Enrolada na maior e mais felpuda toalha que já tinha visto na sua vida, saiu do banheiro conectado ao seu quarto sabendo que teria que fazer uma decisão. Antes de entrar para tomar banho, tinha deixado seu vestido esticado perfeitamente em cima da cama, e ali estava ele, contrastando com os lençóis dourados, lembrando-a que em menos de duas horas a festa começaria. E eles a aguardavam.

Verde sempre tinha sido uma de suas cores favoritas e, claro, a lembrava de Loki. Seus pais costumavam a dizer que seus olhos ficavam um pouquinho mais dourados quando usava verde. Talvez foi por isso que escolheu aquele vestido. Loki. Ainda não tinha falado com ele desde o desastroso encontro do dia anterior. Suspirou. Não seria na festa que conseguiria falar com ele – claro -, e não queria ficar trancada no quarto, sozinha, durante horas. Ao mesmo tempo que se sentia um pouco sufocada ao pensar no banquete, na quantidade de gente, em todos aqueles deuses que ela não conhecia e estariam lá. Respirou fundo. Ela tinha que ir, tinha prometido a Sif.

Colocou, sem muito entusiasmo, suas roupas íntimas pretas e jogou a toalha para longe, sentindo o cabelo molhada grudar nas costas. Sentou-se na cadeira de frente a penteadeira, faria seu cabelo primeiro, que provavelmente demoraria um pouco, já que estava mais longo que nunca, as pontas chegando a bater no quadril. Secar o cabelo, uma tarefa que demoraria quase algumas horas na Terra, pelo menos era rápido em Asgard. Pegou uma escova de cabelo e começou a pentear seus longos fios loiros, sentindo-a esquentar e secar seus cabelos na primeira passada. Depois de alguns minutos, o cabelo já totalmente seco e com suas ondas naturais, encarou o espelho. Fez algumas tranças na parte de baixo do cabelo, deixando-as se misturar com o resto do cabelo, e mais duas no topo, que prendeu para trás com um grampo dourado, com uma pedra verde. Satisfeita, levantou-se e foi até a cama. De braços cruzados, ficou encarando o vestido por alguns minutos.

–Ele não vai sair dai sozinho, Helena. - Respirou fundo e levou uma mão ao coração, sentindo-o palpitar. Loki nunca mudaria.

–Loki.

–Não queria te assustar. - Olhou-o de canto de olho.

–É claro que não. - O riso baixo e perigoso dele a deixava com um pouco de frio na barriga, mesmo que a atmosfera estivesse meio desconfortável depois do dia anterior. Naquele mesmo quarto.

–Vou te ver no banquete, então? - Soltou o ar e os braços, deixando-os balançando ao lado do corpo.

–Acho que sim. - Virou o rosto para ele e sorriu fraco. Loki deu mais dois passos para frente, aproximando-se de Helena, colocando-se ao seu lado. Passou a mão por sua cintura, puxou-a um pouco mais para perto e depositou um beijo delicado no topo de sua cabeça.

–Então não vou estragar a surpresa.

–Estamos bem? - Perguntou baixinho, enquanto Loki ainda a abraçava.

–Estamos bem. - Ele repetiu. - Preciso terminar de arrumar tudo. - Helena assentiu com a cabeça e, antes que pudesse falar mais alguma coisa, ele tinha sumido, esquecendo de levar consigo o cheiro maravilhoso e aquele formigamento que tinha deixado em sua pele.

Arrumou o bracelete mais uma vez. A peça dourada envolvia seu braço direito, enrolava-se formando o desenho de uma cobra, com os olhos em brilhantes esmeraldas. Antes de colocar o sapato de salto e sair do quarto, analisou-se mais uma vez no espelho, admirando o vestido de um tecido tão leve que a fazia flutuar enquanto andava. O modelo de um ombro só, marcado no busto e descendo em cascatas de tecidos verde-musgo a fez parecer, pela primeira vez, uma deusa. Realmente uma deusa. Abaixo do busto, um ornamento dourado prendia alguns babados num tom mais escuro que brilhava conforme ela andava. A barra do vestido era totalmente trabalhada em dourado. Talvez aquilo fizesse bem para sua autoestima. Sorriu. A maquiagem era leve. Subiu em seus saltos pretos e olhou-se mais uma vez, alisando o vestido, antes de sair do quarto.

