Chasing a Starlight escrita por ladywriterx


Capítulo 28
Despertar


Notas iniciais do capítulo

OI GENTE!! Nossa, na minha cabeça já fazia meses que não vinha atualizar, mas foram só três semanas. É um tempinho, mas nem tanto assim. Espero que gostem do capítulo de hoje ♥



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Thor queria ter chego em Asgard e sumido, queria não ter que enfrentar a fúria de Odin, principalmente porque ele era uma das causas daquela cruzada contra Loki não ter funcionado. Infelizmente, não foi possível. Odin entrou na sala do trono batendo portas, o cetro ecoava no chão conforme ele andava, irritado, duro. Tentou respirar fundo, se controlar, não ter uma reação que não seria digna de um rei, mas o ódio que sentia por Loki, por Sigyn, e os truques que o casal tinha era maior que a civilidade que tinha cultivado por tanto tempo. Thor parou no lugar que estava, desconfortável com o acesso de raiva que seu pai estava tendo.

—Pai… - Ouviu só um grunhido partindo de Odin e se calou.

Esses descontroles de Odin talvez fossem a causa de estarem em guerra naquele momento.

Sigyn não conseguia mais mesurar o tempo. Perdera-se naquela noite infinita. Acreditava que, talvez, dois meses haviam passado desde a quase invasão de Odin em Jotunheim. Respirou fundo e largou a corda do arco que segurava com força, acertando o meio do alvo há alguns metros a frente. Puxou outra flecha da aljava e arrumou a postura novamente. Ouviu Fenrir rosnar ao seu lado e abaixou o arco, ainda segurando a flecha entre os dedos. Ele encarava o nada. Estava nas dependências externas do castelo, algo que imaginou que um dia fora um jardim, mas, naquele momento, não passava de um campo coberto de neve. Franziu o cenho, não havia nada ali.

—Calma, Fenrir. - Assim que disse isso, ouviu barulhos de passos na neve. Sabia que Loki estava ocupado para ser ele vindo em sua direção, e tinha passos muito mais suaves que o de algum gigante. Voltou a levantar o arco. - Quem está ai?

Não teve resposta. Aquilo fez seu coração acelerar. Não conseguia enxergar muito longe, e aquilo a deixava tensa.

—Veja quem encontrei fora do castelo. - Virou-se, a voz aparecendo atrás dela.

—Quem é você?

—Sua cabeça está com um ótimo preço no mercado. Sua e de Loki, é claro. - O homem se aproximava a passos lentos. Percebeu que usava o uniforme dos guardas de Asgard.

—Como chegou aqui? - Estava prestes a soltar a flecha.

—Vocês não são os únicos que conhecem a passagem secreta da Bifrost. - O guarda sacou a arma, uma espada longa e Fenrir rosnou ainda mais, pronto para atacar.

Sigyn começou a se sentir mal, estava apenas com um arco e flecha, e mais nenhuma arma. Seu estômago revirou e teve certeza que podia vomitar, além de sentir sua pressão baixa, prestes a desmaiar. Podia recuar, fazer alguma magia e se esconder até que pudesse acabar com ele. Mas não conseguiu, travou. E, assim que percebeu isso, sua visão ficou escura e foi perdendo a consciência pouco a pouco. A única coisa que pode notar em sua volta antes de cair desfalecida foi o uivo de Fenrir.

Loki começava a ficar preocupado. Já tinha ido até a biblioteca, sala de treinamento, quarto, e não conseguia encontrar Sigyn. Sabia que ela conseguia se virar sozinha, mas não encontrá-la em nenhum lugar não era normal. Decidiu procurá-la no exterior do castelo quando ouviu a marcha rápida de Fenrir até ele, sem Sigyn. Não era normal. Desde que resgataram Fenrir, ele não saía do lado da deusa, protegendo-a constantemente. Agachou-se, esperando que ele chegasse mais próximo, percebendo algo em sua boca. Era um papel, com o selo de Asgard e um esboço de seu rosto e de Sigyn. “Recompensa-se”.

Não podia acreditar. Odin tinha colocado o reino inteiro em uma caçada. Eles eram os alvos. E agora não sabia onde Sigyn estava. Amassou o papel, a raiva extravasando por seus poros.

—Consegue rastreá-la? - Sentia-se um idiota conversando com Fenrir. Não sabia o quanto ele o entendia. Ele apenas virou-se, farejando o chão. Loki não esperou, apenas correu atrás do lobo.

