Chasing a Starlight escrita por ladywriterx


Capítulo 14
Free me


Notas iniciais do capítulo

Isso é uma miragem?
Efeito do calor excessivo no cérebro de vocês?
Não. Sou eu atualizando em uma semana mesmo. Algo chamado surto de inspiração aconteceu nesses dias. Além disso, lembra que eu falei que eu ia TENTAR atualizar no dia do meu aniversário? ENTÃO! TCHARAAAM! Eu gosto desse capítulo, de verdade verdade. Porque acho que mostra quem é Helena como personagem em relação aos outros - não só Loki.

A música do título dessa vez é Explorers - Muse, uma das músicas que mais se encaixa em toda a fanfic em toda a vida! Amor total por Muse. (aliás, falta 1 mês e 2 dias pro show deles, socorro!)



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–Você vai ficar no meu quarto. - Helena olhou para Loki depois que terminou de colocar o vestido. - Pelo menos até eu pensar em alguma desculpa para Thor.

–Queria pelo menos avisar meus pais. - Loki assentiu e sorriu.

–Claro. Você é livre para escolher até mesmo não ficar, Lena, sabe disso.

–Sabe que eu não conseguiria. - Foi até ele, arrumando o sobretudo dele antes de sorrir fraco. - Vou para Terra resolver o que eu preciso, e volto assim que der. Só não apareça para mim como Odin, sinto vontade de vomitar. - Loki gargalhou.

–Sim, Helena, pode deixar. - Depositou um beijo carinhoso na testa dela, que fechou os olhos com o gesto. - Precisa de mais alguma coisa? - Sussurrou para ela. - Porque, se não, logo peço para um guarda vir te levar para a Bifrost. Tenho assuntos do reino para resolver e não vou poder te levar.

–Tudo bem. Vou esperar aqui, então. - Percebeu que Loki hesitou em deixá-la, como se ela fosse sumir e fossem ficar mais alguns anos separados. Demorou em soltá-la e se afastar. Helena também sentia a mesma coisa, como se qualquer coisa fosse acontecer para deixá-los separados. - Eu vou voltar, Loki.

–Eu sei. Dado ao nosso passado, tenho motivos para ficar assim. A última vez...

–Nada vai acontecer, Loki. - Impediu que ele continuasse a falar. - Ok? Volto antes que dê para você sentir minha falta.

Observou Loki sair do quarto e, antes de ter terminado de fechar a porta, a figura foi ficando mais baixa, os cabelos embranqueceram. Helena desviou o olhar, virando-se para dentro do quarto. Tinha um tempo para matar, esperando o guarda que viria buscá-la. Seus olhos correram por todo o cômodo e conteve um suspiro. Era tão óbvio que aquele quarto era de Loki: os lençóis verdes e dourados, as paredes recheadas de livros até o teto, a disposição dos móveis, a organização impecável. Sorriu, enquanto fechava os olhos e respirava fundo, até o cheiro era dele. Com passos leves e lentos, foi até a primeira parede, observando a estante com admiração. Imaginava quanto tempo Loki passava ali dentro, jogado em sua cama, com um livro na mão enquanto, sem perceber, deixava faíscas saírem de seus dedos e desenhavam no ar. Sorriu sozinha, tinha o visto fazer isso diversas vezes. Passou a mão pelas lombadas dos livros na sua altura, sentindo a textura do couro da capa, o relevo da escrita em dourado. Não queria tirar nada do lugar pelo simples prazer de saber que tudo aquilo, cada objeto, tinha um dedo de Loki.

A porta se abriu de repente e Helena pulou de susto, como se estivesse fazendo alguma coisa errada. Virou-se para reconhecer um dos guardas que havia a trazido até Asgard. Ele fez uma leve reverência.

–Odin me instruiu em levar Lady Sigyn até a Midgard e depois retorná-la em segurança. - A moça assentiu com a cabeça. - A sua ordem, milady.

