Chasing a Starlight escrita por ladywriterx


Capítulo 18
Escolha


Notas iniciais do capítulo

Ufa, não atrasei a atualização. Ela tava quase pronta, mas hoje o dia foi meio corrido e enfim. Esse capítulo começa a trazer mais um fim de um ciclo de Chasing a Starlight, pro próximo ser tiro, porrada e bomba. Espero que gostem.



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Helena não viu o tempo passar. Entre aulas de magia com Loki a noite e suas aulas com Sif durante o dia, os meses foram correndo na frente de seus olhos sem que ela pudesse fazer nada para impedir. Sabia que lady Sif a vigiava em cada olhar, tentando achar qualquer furo no possível plano de Loki. Quando comentou isso com ele, a guerreira passou a ficar ainda mais ocupada com treinamento de outros guerreiros e algumas missões dadas por Loki para tirá-la do castelo e restaurar um pouco a paz de espírito que Helena precisava.

Também tinham os sonhos com Frigga, que tornavam-se cada vez mais frequentes conforme sentia sua magia avançando, seu poder aumentando. Uma linha direta com Valhala, a deusa preocupada com o destino de seu marido e de seu filho, o que rendia mais algumas visitas a Odin, que decidiu que ignoraria Helena. Aquilo só aumentava o ódio que sentia dentro dela, aquele sentimento de vingança começando a borbulhar, mudando algo em sua personalidade. Sentia-se mais irritada, tudo a tirava do sério. A cada vez que imaginava uma adaga atravessando o peito de Odin, era um alívio de toda aquela turbulência de emoções.

E, no meio disso, tinha Loki. Apesar de tão turbulento quanto ela, conseguia fazê-la esquecer dos problemas por algumas horas – pelo menos nos momentos em que ele se deitava ao seu lado, e a respiração lenta e pesada dele a levava para longe de Asgard por algum tempo. Mesmo que de algumas vezes ele a tirasse do sério e, nos últimos dias, os ânimos dos dois pareciam não se encaixar. As brigas se tornaram constantes e isso a preocupava.

–Sigyn, Sigyn. - Helena virou-se na cama, preguiçosa. Não queria acordar. Tinha ficado até tarde esperando Loki aparecer. Estava tão cansada que, lá pela meia noite, tinha caído na cama e dormido, sem nem ao menos tirar a sapatilha ou a roupa do dia. - Preciso de você, Sigyn. - Reconheceu a voz de Loki e, para que ele a chamasse de Sigyn, alguma coisa tinha acontecido. Abriu os olhos e sentou-se apressada na cama.

–Loki?

–Desculpa, não queria te acordar, mas... - Lena finalmente focou os olhos, encontrando-o pálido sentado na beira da cama, a testa molhada de suor. Quando ele levou as mãos ao cabelo, bagunçando-os ainda mais, pode perceber o quanto ele tremia. Franziu o cenho e sentiu o coração acelerar, ele não estava bem, não estava nada bem.

–O que aconteceu? - Ajoelhou-se perto dele, passando a mão pela sua testa. Não estava tão quente e ele não estava com febre para estar suando daquele jeito. Loki ficou quieto, respirando fundo algumas vezes, totalmente descompassado, como se não conseguisse controlar a própria respiração. - Loki, fale comigo. O que está sentindo?

–Eu não sei. - Percebeu como ele demorou para conseguir achar a voz e como tinha saído mais como um pedido de ajuda. As pupilas dele estavam tão dilatadas que o azul tinha quase sumido por completo.

–Nauseado? - Ele assentiu. Helena riu e foi a vez dela de passar a mão pelos cabelos negros dele. - Você está tendo um ataque de pânico, Loki. Respira fundo. Quer conversar sobre o que estava fazendo quando isso começou?

–Não. - Helena fechou os olhos e foi a vez dela respirar fundo. Como odiava quando Loki fazia isso.

–Tudo bem. Segue a minha respiração, você está descompassado, ok? - Ele assentiu. Helena achou até um pouco de graça naquilo, procurou as mãos dele para apertar e mostrar que estava tudo bem. Percebeu quando, aos poucos, ele começava a acalmar e ficou aliviada. - Melhor?

–Um pouco.