Não sabia quanto tempo ficou apagada. Acordou com calor, buscando por ar e querendo tirar aquela roupa quente que, em Jotunheim, quase não era o suficiente para protegê-la do frio. Parou, só então percebendo o que aquilo significava. Não estava mais em Jotunheim. Estava em algum lugar que não sabia onde era. Olhou em volta, percebendo apenas uma luz dourada tremular em volta do cômodo. Sentia-se exausta. Tentou conjurar roupas mais adequadas, mas nada aconteceu. Pânico tomou conta dela quando se deu conta do que aquilo significava. Não conseguia fazer magia. Estava presa, sem nenhuma arma, sem saber onde.

—A princesinha acordou. - Encarou a porta, o guarda que havia encontrado nos arredores do castelo agora estava parado, sorrindo. - Quanto tempo será para que Loki perceba que você sumiu?

—Você tem tendências suicidas, por acaso? - Rosnou para ele, pronta para avançar. Foi impedida por uma espada, apontada para seu coração.

—Só quero o dinheiro que Odin me prometeu caso eu entregasse vocês dois para ele. - Sigyn respirou fundo, controlando a vontade de voar no pescoço dele e matá-lo ali mesmo. - Aqui, Odin quer vocês vivos, e com essa roupa em pleno verão de Asgard, você vai fritar.

Ele apenas jogou um vestido para Sigyn e fechou a porta com força, deixando-a sozinha de novo. Esperou ainda algum tempo antes de começar a despir-se, já passando mal com o calor que sentia. Odiava esse sentimento de impotência, precisava encontrar alguma coisa para fazer, elaborar algum plano. Odiava apenas sentar e esperar que Loki aparecesse para resgatá-la.

Tentou algumas magias. Nada. Tentou destruir a barreira mágica com chutes e socos e só conseguiu alguns ferimentos nas mãos, dolorosas queimaduras que, por estar com sua mágica bloqueada, não pareciam querer desaparecer tão rapidamente. O quarto não tinha janelas. Só tinha a porta que, desde que o homem tinha aparecido para lhe dar a roupa, tinha permanecido fechada. Não sabia quanto tempo havia passado, mas já sentia fome. Muita fome. Algum tempo mais se passou quando começou a se sentir fraca e, antes que pudesse entender o que estava acontecendo, desmaiou de novo, com um baque seco no chão.

Loki estava nervoso. O rastro que Fenrir achou terminava na passagem da Bifrost. Podia usá-la para chegar até Sigyn, se fosse o caminho que tivesse feito, tinha apenas a leve impressão que o levaria diretamente para Asgard.

—Vamos, Fenrir. - E avançou até a passagem, limpando a mente, deixando que a Bifrost o conduzisse até a pessoa que tinha capturado Helena.

Seu instinto estava certo. Quando a explosão da ponte arco-íris terminou, estava parado com Fenrir na caverna de Asgard. Precisava ser cauteloso, estava em território inimigo, não podia ser impulsivo naquela hora. Com um estralo de dedos, ele era outra pessoa, Fenrir não passava de um cachorro inofensivo e, com outro movimento das mãos, estava no centro da capital de Asgard, no meio da multidão que fazia compras no mercado, apressados, o castelo ao horizonte. Fenrir rosnou e voltou a farejar. Esperava de coração que ele conseguisse encontrar Helena.

Recebeu alguns olhares estranhos enquanto corria pelas ruas, seguindo Fenrir que ficava cada vez mais agressivo, cada vez mais perto do castelo. Entrou por algumas vielas e Loki pode identificar o bairro. As casas eram humildes, próximas ao palácio e serviam de moradia para os funcionários, principalmente soldados e guardas. Parou em frente a uma casa e começou a arranhar a porta, irritado, furioso. Seus caninos pareciam ainda mais longos, e avançava contra a casa, rosnando. O deus não pensou duas vezes antes de arrancar a porta das dobradiças com raiva.

Uma mulher pulou de susto com Loki agora em sua forma original invadindo sua casa.

—Onde está Sigyn? - A mulher ficou da cor de seus cabelos, branca. Seus olhos passavam de Loki para Fenrir, sem saber como agir. - Eu vou ter que falar duas vezes?

—Egil! - A mulher gritou, ainda sem tirar os olhos dos dois. - Perdão, vossa alteza, eu…

—O que foi, mulher? - Um homem moreno apareceu do corredor e também se assustou com a presença de Loki em sua casa. Depois do choque inicial, o homem sorriu e Loki teve a certeza que tinha entrado na casa certa.

