Chasing a Starlight escrita por ladywriterx


Capítulo 29
This is War


Notas iniciais do capítulo

Meu Deus esse foi, definitivamente, o capítulo de Chasing a Starlight mais difícil de se escrever. Eu não sabia como, e ainda acho que não ficou 100%, mas foi o máximo que consegui. Sou péssima com esse tipo de capítulo, então esperem que gostem.

Queria ter atualizado tipo semana passada, mas não deu. Provas finais, trabalhos e viagens me impediram de focar mais na fanfic, mas agora com as férias, enfim... Vamo lá.



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Helena nunca tinha visto uma aglomeração como aquela. Gigantes de todos os tamanhos, cores e formatos pareciam surgir de todos os buracos, armados para uma guerra, algum com resistentes armaduras de ferro. Ela se sentia pequena naquela sala, precisava se esquivar e se esgueirar para conseguir chegar ao trono, onde Loki terminava de amarrar sua própria roupa e parecia queimar de ódio. Ela própria estava vestida para guerra. Seus longos cabelos presos num rabo de cavalo firme, esperando que fosse o suficiente para segurá-los no lugar durante a batalha, com uma armadura feita especialmente para ela. Carregava em sua cintura uma adaga e, apoiado em seu ombro, seu arco era sua outra companhia.

—Não acredito que não te fiz mudar de ideia. - Deu de ombros, ficando ao lado de Loki.

—Esqueça. Teimosia, lembra? - Ele sorriu e depositou um beijo delicado em seus lábios.

—Não faça besteira, não se aventure, não…

—Loki. - Segurou as mãos dele. - Respire fundo. Foque no que você precisa fazer, eu vou ficar bem. - O deus rodou os olhos.

—Não morra, se você morrer…

—Vai fazer o que? - Sigyn riu com a expressão dele, de surpresa, e depois percebeu que ficou sério.

—Vou ao inferno e de volta. - Ela parou de rir, assustada com a seriedade que ele falava. Foi a primeira vez que fechou o rosto e assentiu.

—Eu prometo. - Loki balançou a cabeça e se deu por satisfeito. Ele não podia se preocupar com Helena enquanto estivesse lutando, não podia pensar na possibilidade dela estar ferida e ele não poder fazer nada.

E Sigyn sabia que não podia pedir o mesmo para Loki. Conhecia-o bem o suficiente para saber que ele tinha um plano inteiro traçado em sua mente, e que, se as coisas saíssem do controle, Loki não saberia se conter. Conhecia as explosões dele, sabia do ódio que talvez o cegasse as vezes, então ficou quieta, engoliu a vontade de dizer a mesma coisa para ele e apenas ficou ao seu lado, esperando que ele tomasse uma decisão, esperando marchar contra Asgard e que ele fosse cuidadoso o suficiente para que ela não tivesse o pior dia de sua vida.

Tinha passado a noite em claro sem saber o que faria. Loki, ao seu lado, tivera um sono agitado, resmungava de algumas vezes, virava de um lado para o outro, enquanto ela estava imóvel, olhando para o teto, tentando entender todas aquelas mudanças que estavam acontecendo com ele, com eles, com todo o seu mundo a sua volta. Não conseguiu chegar a uma resposta conclusiva, não conseguiu dormir para pedir conselhos à Frigga em seus sonhos, mas ela sabia o que a deusa falaria. Diria que era loucura, que ninguém deveria estar indo para a guerra, muito menos ela naquelas condições. Sabia de tudo o que ela falaria, então talvez por isso seu corpo rejeitou a noite de sono, rejeitou sua consciência e ali estava, ao lado de Loki, pronta.

Thor estava apreensivo. Segurava seu martelo com força, esperando, sem muita paciência, como tudo aquilo iria se desenrolar. Sabia que tudo aquilo estava acontecendo porque, mesmo que não quisessem admitir, Loki e Odin eram tão parecidos que chegava a irritar. Os dois não sabiam lidar direito com aquele sentimento dentro deles e, quando dois deuses poderosos não sabiam como lidar com si mesmo, aquilo acontecia. Guerra.

Não queria ter que marchar contra seu irmão, não queria ter que lutar contra ele. Era seu irmão, seu lugar era em Asgard, seu lugar era onde ele estava agora, naquela sala do trono, ajudando-o a lidar com seu pai e fazendo o que fazia de melhor – suas travessuras, suas mentiras e suas manipulações que eram capazes de acabar com qualquer impasse.