Parecia que todos a encaravam e cochichavam sobre quando colocou o primeiro pé no salão. Arrependeu-se imediatamente de ter escolhido aparecer na festa. Queria dar meia volta e se esconder no quarto. Claro que já sabiam que ela estava em Asgard. Sigyn, a namorada de Loki. Sigyn, a deusa rejeitada por Odin que agora voltava a Asgard. Desejou ter a possibilidade de encontrar os olhos de Loki a dando alguma força naquele momento, mas parou os olhos enquanto corria o salão, lembrando-se que o veria como Odin, e isso provavelmente só a faria entrar ainda mais em desespero.

–Assim você parte meu coração, Sigyn. - Encarou o loiro que agora colocou-se a sua frente.

–Fandral. - Riu pelo nariz, tentando não demonstrar que estava quase entrando em desespero com tanta gente ainda a encarando.

–Você está especialmente linda hoje, mesmo sendo uma versão loira e feminina de Loki. - Helena franziu o cenho.

–Quantas vezes eu vou ter que dizer, Fandral?

–Deusa da fidelidade, eu sei. - A voz dele saiu num tom de aceitação. Ofereceu o braço para Helena, que ainda o olhava desconfiada. - Estou apenas sendo um cavalheiro e oferecendo-me para levar a senhorita até onde estamos conversando. - Aceitou, entrelaçando o braço no dele. - Vou aceitar essa rejeição, dessa vez.

–Você é impossível. - Podia sentir um par de olhos a seguindo pelo salão, além dos olhares curiosos que sabia que ainda estavam sobre ela. Loki. Controlou-se para continuar encarando o caminho a sua frente, sabia que viraria e encontraria ele como Odin, e não como o homem que amava, então engoliu um seco, tentou sorrir um pouco para Fandral que a encarava como se perguntasse se estava tudo bem e depois tentou tirar o deus das mentiras um pouco da sua cabeça.

–Veja quem apareceu. - A voz de Thor era sempre uma surpresa para Helena. Riu com a empolgação dele, tentando se contagiar com aquilo.

–Culpe Sif. - Sorriu, afastando-se de Fandral respeitosamente. - Ela me chantageou a vir. - Thor virou-se para a guerreira, quase confuso. Helena apertou os olhos com aquele ato. A morena tomava algo em seu cálice de prata, com um sorriso inocente no rosto.

Sentia-se deslocada no meio daquela conversa. Volstagg voltara da mesa do banquete, aparentemente satisfeito, e embalou em uma conversa animada com Fandral, Hogun, Sif e Thor. Jane parecia tão desconfortável quanto. Suspirou.

–Agora você parece uma deusa, Helena. - Encarou a mulher a sua frente e sorriu.

–Obrigada? - As duas riram. - Você também está muito bonita.

–Não queria ter ficado para a festa. - Ela admitiu, soltando os ombros, quebrando a postura desconfortável em que estava desde que Helena tinha visto-a. - Mas Thor insistiu, e eu não consegui dizer não.

–Eles conseguem ser bem convincentes quando querem. - Um garçom passou oferecendo um cálice com o que parecia ser vinho. Com uma prece silenciosa, Helena aceitou. Precisava de álcool, precisava parar de sentir todos aqueles olhares em cima dela. - Eu não devia ter vindo. - Sussurrou, bebericando a bebida que agora esquentava seus lábios num sabor floral que ela nunca tinha sentindo. Jane correu os olhos pelo salão, provavelmente percebendo o que tanto incomodava a deusa a sua frente.

–Eles vão parar, eventualmente. Acredite. - A loira tentou sorrir, sabia que a cientista também devia ter passado por aquilo quando entrou no salão nos braços de Thor. Talvez por isso agora ela estava a um passo de distância do deus. Respirou bem fundo e desejou que aquilo fosse verdade.

–Sigyn? - Virou-se para Vostalgg, que a encarava fixamente. Sorriu e mostrou que prestava atenção. - E você, não tem nenhuma história de batalha para dividir?

–Conseguir o meu diploma foi com certeza uma batalha. - Resmungou, voltando a levar o cálice aos lábios. Os guerreiros a encararam de sobrancelhas erguidas. - Em Midgard, eu sou médica. Não é uma carreira ou um curso fácil. - Explicou-se, divertida.

