flores estavam lindas aquele ano enquanto as colocava num vaso com água e logo depois em sua penteadeira. Daichi a olhava enquanto ela o fazia e começou a sentir algo como se cortasse sua garganta. Ele engoliu a seco, seus olhos ficaram vermelhos. “Não... Agora não...”, pedia em pensamento e tampou os olhos com a mão.

– Ne, Daichi-kun? Hum? – Hana o olhou em dúvida.

Ela se aproximou dele, que estava escorado na porta.

– Daichi-kun, daijoubu?

– Hana, eu... Anou... – Ele dizia, tampando os olhos.

– O que houve? – Ela perguntava preocupada – Está doendo?

– Não... – Ele disse nervoso, engolindo a seco.

– Quer que eu faça algo? – Ela perguntava, tentando tirar gentilmente a mão dele da frente do rosto.

– Hana... – Ele gaguejou, pegando em seus ombros – Saia daqui.

– Uhm... N-Nande? – Ela não entendia, tentava se afastar dele.

– Onegai... Eu não devia ter vindo.

Ela arregalou os olhos, ele a olhou e Hana viu seus olhos vermelhos.

– Daichi-kun... – Ela disse surpresa mesmo sem entender.

Ele começou a ofegar e a fez recuar ainda a segurando pelos ombros.

– Daichi-kun...! Etto...! – Ela exclamou ao chegar à cama e ser forçava a deitar.

Hana o olhava em dúvida e surpresa enquanto Daichi a olhava com os olhos vermelhos, ofegante e em cima dela, prendendo-a com as pernas.

– Daichi-kun... Está me assustando. – Ela disse receosa.

– Hana... Gomen. – Ele disse ofegante.

Ela não entendeu, mas Daichi aproximou o rosto e lambeu seu pescoço, o que a fez arregalar os olhos e tentar afastá-lo com as mãos. Ele a segurou e abriu a boca, deixando seus caninos à mostra e a mordendo.

– Daic...! Não! – Ela exclamou, começando a chorar e a se debater.

Ele bebia o sangue dela, segurando-a enquanto ela chorava. Hana parou de se debater vendo que não adiantava e passou a olhar para o teto ao som de fundo do barulho que Daichi fazia enquanto bebia seu sangue. Ela fechou os olhos e começou a chorar em silêncio. Ele acalmou o olhar, soltando-a e apoiando as mãos na cama. Quando cessou, ele respirou ofegante e afastou o rosto. Olhou Hana, que ainda chorava e a viu abrir os olhos cheios de lágrimas em sua direção. Ele arregalou os olhos e saiu de cima da cama.

– G-Gomen... – Ele dizia – Eu não...

Ela cerrou as mãos e sentou, o olhando com o rosto molhado.

– Nande... – Perguntava sem entender e voltou a chorar – Eu nunca fiz nada com você...

Ele arregalou os olhos.

– Eu... – Ele gaguejava – Gomen nasai!

Ela o olhou ainda sem entender e apenas o viu sair de seu quarto. Daichi foi embora e numa parte do corredor escorou as costas e pôs a mão na testa sem acreditar no que fizera.

...

Ichiro estava indo até a sala de papai. Ele o chamou e quando entrou, mamãe estava presente com o olhar cabisbaixo.

– O que houve? – Ichiro perguntou sem entender.

– Preciso conversar com você. – Papai disse.

Ele se aproximou e ficou a frente dele, que estava sentado na cadeira de sua mesa com vários papéis em cima. Ichiro não compreendia e franziu a testa em dúvida.

– Ichiro. – Papai começou – Você conhece bem as regras, não é?

– Hai.

– Você futuramente será o rei e terá de cuidar de todo o reino. – Ele dizia seriamente.

– Hai.

– Então... Você sabe que não pode se envolver amorosamente com Saburo Momoko.

Ichiro arregalou um pouco os olhos, surpreso.

– Ela é apenas minha amiga.

– Não. – Ele disse – Todos viram como você a olhava no baile.