E Sigyn. Coçou a cabeça ao lembrar da deusa que havia sido mais uma vítima do descontrole cego de Odin. Loki e Sigyn podiam já estar casados, tudo aquilo evitado se seu pai não fosse tão teimoso e descontrolado. Quando sua mãe lhe contara toda a história, do porquê Sigyn estar em Midgard, do porquê Loki mantinha-a em segredo, Thor não entendeu. Não entendeu Odin e sua decisão de não deixar que os dois simplesmente ficassem juntos. E, quando descobriu que Loki era adotado, tudo ficou ainda mais bagunçado e decidiu parar de entender as decisões de seu pai. E ali estava ali, vestido para guerra, Mjolnir em mãos, sabendo que o futuro de Asgard seria decidido naquele dia.

E, antes que pudesse tentar tirar a cabeça de seu pai daquela guerra – de novo – a Bifrost explodiu em cores e a cidade estremeceu. Ouviu alguns gritos e soube o que estava acontecendo. Os gigantes estavam ali.

Heimdall foi o primeiro a ser atingido pelo exército. Apenas sua espada não foi o suficiente para detê-los, e agora estava desfalecido no chão, sangue escorria de alguns ferimentos. A cúpula da Bifrost parecia pequena demais para aquele exército que chegava aos montes, com Loki e Sigyn na frente.

Loki não tinha intenção de se demorar demais, seu alvo não era a cidade e seus habitantes. Seu alvo era o castelo, dourado e imponente a sua frente, onde tinha certeza que Odin estava, talvez ainda não preparado para o que estava acontecendo – deduziu isso quando os guardas e soldados de Asgard demoravam a vir de encontro aos gigantes. Os primeiros barcos começaram a chegar e pode ouvir Helena sacando seu arco, antes de perceber algumas flechas que voavam em sua frente e atingiam guardas que agora tentavam interceptá-los pela estreita ponte. Missão que estavam falhando. A cada guarda que tentava pular para a ponte, dois eram jogados no mar sem fim por gigantes que os pegavam antes que pudessem tentar.

Sigyn ainda não acreditava no que estava fazendo. Lutando uma guerra, atirando contra pessoas que sabia que morreriam assim que atingissem o mar embaixo delas, mas, mesmo assim, não sentia um pingo de remorso. A única coisa que fazia era aumentar o ritmo de corrida para acompanhar os passos compridos de Loki. Pretendia não tirá-lo de sua vista. E ele parecia fazer o mesmo, sempre procurando-a para ter a certeza que estava tudo bem.

A primeira vez que Loki precisou se envolver num combate corpo a corpo foi quando o exército começou a marchar contra eles, logo após saírem da ponte. Ele tinha a vantagem da agilidade, assim como Sigyn, que se esgueirava pelas fileiras organizadas, arco agora nas suas costas, adaga em mãos, atingindo-os onde a armadura não cobria: dobras do joelho, o pescoço a mostra de alguns e, quando algum tentava acertá-la, teletransportava-se para longe deles e voltava fazendo o mesmo processo.

Com Loki era diferentes, o contato era mais direto. O deus tivera que interceptar algumas espadas que vinham direto para o seu coração. Usava todos os artifícios que tinha disponível – mágica, principalmente. Não se importava com aquele maldito código de honra que Odin insistia que ele tivesse em treinamentos, usava todos os seus truques, suas cópias, seu teletransporte, para se manter vivo, matar o máximo de asgardianos possível. Queria chegar logo à sala do trono, queria poder enfrentar Odin, queria poder matá-lo.

Odin, aquele que tanto se vangloriava pela sua irredutível honra, não estava ali comandando seu exército, provavelmente contando com uma derrota do exército de Loki antes que eles alcançassem o castelo. Aquilo não aconteceria, o deus das mentiras constatou quando um de seus maiores gigantes agora corria em direção aos soldados, derrubando-os no processo, esmagando alguns. Devido a eficácia da estratégia, todos os gigantes começaram a fazer o mesmo. Antes que Loki pudesse perceber, o primeiro batalhão de Odin agora estava no chão, sem vida. Sigyn estava de pé, um pouco a frente, sua adaga vermelha de sangue. Ela fez o sinal para que ele se apressasse e logo estavam correndo em direção ao castelo de novo.

Loki pegou a mão de Sigyn e, com a mão livre, estalou os dedos, tornando-os invisíveis aos olhos despercebidos dos habitantes que agora se trancavam em suas casas, dos soldados e dos guardas que passavam apressados. Os gigantes criariam a distração necessária para que os dois, dando-lhes brechas para terminar aquela guerra sem muitas fatalidades – a não ser daqueles que tentassem impedi-los. A entrada do castelo estava lotada de guardas bem armados, com armaduras douradas. A elite do exército asgardiano. Antes que eles pudessem notar a presença do casal, Helena voltou a puxar seu arco e atirava contra eles. Dois caíram com flechas cravados no pescoço antes de perceberem o que estava acontecendo.

