Teoricamente, o fim do mundo! escrita por Miss Addams


Capítulo 3
Three


Notas iniciais do capítulo

Para este capítulo temos a canção, Como vai você! Aqui: https://www.youtube.com/watch?v=tEGN5a7RUCw



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“Como vai você? Eu preciso saber da sua vida, peço a alguém pra me contar sobre o seu dia, anoiteceu e eu preciso só saber.”

– Os Maias a cerca de 600 d.C. Desapareceram estranhamente, abandonaram suas cidades, monumentos, tesouros e seus templos sagrados. De repente sem causa...

Peguei a minha xícara de café sem tirar os olhos do livro que lia, me arrumei na poltrona por que comecei a me senti desconfortável. Não sabia ao certo, quanto tempo eu estava ali sentado, concentrado nos livros, cheguei pouco depois do almoço e ali fiquei. Havia vários livros na minha mesa.

Todos eles sobre os Maias.

Marquei minha página e me espreguicei cansado por está sentado há muito tempo, já estava na hora de comer algo, era isso que o meu estômago me avisava estremecendo. Ri sozinho por conta disso, me levantei decidido a ir embora. Separei os livros que eu compraria dos que eu não queria não tinha noção da hora e me assustei ao ver que já eram seis da tarde, mas me assustei mais quando vi que era dia doze de dezembro, do ano doze. Balancei a cabeça tentando esquecer aquilo.

Afobado por conta da fome eu estava apressado e quando finalmente sai da livraria, andei pelo Shopping rapidamente e distraído tanto que eu trombei em alguém no meu caminho.

Meus livros foram espalhados pelo chão. Me abaixei para pega-los murmurando “desculpas” para a pessoa estática na minha frente.

:- Poncho?

Reconheci a voz de imediato, poderíamos passar muito tempo distantes eu sempre reconheceria. Abaixado eu levantei a cabeça só para comprovar quem era.

:- Dulce! – comprovei sorrindo.

Ela também sorriu ao me ver e ficamos nos olhando, ela em pé e eu abaixado quando ela fez menção de abaixar, me dei conta de que tinha me esquecido de pegar os meus livros.

:- Não, não se preocupe! – eu ergui os braços os balançando para que ela não se abaixasse. – eu já estou abaixado, deixa que eu pego. – recolhi os últimos e coloquei na sacola. Me levantei para ficar a sua altura.

Ficamos nos encarando novamente, ela estava vestida conforme o inverno daquele mês de Dezembro, aqui no México. Toda agasalhada e com um pequeno sorriso no rosto, me iludi pensando que seria felicidade por me ver..

:- Então, quanto tempo que não nos vemos. – por fim tomei a iniciativa de falar – Como vai você?

:- Bem, muito bem. – ela respondeu sorrindo mais aberto agora – e você, por onde andava? Cheguei a pensar que tinha sumido do mapa. – comentou risonha, começando a andar.

:- Estou indo. – respondi a seguindo. – Pois é, eu andei afastado mesmo, precisava de um tempo para mim. Mas, eu acabei me afastando muito, não é?

:- Sim, Marisol já estava cansada de repetir a mesma história sobre você, “ele sumiu no mundo Dulce, viaja agora sem mais nem menos. Não diz para onde vai, sequer atende minhas ligações. Mal responde meus e-mails” – ela imitou a voz de Marisol e depois de rir por conta disso, fiquei contente por ela perguntar de mim. – E assim como ela, eu desisti de te ligar você nunca atendia enfim, encontrou o que buscava?

Conversamos e andávamos pelo shopping sem nenhum rumo.

:- Sim e não. – ela me olhou sem entender - na verdade eu não sei o que estava procurando, sabia que tinha que buscar algo, mesmo sem saber o que é. – dei os ombros. – E você o que faz aqui no shopping?

:- Comprar um ou dois vestidos para passar o Natal e Reveillon. Mas, você sabe como eu entro uma e outra loja e acabo levando outras coisas a mais – ela levantou as sacolas rindo.

Eu ri também, mas parei completamente culpado. Fechando os olhos e passando a minha mão livre pelo rosto frustrado. Senti Dulce também parar de andar e não escutei mais o barulho de suas botas.

:- Poncho, o que foi? Está se sentindo bem? – ouvi sua voz preocupada e ao abrir os olhos, fiquei mais ressentido ao ver o seu rosto sem maquiagem me olhando confuso.