–Ok, hm, não estou acostumada com isso. Vamos? - Perguntou, incerta do que fazer com toda aquela formalidade. O guarda apenas assentiu com a cabeça e, de novo com uma leve reverência, permitiu a passagem dela até o corredor.

O palácio era imenso. Em todo lugar, ela podia ouvir alguém conversando, passos ecoando nos corredores, vários cômodos ocupados, cheios de vida. Passou por um onde três mulheres se ocupavam com tecidos e roupas. Sorriu ao lembrar do último dia de Loki na Terra antes de tudo aquilo acontecer, o jeito como ela tinha falado sobre um time de costureiros pronto para atender a necessidade de Loki, e ali estava ela, passando na frente delas, que pareciam ocupadas demais com alguma armadura. Ao ouvirem os passos no corredor, levantaram os olhos para ver a moça passar. Helena corou e voltou a encarar o corredor a sua frente.

Apesar de tudo, Loki parecia fazer um bom trabalho em comandar um reino, concluiu quando já estava fora do palácio. O jeito como tudo aquilo parecia funcionar, o jeito como as pessoas estavam sorrindo quando passavam por ela. Nos pomares, vários trabalhadores recolhiam as frutas já maduras e ela não conseguiu se impedir de ouvir a conversa. Eles estavam admirados como, de repente, o rei tinha mudado. De um rei que oprimia e valorizava a guerra, para um rei que estava ouvindo os problemas de todos e fazendo o possível para ajudá-los. Helena não sabia se tudo aquilo era uma fachada, para tentar provar ao pai que ele era muito melhor que Odin, ou se Loki realmente seria um rei tão generoso assim.

–Eles tem razão, você sabe. - Helena virou o rosto para o guarda, que agora estava com o capacete embaixo dos braços, a conduzindo para os estábulos. - A invasão dos Elfos Negros parece ter mudado Pai de Todos. Alguns dizem que foi a morte da rainha.

–Espera, Frigga está morta?

–Sim. Foi morta na primeira invasão dos Elfos Negros. Estava tentando proteger a mortal de Thor e impedir que Malekith colocasse as mãos no Éter. Não ficou sabendo, Lady Sigyn? - Negou com a cabeça, os olhos perdidos, marejados. Loki não havia contado. Ah, como ele devia ter sofrido com isso. Colocou as mãos no coração e negou com a cabeça.

–Não. Ninguém me contou.

–Milady chegou a conhecer Frigga? Soube que você era bem íntima de Loki.

–Desculpe, mas acho que esse assunto não é para você. - Retrucou, de cara fechada.

–Perdão, milady. - Assentiu com a cabeça.

–Tudo bem, não queria ser rude. É só… um assunto delicado. - O guarda não falou nada, provavelmente acostumado com ordens.

Sentia-se péssima. Seu coração espremia-se em seu peito, provocando uma sensação sufocante. Queria poder gritar, correr até Loki, abraçá-lo e nunca mais soltá-lo. Ele tinha sofrido tanto. Uma sensação de luto inexplicável tomou conta de todo o seu ser, envolvendo-a de tal maneira que puxar o ar ficou difícil. Naqueles anos, não era apenas de Loki que sentira falta: sentira falta das conversas que tinha com a rainha, as tardes agradáveis que passava em sua companhia, falando de nada, de tudo, de Asgard, de teorias absurdas. E ela nunca mais teria aquele abraço que parecia convidá-la a contar todos os seus problemas à deusa de carinhosos olhos cinzas. Engoliu um seco preso em sua garganta, forçando as lágrimas a ficarem em seus olhos.

As emoções se conflitam dentro dela enquanto assinava o papel de demissão no hospital, um misto de alívio, felicidade e extrema tristeza. Deixaria a vida que construiu para trás para mergulhar na insanidade de Loki. Não sabia o que aquilo faria para ela. Podia ser a pior escolha que estava fazendo em sua vida, mas também podia ser a melhor. Deixou a caneta cair no papel e suspirou. Estava feito.