–Tem certeza que não quer falar sobre? Por favor, Loki, você vem me preocupando. Cada dia mais distante.

–É meio óbvio, não acha? - Ele soltou-se de Helena e levantou-se da cama, andando de um lado para o outro no quarto, ainda ansioso demais para ficar parado, estressado demais para qualquer conversa. Ela fechou os olhos. Era disso que estava falando. Fazia uma semana que era tratada daquele jeito por Loki e ele provavelmente não percebia o que fazia. Abaixou a cabeça e deixou que ele ouvisse o suspiro que soltou. - O que?

–Pare de me tratar assim. - Sussurrou. - Eu estou cansada, com sono, você me acorda no meio da noite e acha que tem o direito de me tratar assim?

Você está cansada? Você está com sono? - Percebeu a merda que tinha falado e se jogou na cama, já irritada. Queria poder voltar a dormir, dessa vez embaixo das cobertas, sem sapato e com uma roupa mais confortável, mas viu que aquela conversa ia longe. Ficaram em silêncio por algum tempo antes de Loki finalmente tomar coragem de falar alguma coisa. - Você não entende, não é mesmo?

–Não entendo o que, Loki? A merda que tá isso aqui? Porque eu entendo muito bem. Já é a quarta noite seguida que brigamos por causa dessa confusão que você criou, dessa merda dessa confusão. - Falou, alto demais. Levou as mãos a boca. O deus estralou os dedos, colocando o feitiço para que nenhum som vazasse do quarto. - Ótimo, agora posso gritar a vontade o quão irritada e cansada de você eu estou.

–Eu não quero brigar com você.

–Sério? - Perguntou, resignada. - Então o que você estava fazendo quando teve o ataque de pânico.

–Isso não é da sua conta.

–Caralho, Loki! - Rugiu. - Por que você não vai embora? - Dessa vez sua voz saiu sussurrada. O deus parou de andar de um lado para o outro, focando na moça deitada na cama. Só então percebeu como estava sendo estúpido com Sigyn. Ela desistiu de qualquer coisa e tirou os sapatos contorcendo os pés, depois virou-se para o lado na cama, não querendo mais olhar para Loki, sentindo tanta raiva que podia socar a cara dele. Encolheu-se para o meio da cama, abraçando o travesseiro ao seu lado. Fechou os olhos com força, esperando de coração que ele fosse embora e a deixasse em paz por aquela noite.

Loki soltou o ar dos pulmões ruidosamente. Tinha acabado de experimentar a sensação de quase morte com um ataque de pânico e agora tinha que lidar com Helena que estava emocional demais esses tempos. Com passos leves para que ela não ouvisse, foi até a beira da cama e, depois de refletir alguns segundos sobre o tema, sentou-se na cama. Ela continuou de costas para ele. Sua mãos foram para os cabelos loiros da moça.

–Desculpa, Lena.

–Hoje não, Loki, vai embora.

–Por favor, Helena. Eu não queria descontar tudo em você. Está tudo tão complicado, e aqui é o único lugar que eu acho paz. - Ela fechou os olhos e travou a mandíbula. Queria que ele fosse embora. Pelo silêncio, Loki suspirou de novo e inclinou-se para ela. Depositou alguns beijos no ombro dela e sorriu um pouco. - Amanhã conversamos então. - Levantou-se e hesitou alguns segundos ainda perto da cama. Ela não mexeu um centímetro na cama. Foi até a porta e parou mais um tempo ali. Fechou os olhos e negou com a cabeça. A quem queria enganar? Não conseguiria ir para o quarto sabendo que ela estava brava, que tinham brigado. Não conseguiria simplesmente deixá-la naquele estado depois de tê-la preocupado. - Eu estava conversando com Odin.

Helena demorou um tempo ainda antes de finalmente soltar o travesseiro e sentar-se lentamente na cama. O coração batia tão forte no peito que achou que fosse explodir. Se ele estava conversando com Odin, talvez ele tenha descoberto que ela tinha estado todas aquelas noites tentando conversar com Odin, tentando interceder pela vida dos dois. Não era uma traição, mas queria tirar Loki de Asgard, acabar com aquele plano dele, impedi-lo de fazer ainda mais besteiras que ele fosse se arrepender no futuro. As mãos apertaram os lençóis e mordeu o lábio inferior.

