Manu e Bruna ficaram nas janelas; e Guilherme no meio das duas. Bruna dormiu logo quando entrou no carro, que fez com que a viagem ficasse muito silenciosa. Na estrada só se via asfalto e um grande deserto. Manu olhava atentamente o que estava fora, o céu e suas constelações, coisa que ela era totalmente fascinada. Ela puxou bruscamente o braço de Guilherme, agarrando e apertando forte, descrevendo o céu num tom quase inaudível.
"Aqui é tudo mais limpo.. Faz tempo que eu não via as estrelas desse jeito... É impressionante." Ele gargalha disfarçadamente, mas assentiu a observação de Manu, ela manteve-se abraçada a ele durante aquele momento quase-deles, independente de temer algo, se manteve confiante, pois nunca tinha se sentido tão bem com Guilherme durante todo o tempo que o conhecia. Mas aquele silêncio foi interrompido, por Guilherme.
"Parece que vamos fazer uma pausa naquele posto." Gui aponta para um posto de beira de estrada, caindo aos pedaços, o que fez Manu rir.
"Não seria nada mal respirar ar puro, não é mesmo?"
"Agora você falou a minha língua."
O motorista parou e pediu um tempo para Guilherme e Manuela, que resolveram ficar fora do carro, observando a estrada sem nenhum resquício de vida fora eles.
"Manu.. Posso te pedir algo?" Diz Guilherme encostado no carro, com um dos braços apoiados no ombro de Manu.
"Pode, eu acho.."
"Me desculpa por aquele beijo na vila, acho que fiz por impulso ou..."
"Ou?"
Os dois viram frente a frente, o coração de Guilherme congela, Manu balbuciava os lábios por causa do frio, e Guilherme toma forças para continuar a falar.
"Talvez eu tenha sentido falta, saudade."
"Saudade de que?" Manu cruza os braços esperando uma resposta já prevista por ela, o que a deixou ansiosa o bastante para estar cara a cara, e sem fôlego, na frente de Guilherme.
"Sinto saudades de nós. Assumo o que errei e pela primeira vez assumo o que sinto, e repito, ainda te amo Manuela."
Ao invés de fazer o óbvio que ele achava que deveria fazer, Manuela foi mais rápida
Puxou a camisa de Guilherme bruscamente, e deu um beijo em Guilherme. Mas não um beijo comum, que eles já deram com outro alguém, foi um beijo intenso, e verdadeiro, coisa que Guilherme não deixou de aproveitar. Depois, ela se distanciou de Guilherme e falou em seu ouvido.
"Vamos fingir que isso não aconteceu. Não agora."
"Tentarei. Mas não vou esquecer."
Depois disso, só fez com que Guilherme quisesse a tê-la mais uma vez, independente de ser por segundos, minutos ou horas. E ela também sentia o mesmo, só que estava com muito medo de se entregar totalmente a um relacionamento sério com ele outra vez. Ele a beijou, rapidamente, ficaram paralisados e entraram no carro como se nada tivesse acontecido, típico deles.
Esperaram o taxista, e logo chegaram em San André, mas perceberam que o movimento do hotel estava diferente.
"O que houve aqui?"
"Não sei... Olha, o gerente do hotel tá ali, ele deve nos explicar o que aconteceu."
O gerente era um homem baixinho, meio robusto, se chamava Ramón. Embora não fosse tão inteligente, sabia falar um pouco do português brasileiro, ele chega correndo em direção aos 3, num ar de desesperado.