Chasing a Starlight escrita por ladywriterx


Capítulo 21
Before they eat my soul


Notas iniciais do capítulo

Oi gente??????????

Ainda tem alguém aqui???

ME DESCULPEM. Eu fiquei embolada com tanta coisa que não deu tempo de escrever. Terminei o NaNo dia 25 (SIM, meu livro está "pronto", falta revisar e etc), dia 27 fui pra minha cidade e de repente tudo tava uma bagunça. A faculdade começou, ta tudo acontecendo tão rápido e quase não tive tempo livre. Mas é só nesse começo, que as coisas ainda não estão numa rotina ainda, e logo acho que vou achar meu espaço pra escrever, meu domingo em paz, talvez. Minha casa ficou cheia essas três semanas pra gente aproveitar com os amigos enquanto podia e por isso, fuem, não consegui escrever. Mas eu sabia que precisava, todo dia eu pensava "caralho, a fic", juro. Não esqueci de vocês.

Não vou abandonar, já disse. Talvez volte a ser atualizações mensais, e não semanais, mas não vou abandonar.

Mas enfim, vamo parar de falar e bora.

Música do título: Mercy - Muse (voltamos com o Muse, veja só)

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Os ferimentos de Loki pareciam não querer fechar e aquilo a incomodava. Ele tinha desmaiado – não sabia se era de dor, exaustão, ou uma mistura de tudo isso – e por isso se permitiu chorar, controlando os soluços, segurando o recipiente que recebia o veneno, as gotas pingando. Precisava pegar água para limpar seus ferimentos, precisava se lavar, tirar o resto do ácido que ainda ardia em suas costas, conseguir algo para comer. Precisava de magia. Fungou, tentando se controlar. Precisava se concentrar.

Conseguiu fazer o recipiente ficar em sua posição novamente e foi até o riacho. Abaixou-se, colocou a mão em concha na água para pegar um pouco e, instantaneamente, afastou, gemendo de dor, as mãos vermelhas. É claro. O veneno estava na água também. Teria que sair para procurar, mas não queria deixar Loki sozinho. Não sabia quanto tempo aguentaria, ou o quanto de veneno aquela bacia alta armazenava. Além disso, ele podia acordar e ela estar longe, e não queria aquilo. Definitivamente, não queria aquilo.

Então, como não sairia antes dele acordar, decidiu que analisaria aquelas correntes e algemas. Provavelmente eram imunes a magia – com certeza Odin não seria tão idiota a esse ponto -, mas toda magia tinha seu ponto fraco, lembrava-se de Loki falando em um de seus treinos. Chegou perto e tentou tocá-la, o metal queimando seus dedos em retorno. Xingou baixinho. Pelo menos ela conseguia tocá-las. Se conseguisse algo que se encaixasse perfeitamente ali e os libertassem. Analisou os pulsos de Loki, machas vermelhas lambiam sua pele, quase em carne viva. Aquilo partiu ainda mais seu coração.

–Sigyn? - A voz dele era rouca, as palavras saíam com dificuldade. Limpou o rosto, não queria que ele a visse chorando. Foi até ficar em frente a Loki e ajoelhou-se, um sorriso fraco. Passou a mão pelos cabelos dele, colocando para trás.

–Hey, você acordou. - Ele piscou, devagar, letárgico. Então entendeu: quando estava presa pelas algemas, elas não haviam queimado, elas não haviam machucado. Elas eram feitas especialmente para ele, para deixá-lo naquele estado, talvez sugando toda a sua magia.

–Apaguei?

–Por alguns minutos. - Respondeu. Ele gemeu, tentando mexer os braços, desconfortável. - Vou sair, procurar água para limpar seus ferimentos, e algo para comermos. - Ia falar para que ele tentasse descansar, mas ele provavelmente desmaiaria de novo, com tantas dores diferentes. - Se importa? - Balançou a cabeça negativamente, devagar. - Ótimo. - Beijou sua testa, se demorando, com os olhos fechados.