–O que você e o seu irmão tinham em comum para se apaixonarem por mulheres tão inteligentes? - Coletivamente, Helena e Jane encararam Fandral com o olhar morto, porém com um sorriso . Thor cruzou os braços. - Pelos deuses, isso foi um elogio. Tanto às lindas damas, quanto a Loki. - O rosto da deusa se fechou imediatamente, a mandíbula se travou automaticamente. De repente, todos ficaram quietos.

Aquela frase atingiu Helena no estômago. Para Fandral, Loki era sortudo de ter algo em comum com seu irmão de ouro. Para Fandral, seu Loki era tão ruim que sua maior qualidade era compartilhada com Thor – e para Thor isso nem era um elogio. Então entendeu o que Loki tanto falava dos guerreiros e de seu irmão, o gosto amargo da bile subindo até sua boca, amarrando seu paladar, deixando até o delicioso vinho em seu cálice intragável. Não esperou que ninguém falasse mais nada. Com passos largos e perigosos, enfiou o copo no peito de Thor, deixando que ele segurasse, e saiu de perto, sem nem olhar para trás.

–Sigyn. Sigyn. - A voz de trovão de Thor a seguia. Ignorou. Não sabia para onde estava indo, só queria sair daquele salão que gritava mentalmente todos os julgamentos possíveis sobre Loki. A mão pesada dele a segurou pelo braço.

–Sério, Thor? - Rosnou, soltando-se.

–Não ligue para Fandral.

–Aposto que você falava isso para Loki também.

–Sigyn… - Ali estava a sua resposta. Mordeu o lábio inferior com raiva. - Volte para o salão, por favor.

–Vou dar uma andada, depois eu penso em voltar. - O deus ainda hesitou em deixá-la ir, mas, com um suspiro, deu meia volta, deixando-a sozinha no corredor.

Depois de vagar por alguns minutos pelos corredores, achou uma varanda que dava para o jardim. Por estar no primeiro andar, ficava um nível acima das flores. Encostou-se no parapeito, tentando controlar-se para não chorar. Não choraria. Respirou fundo e olhou para o céu. Lembrou-se do primeiro dia que tinha visto Loki. Muitas estrelas, ele tinha dito, o céu de Asgard tinha muitas estrelas. Tantas estrelas que a lua era coadjuvante no céu daquela noite. Perdeu um pouco a noção do tempo ali, mas a temperatura começava a cair, deixando-a arrepiada e tremendo.

–Não te encontrei no salão.

–Você definitivamente tem que parar de me assustar desse jeito, Loki. - Resmungou. - Você é louco, o que está fazendo aqui? - O deus colocou-se ao seu lado.

–Magia, Helena. Ninguém vai nos ver. - Ainda não sabia como se portar com Loki, parecia tão artificial ainda, então os dois ficaram em silêncio, observando as estrelas, o jardim, até sentir o peso do sobretudo dele sobre seus ombros. Sorriu e apertou a peça de roupa mais contra si, o cheiro dele a deixando um pouco mais confortável, tirando sua mente do que tinha acabado de acontecer com Fandral. - O que aconteceu?

–Nada relevante. - Suspirou e virou-se para ele. - Fandral. - Loki negou com a cabeça, um riso divertido nos lábios. Helena decidiu que era melhor poupá-lo dos detalhes e sorriu junto, sentindo um peso sair das suas costas.

–Sobre ontem… - Sigyn respirou fundo. Não sabia se queria conversar sobre aquilo, apesar de saber que precisava, aquele clima entre os dois parecia a sufocar. Loki colocou alguns fios rebeldes da franja que insistiam em tampar os olhos de Helena atrás de sua orelha. - Não somos os mesmos, Helena. E eu queria tanto que eu fosse suficiente.

–Falei aquilo ontem sem pensar, Loki. Vamos esquecer. - Segurou a mão dele, impedindo-o de se afastar. - Tudo bem? Você é suficiente. Só tenho um pouco de dificuldade para acompanhar tudo o que está acontecendo, mas eu disse que estaria aqui, do seu lado, e estou. Ok? - Ele a puxou para perto pela mão, tirando uma risada surpresa dela. Pressionou um beijo carinhoso em sua testa.

–Eu não mereço a deusa da fidelidade.

–Eu sei disso, deus das mentiras.

–Ouch. - Ela se desvencilhou, deixou o sobretudo no parapeito, pendurado. Estendeu a mão para ele.