–O que falavam?

–Não tem mais volta, Helena. Ele ameaçou não só a mim, mas você, sua família. - Helena assentiu com a cabeça lentamente, mostrando que estava ouvindo. - Ele disse coisas tão... - O rosto dele se contorceu em ódio. - Toda vez que eu olho para ele eu lembro de tudo o que ele fez e a única coisa que quero é matá-lo. - A moça prendeu a respiração por alguns segundos, não desfazendo o contato visual, sem conseguir pensar em algo para dizer. Viu Loki se transformar no cara que ela conhecia e amava em um assassino em alguns segundos e seu coração falhou. - Eu estou cansado, Lena, eu nunca quis esse trono, mas parecia ser o único jeito de finalmente ter Odin nas minhas mãos e agora tudo saiu do controle.

–Ainda podemos dar um jeito nisso, Loki. Negociar com ele. - A risada que Loki soltou a congelou por alguns segundos.

–Você realmente acha que as pessoas podem mudar?

–Sim, senão não estaria aqui. - Respondeu, seca. - Frigga também acreditava. - Loki semicerrou os olhos. - Só... Temos que pensar, ok? Não adianta agora ficar se lamentando dos erros.

–E quem disse que eu errei, Helena? Eu finalmente tenho o que sempre quis. Sai da sombra de Thor. - A moça negou com a cabeça e soltou o ar. Sabia que Loki sempre quis isso, sabia que ele odiava ser tratado como a segunda opção, e foi ingênua em acreditar que ele sendo sua primeira opção já seria o suficiente para satisfazer as necessidades egocêntricas dele.

–Loki, por favor.

–Não, Sigyn. Toda a minha vida eu busquei o que eu tenho hoje, sair da sombra. Poder. Não vou abrir mão disso porque você está me pedindo.

–Você conseguiu isso às custas do que? - Aumentou o tom de voz de novo. - Seu pai está preso, isolado.

–Ele não é meu pai. - Ele respondeu, entre dentes, também estressado.

–Pare com essa negação idiota que já me cansou! - Rosnou para ele. - Tenho um certo nível de paciência, Loki, e você está estourando ele. - O quarto ficou em silêncio conforme o deus tentava digerir o que ela tinha acabado de falar. O peso das palavras foi um baque para Loki, que piscou algumas vezes para absorver. Ninguém nunca tinha falado daquele jeito com ele, nem Thor, nem sua mãe. Talvez Odin, mas todas as crueldades de Odin eram um caso a parte. Helena nunca tinha falado daquele jeito com ele. - Por todo esse tempo, eu te apoiei, Loki. Mas não posso mais, não posso. Se você pensa que só porque eu te amo, eu vou incondicionalmente te apoiar, você está errado.

–Sigyn... - Ele respirou fundo, perigosamente. - Não me faça escolher entre algo que quero há mais de um milênio e você, por favor. Não vai gostar da resposta.

Helena não queria gritar com Loki mais do que já tinha gritado. Então engoliu um seco preso na sua garganta e ficou quieta. Sentiu seu coração quebrar em milhões de pequenos pedaços com aquela rejeição. Um sentimento quase de vingança tomou conta dela: queria que ele sentisse a mesma coisa se ele ainda tivesse um coração. Sua boca ficou seca e seu sangue parecia mais espesso. Assentiu com a cabeça, impediu as lágrimas de saírem, levantou ainda sem encará-lo. Aquele quarto ainda era dele, e não queria nada que a lembrasse de Loki naquela hora. Pegou seu sapato do chão, sentindo que ele a seguia com os olhos. Não podia ficar muito mais tempo naquele lugar. Não podia. Soltou uma risada irônica e fraca pelo nariz, enquanto ia até a porta. Parou ao lado dele, que agora a encarava em dúvida.

–Vou fazer sua escolha ser bem mais fácil, então.