Loki também fechou os olhos, querendo ser possível abraçá-la, mas a única coisa que foi possível era sentir o único toque que lhe dava um pouco de conforto. Não queria que ela fosse, queria ter dito que se importava, queria que ela ficasse ali para sempre, mas sabia que era necessário. Não sabia quanto tempo ficariam ali, quantos dias, meses, anos. Sentiu um leve carinho em seu rosto antes que ela se afastasse. Deve ter checado o recipiente de metal – ouvia o barulho do veneno caindo, e aquilo arrancava arrepios – antes de sussurrar.

–Volto logo. - E saiu.

Queria poder ficar e admirar a paisagem, os pássaros cantando, o cheiro leve de natureza, mas precisava se concentrar em voltar o mais rápido possível. Havia uma trilha perto da caverna, e decidiu segui-la, não sabia onde daria, mas talvez fosse sua melhor tentativa de encontrar água, alguma comida. Caminhou por quase meia hora quando encontrou um poço, já começava a desistir, daria meia volta e retornaria, sentia-se ficando fraca. Correu até o poço, soltando o balde, o coração aliviando quando ouviu o barulho dele atingindo a água.

Começou a virar a manivela para trazê-lo de volta quando sentiu a ponta de algo afiado em suas costas, bem no seu ferimento, e gemeu de dor. Parou no meio de um giro, sem soltar, para que o balde não voltasse a cair.

–Quem é você?

–Eu só preciso de água, por favor. - Choramingou, a espada em seu ferimento distribuindo choques por todo o seu corpo, dolorosos.

–É a última vez que eu pergunto antes de eu te atravessar com uma espada. Quem é você? - A voz era feminina. Soltou o ar.

–Sigyn. - A espada imediatamente saiu de suas costas e conseguiu respirar aliviada.

–Sigyn? - Os passos deram a volta e se colocaram a sua frente. Era uma mulher, mais baixa que ela quase um palmo, as orelhas pontiagudas e o cabelo tão vermelho como o fogo, contrastando com seus olhos azuis. - Então…

–Por favor. Eu realmente não tenho tempo.

–Você não é nada do que falam. - Levantou as sobrancelhas. Parte de si ficou curiosa em saber o que era, mas se controlou, precisava apenas levar aquele balde para a caverna, e ela estava atrapalhando. - Pode pegar o que precisar.

–Obrigada. - Suspirou, voltando a puxar, com pressa. Precisava voltar, precisava voltar. - Qual seu nome?

–Gefjun. Deusa da colheita. E não pretendo tomar partido em nenhum dos lados quando chegar a hora. - Com expressão vazia e irritada, ela sumiu. Helena suspirou. Se a deusa da colheita estava por perto, era provável que havia algo pra comer também. Mas já tinha demorado demais, isso tinha que ficar para depois.

Sem esforço nenhum, tirou o balde do poço e correu. Sentia que sua magia logo esgotaria e, então, todo aquele veneno armazenado cairia de uma só vez em Loki. Diminui seu tempo para vinte minutos e, quando entrou na caverna de novo, Loki tinha apagado novamente. Tinha consciência que aqueles seriam os piores dias de sua vida, e de Loki. Logo precisaria jogar fora aquele acúmulo de ácido na bacia, e aquilo doeria mais nela do que nele. Decidiu que, enquanto conseguisse segurar, trabalharia nos ferimentos, limpando o sangue o tanto que podia.

Chegou na frente dele e rasgou uma parte da saia de seu vestido. Ajoelhou-se, puxando o balde para seu lado. Mergulhou o pedaço de tecido, torceu-o. Segurou o rosto dele, a respiração dele quase não existia. Mordeu o lábio inferior, sabendo que aquilo ia doer. Com delicadeza, como sempre fazia para cuidar de seus ferimentos, tentou fazer seu trabalho sem acordá-lo.