Era possível ouvir a música do salão. E se ela tinha tido todo o trabalho de se maquiar, arrumar o cabelo e ainda usar aquele vestido que tinha atraído tenta atenção desnecessária, ela ia conseguir, pelo menos, uma dança com Loki. E melhor ainda que fosse num lugar isolado, sem ninguém para julgá-los. Acenou com a cabeça, indicando para que ele se apressasse. Assim que ele pegou sua mão, girou-a. Um riso divertido escapou de Helena, vendo seu vestido flutuar enquanto Loki a girava. “Você deveria ser princesa de Asgard”, a voz de Thor ecoou em sua mente. De algumas vezes esquecia que Loki era um príncipe. Seu príncipe. Trouxe-a para perto, colocando sua mão em seu pescoço, e depois a abraçando pela cintura. Helena sorriu e entrelaçou os dedos na nuca de Loki.

Ele juntou suas testas, o movimento era lento e ritmado com a música que tocava ao fundo. Daquele jeito, até parecia que estavam em paz, que não havia nenhum problema para resolver. Fechou os olhos e pressionou seus lábios contra os dele. Era bom estar com Loki fora do quarto pela primeira vez depois daqueles dias. Era bom poder estar ali, depois de um dia que passou preocupada se ele estava bem ou não.

Loki também se sentia mais leve. Quando o beijo – lento, calmo, como se seguisse a melodia, imitando seus passos – acabou, separou-se e a guiou para mais um giro, com um sorriso no rosto. Até ele esquecia de suas obrigações quando estava nos braços dela. Ficara o dia inteiro pensando se ela apareceria naquele banquete para distrai-lo de todas as políticas chatas que tinha que fazer, e ali estava ela, vestida como uma verdadeira deusa. A música acabou no salão, e eles pararam também, se encarando com um sorriso no rosto.

–Eu preciso voltar. - Helena assentiu. Loki levou a mão dela até seus lábios, um beijo delicado de despedida. - Nos vemos mais tarde.

–Claro. - Ele alcançou seu sobretudo e jogou por cima do ombro. Não tirou os olhos dele, um pouco mais aliviada depois daquele momento. Loki ainda virou para trás uma vez, piscou um olho. Idiota. Esperou ele sumiu pelo corredor para suspirar e voltar ao parapeito.

Precisava de um tempinho a mais ainda sozinha, não sabia o que falaria para Thor se o visse, não estava afim de aguentar Fandral – preferia ficar com a lembrança do seu deus das mentiras e dos rodopios que dera ali naquela varanda. Perdeu-se nos pensamentos. A noite começou a ficar ainda mais gelada, apesar de já ser verão, o vento da noite deixava-a tremendo. Decidiu que estava na hora de voltar. Despediria-se e voltaria para o seu quarto, onde ficaria encarando todas as constelações que pudesse encontrar.

No corredor antes de chegar ao salão de festa, percebeu duas pessoas conversando. Thor e uma mulher. Apertou os olhos. Não era Jane, ela estava com um lindo vestido lilás, não com aquele vestido dourado. Sif. Sem fazer nenhum barulho, chegou mais perto, tentando entender o que falavam entre sussurros.

–…eu ainda acho muito estranho.

–Não questione Odin, Sif. - Thor a cortou.

–Não estou questionando o fato dela estar aqui, Thor. Estou falando que ela parece estar muito bem para quem acabou de descobrir que o homem com quem ela tem uma ligação por toda a eternidade está morto. - Segurou a respiração.

–O que está insinuando?

–Loki já fingiu a morte dele uma vez, não me surpreenderia se ele estivesse fingindo de novo. E ela soubesse de tudo. - Escondeu-se atrás de um pilar grande o suficiente para impedir que alguém daquela direção a visse e voltou a respirar.

Sif sabia.

Recompôs-se, tentando não aparentar o choque de ter acabado de ouvir aquela conversa. Fingiu arrumar as pulseiras e o bracelete em seu braço enquanto passava por eles. Sif imediatamente endireitou a postura e Thor afastou-se dela. Mais culpados impossíveis. Levantou os olhos, fingindo que tinha acabado de notá-los ali.

–Sigyn.

–Thor. - Respondeu, no mesmo tom.

–Estive te procurando.

–Vou me recolher. Não estou me sentindo bem. - Respondeu, automaticamente. O deus deu a entender que voltaria a tentar impedi-la, assim como fez quando ela fugira do salão mais cedo, mas recuou. Helena mordeu a língua, se controlando para não falar algo que denunciava que sabia das suspeitas de Sif. - Diga a Fandral para que ele tome cuidado com o que fala perto de mim, sim? - Thor assentiu.