Ela sinceramente não sabia muito bem como tinha chego em frente ao seu apartamento em tão pouco tempo. Sabia apenas que tinha encontrado um guarda no corredor e pedido para que a levasse para a Bifrost, onde Heimdall estava sempre a postos e não a questionou. Abaixou-se, pegando a chave embaixo do tapete, querendo só entrar em casa, trocar de roupa e chorar. Era só isso que queria fazer. Loki não tinha vindo atrás, Loki não tinha tentado se desculpar. Ele tinha simplesmente deixado-a ir embora como se nada que tivessem passado durante aquele tempo todo tivesse algum significado para ele. Suas mãos tremiam quando finalmente achou a chave e tentava encaixar na fechadura. Soltou um urro de frustração. Sabia que o vizinho do lado era delegado e fazia o turno da noite na delegacia, então não se importou com o silêncio no corredor. A porta se abriu com um click, e Helena escorregou para dentro de casa, fechando a porta com força, sentindo-a tremer um pouco no processo. Esquecia que agora era mais forte que antes, que agora era imortal. Tudo por causa de Loki.

Chutou os sapatos para longe e começou a tirar aquele vestido com violência. Deveria ter ouvido seus pais e ficado na Terra, não devia ter ido para Asgard. Deixou o vestido cair em qualquer lugar entre a sala e o quarto, já sentindo as lágrimas deixarem sua visão turva, e parou na porta do quarto, encarando a cama como se seu maior pesadelo estivesse ali. A camiseta de Loki que usava no dia que tinha sido chamado para Asgard ainda estava no mesmo lugar que tinha deixado, não tinha guardado no dia que voltara para Terra resolver as coisas. Cerrou os punhos, podia matar Loki. Respirou fundo e jogou o controle próprio no lixo. Marchou a passos apressados para a cama, pegando a camiseta com raiva e fez a primeira coisa que tinha passado por sua cabeça quando a viu, parada ali, como se a avisasse que não conseguiria mais viver sua vida sem lembrar de Loki: rasgou-a, achando conforto no barulho do tecido se partindo.

–Onde está Sigyn? - Loki, na forma de Odin, parou ao lado de Heimdall, preocupado. Tinha revirado aquele castelo atrás de Helena. O quarto estava vazio e silencioso, sem sinal dela em lugar nenhum, nem mesmo as roupas que ela costumava a deixar jogadas. A biblioteca estava desabitada, como sempre. Sif estava nos jardins e afirmara que não via Sigyn desde o dia anterior.

Seu coração estava tão acelerado que achou que podia ter um ataque cardíaco.

–Pediu para ir a Midgard há algumas horas. Está em sua casa. - Olhou para o chão e suspirou. Ela ainda estava muito brava.

–Abra a Bifrost. Eu irei pessoalmente falar com ela. - Heimdall assentiu e foi até a plataforma, pronto para cravar a espada na abertura. Com passos largos, Loki posicionou-se. - Nos deixe a sós enquanto estivermos em Midgard. - Queria conversar com ela como ele mesmo, não com aquela forma de Odin que estava se tornando bem inconveniente.

Quando percebeu, já estava na frente do prédio de Helena.

–Vai embora, Loki. - Resmungou, já quase fechando a porta na cara dele. Estava muito irritada, queria socar a cara dele até que ele entendesse a quantidade de merda que estava fazendo. A mão dele segurou a porta. - Por favor.

–Precisamos conversar, Helena.

–Não, não precisamos. Você já deixou tudo bem claro ontem a noite.

–Você saiu antes que a conversa estivesse terminada.

–E tinha algo a mais para você falar, Loki? Sério? Não bastava só aquilo, então? - Riu, indignada. - Eu não acredito. Vai embora, Loki. Não estou com vontade de ter que ver sua cara aqui hoje.

–Lena, por favor.

–Agora eu posso socar sua cara, vamos ver se não vai doer. - Sibilou, entre dentes.

–Eu falei aquilo sem pensar, ok? - Loki soltou os ombros, exasperado. - Eu nunca conseguiria escolher te perder, Lena. Eu estava nervoso, nós estávamos nervosos. Estamos brigando já faz quase uma semana, e com tudo isso acontecendo eu não pensei direito. - Helena encarou os olhos de Loki, tentando decidir se o que ele estava falando era mentira ou não.

–Então você está aqui para...? - Cruzou os braços e se encostou no batente da porta, tentando não transparecer que a falta das palavras “me desculpa, eu errei” estava a afetando demais. Não sabia porque ainda esperava que ele falasse aquilo, mas tinha esperança.