Ichiro franziu levemente o cenho.

– Eu sei sobre minhas obrigações. – Ele disse sério.

– Ótimo. – Papai disse – Porque eu arranjei uma noiva para você.

– N-Nani? – Ichiro arregalou os olhos.

– Shu, onegai... – Mamãe tentou intervir com compaixão em sua voz.

Papai levantou a mão, pedindo-a para parar.

– Ichiro, o nome dela é Kanae. Ela é bonita e gentil, você vai gostar dela.

– Você não pode fazer isso. – Ichiro disse, perplexo – Não pode me obrigar a casar com ela, eu nem a conheço.

– Eu também não conhecia sua mãe, mas hoje a amo. – Papai disse sério – Você também vai amá-la. E vai acompanhá-la no baile de Haru.

Ichiro franziu o cenho com raiva e saiu da sala, indignado. Shu olhou para a direção que ele fora e suspirou, achando que essa escolha seria a melhor a ser feita. Megumi olhou Ichiro ir embora e seus olhos se encheram de lágrimas.

– Shu... Nande?

– As regras são claras, Megu. Ele não pode se envolver com a filha de Kazuo e Mizuna. Estou apenas me precavendo.

– Mas ele gosta de Momoko. – Ela dizia – Por favor, ele é nosso filho. Não o obrigue.

Ele levantou e foi até ela, pegando gentilmente em sua bochecha.

– Fomos obrigados a casar quando nos conhecemos. – Ele dizia gentilmente – Eu me apaixonei por você, tenho certeza que tudo dará certo para ele.

Ela abaixou o olhar, cabisbaixa.

– Foi diferente para nós, não gostávamos de ninguém. – Ela disse suave – E prometemos um ao outro quando ele nasceu que seria diferente, que ele poderia escolher.

– Mas isso não cabe a esse assunto. – Ele a abraçou – Tudo dará certo, Megu.

Ela se encolheu em seus braços.

...

Meu aniversário chegou e foi a pior coisa do mundo pra mim. Tive que dançar com todos os rapazes do reino. Um pesadelo! Meu vestido era num tom azul escuro, deixava minha clavícula à mostra e não tinha mangas. Os babados do meu decote reto eram pretos, assim como os babados da barra da saia. Meu cabelo estava preso em um coque cheio de cachos. Devo admitir que eu estava linda, mas estava triste demais para sorrir no meu baile. Eu estava fazendo 19 anos, todos os jovens queriam dançar comigo e eu percebia como eles eram cavalheiros e bonitos. Porém eu não queria nenhum deles para ser meu noivo.

Hiro me pegou para dançar e enquanto estávamos no centro do salão, eu observava Ichiro. Ele estava ao lado de uma jovem com vestido dourado e um sorriso encantador no rosto. Ela tinha cabelos loiros e um rosto belo, mas ele não sorria. Vi Momoko-chan do outro lado do salão, o fitando. Ela estava com um vestido vermelho que tinha detalhes pretos e o cabelo preso. Simplesmente maravilhosa. Mas ela também não sorria, apenas fitava Ichiro com a expressão chorosa. Eu acalmei meu olhar, ficando ainda mais triste. Papai anunciou ao reino que Ichiro estava noivo daquela jovem, Kanae. Eu achava aquilo tão injusto, pensei realmente que ele ficaria com Momoko-chan. E estava vendo como ela ficara triste com a notícia. Isso não é justo!

Depois de cortarem o bolo, eu desapareci depois de pegar alguns pedaços.

– Onde está Haru? – Papai perguntou.

– Deve ter ido para o quarto. – Mamãe disse – Ela também ficou triste com a notícia do noivado de Ichiro.

– Hum. – Ele abaixou o olhar.

As pessoas conversavam e enquanto isso eu ia para o rio. Yuuro já estava lá e quando cheguei, corri e o abracei quase chorando. Ele não compreendeu.

– Nani? – Perguntou preocupado.

– Ichiro vai casar. – Disse chorosa?