Franzi a testa apertando os olhos e mordi os lábios e estendi os braços atravessando a distância que tínhamos e a abracei sem permissão.

:- Me perdoa, Dulce, eu estava viajando e fora de contato com o mundo e... Droga, me esqueci completamente! – apertei o abraço.

:- Poncho do que você está falan... – Ela parou, entendendo tudo. – Poncho, não tem problemas, já passou. Não é uma obrigação sua...

Eu esqueci completamente do aniversário dela, por Deus como foi acontecer algo assim. Eu sempre fui um dos primeiros a lhe felicitar e agora sequer liguei ou entrei em contato, eu precisava de alguma forma me redimir, por mais que ela falasse que não tinha problemas, eu sabia que no fundo ela estava ressentida por eu não ter lembrado.

:- Me desculpa. – murmurei de novo sem deixar de solta-la. – Feliz Aniversário atrasado, pequenina.

Ela tremeu ao me escutar chamando o apelido dela e eu apertei o abraço se é possível.

:- Obrigada – e ela falou suspirando e se afastou para eu visse o seu rosto. – mas, vamos fazer o seguinte eu te desculpo se você me contar o que está te atormentando, por que eu sei que existe algo te incomodando. – ela estava me olhando firme.

:- Claro que sim, eu conto. – apertei os lábios vendo de tão perto o quanto ela estava linda. E não resisti em passar o polegar em sua bochecha, acariciando. – 27 anos. – comentei surpreso pelo tempo que já se passou.

:- E você com 29, quase um trintão. – ela rebateu rindo.

Não tive tempo de respondê-la, meu estômago roncou. Fazendo com que eu e ela gargalhássemos juntos. Nos separamos ainda rindo.

:- O que foi isso? – ela arrumou as sacolas.

:- Estou com fome. – respondi envergonhado agora.

:- Que tal se nós... – o celular dela começou a tocar, ela não terminou o que ia me dizer, quando encontrou o celular rapidamente olhou no visor e soltou um sorriso. – Oi, amor!

E senti um soco no estômago e não era a minha fome. O incômodo veio ao me lembrar de que ela devia ainda está namorando e que era ele no celular. E mesmo que eu negasse, os meus pensamentos me levaram a um flash do meu pesadelo. Eu me afastei dela para que falasse tranquila.

Eu queria poder ficar mais, queria poder conversar com ela saber sobre sua vida, quem sabe fazer algo ali no shopping, mas essa ligação destruiu com todo o meu plano, esperei que ela me olhasse o que demorou para acontecer, estava entretida demais, antes que ela desviasse o olhar eu dei um aceno rápido me despedindo dela, já estava afastado, não esperei que ela respondesse então virei e comecei a andar.

Quando cheguei no 2º andar fiquei perdido por que não queria ir para casa agora e ainda estava com fome, então me decidi por ficar ali no shopping mesmo, estava caminhando quando passei por uma loja que me chamou a atenção, entrei nela decidido a comprar alguma coisa, ao menos uma lembrança. Depois de procurar algo simples e que fosse minha cara.

Sai da loja com mais uma sacola e sorri de felicidade ao ver a fachada do restaurante favorito, finalmente mataria minha fome. O atendimento foi rápido e o garçom estranhou ao me emprestar uma caneta por um momento, esperou enquanto eu escrevia num cartão.

:- Obrigada! – falei com ele lhe entregando a caneta.

:- Quero o mesmo pedido que o dele, por favor. E depois pode trazer um café para mim. – uma voz apareceu antes que o garçom me falasse algo.

Dulce surgiu do nada, chegou sentando e colocando suas sacolas que aumentaram desde que a deixei falando no celular, estava surpreso ainda quando ela falou comigo, assim que o garçom anotou o pedido e foi embora.

:- Por que me deixou sozinha? - ela perguntou mais leve, sem as sacolas.

:- Te dei privacidade, você deveria ter algum outro compromisso, sei lá e eu estava com fome então, antes que caísse duro vim aqui comer. E como descobriu que eu estava aqui? – desconversei fazendo careta ao me lembrar novamente dela e do namorado.

:- É o seu favorito. Só estava falando no telefone e você saiu sem mais nem menos, não deu tempo nem de pedir para que me esperasse. Enfim, eu ia te chamar para vir aqui mesmo. – ela comentou dando os ombros, no final das contas estávamos fazendo o que ela ia propor mesmo.

:- Ah, antes que eu me esqueça, para você! – ela pegou uma de suas sacolas e me entregou.