Passou o resto do dia resolvendo burocracias. O hospital ainda a fez entregar vários papéis, sem contar os seus pacientes que tinha que transferir para outros médicos. Passou algumas horas no banco resolvendo problemas. Enquanto isso, sabia que o guarda de Asgard – que ainda não tinha conseguido descobrir seu nome – estava em sua casa, esperando-a. Aquilo a deixava nervosa, irritadiça. Queria terminar tudo o que tinha que fazer e, finalmente, ir ao apartamento de seus pais. Sabia que aquela conversa não seria nada agradável e estava nervosa.

–Mãe? Pai? - Voltou a colocar a chave debaixo do tapete. Ouviu as louças na cozinha sendo colocadas de qualquer jeito no balcão e passos vindo do corredor e do cômodo ao lado. Seu pai apareceu da cozinha, colocando a cabeça para fora da porta como se não acreditasse que ela estava ali, enquanto sua mãe aparecia do quarto, terminando de colocar um brinco. - Vão sair?

–Vamos jantar fora hoje. Não esperávamos você. - Assentiu. Olhou em volta do apartamento. Tinha passado alguns meses com seus pais naquele apartamento em Reiquiavique depois de tudo que havia acontecido alguns anos atrás. Tinha se apegado àquela cidade, apesar de nunca ter se acostumado a voltar a morar com seus pais. Por isso, tratou de arranjar seu próprio apartamento para recobrar um pouco da sanidade.

–Têm reservas? Porque a conversa pode demorar. - Sorriu fraco para os dois, como se pedisse desculpas.

–Precisa ser hoje, filha? - Elli chegou perto da moça mais jovem e depositou um beijo em sua testa. Iwal saiu da cozinha, revelando a roupa social cuidadosamente passada. - Não que não amamos você, mas vamos combinar que você tem a eternidade toda para falar com a gente.

–Elli... - Seu pai advertiu e Helena riu, negando com a cabeça. Eles ainda não sabiam muito como que Helena reagiria com todo aquele assunto, e seu pai era o mais cuidadoso.

–Tudo bem, pai. - Ele a encarou, franzindo o cenho em interrogação. Nunca tinha tido uma reação tão positiva sobre esse assunto. - Estou indo para Asgard.

–Acho que nosso jantar pode esperar, não é mesmo, Iwal? - Sua mãe pareceu chocada demais com aquela afirmação, segurando o braço de seu marido. - Venha para sala. Vamos conversar. - Enquanto seus pais se sentavam, Helena deu uma boa olhada na sala, nas fotografias penduras, nos porta-retratos que mostravam o envelhecimento da moça enquanto seus pais continuavam o mesmo, sem nenhuma ruga. Ela sempre tinha achado aquilo estranho. - Então, Sigyn? Estamos esperando explicações, e espero que sejam boas.

–Por favor, por favor, me deixem terminar antes de sair me julgando ou me trancando em qualquer cômodo que vocês acharem. Combinados? - Assentiram com a cabeça. - Versão resumida dos fatos, depois que Loki voltou para Asgard depois de toda aquela confusão em Nova York, os elfos negros invadiram Asgard e estavam tentando transformar todos os reinos e o universo em matéria negra. Vocês viram no noticiário. O detalhe é que Thor tinha pedido ajuda de Loki para um plano.

–Como você sabe disso? - Helena piscou os olhos lentamente e levantou as sobrancelhas para a mãe. - Ok, desculpe, continue.

–Loki fingiu a própria morte, voltou para Asgard. Não me perguntem como, mas ele conseguiu sequestrar Odin e agora está se passando por ele, comandando Asgard e os Nove Reinos. Como podem deduzir, ele descobriu do plano de Odin sobre me deixar aqui na Terra e vocês sabem dessa parte da história melhor que eu.

–Sigyn, isso é tão errado. - Negou com a cabeça e riu.

–Eu sei. Mas eu preciso ficar lá. Preciso tentar convencê-lo que tudo isso é loucura, preciso estar lá quando ele mais precisa.