—Eu não acredito que você foi estúpido o suficiente para me enfrentar. - O deus apenas suspirou. - Fenrir. - E apontou para a mulher. O lobo avançou em seu pescoço, derrubando-a no chão, gritando. Ele apenas mordia o suficiente para deixá-la levemente sem ar, um filete fino de sangue escorrendo de uma pequena perfuração dos dentes. O soldado, que Loki deduziu ser Egil, empalideceu. - Não quero ter que falar de novo. Onde está Sigyn?

Egil ainda demorou para responder. Estava pálido e tremia. Idiota, pensou Loki. Teve que respirar fundo algumas vezes antes de conseguir sair do estado de choque que se encontrava.

—No quarto. - Loki apontou para que ele o conduzisse e depois fez um sinal para que Fenrir os seguissem, libertando a mulher que agora passava a mão pelo pescoço, quase como se não acreditasse que ainda estava viva.

Loki logo percebeu a proteção contra mágica que circundava o quarto. Sigyn estava presa ali, sem conseguir usar seus poderes e, provavelmente, sem nenhuma arma, já que via no fim do corredor o arco dela, com suas aljavas, as flechas com suas habituais penas verdes e azuis. Colocou-se na frente da porta que emanava uma luz dourada e desfez a proteção mágica, só para depois abrir a porta com força, apenas para encontrar Sigyn caída no chão, desfalecida. Com raiva, virou-se para o homem, não esperou nenhuma justificativa, apenas virou seu pescoço, achando prazeroso o barulho dos ossos se partindo e seu corpo caindo sem vida no chão.

Colocou Sigyn deitada na cama e, pacientemente, esperou que ela voltasse a si. Ela piscou os olhos algumas vezes antes de entender o que estava acontecendo, quem estava no quarto com ela, como ela tinha ido parar da cama. Quando percebeu que era Loki, ele já estava abraçando-a com força. Tentou retribuir, mas suas mãos ainda doíam das queimaduras.

—Eu estava tão preocupado. - Enterrou sua mão no cabelo dourados e Sigyn e a pressionou contra si.

—Estou bem. Só um pouco fraca. - Sua voz já saiu baixa por ainda estar se recuperando, além de estar apertada contra Loki.

—Fizeram alguma coisa contra você? - Negou com a cabeça e se separou dele, tentando sorrir.

—Não, só estou com fome e fiquei um tempo sem minha magia. - Mostrou as mãos, agora um pouco menos vermelhas do ferimento.

—Vá para casa com Fenrir. Tenho assuntos a resolver aqui. - Só então Sigyn percebeu o corpo do homem morto na porta do quarto. Seus olhos voltaram para Loki, que não mostravam remorso algum. Apenas balançou a cabeça, colocou-se de pé, certificando-se que não cairia e nem desmaiaria no caminho.

—Fenrir. - O lobo colocou-se ao seu lado, esfregando-se em suas pernas como se estivesse feliz em vê-la. Loki foi até a pilha com a roupa de Helena no chão e a entregou. Em um estalo de dedos, ela estava vestida novamente para a neve de Jotunheim. Loki depositou um beijo delicado em sua testa, sussurrou um “fique bem” e separou-se dela. Saiu do quarto sem olhar para trás. Ela suspirou e pensou na passagem da Bifrost, querendo chegar em seu quarto logo.

Loki marchou com raiva até a sala, onde a mulher encarava o corredor, os olhos vidrados de medo e o sangue coagulado ainda manchando o seu pescoço. Seus olhos passaram para Loki.

—Quem veio e colocou aquele feitiço no quarto? - Ela ficou calada, sem responder. Loki avançou, pegando-a pelo pescoço, levantando-a até que encontrasse a parede mais próxima. - Eu te fiz uma pergunta. - Ela choramingava, as mãos apertando a mão de Loki que a segurava.

—Odin. - O nome dele saiu quase como um soluço da garganta dela. - Ele mandou que cada casa dos soldados tivessem esse encanto e ordenou que todos saíssem em busca de vocês dois.

Loki marchava com raiva, com pressa, segurando algo em sua mão direita. Todos viravam para vê-lo, e ninguém se atrevia a impedir. Guardas recuavam ao verem o olhar de ódio que Loki dirigia a todos, e depois quase passavam mal ao ver o que o deus carregava. Conhecia aquele castelo como a palma de sua mão, conhecia Odin bem demais para saber que ele provavelmente estava sentado em seu trono dourado, achando-se vitorioso por ter sido tão esperto.