Loki terminou com o batalhão em alguns minutos. Não podia contabilizar a quantidade de mortos, apenas os seus ferimentos que incomodavam e sangravam.

—Você está machucado. - Sigyn colocou-se ao lado dele, que agora limpava suas adagas nas roupas dos guardas mortos. Um corte parecia feio, perto da sua clavícula, e sangrava bastante.

—Não é nada, vamos.

—Loki, espera. - Ela puxou a mão do deus, fazendo-o parar. Ouvi-o bufar em reclamação, e depois o gemido de dor quando ela pressionou a mão sobre o ferimento. Sua magia de cura não era totalmente eficiente, mas conseguiu fazer o ferimento parar de sangrar, dando indícios que a recuperação seria bem mais rápida. - Pronto. Você realmente tem que parar de ser orgulhoso e me deixar fazer as coisas de vez em quando. - Loki suspirou.

O resto do caminho até a sala do trono parecia quieto demais. Apenas alguns guardas os pararam, e logo estava no chão, ou com uma flecha ou com uma adaga cravada em algum lugar de seu corpo. Loki tinha certeza que os Três Grandes estariam esperando na porta do salão, junto com Sif e Thor. O deus estava com medo disso. Estariam em grande desvantagem. Loki nunca tinha vencido uma batalha contra eles, talvez apenas quando era mais novo.

Volstagg foi o primeiro a aparecer depois de uma curva repentina. Helena parou, sem saber o que fazer e Loki foi o primeiro a desviar de um ataque meio sem rumo do guerreiro. Ele parecia errar de propósito os ataques, sem ponderar, sem pensar, apenas atacando, talvez esperando que aquilo acabasse. Loki não entendia, afinal, ele tinha sido um dos primeiros a colocar a espada contra seu pescoço e declarar que, se o deus traísse Asgard e Thor, ele seria um dos primeiros tentar pegar sua cabeça como prêmio. Foi quando ele percebeu.

Helena.

Helena estava parada, o arco empunhado, mas sem nenhuma flecha para fazer a mira. E Volstagg encarava-a de canto de olho, sem saber como proceder com aquilo. Ela tinha cativado o coração dos Três Grandes, fora o que ouvira logo após o desastroso banquete. Eles tinham gostado dela, falaram para o reino todo que Sigyn era maravilhosa, tudo o que as lendas diziam, e ele não queria machucar a deusa. Aproveitando-se da distração, Loki bateu o punho da adaga em sua cabeça algumas vezes antes do grandalhão cair, desmaiado.

—Loki!

—Ele não está morto. - Apenas respondeu. - Ele foi só o primeiro, Sigyn, e se eu precisar matar um deles, eu vou. Fandral, principalmente.

—Pai, pelo amor dos deuses, pare com essa loucura! - Os dois ouviram o rugido de Thor vindo da sala do trono. - Pessoas estão morrendo lá fora por causa disso, seus súditos.

—Você devia estar lá fora protegendo-as, então. - Odin devolveu no mesmo volume, irritado. Os dois deuses se entreolharam, parados um corredor antes, ouvindo tudo.

—O quanto antes você admitir que errou, menos mortes vamos ter. Ele é Loki, pai. - O mais velho parecia não ter ouvidos para os conselhos de seu filho. Apenas ficou quieto, espada em mãos, sua melhor armadura posta, esperando. Estava apenas esperando Loki, e sabia que ele não demoraria. Thor rugiu em protesto e, antes que pudesse sair da sala com Fandral e Sif ao seu encalço, percebeu quem agora se esgueirava para dentro. - Loki.

—Não tente, Thor. Vá matar alguns gigantes. Não era isso que você queria alguns anos atrás? - Odin não esperou que terminassem de conversar. Avançou contra Loki, sem pensar, sem procurar a melhor estratégia. Helena percebeu antes do deus e o empurrou para o lado antes de se materializar do outro lado da sala, uma flecha já em mãos, apontada para Odin. Ouviu passos em sua direção e apontou para quem vinha. Sif. Soltou, atingindo-a no braço.

—Só eu e você. - Odin parecia não conseguir elaborar frases melhores. Loki assentiu, puxando suas duas adagas e apenas esperando. Sif conseguiu chegar até Sigyn, agarrou-a pelo pescoço, segurando-a. Thor e Fandral estavam atônitos, sem entender o que estava acontecendo.

