Beijo Escarlate escrita por Lailla


Capítulo 29
Pequena ajuda




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Eu olhava Saburo-sama enquanto ele dava aquele sorriso leve e malicioso em minha direção.

– O que o senhor acabou de dizer? – Perguntei nervosa.

– Você deve saber que como todos nós moramos no reino agora, sabemos sobre as tais passagens secretas para o esconderijo e para outros lugares, hime. – Ele dizia – Eu e todos a conhecem o suficiente para dizer que a senhorita é bem aventureira e curiosa.

Eu suava frio, o que aquele velho faria?

– Ele é... Meu amigo. – Eu disse quase me tremendo.

– Um amigo não beija uma amiga, principalmente quando ela é a princesa da família principal e ainda estava em seu baile para escolher seu futuro noivo.

– Onegai... Não é isso...

– Ah, não? Então o que eu vi? – Ele se perguntava, me olhando – O rapaz com cabelos loiros a beijou mais de uma vez e eu já vi os dois juntos antes. A senhorita bebe o sangue dele.

Arregalei os olhos, minha espinha gelou.

– O... O que o senhor quer?

– Nada. – Ele disse, simplesmente – Apenas pare de vê-lo, se é que a senhorita valoriza sua integridade. Não irá querer que se espalhe o fato de que está se envolvendo amorosamente com um humano, certo? O que dirá seu futuro noivo quando descobrir que não é mais pura?

– Uhm... Nós não... – Eu engolia a seco – Não fizemos nada.

– Mas creio que se isso não parar um dia consumarão. – Ele disse.

– O senhor não sabe o que está falando.

– Kazuhiro Haru. – Ele disse sério – A senhorita não é o tipo de jovem que aprecia a companhia de um homem que não seja seu amigo ou seu irmão. Então como está indo quase todos os dias ver aquele jovem, eu presumo que esteja realmente apaixonada por ele.

Arregalei os olhos.

– Por favor, não seja tola como seu avô. – Ele dizia – Ele confiou nos humanos e olhe qual foi o resultado. Esse jovem irá te trair. Humanos não são como nós, ele se aproveitará de você e depois a matará. – Ele disse em tom calmo.

– Foi diferente, meu avô humano era bom...

– Você é uma tola. – Ele me interrompeu.

– Mas... Por que está fazendo isso? – Eu perguntei em dúvida, não compreendia – Os Saburo são a favor de proteger os humanos.

– Isso foi antes daquela escória dos Akihiko matarem Mai e em seguida os humanos matarem meu povo. – Ele disse sério, irritado – Sabe quantos morreram queimados vivos?!

Eu o encarava. Como aquele homem um dia já foi gentil e amável?

– O senhor sabe que não foi culpa de Arata-sama. – Eu disse – Os pais dele planejaram...

– Ele é uma escória como os pais dele. – Ele disse irritado, me interrompendo – Ouça bem, se não parar de ir no rio eu contarei ao rei.

Arregalei os olhos, abaixando o olhar e cerrando as mãos com raiva. Ele acalmou o olhar e se virou, indo em direção ao salão onde ainda acontecia o baile. Eu fiquei ali parada, mas quando engoli o choro que estava prestes a vir, corri para meu quarto e bati a porta. Ele não podia fazer isso! E meu pai não faria nada de mal a Yuuro! O que há de errado com ele?! Yuuro é bom! Se ele já nos viu, com certeza percebeu isso! Aquele velho amargo, miserável!

...

Eu não suspeitei até Hana me contar, – que prima horrível eu sou – mas quando a vi andar pelos corredores com um olhar triste, vi que tinha algo de errado. Ela estava chorosa e encolhida.

– Hana?

Ela me fitou e eu vi seus olhos marejados.

– Uhm... O que houve? – Me aproximei e peguei em seu ombro.

Ela abaixou o olhar e uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Balançou a cabeça como se não fosse nada.