Fiquei surpreso, abri e sorri ao ver que ela me dava uma camisa xadrez.

:- Agora você tem mais uma roupa de estimação para a sua coleção. – ela me viu tirando a camisa da sacola e colocando sobre meu corpo numa tentativa de ver como ficaria em mim.

:- Obrigada, não precisava. – falei para ela sorrindo e guardando meu presente. – Sendo assim, também tenho algo para você, comprei antes de vir aqui. Entreguei o meu presente mesmo sendo dia 12 e seis dias já tinham se passado. – Feliz Aniversário!

Ela sorriu ao ver o logo da loja, já imaginando o que viria a seguir. “Mundo das fadas”. Mas, eu tenho certeza que eu superei qualquer pensamento dela e vi pela cara de surpresa que ela fez ao desembrulhar.

:- Caramba, como você conseguiu uma dessas? – ela falou rindo admirando seu presente, passando os dedos observando os detalhes.

:- É uma coleção limitada, foi o que me disse a vendedora, era o último da loja. Achei perfeito.

:- Linda! Eu amei Poncho. Obrigada! – ela levantou sorrindo e se apoiando na mesa, me deu um beijo na bochecha de agradecimento. – Adorei de verdade.

Ela tirou o seu celular do bolso e tirou uma foto da fada esquila com asas e tudo mais que ela ganhou de mim. Após alguns segundos ela me mostrou o que fez.

:- Direto para o Twitter. – disse rindo divertida.

:- “Miren lo que me regalaron, chicos” – eu li em voz alta. – Eu não sei o que é um Twitter, desde que terminei o meu último trabalho. – olhei ainda os primeiros comentários que saíram sobre a foto antes dela tirar da minha visão e guardá-lo.

:- Já eu sou viciada. – ela comentou olhando para a esquila, brincando com suas asas.

:- Com licença. – Garçom trazendo os nossos pratos, os colocando na mesa. – Bom apetite. – se retirou.

:- Obrigada, acho que também estava com fome e não sabia. – ela olhou para o seu prato e depois me viu, devorando o meu. – Tem melhor coisa que essa?

:- Não. – respondi de antes de colocar uma garfada na boca.

:- Sabe o que eu faria no fim do mundo? Eu comeria, tudo que me desse vontade de comer.

Parei o que fazia fechando a cara. E ela percebeu isso.

:- O que foi?

:- Está na hora de eu te contar o que aconteceu.

Ela assentiu demonstrando que ficaria atenta ao que eu diria.

Contei o meu pesadelo no começo do ano e o quanto eu fiquei obcecado por todo aquele assunto, falei das minhas viagens, das minhas crises, do mendigo que encontrei outro dia. Só ocultei a parte onde ela estava no meu pesadelo, não achei importante contar naquele momento.

:- Que pesadelo horrível. Mas, é só um pesadelo, ás vezes o sonho pode significar algo ou não. Esquece essa bobagem. – ela comentou terminando de tomar o seu café.

:- Eu sei. – suspirei passando a mão no rosto. – Perla me disse a mesma coisa.

:- Perla? Eu não sabia que ainda estavam juntos.

:- Não estamos, faz tempo que terminamos. Viramos amigos, ela agora está casada e esperando um bebê. – falei, curioso avaliando o que ela diria.

:- Ah, disso eu também não sabia.

Antes que ficássemos sem assunto, eu fiz um convite a ela.

:- Vamos dar uma volta? Tomar um sorvete?

:- Tudo bem, primeiro damos a volta e depois tomamos sorvete. – ela pegou sua bolsa, procurando algo. – Só vamos fechar a conta e...

:- Eu pago tudo. – Já estava de pé e com as minhas sacolas nas mãos. – Me encontra na entrada, vai ser rápido.

...

Estávamos andando há um tempo pelo shopping, de cima a baixo. Estava me contando sobre o ano que ela teve, as coisas boas e as ruins, o nascimento do seu sobrinho e a felicidade dela ao falar dele era impressionante. E eu contando o que vivi e aprendi nas viagens que eu fiz e os trabalhos que tive esse ano.

Eu estava na fila esperando o sorvete ser feito para nós dois. Quando os peguei fui ao encontro dela que estava sentada num banco de uma praça que havia no shopping.

:- Aqui está o seu. – entreguei o sorvete dela.

:- Obrigada, nem sei se devia tomar nesse frio, mas eu não resisto. – ela me olhou de perto quando eu sentei. – Acho que fiquei acostumada a ver você com cabelos grandes e quando não esta, parece que falta algo. – ela tocou com uma mão no meu cabelo que não estavam tão curtos e nem tão grandes.

