Beijo Escarlate escrita por Lailla


Capítulo 25
Algo começando




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Com o que houve até hoje em relação a nós e os humanos, eu não sabia se criar uma amizade com Yuuro traria algum bem. Ele era humano, me salvou e veio me procurar. Eu nunca pensei que um humano iria escolher salvar alguém que bebia sangue e que só o vira uma vez. Fiquei bem surpresa e admirada. Yuuro era corajoso, além das outras qualidades que eu já vira nele. Bem... Eu andava bastante pela vila, ficava quase o dia todo lá, mas parei de ir, pois agora eu passava quase a noite na floresta, visitando Yuuro.

– Uhm... Haru-hime? – Akane me viu passar por ela apressada.

– Eh? – Parei e a olhei.

– Onde está indo com tanta pressa? – Ela sorriu.

– Ah... – Sorri – Nenhum lugar. – Deixei escapar uma risada – E você?

– Hum, apenas caminhando um pouco.

– Hai. Ne, Hiroki está na biblioteca. – Sorri.

– Uhm... – Ela corou – Hum, não estava procurando por ele. – Ela disse sem jeito.

– Mas sei que gosta de conversar com ele. Ne, ne? – Sorri com as mãos para trás.

– Hum. – Ela corou novamente, desviando o olhar – Arigatou.

Deixei um sorriso e escapar e voltei a andar.

– Hai, ja ne.

– Ja. – Ela disse.

Enquanto eu ia para a floresta, Akane hesitou, mas foi para a biblioteca. Passou pelas estantes e caminhou calmamente até chegar na parte das mesas de madeira, vendo Hiroki de costas, estudando. Ela sorriu gentilmente, ele sempre estava estudando. Se aproximou e olhou por cima de seu ombro, vendo que havia um livro aberto e papéis ao lado. Hiroki lia o livro e anotava nos papéis.

– Acho que nunca vou te ver não estudando. – Ela brincou em tom suave.

– Etto...! – Ele se assustou e se virou.

Ela recuou um pouco com o susto também e deixou escapar uma risada leve, tampando a boca com a mão.

– Gomen. – Disse com a mão na altura do peito.

– Hum... Hai. – Ele disse sem jeito.

– O que está lendo? – Ela perguntou interessada.

– Ah... História dos humanos. – Ele disse sem jeito.

Sempre quando Akane o abordava ele ficava sem jeito. Preferia planejar o que diria para conversar com ela, mas quando ela o fazia, ele não sabia o que dizer exatamente.

– Parece interessante, posso me sentar? – Ela sorriu.

– Hum, não... – Ele engoliu a seco.

– Ah... Gomen. – Ela abaixou o olhar – Acho que o atrapalhei. Ja ne.

Akane ia embora, mas Hiroki esfregou o rosto percebendo o que fez. Ele gostava da presença dela, apenas não apreciava não ter nada planejado para dizer a ela.

– Uhm... Akane...hime. – A chamou.

Ela parou e se virou.

– “Hime”? – Perguntou em dúvida – Você nunca me chamou tão formalmente.

– Hum, gomen. Erro meu em tratá-la sem formalidade, você é uma princesa.

– Hiroki... – Ela disse surpresa.

Ele se voltou para frente, achava que tratá-la formalmente faria diminuir o que sentia por ela. Akane abaixou o olhar.

– Gomen... Se eu fiz algo de que não gostou. – Ela disse cabisbaixa.

Ele a fitou, ela saiu andando. Hiroki abaixou o olhar, franzindo o cenho e balançando a cabeça. Ele levantou e foi atrás dela, pegando em sua mão e fazendo-a parar.

– Gomen nasai... Akane-san.

Ela o olhou e ele viu seus olhos marejados.

– Gomen...

– Não... – Ele disse – A culpa foi minha.

– Por que disse aquilo? – Ela perguntou sem entender.

– Gomen... Eu... Não gosto de ser pego de surpresa.

– Nande?

– Eu... Apenas gosto de falar as coisas certas.

– Mas não precisa ser assim comigo. Não ligo se errar algumas palavras. – Ela disse sorrindo levemente.

– Hum. – Ele sorriu – Gomen.

– Hai. – Ela sorriu gentilmente.

– Ne, quer ouvir sobre o que eu estou lendo? – Ele perguntou gentilmente.

– Hum, hai. – Ela disse docemente.

Hiroki a levou até a mesa e eles se sentaram. Ele começou a contar a ela o que estava estudando e ela prestava atenção, interessada e contente enquanto o ouvia. Ela via como ele contava com paixão o que estudava e sorria enquanto Hiroki falava e via o sorriso gentil de Akane.

...

Hiro e Hana andavam pelos corredores e Aiki se aproximou.

– Hana-chan! Onde conseguiu essa flor? – Aiki perguntou animada – É linda!

– Ah... – Ela sorriu – Na vila, nos arcos para a floresta. Algumas estão aparecendo, não sei por quê.

– Sugoii! Eu quero uma, me leva lá?

Naquele momento Daichi veio do lado oposto e fitou Hana, parando em seguida. Hana o viu e desviou o olhar cabisbaixa, imaginando que ele a ignoraria como sempre.

– Hum, Aiki-chan, vamos então? – Ela sorriu para Aiki.

– Hai!

