Ambos suspenderam a respiração sem perceber quando a porta se fechou. Eles estavam sozinhos. A maquiagem não foi capaz de encobrir as marcas no rosto dela.

– Vc esteve chorando? – ele perguntou com uma voz suave e preocupada, sem, no entanto olhar de frente pra ela.

Ela se manteve calada. Ele insistiu. Sentia que era a hora de se desculpar e concertar as coisas com ela. Era o que ele devia ter feito há muito tempo.

– Cameron, eu... eu quero me desculpar.

Ela olhou pra ele por um segundo. Quantas barreiras ele não teve que quebrar dentro de si para voltar atrás e pedir desculpas.

Ele continuou dizendo.

– Sei que não devia ter acertado a cabeça do Chase ontem.. sinto... não por ele.. mas por vc e por tudo que causei. Nunca foi minha intenção... – ele engoliu. Estava nervoso. Ela não dizia nada, e ele não sabia se devia continuar, se estava surtindo algum efeito. – nunca foi minha intenção te magoar.

A porta do elevador se abriu no térreo. Cameron olhou pra ele. Seus olhos já estavam cheios de lágrimas – as que lhe restavam. Ela saiu sem dizer nada.

Ele ficou sem entender.

Tinha feito tudo certo desta vez, estava pedindo por perdão.

Saiu atrás dela alcançando-a no estacionamento, tentando encontrar as chaves do carro.

– Espera!!

Ela se atrapalhou na pressa de abrir a bolsa. Ele a segurou pelo braço a fazendo parar e prestar atenção nele. A bolsa se soltou de sua mão, caindo no chão.

– Me escuta!! Por favor! Eu to tentando te dizer algumas coisas aqui e vc não quer colaborar – ele tentava controlar a voz, mas estava perdendo a paciência. – Não é fácil pra mim...

– Não diz mais nada, House. – ela chorava copiosamente agora. – me deixa!

Abaixou-se pra pegar a bolsa, ajeitando o envelope que teimava em aparecer.

– O que ta acontecendo? – ele pediu uma ultima vez. E ela viu nos olhos dele todo o desespero e emoção que ele tentava controlar. Igualzinho como ela havia feito anteriormente.

– Eu to grávida.

Ele ficou em choque por um momento, assimilando o que ela tinha dito.

– É meu? É meu, não é? – ele abriu um sorriso. Estava feliz, e nem sabia explicar a origem de tamanha euforia.

– Não.

A resposta dela foi crua e seca. Ele a largou. Ela entrou no carro e saiu sem olhar pra trás. Sua ultima tentativa de ser feliz, de fazer seu casamento dar certo. De não se magoar mais. De não ferir mais ninguém, principalmente aquele homem que ela agora deixava pra trás chorando sozinho num estacionamento.

[...]