—Você é igualzinha a ele. - A guerreira sussurrou em seu ouvido. Ouvia metal chocando-se contra metal a cada investia que Loki bloqueava Odin. Ouvia a respiração pesada dos dois deuses que agora tentavam manter o mesmo ritmo. E sentia a ponta da espada de Sif na sua lombar, próxima do fim da sua armadura superior, pronta para, em um movimento, cravar-se em seu corpo. Estremeceu-se com o pensamento e deixou-se levar pela deusa, que chegava mais perto de toda a movimentação.

As investidas de Odin eram pesadas, fortes. Loki caiu no chão e desviou da espada que acertaria sua cabeça. Antes que pudesse levantar, Odin já o agarrava pelo pescoço, levantando-o do chão. Helena mordeu o lábio inferior, antes que um grito saísse, igual fizera quando Loki lutara contra o rei dos gigantes. Sabia que ele conseguiria sair daquela, convenceu-se, mas fechou os olhos, apenas para caso…

—Pai, pare com isso. Loki, pare com isso. - Loki não conseguiu responder. Sigyn ouviu o barulho da adaga dele encontrando o chão, enquanto tentava soltar o aperto forte de Odin de sua garganta. A outra lâmina estava presa firme contra a sua mão, mas não conseguia acertá-lo. Buscava por ar ao mesmo tempo que, quase cego pela falta de oxigênio, tentava encontrar algo em Odin que pudesse cravar sua adaga.

—Loki. - Sigyn choramingou antes de Sif tampar sua boca, impedindo-a de fazer mais algum som.

Aquilo fez com que o último respiro de Loki conseguisse guiar sua mão para onde deveria. Ouviu um som úmido de metal contra o corpo de Odin e se viu livre do aperto, encontrando o chão sem muita graciosidade. Passou a mão por seu pescoço e respirou fundo antes de levantar o rosto e conseguir ver onde tinha atingido Odin.

Sua adaga, o cabo cravejado de pedras de Jotunheim, estava presa no único olho de Odin, e o sangue escorria junto com o grito de ódio do deus. Ele não enxergava mais. Estava literalmente cego, além da raiva que impedia-o de pensar racionalmente e utilizar qualquer outra estratégia de guerra.

Fandral foi o primeiro a ter a reação de correr para Odin ajudá-lo, afinal, fazia parte de sua guarda pessoal e era seu dever. Foi parado pela mão firme de Thor em seu peito.

—Ele pediu um combate contra Loki, e é isso que está tendo, Fandral. Vá até lá e será morto também.

—Thor… - O deus do trovão ficou quieto.

Loki parecia um predador, pegou a adaga caída do chão e levantou-se sem fazer um barulho. Seus passos também eram quietos, quase como se quisesse que Odin não soubesse o que aconteceria em seguida. O rei tirou a faca de seu olho, e o sangue que escorria era ainda pior. Parecia desesperado sem sua visão. Loki se aproximou, segurou seu ombro e, sem pensar muito e com força, investiu contra o peito de seu pai adotivo. Uma, duas, três, quatro vezes, até romper a barreira da armadura, que agora se partia, caindo no chão com barulho que tintilava por toda a sala. Com prazer, enfiou a adaga no peito dele a primeira vez. Retirou.

Odin ainda tentava tatear Loki para fazê-lo parar, mas não conseguiu. A segunda facada foi mais certeira, e o deus das mentiras teve certeza que havia atingido o coração de Odin, mas, para ter certeza, retirou a faca mais uma vez e, para terminar, esfaqueou-o mais uma vez.

Loki terminou de cravar, com ódio, a sua adaga no peito de Odin. Ouviu o ar sair de seu pulmão a última vez enquanto ele se engasgava com o sangue que subia, escorria pela sua boca e manchava-o de vermelho. Sorriu em satisfação, arrancando a faca rapidamente, os ferimentos no peito também jorrando o líquido viscoso. Com o pé, empurrou o corpo do deus, fazendo-o cair deitado, os olhos focados no nada, na sala onde Odin tinha feito tanto mal para ele. Onde tinha dito que Helena estava morta, onde tinha tentado separá-lo dela, onde o sentenciara para uma vida na prisão. Ele tinha assinado o próprio óbito. Queria que aquele momento durasse para sempre. Ouviu o barulho de espada cortando a carne e um gemido de dor que conhecia bem. Seu coração pareceu parar de bater naquele momento. Virou-se devagar, na ilusão de que aquilo faria a cena mudar.

Mas não mudou. Sif segurava a espada ensanguentada, enquanto, de pé, mantinha um rosto impassível, observando a figura loira a sua frente cair de joelhos e depois tombar.

Sigyn agora estava deitada no chão, na sua própria poça de sangue.


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Notas finais do capítulo

E a fanfic acaba aqui porque afinal Odin morreu então ta tudo certo
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Brincadeira gente, não me matem HAHA