–Não faça isso, Helena.

–Fazer o que?

–Eu não vim brigar. Pare, por favor. - Ele suplicou.

–Ótimo, volte outro dia quando estiver preparado, então. - Voltou a tentar fechar a porta na cara dele, mas dessa vez Loki colocou o corpo inteiro dentro de casa. Respirou fundo, já se preparando para gritar. Loki estava perto demais. Não estava com vontade de ter que lidar com Loki distraindo-a, beijando-a enquanto falava, porque sabia que era exatamente essa a estratégia dele. - Vai se foder, Loki. - Empurrou-o com força, fazendo-o dar alguns passos para trás e a deixar respirar. Percebeu como aquilo o deixou irritado pelo jeito que ele respirou fundo e cerrou os punhos. - Encoste um dedo em mim, e nunca mais olho na sua cara. - Avisou, olhando para a mão dele, já começando a ficar branca de tanta força que fazia para se controlar.

–Helena...

–Eu tentei te ajudar, Loki. Todas as noites, eu te ouvia, eu tentava de dar conselhos. Você me ouviu? Não. Você fingiu me ouvir. Me deixou em Asgard só para ter braços para onde correr no final da noite, para ter com quem se deitar quando todos os seus deveres de rei tivessem terminado. E eu estou cansada disso, Loki. Cansada. - O deus engoliu seco, percebendo as lágrimas que formavam nos olhos castanhos que o encaravam com tanta dor.

Não chore, Helena, por favor, não chore.

Mesmo assim, ficou quieto, ouvindo tudo o que ela tinha para falar, porque sabia que merecia.

–Se você pudesse, me colocaria embaixo do seu braço e me exibiria para todo mundo como uma boa boneca. Porque voz eu não tenho no nosso relacionamento. Eu sirvo para duas coisas, te consolar e sexo. Só.

–Helena...

–PARA! - Gritou, explodindo de raiva, sentindo as lágrimas caírem, de ódio, raiva, tristeza, de coração partido, porque amava tanto o idiota ali na sua frente que doía seu coração falar que aquelas palavras.

–Não sabia que se sentia assim. - Ela molhou os lábios e negou com a cabeça.

–Nem eu, até vir para cá ontem a noite, e passar em claro chorando por sua causa, sendo que você não moveu nem um dedo para ir atrás de mim.

–Estou aqui agora.

–Depois de horas. Porque provavelmente estava entediado.

–Eu estava preocupado, Helena! - Gritou de volta, fazendo-a recuar um pouco. - Eu te procurei pelo palácio inteiro. Biblioteca, jardim. Todos os lugares que eu sei que você vai quando precisa pensar, quando precisa de tempo. Não pensei que por causa da nossa briga de ontem você realmente ia desistir de tudo. - Foi a vez da loira engolir um seco com o tom de voz dele. - Assim que você saiu do quarto, eu... - Os dois ficaram em silêncio por um tempo e Helena cruzou os braços, esperando que ele falasse alguma coisa. - Ia adiantar alguma coisa ter ido atrás de você? Teria feito você mudar de ideia?

–Teria mostrado que você estava me escolhendo. - Respondeu, rancorosa.

–Helena, e isso importa tanto? Eu não...

–É claro que importa, Loki! Eu escolhi você! Eu larguei meu emprego, eu larguei minha família, meus amigos, uma vida estável aqui na Terra assim que eu soube que podíamos ficar juntos. Você fez algum sacrifício? - Loki passou as duas mãos no rosto, irritado. Não sabia que aquela discussão demandaria tanta energia dele, tanta paciência, tanta força de vontade.

–Fui até o inferno e de volta por você, Helena. Isso não é o suficiente? - Perguntou, amargo.

–Não, porque fez isso quando achava que eu estava morta. Agora que estou aqui, você acha que me tem para sempre, só estalar os dedos. As coisas não funcionam desse jeito.

–E o que você quer que eu faça? Jure amor eterno a você todas as vezes que nos virmos, traga presentes todos os dias antes de fazer sexo?

–Não, seu idiota! - Gritou, sentindo já o rosto ficar vermelho. - Você me tinha tão fácil em Londres.