Murmúrios já percorriam os corredores conforme ele avançava ainda mais para dentro do castelo. Loki, o rei de Jotunheim. Loki, o que antes era príncipe de Asgard. Estava de volta, com os olhos queimando em fúria. Alguns o olhavam surpreso, talvez imaginavam que ele talvez já estava morto. Esperava que Odin também o olhasse surpreso. Os guardas que ficavam às portas da sala do trono não conseguiriam reagir antes que ele entrasse, a força, no salão dourado.

Estava certo, Odin sentado ao trono tinha um sorriso petulante que foi sumindo quando percebeu que ia até ele e o que ele carregava. Loki parou antes da escada que separava-o do deus mais velho e apenas despejou o que carregava aos pés de Odin, irritado.

—Agora estamos em guerra, Odin. E você acabou de perder a primeira vida para Jotunheim. Prepare seu exército, porque não vejo a hora de fazer o mesmo com você.

Odin ficou sem palavras, aos seus pés, uma poça de sangue começava a se formar, combinando com o rastro de pingos vermelhos que seguiam Loki. Encarou o chão, encontrando apenas a cabeça decepada de um de seus melhores guardas, os olhos ainda em choque com o que tinha acontecido. Loki ainda estava com as mãos cheias de sangue, sua adaga também pingava. Ali, naquele momento, Odin teve a certeza que tinha despertado o Ragnarök.

Helena chegou exausta em seu quarto. Encontrou um gigante andando pelo corredor e precisou se segurar no batente da porta para pedir que ele trouxesse algo para que ela comesse, o mais rápido possível. Agora, estava sentada na cadeira da penteadeira, a cabeça abaixada, tentando lutar contra a sensação de quase desmaio e os enjoos. Sensação que a perseguia já fazia alguns dias. Ouviu a porta do quarto e depois um cheiro de assado que a fez salivar. Tentou agradecer, mas a única coisa que conseguiu fazer foi comer o mais rápido possível antes que a comida esfriasse ou ela desmaiasse de novo.

Alimentada, foi até a cama, engatinhou até seu travesseiro e pode pensar no que estava acontecendo. Tinha sido sequestrada porque tinha passado mal. Se ela não tivesse desmaiado, nada daquilo teria acontecido. Andava sonolenta, e parecia que sua pressão estava cada vez mais baixa. Não podia estar ficando doente, não naquela época, não quando tinha uma guerra prestes a eclodir. Sentiu Fenrir se enrolar na cama, perto de seus pés, e sorriu, antes de fechar os olhos e deixar que o cansaço a levasse para longe e a fizesse dormir e esquecer o que estava acontecendo.

Acordou apenas o suficiente para ouvir Loki voltando, a porta do quarto abrindo e fechando com delicadeza, como se não quisesse acordá-la. Ouviu o sobretudo dele encontrar o chão e, logo depois, percebeu o movimento da cama, indicando que ele deitava ao seu lado. Virou-se para encontrá-lo e ele percebeu que Helena estava acordada.

—Não queria te acordar.

—Tudo bem. - Sentiu a mão dele puxando-a mais para perto.

—Está bem?

—Sim, cansada, só. - E bocejou. Loki sorriu, depositou um beijo delicado no topo de sua cabeça. Helena voltou a fechar os olhos, esperando que caísse no sono rapidamente de novo, principalmente porque agora sabia que Loki estava bem, ao seu lado. Estava de volta a Jotunheim e ela não tinha mais nada a se preocupar.

—Descanse, vamos precisar. - Aquela última frase mexeu com algo dentro dela. Ele parecia irritado, parecia diferente.

 

Queria ter forças para interpretar ou até mesmo perguntar para ele, mas a única coisa que conseguiu fazer foi acenar com a cabeça e se deixa levar de novo para seu sono, tentando esquecer do que tinha acontecido aquele dia, da sua mão que ainda ardia levemente, do homem que viu morto no chão da própria casa, provavelmente morto por Loki, e de suas preocupações sobre a própria saúde. Era muita coisa para pensar, mas o cansaço era tanto que, antes que pudesse perceber, tinha suspirado de satisfação antes de voltar ao seu sono profundo.


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Notas finais do capítulo

E, de novo, aquela mesma história, não sei quando vai ser a próxima atualização, mas acho que deve demorar esse tempo, umas três semanas, um mês. E vamo que vamo. Obrigada por estarem sempre aqui, e me desculpa se não respondi algum comentário e se eu estou demorando pra responder... A vida ta conturbada.



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