Ela mudou de posição e ele sentiu a perna dela em cima da dele.
Alguns metros mais longe, toda a casa parecia estar alcançando seu clímax enquanto ambos observavam a janela de vidro do quarto aberta, entrando uma brisa marítima lenta e sufocante.
Manuela se aproximou e ele colocou seu braço em volta dela. Ela cruzou as pernas nos tornozelos e se encostou em Guilherme, e ele sentiu como se pudesse segurá-la assim para sempre.
"Você é diferente do Guilherme que eu conheci antes," ela observou, sua voz baixa no seu ouvido. "Mais maduro, menos... irresponsável, eu acho."
Ele sorriu, gostando do que ela disse. "E não esqueça do meu dote musical para cantar Chitãozinho e Xororó às 11 da noite"
"Cantor, bailarina do Faustão nas horas vagas... bem, elas meio que vem com o pacote, mas ninguém é perfeito."
Ele deu uma cotovelada nela e fingiu estar magoado. "Bem, se eu soubesse como você se sente, iria a aula de dança de salão de dois em dois dias "
"Não acredito em você," ela disse, se ajeitando. Embora o vento tivesse começado, a temperatura começou a diminuir.
"Você já se apaixonou?" ela perguntou, mudando de marcha de repente.
Sua pergunta o surpreendeu.
"Isso veio do nada."
"Bruna me disse que ser imprevisível ajuda a aumentar o mistério feminino."
"Ah, ajuda. Mas para responder a sua pergunta, eu não sei."
"Como você pode não saber?"
Ele hesitou, tentando pensar no que dizer. "Namorei uma garota alguns anos atrás, e na época, eu estava com ela. Pelo menos, era o que eu dizia a mim mesmo. Mas agora, quando penso novamente, eu só... não tenho mais certeza. Até gostava de passar o tempo com ela, mas depois que te encontrei naquele cinema, e quando dublamos aquele filme juntos, enfim, desde que vi você depois de tudo, eu mal pensava nela. Estávamos juntos, mas não éramos um casal, se isso faz algum sentido." Ela considerou a resposta mas não disse nada.
Depois de um tempo, ele virou pra ela. "E você? Já se apaixonou alguma vez?"
O rosto dela escureceu. "Sim," ela disse.
Quando ela inspirou com força, ele
prosseguiu. "Meus instintos me dizem que há um namorado sério no seu passado."
Ela sorriu, mas havia algo triste em seu sorriso. "Eu sabia que você descobriria," ela disse em uma voz abatida. "Mas pra responder sua pergunta, sim, há. Durante o meu primeiro ano na minha última novela. E
sim, eu o amava."
Ele engoliu em seco.
Ele a encarou. "Você não tem que me contar"
"Tudo bem, mas é difícil."
"Imagino."