:- Eles estavam grandes, mas eu cortei. Agora não posso mais me dar ao luxo de tê-los grandes. – disse brincando passando a mão nas minhas entradas. E ela riu da brincadeira que eu fiz. – Os seus estão bonitos assim.

Ela passou a mão numa mecha castanha escura.

:- Ah, já mudei tanto. Já nem sei que tonalidade eu fico mais. Você vai para a Televisa próxima semana? – me perguntou tomando um pouco do seu sorvete.

:- Televisa? Marisol, comentou que eu tinha algo para fazer. Lembro de uma sessão de fotos e gravar algo em Televisa, mas não sei o que.

:- Você está muito esquecido, Poncho! Estão querendo gravar entrevista para um especial sobre o Rbd. Todo mundo já gravou só falta você.

:- Especial? – eu falei rindo, me lembrando do que Marisol me avisou. – É verdade, isso foi uma ideia do Pedro não é?

:- Sim, estão querendo ver como seria a repercussão sobre uma possível volta da banda. Os fãs esse ano cobraram muito algo assim. Acho que você não deve ter visto, tínhamos conversado sobre o assunto e ele tem uma proposta para fazer para todo mundo, algo diferente com mais liberdade.

:- Mais liberdade?

:- Sim, com relação a todos, até por que a maioria seguiu uma carreira solo. E com relação aos traumas também, mas é uma questão delicada. Ah, sabe o que aconteceu?

Eu neguei com a cabeça terminando meu sorvete.

:- Na minha ultima tour no Brasil, o assunto da vez era você e seu sumiço. Fiquei sem jeito, por que eu não sabia o que responder a eles.

:- Eu?

:- Surgiram muitos boatos que eu fosse fazer algo com você, alguma parceria.

:- Comigo?

:- Pois é. – ela riu de mim. – Esse ano Ani e Christopher fizeram alguns trabalhos juntos, por incentivo de Guillermo e pelo aceitamento dos fãs, ele compôs a música para ela, depois participou do show. Fizeram uma sessão de fotos e tudo. – ela terminou seu sorvete só agora. – E Christian e Maite estão no teatro juntos a peça é ótima por sinal, parece que ele vai participar do cd dela. Por conta disso, esperaram que eu e você fizéssemos algo também.

:- Nossa quanta coisa eu perdi. Depois de tudo isso temos que fazer algo juntos sim, não podemos ficar para trás. – brinquei com ela.

:- Você não quer canta. Se quisesse já teríamos feito um dueto há muito tempo. – ela entrou na onda.

:- E você que não quer atuar, quem sabe fazer algum par romântico juntos, hã? – Falei uma brincadeira com fundo de verdade para ela, levantando a sobrancelha e batendo levemente meu cotovelo nela.

Depois de rimos juntos ficamos calados observando as pessoas passando. Estranhando aquela noite agradável por mais inverno que tivesse até um vento gelado passava vez ou outra. Admirando tudo aquilo e apreciando a companhia dela, eu não resisti a minha curiosidade.

:- Você me contou sobre sua carreira, sobre sua família... – comecei chamando a atenção dela. – Mas, não falou do seu namorado?

:- Não tenho que contar, não é um assunto confortável de falar com você Poncho, até por que...

:- Ok, eu não deveria ter perguntado. – não deixei ela terminar.

:- Até por que – ela repetiu – eu não tenho namorado. – pela minha cara ela continuou a contar mais séria. – Terminamos faz pouco tempo, depois de completar 1 ano juntos.

:- Posso perguntar o por que?

:- Ele queria algo diferente do que eu desejo. Queria algo além do que eu pretendia nesse momento, casamento, filhos e eu apenas a minha carreira. E depois de um tempo que estávamos juntos, as agendas não batiam mais, os esforços não compensavam, a magia do começo de relacionamento se foi. – ela deu os ombros.

Ao saber dessa notícia eu fui impulsivo ao perguntar, mas eu precisava perguntar.

:- Passa a data 21 de dezembro comigo? – fiquei imóvel esperando sua resposta. Ela me olhou estranhando a pergunta repentina e ficou me encarando como se avaliasse o por que dela.

E respondeu muito tempo depois.

:- Sim.

Será que ela tinha a consciência do que aquilo significava. Ela aceitou passar o fim do mundo comigo.

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