– E por que está triste?

– Porque não vai ser com Momoko-chan. – O olhei com os olhos marejados – Isso não é justo, ele gosta dela.

Yuuro acalmou o olhar e me abraçou, tentando me acalmar. Nos sentados, escorados na árvore e ele ainda me abraçava.

– Gomen ne. – Disse suavemente – Trouxe bolo pra você, não era pra ser assim.

– Hum, daijoubu. – Ele sorriu levemente – Eu não entendo muito disso, mas espero que seu irmão fique bem.

– Hum. – Assenti.

Depois de mais alguns minutos nós comemos o bolo que eu trouxe. Yuuro ficou sentado a minha frente enquanto eu o olhava comer, sorrindo levemente. Ele estava com uma blusa cinza de mangas compridas e uma calça escura, usando botas de caça. Vi meu colar e sorri. Ele percebeu que eu o olhava demais e corou levemente.

– N-Nani?

– Hum, nada. – Desviei o olhar, corando.

Eu começava a pensar que logo depois seria minha vez de escolher um noivo e que talvez nunca mais veria Yuuro. Não conseguiria suportar isso, eu... Gosto dele.

– Haru.

– Hum? – O olhei.

– Parabéns. – Ele sorriu – Você está linda.

– Hum, arigatou. – Sorri, corando levemente.

– Ne, posso te dar meu presente? – Ele perguntou.

– Eh? – O olhei em dúvida – Anou... Não precisava.

– Hum. – Ele balançou a cabeça – Mas eu quero, é especial. – Sorriu.

– Hum... – Abaixei o olhar sem jeito – Hai.

Ele sorriu e se aproximou de mim, ajoelhando a minha frente e pegando minhas mãos. Corei um pouco ao olhar tão perto nos olhos dele.

– Ne, feche os olhos.

– Uhm... Hai. – Disse, fechando-os em seguida.

Houve um silêncio e senti Yuuro bem perto de mim, sentia sua respiração.

– Ne. – Ele dizia gentilmente – Parabéns, Haru.

O senti encostar nos meus lábios e abri os olhos. Os arregalei, percebendo que ele estava me beijando. Corei enquanto ele me beijava e acalmei o olhar, fechando os olhos em seguida. Era quente... Gentil. Ele cessou, me olhando e sorrindo gentilmente.

– Yuuro... – Disse, corada.

– Nani? – Ele sorria.

– Eu... – Corava – Eu gosto de você.

Ele me olhou surpreso e acalmou o olhar, sorrindo em seguida e se aproximando do meu rosto.

– Eu também gosto de você... Muito. – Ele disse, se aproximando mais.

Acalmei o olhar, corando levemente e ele me beijou de novo.

...

Quando eu voltei para casa, percebi que o baile ainda acontecia, mas eu não queria voltar para lá. Fui para o meu quarto e no caminho vi o pai de Mizuna-sama vir na direção oposta. O velho amargo.

– Ah... Haru-hime. – Ele me cumprimentou, fazendo uma reverência – Parabéns pelos 19 anos.

– Hum, arigatou. – Disse.

– Nee, pensei que já estivesse em seu quarto. – Ele comentou sério – A senhorita saiu do salão há algum tempo.

– Hum, hai. – Eu disse – Me senti desconfortável, mas agora irei descansar.

– Hai, hime. – Ele fez uma reverência.

– Boa noite. – Disse, passando por ele.

Quando passei por ele, Saburo-sama se endireitou.

– Espero que o seu amigo humano tenha aproveitado o beijo.

Parei na hora e arregalei os olhos, me virando para ele.

– O que disse? – Perguntei nervosa.

Ele se virou e me olhou com um leve sorriso malicioso. Eu o olhava nervosa, tentando imaginar o que estava se passando naquele momento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eiiiita! Que as tretas comecem! o/ HAHAHA

O vestido de aniversário dela: http://s.tidebuy.com/images/product/10/10417/10417851_1.jpg



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Beijo Escarlate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.