–O Loki de Londres não existe mais, Helena, você tem que aceitar isso. - Respondeu, perigoso.

–Então por que você continua insistindo em mim? - Não sabia se realmente queria ouvir a resposta, mas sentia que precisava. Precisava para saber se valia a pena continuar tentando mudá-lo.

–Porque eu te amo, Sigyn. Porque eu te amo desde o dia que eu te eu vi pela primeira vez. Não sabia que precisava de outro motivo. - Mordeu o lábio inferior e o encarou. - Se quiser, eu posso fazer uma lista. Mas, por favor, por favor. - Suplicou. - Não faça isso comigo. Não de propósito.

–Quero a lista. - Sussurrou. Loki soltou o ar ruidosamente e rodou os olhos.

–Você quer uma lista? Ok. Por que eu amo Helena Sigyn Iwaldatter. Porque você odeia seu nome do meio, mas, ainda assim, responde muito melhor a ele do que Helena. - A moça levantou as sobrancelhas e Loki deu de ombros. - Porque você está me obrigando a fazer uma lista para você, só porque brigamos feio e eu não quero te perder. Porque seu toque me faz dormir mais rápido, porque apesar de você achar que eu não te escuto, sua voz ecoa na minha cabeça toda maldita vez que eu vou fazer algo que você desaprovaria. Porque eu não sou o mesmo Loki que você se apaixonou, mas você continua sendo fiel. - Ela mordeu o lábio inferior e desviou os olhos, uma lágrima escorreu. Ela queria ceder. Queria os braços dele, mesmo que falasse o contrário. Cruzou os braços e voltou a olhar para Loki.

–Já deu, Loki. - Helena puxou o ar ruidosamente. - Agora faltou você falar uma coisa.

–Eu te amo? - Negou com a cabeça, as lágrimas escorrendo. Não seja idiota, Loki. Não seja idiota. Fechou os olhos e esperou que ele falasse. Percebeu o clima da sala ficar diferente, como se Loki tentasse achar coragem de algum lugar. E ele realmente estava, olhando para o teto, com os olhos também fechados. E sabia que não a teria de volta se não falasse. - Me perdoa, Sigyn, me perdoa por ontem, por ter sido um babaca com você e por ter deixado você escapar daquele jeito.

–Os outros itens da lista você pode usar quando eu ficar brava com você de novo. - Loki riu, incrédulo.

–Deuses, Helena. - Avançou para Helena com passos rápidos, segurando-a pela nuca e grudando os lábios. As mãos dela agarraram com força no sobretudo de Loki e deixou que o beijo ficasse ainda mais profundo, desesperado. - Eu achei que não ia conseguir mais.

–Se você tivesse chego já falando “me perdoa” era um bom começo, Loki. - Sussurrou.

–Vou deixar anotado, então. - Ela assentiu, rindo. - Volta comigo para Asgard?

–Vai parar de ser tão teimoso e idiota?

–Sabe que isso é meio impossível, Lena. Por favor, que isso não seja uma condição para seu retorno, porque ai teremos problemas. - Delicadamente, passou os dedos por seu rosto, limpando o traço das lágrimas por sua bochecha. Definitivamente, não gostava de vê-la chorar, não gostava de fazê-la chorar. Os olhos castanhos o encaravam e, antes que pudesse perceber, ela tinha se aninhado em seu peito, num abraço que ele também precisava, mas não queria admitir. - Eu te amo.

–Eternamente? - A voz dela saiu abafada e Loki sorriu. Adorava aquela pergunta. Passou a mão por seus cabelos loiros, antes de se abaixar para colocar o queixo no topo de sua cabeça e a apertar mais para si.

–Infinitamente.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam daquele comentário lindo! AAAAAAH E EU ESQUECI!

TIVEMOS NOSSA PRIMEIRA RECOMENDAÇÃO EU NÃO SEI NEM O QUE FALAR O QUE PENSAR APENAS SENTIR. Eu chorei quando vi, de verdade, eu não sabia que ia ser uma felicidade tão grande ver aquela recomendação que foi tão fofa e me deixou tão feliz. Obrigada por todos os elogios, Norachan, eu não sei nem o que falar para você a não ser que... Eu ainda fico lendo sua recomendação me sentindo meio no céu. Brigada, de coração!



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