–Vou falar. Precisa de companhia? - Engoliu seco e sorriu triste.

–A companhia que preciso não está aqui. Com licença. - Percebeu a troca de olhares significativos entre os dois antes de voltar a andar, a passos rápidos, até o salão. Teria que atravessar mais uma vez aquele pesadelo.

Daquela vez, propositalmente, procurou Loki. Seus olhos cruzaram com os olhos azuis frios da forma de Odin e ela sustentou o olhar por alguns segundos, mostrando que não tinha sido um acidente, que precisava falar com ele o mais rápido possível. Só desviou, voltando a olhar para o caminho, assim que ele acenou com a cabeça, mostrando que tinha entendido. Não falou com mais ninguém no caminho, só queria o quarto, o mais rápido possível. Os saltos clicando no piso a davam um conforto que não sabia explicar – mostrava que estava sozinha, que não tinha ninguém a encarando. “Namorada de Loki”. Nunca se livraria daquele título, sabia disso. Não ligava. O que mais doía era o que pensavam de Loki.

Empurrou a porta dupla do quarto, aliviada, fechou-a e trancou-a. Apoiou o corpo ali, fechou os olhos e respirou bem fundo. Tinha sido uma péssima ideia ter ido àquele banquete. Começou a tirar os adereços – soltou seu cabelo, as tranças agora se misturavam ao resto dos fios – tirou as pulseiras, colocando-as na cômoda ao lado da porta, e, quando ia começar a puxar a serpente de seu braço, ouviu alguém a sua frente.

–O que aconteceu? - A voz dele era preocupada. Não sabia como ele tinha se desvencilhado de todo mundo que estava a sua volta, como tinha chego tão rápido, apenas agradeceu. Correu até ele, se perdendo no abraço que desejou a noite inteira. - Sigyn?

–Vamos combinar que eu nunca mais vou numa festa dessas? - Sussurrou, a voz abafada pelas roupas de Loki.

–Claro. - Ficou mais alguns segundos assim, ciente que ele provavelmente precisaria voltar em pouco tempo. - Uma pena, porque você está ainda mais linda assim. - O elogio saiu dos lábios dele e sabia que era com uma intenção muito boa, mas aquilo a fez encolher.

–Como você os aguentou por tanto tempo? - Ele suspirou.

–Os Três Grandes e Sif? - Assentiu com a cabeça. - Eu não aguentei, Lena. Veja onde estamos. Fandral está prestes a perder a pouca dignidade que resta dele, se ele continuar do jeito que está. - Um sorriso leve surgiu em seu rosto, agradecida por Loki a proteger.

–Tem outra coisa. - Voltou a ficar séria. - Sif desconfia que você realmente está vivo. - Ele ficou mais sério, segurando-a pelos ombros. Afastou-a um pouco, encarou Helena, a preocupação visivelmente estampada em seu rosto. - Ouvi ela conversando com Thor enquanto voltava agora a pouco.

–O que ela disse?

–Ela não sabe que você é Odin, mas desconfia que você está vivo e, claro, que eu sei.

–Deixe Sif comigo, vou lidar com esse problema.

–Tudo bem. - Sussurrou. Sentiu o toque delicado dele em seu queixo, levantando seu rosto. Um beijo carinhoso a fez derreter.

–Preciso voltar, mas não devo demorar.

–Vou te esperar acordada.

Loki se demorou na porta. Não queria sair, não queria ter que voltar e aguentar todos aqueles velhos enchendo o seu saco, não queria ter que aguentar mais um minuto naquele banquete enquanto Sigyn estava sozinha no quarto, preocupada. Estava cansado de fingir por aquela noite, queria apenas poder ser ele mesmo por um tempo de novo – até ele se cansava de mentir o tempo inteiro.

–Quer saber, foda-se. - Voltou a passos rápidos até Sigyn, pegando-a no colo de surpresa, ouvindo um gritinho em resposta. - Não preciso dar satisfações a ninguém.

–Eles vão ficar bravos.

–Sou rei, faço o que quiser. - Helena aumentou o sorriso e segurou o rosto de Loki em suas mãos, jogando seus cabelos compridos para trás. - Eu de verdade não sei onde estava na cabeça quando quis te ver com o vestido. Prefiro ele no chão.

–Idiota.

Apesar disso, não reclamou quando sentiu a cama macia em suas costas. E muito menos quando seu vestido encontrou o chão.