O que não foi possível, porque logo ele abriu os olhos, assustado, o corpo tremendo em dor.

–Shh, sou eu. - Falou baixo, acalmando-o. Pareceu precisar de alguns segundos para focar os olhos em Sigyn, que parou, as mãos no colo. - Loki?

–Você voltou.

–Claro que voltei. - Riu pelo nariz, levantou a mão de volta em seu rosto. - Posso? - Ele acenou com a cabeça. - Por que não voltaria?

–Estava demorando. - Voltou a colocar o tecido na água e apertou-o, vendo a água adquirir uma leve tonalidade vermelha.

–Bem, demorei para encontrar uma fonte de água e, quando encontrei, uma delicada e bem simpática deusa apontou uma espada pra mim. - Resmungou, tentando não focar nos ferimentos dele, na imagem que ainda tinha, tão clara em sua mente dele machucado, a boca costurada. Um arrepio passou por sua espinha.

–Quem?

–Gefjun. Pelo jeito mora pelas redondezas.

–Ainda estamos em Alfhein. - Levantou os olhos para Loki. - Gefjun não sai de Alfhein desda guerra dos jotuns. - Sigyn franziu o cenho. Loki puxou uma grande quantidade de ar. - Os jotuns invadiram todos os reinos, não somente Asgard, ou Midgard. Alfhein foi o último reino que Odin decidiu fazer algo, deixando os vanires, deuses elfos, sem auxílio. Freya, Frey, Gefjun, todos eles, fizeram uma promessa de não pisarem em Asgard enquanto Odin ainda for o Rei.

–Então por isso que ela me deixou ir.

–Provavelmente. - Mais uma grande inspiração. Sabia que Loki estava exausto.

Ficaram em silêncio enquanto ela trabalhava, tirando o sangue que já havia secado, limpando o máximo que podia os ferimentos mais feios. Não mencionou que o caminho que o veneno havia feito em sua pele ainda queimava, ou que seus ferimentos também latejavam. Sabia que ela se recuperaria muito mais rápido sem ter algemas que sugavam toda a sua magia. Quando colocou-se de pé e notou que a bacia estava quase inteira cheia, um arrepio congelante subiu pela sua espinha.

–Loki. - Sua voz já disse tudo. Viu seus músculos se contraírem, as correntes tintilarem com o movimento brusco. Respirou fundo. Uma gota caiu. Contou os segundos. E, assim que a outra atingiu a bacia, retirou-a, prendendo a respiração e correu para o riacho, despejando todo o conteúdo ali.

Ouviu as correntes tremerem, uma gota. Correu. Loki gemeu. Duas gotas. Pegou a terceira que cairia diretamente em suas costas desnudadas e soltou o ar. Duas gotas. Ajoelhou-se ao seu lado, encostando a testa em sua cabeça, segurando a bacia em cima, impedindo as lágrimas de caírem. Fechou os olhos, ouvindo a respiração tão instável dele.

–Desculpa. - Sussurrou. Sabia o quanto aquele veneno doía, queimava até a alma.

–Não vamos começar com isso, Lena. - Ele virou o rosto, os narizes se tocando. - Você está aqui, e eu não mereço. - Deixou um sorriso triste sair. Ele merecia, apenas não sabia disso.

–Vamos ter que melhorar esse tempo entre jogar o veneno e voltar. Duas gotas. Podemos diminuir para nenhuma, quem sabe. - Ele soltou uma risada fraca, a voz distante.

–Quem sabe.

Enquanto Loki dormia, Helena tentava curar ferimentos leves, forçando o máximo de sua magia. O corte no supercílio dele, que ainda não dava nem sinais de começar a cicatrizar. Começava a se frustrar. Não tinha magia o suficiente para aquilo, quem dirá para tirá-los daquela situação. Abaixou a mão, frustrada. Não conseguiria dormir, sabia disso. Limpou as lágrimas. Queria poder deixá-lo o mais confortável possível, mas ali estava ela, incapaz de uma simples magia de cura. Sentia-se tão impotente diante daquela situação que queria gritar de ódio.