Um silêncio pesado caiu na sala. Sabia o que seus pais estavam pensando. Adoravam Loki, mas provavelmente todo aquele plano mudaria totalmente a visão deles sobre o deus. E não os culpavam, afinal, tinha plena consciência de como tudo aquilo não apenas soava errado – era completamente insano. A ruga de preocupação surgiu entre as sobrancelhas de seu pai, assim como o lábio contorcido de sua mãe mostrava que ela não gostava do que estava ouvindo.

–Você não precisa. - Iwal começou. - Sigyn, não use um livro de mitologia para moldar sua vida. É mitologia, filha. Parte verdade, sim, mas você não precisa segui-la ao pé da letra. Você não precisa ser fiel a Loki pelo resto da sua vida, você não precisa se enfiar nesse plano maluco. E tudo o que você construiu aqui? - Suspirou e deixou-se cair na poltrona ao lado do sofá. Sabia de tudo aquilo. O quanto ela não tinha tentado esquecer Loki e seguir o frente? Tinha perdido as contas em quantos primeiros encontros tinha ido em todos aqueles anos, mas não conseguia.

–Eu sei, pai, de verdade. Eu tentei. Mas eu não consigo. Enquanto ele me contava tudo isso, eu só conseguia imaginar o quanto ele tinha sofrido. Ele perdeu tudo, pai, tudo. E... - Parou e soltou o ar. Desviou o olhar, encarando a parede contrária. - Só os deuses sabem o quanto eu tentei me desligar dele. Principalmente depois de Nova York. - Ficaram em silêncio por um tempo. - Vocês podem voltar também, sabem disso. Loki controla a Bifrost agora, Heimdall obedece a ele agora. - Os dois se entreolharam e Helena aguardou ansiosa a resposta. Percebeu o aperto de mão discreto, as sobrancelhas de Iwall levantadas para a mulher, que o encarava, mordendo o lábio inferior. Percebeu a hesitação dos pais. Depois, Iwal negou com a cabeça.

–Não podemos, Sigyn. Ainda somos súditos de Odin e não conseguimos contrariá-lo. Não. Não enquanto Loki estiver num trono que não pertence a ele. E você sabe disso. E o que você vai fazer lá? Como vai viver, como vai circular por Asgard? A desculpa que vão usar?

–Mãe, de verdade, não sei. Não quero que vocês entendam, não quero que vocês apoiem, a decisão está tomada e volto para lá assim que terminar essa conversa.

–Sigyn.

–Está escrito na mitologia que vocês se casariam, me teriam e viveriam uma vida longa juntos. Está escrito na mitologia que Loki me encontraria. Também está escrito que eu sou a maldita deusa da fidelidade e vocês não fazem ideia como isso é verdade. Como me dói pensar na possibilidade de um dia trai-lo. Também está escrito na maldita mitologia que eu ia ficar igual uma idiota amenizando o sofrimento dele, e, surpresa, é assim que eu me sinto. Uma idiota. - Desabafou, soltando os ombros e impedindo as lágrimas de saírem dos olhos. Iwal levantou e ajoelhou-se na frente dela, sorrindo fraco. Pegou as mãos da filha.

–Sigyn, você não é uma idiota por fazer isso. Você é a única aqui que conhece Loki e sabe como lidar com ele. Se seu coração está mandando que você faça isso, então você vai obedecer. Não estamos gostando dessa situação, continuamos achando que Loki é a pior pessoa para você estar por perto agora, mas é. Temos uma filha deusa e temos que aceitar que não controlamos os seus sentimentos. - Helena deixou algumas lágrimas escaparem e tentou abrir um sorriso para seu pai na sua frente. Depois olhou para sua que, apesar de resignada, assentiu com a cabeça, concordando. - Não se esqueça da gente. Venha nos visitar de vez em quando.

–Claro. - Iwal soltou sua mão e passou alguns dedos por seu rosto, limpando as lágrimas que tinham caído.

–Vamos avisar os seus avós e tentar explicar um pouco o que aconteceu.

–Obrigada. - Sussurrou para seu pai. Ele levantou-se e puxou-a para cima, para depois envolvê-la num abraço carinhoso. Sua mãe juntou-se aos dois.

