"Ué, o que é isso tudo?"
"Linha de limitação, você fica com o lado esquerdo da cama, e eu o direito."
"Tá de brincadeira né?"
"Nunca falei tão sério seu Guilherme, você é todo cheinho de segundas intenções"
"E você não é?" Diz ele se aproximando dela.
"Não tanto quanto você, por favor."
Ela sai do quarto e vai direto para a cozinha, Lourdes estava acabando de arrumar o jantar, Manu ajuda ela e depois todos comem. Lourdes foi dormir cedo e Manu foi arrumar a cozinha, Guilherme estava na varanda do quarto pensando, até que Manu entra na varanda e senta do lado dele.
"Pensando?" Manu entra de supetão, o assustando.
"Que susto Manu... Mas sobre a sua pergunta, sim."
"Sobre o que?" Ela se aproximou dele, o que o assusta.
"Sobre essa viagem. Sobre tudo. Sobre nós."
"Eu também andei pensando muito nisso também." Ela apoia a cabeça em seus ombros e estica as pernas até o final do banco de madeira, e prossegue. "Sabe Gui, você acha que nós realmente voltaremos para o Brasil?"
"Creio que sim. Porque não?"
"Ah tô nervosa com isso, Réveillon tá aí e a gente nem vai poder se divertir."
"Quem disse que a gente não vai se divertir? Pega aquele violão que tá no quarto"
"Guilherme..."
"Vai lá, você vai ter um show particular com Guilherme Boury, olha isso é para poucos viu?" Eles gargalham, e Manu foi, desconfiada, pegar o violão.
"Ahhh bom, o que você quer que eu toque?"
"Não acredito."
"Ah até já sei, TIRA ESSA LOUCURA DE DIZER QUE NÃO TE QUER.." Guilherme dá um acorde estrondoso, o que faz Manu abafar a boca dele e o violão.
"Calma meu querido, não vai sair cantando evidências na maior altura do mundo. Até porque a dona Lourdes tá dormindo, e se você acordar ela, eu te quebro o pescoço."
"Tá, o que eu toco então?"
"Toca Caetano."
"Tá." Ele começa um acorde, e começa a cantar.
"Não vejo mais você faz tanto tempo... Que vontade que sinto.." Ela presta atenção a cada nota tocada, cada palavra balbuciada, mas ele continua a tocar e sussurra "Canta comigo."
"Tá" sussurra Manu. "De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços, é verdade eu não minto." Manu responde o resto da música o que faz Guilherme pausar, e depois continuar em um coro.
"E nesse desespero em que me vejo... Já cheguei a tal ponto, de me trocar diversas vezes por você, só pra ver se te encontro.."
"Vamos cantar o refrão." Diz Manu sussurrando
"E agora? O que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer... Você só me ensinou a te querer, e te querendo eu vou tentando me encontrar."
As vozes já estavam falhas, o coração palpitando; eles se aproximaram, lentamente, mas Manu interrompeu o momento. Ela se levanta, olhando Guilherme, disfarça olhando a paisagem, e se pronuncia.