Decidiu andar um pouco, respirar ar puro, ver as estrelas. Levantou, tirou o cabelo preto de Loki que caia em seu rosto, colocando atrás de sua orelha, delicadamente para não acordá-lo. Checou o volume de líquido. Estava ok. Com um movimento rápido da mão, apagou as tochas que iluminavam a caverna, Loki precisava descansar, mesmo que fosse naquela posição desconfortável.

A noite era gelada, um vento cortante e com barulhos muito diferentes do período da tarde. Não tinha nenhuma lua e as estrelas brilhavam forte no céu. Olhou para trás, a caverna atrás de si, antes de se sentar na entrada, abraçando a si mesma. Ergueu os olhos para o céu, fechou os olhos e, antes que pudesse notar, chorava. Chorava tanto que era difícil segurar os soluços que de algumas vezes balançavam seu corpo.

–Está bem? - Limpou o rosto correndo e encarou a figura a sua frente, a mesma figura baixinha de algumas horas antes.

–Gefjun. - Ela saiu das sombras e acenou com a cabeça. - Na medida do possível. - Limpou a garganta e tentou impedir o resto das lágrimas que ainda não tinham parado.

–Aqui. - Ela trazia uma cesta em mãos. Estendeu para Helena e sorriu. Sem entender, a loira aceitou e a deusa sentou-se ao seu lado. Era uma cesta com algumas frutas e Helena quase voltou a chorar com aquele gesto.

–Obrigada.

–Odin sabe ser dramático.

–Nem me diga. - Sabia melhor do que ninguém o que o ego e a insanidade de Odin podia causar.

–Ele está bem? - Apontou para dentro da caverna escura. Sigyn suspirou e se abraçou, os olhos perdendo o foco, vagando para longe. Precisava arranjar um jeito de salvá-lo, precisava fugir dali, para bem longe, onde Odin não os encontraria e pudesse viver sua vida em paz.

Sabia que aquilo não era possível, mas sonhar não custava nada. Pensar que talvez teria uma vida normal com Loki era um sonho distante que sabia que não se realizaria. Nunca seriam normais, nunca conseguiriam deixar todos esses traumas para trás. Apenas teriam que aprender a conviver com aquilo, com todas aquelas dores e talvez conseguir superar. Talvez conseguir começar a construir uma vida diferente.

Mas eram Sigyn e Loki, amaldiçoados pelo destino, e sabia que não conseguiria.

O tempo se arrastou. Não sabia mais quando era dia e quando era noite. Ficava sempre ao lado de Loki. As algemas que sugavam sua magia não permitia que ele se recuperasse dos ferimentos e teve que assisti-lo piorar lentamente, entrar num estado letárgico que quebrava seu coração. O Loki que ela conhecia era poderoso, sua magia era tão particular, envolvente. Sentia a sua própria crescendo, e se lembrava de seus treinos de magia com ele. Sabia que não tinha atingido seu pico ainda, e, por isso, sempre que ele conseguia fechar os olhos para descansar, treinava. Treinava como podia. Precisava estar forte – ser forte – e pensar em algo para tirá-lo daquelas algemas e levá-lo para longe.

Loki tinha acabado de dormir quando trocou a bacia – tinha conseguido materializar outra e agora conseguia mantê-la por muito mais tempo sem precisar estar ao seu lado. Decidiu que daria uma volta até o rio, daria um mergulho, pegaria um pouco de água. Sabia que, pelo menos, mais de um ano já tinha se passado pela mudança de cor nas árvores ao redor. Um ano que seria muito se ainda fosse mortal, agora, parecia insignificante, nada. E ainda não tinha conseguido pensar num plano para tirá-los de lá. Sentia-se quase inútil vendo o sofrimento de Loki sem poder fazer nada.