–Sabíamos que uma hora isso ia acontecer, Sigyn. E ficamos feliz que esteja seguindo seu coração quanto a isso, mesmo que seja para apoiar Loki. - Ouviu a voz da sua mãe, que agora a apertava com força.

–Ok, entendi, vocês o odeiam. - Falou, ainda meio sufocada pelo abraço, com um tom de voz monótono. Seus pais riram e ela acompanhou. - Prometo me comportar, prometo que mando notícias e prometo que vou tentar fazer as coisas se acertarem. Amo vocês.

–Também amamos você, filha. Se cuida. - Separaram-se.

–Não quero atrasar vocês mais do que já atrasei. Vou essa noite e, assim que der, passo fazer uma visita.

–Lena, só mais uma coisa. - Sorriu com o apelido. Era raro que a tratassem daquele jeito, só quando estavam sentimentais demais, o que parecia ser o caso. - Como fica tudo aqui na Terra?

–Já resolvi. Pedi demissão do hospital, o apartamento está trancado, sabem onde ficam as chaves. Não vou mexer nele, não sei se vou precisar dele de novo. E... É, acho que é só isso. Se Hannah ligar, ou John, digam a verdade, eles já sabem de parte da história. Ok?

–Sim, Sigyn. Espero que saiba o que está fazendo. - Sua mãe depositou um beijo carinhoso na sua testa. Seu pai veio em seguida, abraçando-a e beijando o topo de sua cabeça.

O guarda a esperava apoiado na parede do corredor. Quando a viu, voltou a ficar ereto e formal. Deu risada disso. Acenou com a cabeça para afirmar que estava tudo certo e podiam voltar. Mais uma vez passaria pela Bifrost, esperava que a cada viagem ficasse mais fácil. Fechou os olhos quando e esperou que a decisão que ela estava tomando estivesse certa. Sabia que não conseguiria ficar longe de Loki, não enquanto tudo aquilo estivesse acontecendo. Só restava torcer para que conseguisse fazer com que ele voltasse a ser o Loki que ela tinha conhecido, apesar de amar com todas as forças o Loki que ele tinha se tornado.

–Acho que minha missão termina aqui, Lady Sigyn. - Sorriu para o guarda e assentiu com a cabeça quando estava de volta aos aposentos de Loki.

–Obrigada, de verdade.

–Meu dever, apenas. Avisarei Odin que você retornou em segurança. - Helena balançou a cabeça mais uma vez.

Alguns vestidos já estavam cuidadosamente pendurados numa arara dourada no canto do quarto, todos extremamente atraente aos olhos. A passos lentos, como se qualquer movimento brusco fosse fazer aquela imagem desaparecer, aproximou-se e passou a mão delicadamente por todos, sentindo os tecidos, surpreendentemente macios. As cores pareciam cintilar. Presa à arara, um pequeno papel amarelado com a caligrafia que reconhecia ser de Loki.

Fique à vontade, Lena. O banheiro é na porta à esquerda.”

–Por que você não me contou? - Helena não precisou se virar para saber que Loki estava no quarto. Terminou de prender o cabelo num coque bagunçado na frente do espelho, ainda se encarando, estranhando um pouco as roupas de Asgard que se mostraram muito confortáveis.

–Não te contei o que, Lena? - Ele perguntou, suspirando. A voz dele parecia cansada, e ele devia estar exausto. Imaginou que passara o dia inteiro resolvendo problema atrás de problema e ali estava ela, lembrando-o de algo que ele provavelmente queria esquecer.

–Frigga. - Virou-se para ele, com um sorriso triste. - Você deixou o mais importante de fora Loki. - O rosto dele estava impassível, apesar dos olhos a encararem com a maior dor que Helena já tinha o visto sofrer. Deu alguns passos para frente, diminuindo a distância entre eles, e colocou uma mão em sua nuca, ficando nas pontas dos pés. - Quer conversar sobre isso?