– Pare com isso, me conte logo. – Me irritei.

Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas e me levou até seu quarto. Eu a encarava sentada em sua cama, ela estava diferente. Estava triste, angustiada.

– Hana.

– Dai...chi...kun. – Ela se pôs a chorar.

– Nani? – Não compreendi – O que houve? Fala de uma vez.

Ela abaixou a cabeça, pondo as mãos em seu rosto para eu não vê-la chorando.

– Daichi-kun...

Eu tentava ouvir, sua voz estava abafada.

– Ele... Me mordeu.

Paralisei naquele momento. Se eu já não fosse pálida, com certeza ficaria por conta disso. Hana chorou por mais alguns momentos e me olhou, fungando.

– Haru...

Despertei e franzi o cenho.

– Por quê?!

– Não sei... – Ela fungava – Pensei que ele estava se sentindo mal, estava tampando os olhos. Perguntei se ele queria que eu fizesse algo e ele me segurou pelos ombros. Pediu pra eu sair dali, mas aí ele me olhou... E ele estava com os olhos vermelhos.

Arregalei os olhos sem saber o que pensar.

– Ele me fez deitar e me prendeu. – Ela continuou – Ele me pediu desculpas antes de fazer e depois... Me mordeu.

Ela abaixou o olhar, voltando a chorar.

– Quando ele terminou, me olhou e parecia que... – Ela pensava sem entender.

– Nani? – Perguntei preocupada.

– Que ele estava arrependido, que não queria ter feito aquilo. – Ela me olhou – Ele pediu desculpas de novo e... Foi embora.

Abaixei o olhar, perplexa. Daichi não conversava com ninguém e não se importava com as pessoas que não fosse de sua família. Mas... Eu já reparara isso. Ele olhava demais Hana, desde quando éramos pequenos. Eu apenas nunca me importei em perguntar sobre isso. Depois que eles se mudaram, quando nós brincávamos de guerra de bola de neve na pequena floresta, ele nunca jogava as bolas de neve em Hana. Parecia que quando ele estava prestes a jogar, mesmo ela estando a sua frente, ele parava e não fazia nada. Ela sorria e jogava nele, saindo correndo. E no baile de Ichiro, ele não parava de olhá-la enquanto ela dançava com outro rapaz. Nunca pensei a respeito disso, mas... Daichi gosta de Hana. Hum... Há muita coisa proibida acontecendo...

– Hana.

Ela me olhou.

– Já falou com ele depois que isso aconteceu?

– Não. – Ela abaixou o olhar.

– Quando você o vir, pergunte por que ele fez aquilo.

– Nande?

– Anou... – Desviei o olhar, coçando a bochecha – Acho que Daichi gosta de você.

Ela arregalou os olhos.

– N-Nani... – Disse surpresa.

– Hai... – Suspirei – Até eu fiquei surpresa.

Hana abaixou o olhar, parecia pensar e ligar todos os pontos aos quais eu liguei anteriormente. Keiji-oji-san não vai gostar nada disso...

...

Ichiro estava com o livro que eu dera a ele na mão, indo em direção à biblioteca. Ele andava com a expressão séria em seu rosto e chegou ao espaço das mesas de madeira, onde Hiroki lia um livro com Akane.

– Etto... – Ichiro disse surpreso.

Os dois o olharam.

– Gomen, não sabia que estavam ocupados. – Ichiro virou o rosto sem jeito.

– Nani? – Hiroki deixou escapar uma risada leve – Estamos apenas lendo um livro.

Akane tampou a boca, deixando uma risada leve escapar.

– Ah... Eu sei. – Ichiro disse – Hiroki, pode me fazer um favor?

– Hai. – Ele disse mesmo sem entender exatamente.

Ichiro pôs o livro em cima da mesa e Hiroki o analisou.

– Pode me dizer de onde isso veio? – Ele perguntou.