Gefjun havia mostrado onde ficava o rio, alguns minutos de caminhada dali, e sempre escapava para lá quando podia e quando tinha oportunidade. Seu coração ficava pequeno só de imaginar ficar muito tempo longe de Loki, sem saber como ele estava, então suas visitas ao riacho eram rápidas, apenas o suficiente para se lavar, conseguir água para ele e voltava. Gefjun não aparecia já fazia algum tempo, depois de fazer a promessa de encontrar algum jeito de ajudá-los.

Parecia que o inverno estava chegando de novo. Suspirou, prendendo seus cabelos cada vez maiores num coque, e se despiu. A caverna voltaria a ficar gelada, a água congelaria, os frutos parariam de florescer, de novo. Seriam os piores meses naquela caverna. Sua magia teria que sustentar fogueiras para deixá-los aquecidos, teria que materializar roupas quentes o suficiente para aguentar as baixas temperaturas. Pelo menos sua magia parecia crescente, zumbia em seu corpo e mostrava que, talvez, naquele ano não congelaria. Colocou um pé no rio e tremeu. A água já estava gelada. Tomou coragem e mergulhou de uma vez.

–Sigyn. - Levou a mão ao peito, seus seios cobertos pela água que batia quase em seu pescoço.

–Por que as pessoas têm a mania de me assustar? - Resmungou, virando-se para encontrar Gefjun perto de suas roupas com mais uma mulher.

A mulher mais bonita que já tinha visto em sua vida.

Não conseguia identificar a cor de seus olhos, parecia todas as cores possíveis e a cada piscada mudava, hipnotizando-a. O vestido, longo até os pés, mostrava o corpo perfeito, sem nenhum excesso, quase sem defeito. Ficou um pouco sem reação.

–Essa é Freya. - Assentiu com a cabeça. A deusa do amor e da beleza realmente tinha a aparência que lhe era digna.

–Olá. - O sorriso dela parecia iluminar ainda mais a sua feição. - Gefjun me contou sobre sua situação há algum tempo atrás e eu estava trabalhando em algo para ajudá-los. - Sigyn franziu o cenho, não entendendo.

–Eu posso só colocar minha roupa? - Elas deram de ombros. Sentiu-se incomodada de sair nua da água. Com um estalar de dedos, estava novamente vestida e agasalhada, o vento gelado agora cortando sua pele ainda molhada com a água fria.

–Primeiro, eu quero que entenda que não concordamos com o que Loki fez. - Pensou em falar algo, mas calou-se. Os poucos meses que passara em Asgard tinha feito-a mudar de ideia sobre muita coisa e, inclusive, começava a dar um pouco de legitimidade ao sentimento de inferioridade de Loki. O ódio que sentia de Odin também era tão grande que já estava cega aos erros dele. - Ao mesmo tempo, não concordamos com o que Odin está fazendo. Fomos aos anões em Musphelheim e eles nos concederam isso. - Conjurou em sua frente uma chave.

Uma chave.

Parecia encaixar perfeitamente em todas as fechaduras das correntes que prendiam Loki. Seus olhos encheram de lágrimas. Podia se ver livre daquilo. Ergueu os olhos castanhos para Freya e depois para Gefjun, sem palavras.

–Como está sua magia, Sigyn?

–Bem, eu acho.

–Então pegue Loki, e corra. Já fizemos nossa parte ajudando-os contra Odin, não nos envolva mais nisso, sim? - Estendeu a mão para pegar aquela chave, tão convidativa, o passaporte para sua liberdade, para a liberdade de Loki, que tanto precisava, e parou. Conteve-se. A curiosidade foi maior e as palavras escaparam de sua boca antes que pudesse freia-las.

–Por que estão fazendo isso? - A expressão de Freya mostrou que talvez não fosse a resposta que estava querendo.