– Hana. – Daichi a chamou.

Ela o olhou surpresa.

– Ne, posso falar com você? – Ele perguntou.

– Uhm... Acho que...

– Hana-chan vai me levar até as flores! – Aiki protestou.

– Anou... Aiki-san, eu posso levá-la até as flores. – Hiro disse – Daichi-san quer falar com Hana-san.

– Hum. – Aiki resmungou – Hai, mas vamos logo!

Ela pegou na mão de Hiro, que ficou surpreso e os dois foram embora. Hana permaneceu com o olhar baixo enquanto esperava Daichi dizer o que queria.

– Anou... O que quer falar comigo? – Ela o olhou.

Ele a olhou e viu a beleza gentil dela. Os cabelos longos e loiros, seu rosto delicado, seus olhos grandes e brilhantes.

– O que você pensa a respeito de mim? – Ele perguntou.

– Eh?! Etto... – Ela corou – Como assim?

Ele a olhava.

– Eu sei que eu não sou tão gentil com você. Apenas queria confirmar se não tem raiva de mim. – Ele disse.

– Uhm... Claro que não. – Ela disse docemente – Daichi-kun é bom, eu sei, apenas fico confusa quando você passa direto por mim quando eu o cumprimento.

– Gomen... Garanto que não é intencional.

– Hum. – Ela abaixou o olhar.

Daichi a olhava calmamente e corria o olhar pelo seu rosto até chegar ao pescoço, quando então seus olhos verdes mudaram para um tom vermelho intenso.

– Então por que...? – Ela ia perguntar.

– Hum, preciso ir. – Ele fechou os olhos franzindo o cenho e saiu andando, passando por ela.

Hana ficou parada, paralisada vendo-o fazer o que a deixava mais confusa. Ele parecia ter se preocupado com o que ela pensava a seu respeito e agora ela se perguntava por que ele fez aquilo. Se não era intencional, então por que ele fazia isso?

...

Eu esperei por Yuuro alguns momentos e ele chegou em seguida. O outono passava e as noites começaram a ficar um pouco frias. Ele vinha sempre com seu arco e suas flechas dentro da aljava, que ficava atravessada em seu corpo e o cachecol enrolado no pescoço, onde logo abaixo eu via meu colar com o pingente de safira rosa. Eu sorri ao vê-lo e levantei. Ele deixou uma risada escapar.

– Nani? – Perguntei.

– Você ainda vem pra cá. – Ele disse.

– E você também, estamos quites. – Sorri querendo rir.

Nos sentamos, escorando as costas na árvore e conversávamos, querendo descobrir mais um do outro.

– Então vocês podem comer? – Ele disse em dúvida.

– Hai. – Eu ri – Comida não alimenta em nada, mas é gostoso. Eu amo bolo. – Sorri.

Ele riu.

– Deve ser gostoso.

– Hum? Nunca comeu bolo? – Disse surpresa.

– Não... É raro termos coisas assim para comer e às vezes algumas pessoas nem comem isso.

– Ah... – Abaixei o olhar, nossas vidas eram bem diferentes.

– É escuro lá dentro? – Ele perguntou, vendo minha expressão.

– Não. – Disse – Tem várias tochas, fica bem iluminado.

– Pensei que vocês enxergavam no escuro.

Eu ri.

– Ne, como é o sol? – Perguntei.

– Como assim?

– Hum, a aparência, sei lá...

– Hum. – Ele pensava – Não dá pra olhar diretamente pra ele, mas dá pra ver, quando o olho não dói, – Ele riu – que ele é redondo e amarelo. Às vezes é bem quente quando a gente está trabalhando.

– Trabalhando?

– Hai, eu trabalho no plantio.

– Pensei que você caçava.

– Também.

– Hum. – Disse e pensei – Ne, por que você usa meu colar?

– Hum?

Olhei para o colar.

– Ah... – Ele corou levemente – Quando contei ao conselho que “te matei”, disse que queria ficar com o colar como troféu.

– Eles não disseram nada? Sobre você “ter me matado”? – Deixei escapar uma risada.

– Ficaram com raiva, mas entenderam já que eu disse que fiquei com raiva de você.

– Ah...

– E... Eu não queria que eles ficassem com o colar. Ele é seu.

– Hum. – Corei.

– Mas agora não posso devolver se não eles vão suspeitar. Gomen.

– Não, tudo bem. – Sorri – Ne, seus pais não brigam por você vir aqui a noite?

– Ficam preocupados, mas eu digo sempre que vou caçar.

– E quando você não volta com a caça?

– “Sem sorte”. – Ele sorriu.

Deixei escapar um sorriso.

– Ne, hum... Acho que está tarde. – Ele comentou.

– É! – Exclamei, percebendo – Preciso ir, meus pais vão notar!

Ele deixou escapar um sorriso. Eu beijei sua bochecha e levantei, percebendo em seguida o que tinha feito.

– Uhm... Gomen. – Disse sem jeito, corada.

– Hum. Daijoubu. – Ele sorriu.

Sorri envergonhada.

– Hum, ja ne.

Ele sorriu e eu fui embora apressando o passo. Quando cheguei, fui para o quarto com a imagem de Yuuro sorrindo. Mordi o lábio, isso era certo? Eu acho que... Estou começando a gostar dele.


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Notas finais do capítulo

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