– Hum. – Hiroki o pegou e começou a ler algumas páginas, franzindo a testa em dúvida – Onde o conseguiu?

– Haru me deu.

Hiroki suspirou, como se não se surpreendesse.

– Ele não é do reino. – Ele fitou Akane – Akane-san, já viu algum livro desses no seu reino.

– Hum. – Ela o pegou – Não... As capas não eram assim. Praticamente todas eram vermelhas, ou se não, eram com capas duras. E não de couro. – Ela fitou Hiroki.

Ichiro suspirou quase bufando.

– Ichiro, você acha que ela...? – Hiroki ia perguntar nervoso.

– Hai. – Ele o olhou – BakaHaru saiu de novo.

...

Eu estava há dias sem ver Yuuro. Queria muito vê-lo, mas tinha medo do que isso acarretaria. Saburo-sama era realmente amargo e rancoroso. Ele estava com raiva do meu avô e de Arata-sama e não se importava em fazer mal aos outros. Fiquei com raiva dele, mas não tinha coragem de contar a papai o que eu estava fazendo. Ele me proibiria de ver Yuuro de qualquer jeito. Papai arranjou uma noiva para Ichiro! Com certeza faria o mesmo comigo. E eu não quero isso, eu quero Yuuro!

Eu pensava emburrada sobre o que faria, deitada na cama. Alguém bateu na porta.

– Nani? – Disse desanimada.

– Posso entrar? – Ichiro disse.

– Hai. – Eu disse, me sentando em seguida.

Ele abriu a porta e a fechou em seguida, estava sério e eu não sabia a razão.

– Que foi? – Perguntei preocupada.

– Onde você conseguiu aquele livro? – Ele perguntou sério, sentando na cama.

– Uhm... Achei. – Sorri forçadamente.

– Aonde você o encontrou, Haru? – Ele deixou a voz um pouco mais grave, estava realmente sério.

Abaixei meu olhar, engolindo a seco. Ele pareceu compreender.

– Haru, baka! – Ele exclamou irritado – Você foi até a vila dos humanos?!

– Uhm...! Não! – O olhei surpresa – Eu... Anou...

– Me diga a verdade. – Ele franziu ainda mais o cenho.

– Há alguns meses eu reencontrei... Yuuro. – Disse, abaixando o olhar.

– Quem? – Ele não entendeu.

Eu suspirei e contei tudo a ele. Desde quando Yuuro e eu éramos crianças até quando eu o encontrei de novo. Ichiro não tinha reação.

– Você é idiota?! – Ele exclamou – Ele podia ter te matado!

– Mas não fez! – Exclamei séria – Yuuro é bom!

Ele me olhou surpreso.

– E agora Saburo-sama quer estragar tudo!

– Nani?! – Ele exclamou arregalando os olhos – O velho sabe?!

– Hai... – Disse frustrada – Ele nos viu.

Contei o que Saburo-sama disse a mim e Ichiro pareceu ficar com raiva.

– Aquele... – Rangeu os dentes.

O olhei surpresa.

– Nii-san...

– Você não precisa parar de vê-lo.

– Hã?

Ele me olhou e sorriu gentilmente, o que me deixou surpresa.

– Ne. – Ichiro suspirou – Não sei até onde isso vai durar e não sei o que vai acontecer. Mas... Apenas ache outro lugar para se encontrar com ele. Vou tentar distrair Saburo-sama quando você sumir.

Arregalei os olhos, surpresa.

– Nani...

– Haru, eu quero que você seja feliz. Mesmo que por pouco tempo.

Eu olhava para Ichiro, surpresa. Nunca pensei que ele fosse me ajudar, me entender. Não sabia até quando nossos encontros durariam, eu apenas estava feliz por ter a chance de vê-lo novamente e ao mesmo tempo triste de saber que isso não duraria para sempre. Mas... Eu sorri feliz, veria Yuuro de novo.


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