–Porque precisamos de alguém que faça o trabalho sujo e tire Odin do controle dos Noves Reinos.

Parou com alguns segundos, os olhos indo da chave para as deusas e depois repetindo o caminho contrário. Não sabia o porquê ainda esperava que falassem que confiavam em Loki, que queriam que ele tivesse uma vida boa. Aceitava até mesmo o discurso de que estavam com dó dele. Não. Apenas precisavam de seus serviços de assassino de aluguel. Poderia recusar a chave, ser orgulhosa, mas não podia fazer aquilo com Loki.

–Quanto tempo já se passou?

–Dois anos e três meses. - Seus olhos arderam com as lágrimas que queriam teimar em sair. Não deixou. Só se agarrou a chave, o passaporte para fora daquele inferno, e não queria mais soltar. - Boa sorte, Sigyn.

E, com isso, as duas sumiram.

Encarou a chave por algum tempo, seu coração palpitando. Ela parecia tremer em sua mão, vibrar com uma energia que a atraia, que pedia para ser usada. De repente, seu coração congelou, com todos aqueles sentimentos de vingança e ódio que tinha por Odin. Era sua oportunidade de vê-lo na mesma posição que estavam agora. Apertou a mão em punho, segurando-a com força e correu.

–Loki, acorde. - Passou a mão em seu rosto. Suas feridas não fechavam, já todo aquele tempo abertas. Sem sua magia, tão ligada ao seu corpo, ele parecia definhar, dia após dia. Sabia que talvez não durariam muito mais tempo naquele lugar. Precisavam fugir. Precisavam escapar. Ele piscou os olhos, demoradamente, preguiçoso.

–O que foi? - Abriu a mão, mostrando a chave que parecia reluzir com o tremular do fogo na caverna. Ele pareceu demorar para entender o que aquilo significava. Liberdade.

–Vou precisar de todo o meu poder para nos camuflar de Heimdall. - Ele respirou profundamente, sabendo o que viria a seguir. - Me desculpa. - Loki apenas grunhiu.

Estava cansado daquilo. Queria se ver livre, queria deixá-la livre. A passos lentos, Helena colocou-se ao seu lado, segurou a bacia que já estava quase na metade – uma tragédia que ela se derramasse. Com as mãos tremendo, puxou-a e, assim que o fez, direcionou toda sua magia para que os dois parecessem o menos suspeitos possível para Heimdall. Se ele olhasse, talvez a visse segurando a bacia, a última cena que a magia captaria, e acharia que estava tudo bem. Correu, a chave tremendo contra as algemas, enquanto, mentalmente, contava o número de gotas que atingia as costas de Loki, seu peito, sua cabeça.

Assim que o livrou de uma corrente que o prendia, Loki tombou para frente, gemendo de dor, tentando desviar do veneno, mas sem forças para se arrastar para o lado. Sigyn correu para o outro lado e, tentando ser ainda mais rápida, o libertou definitivamente. Caiu ao seu lado e, segurando as lágrimas, abraçou-o com força, suportando todo o peso do deus e pensou na passagem da Bifrost.

Não sabia para onde iria. Só precisava de um lugar seguro para que ele pudesse melhorar. Queria seu Loki de volta. Ele não disse nada. Não reclamou. Mudo, enquanto se via arrastado por ela até a caverna que lhes concederia uma breve liberdade.

–Vamos para Midgard. Lá vou conseguir cuidar de você. - Ainda tentou falar alguma coisa, mas tudo o que saiu foi um grunhido que Helena interpretou como um “não preciso disso”.

Como o idiota orgulhoso que era.


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Notas finais do capítulo

Reforçando o aviso

Não vou abandonar vocês.
Não vou.

Chasing a Starlight vai ser concluída, se não em 2016, em 2017, 2018, vamo fazendo. Uma hora acaba.

Em 2015 é impossível, tem muita coisa pra rolar e pouco tempo HAHA. MAS VAMO FAZENDO!



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