–Não. - A voz dele estava seca. Helena deixou que seus dedos fizessem um carinho na nuca dele, tentando confortá-lo e fazê-lo falar algo. Ela sabia que não era bom para ele guardar tudo aquilo, mas não podia obrigá-lo a falar também. - Estou cansado, não quero lembrar disso agora. - Assentiu.

–Entendo, Loki, mas não queria ter ouvido disso por um guarda. - Sua voz transmitiu todo o ressentimento na voz, todo o luto que ainda a consumia. Loki respirou ruidosamente, claramente não gostando do assunto da conversa. Ficou calado e Helena negou a cabeça. De algumas esquecia como ele conseguia ser teimoso e idiota, e como aquilo a irritava profundamente. - Outro dia conversamos sobre isso, então.

Conhecia Loki bem o suficiente para saber que aquilo tinha afetado-o profundamente. Aqueles cinco anos separados o tornaram uma pessoa diferente, apenas precisaria descobrir o quanto. Passou os polegares por seu rosto, encarando seus olhos, aquele azul quase verde que podia ficar horas perdida neles, tentando decifrar cada mudança, cada sentimento que sabia que o deus guardava para si, escondia bem fundo, negava-se a admitir. Aquele carinho significava mais, era o jeito dela dizer que estava ali de novo, que era real, que ele podia ser ele de novo.

Talvez aquilo nunca mais acontecesse, já que o homem que estava a sua frente talvez fosse o real Loki.

–Preciso que faça algo para mim amanhã. - Franziu as sobrancelhas com o pedido. - Thor vai trazer Jane. E temos coisa para resolver. Você...

–Distrairia Jane enquanto vocês conversam? - Ele assentiu, o rosto contorcido numa careta como se pedisse desculpas. - Claro, mas...

–Não se preocupe. Contei para Thor a verdade, sobre como Odin criou toda aquela história, e, como se quisesse te compensar, te chamou para estudar medicina aqui. - Assentiu com a cabeça, assimilando essa desculpa. - Que, é claro, você está livre para fazer.

–Droga, justo quando eu pensava que finalmente ia ter uma vida de rainha e não fazer nada o dia inteiro. - Falou, entre risadas enquanto ele encostava o nariz no seu.

–Engraçadinha. - Loki se separou e olhou o quarto ao redor, nada fora do lugar. Esperava algo completamente diferente, dada a natureza curiosa da mulher a sua frente. Franziu o nariz.

–Loki?

–Você não mexeu em nada. - Ela negou com a cabeça.

–Não tive coragem de desorganizar o quarto. - Respondeu, baixinho, esperando alguma reação dele. O que ouviu foi uma risada gostosa. Imaginava qualquer outra atitude, não aquela. Não resistiu, e logo estava rindo com ele, sentindo o peso da conversa anterior ser tirado dos seus ombros, sentindo que ainda tinha um pouco daquele Loki de cinco anos atrás. - Pare de rir de mim. É que é tão... Organizado. Tão... você. Fiquei com dó.

–Posso afirmar que minha vida é tudo, menos organizada, Lena. - Deu de ombros. - Precisa de mais alguma coisa?

–Thor e Jane chegam cedo amanhã. Não vai ter como, alguém vai vir te chamar. Ou te procurar, caso você já esteja acordada e andando por ai. - Sorriu para ele e assentiu. - Já que você está estabelecida, eu preciso ir. - Uma das mãos dele seguraram seu rosto e a beijou. Helena se separou, sorrindo enquanto abria os olhos. Loki depositou um beijo em sua testa de novo, um sinal que estava para sair do quarto. Helena se soltou dele, observou-o ir até a porta para sair. Quando estava quase empurrando as portas pesadas, ela o chamou.

–Hm, Loki? Pode dormir comigo? - Perguntou, com hesitação na voz.

–Você vai acordar e não estarei na cama dessa vez, Lena. - Respondeu, ainda de costas para ela.

–Estou acostumada com isso. Só não... - Respirou bem fundo. - Eu estou sozinha aqui em Asgard sem você, Loki. Ainda não estou acostumada. Além disso, passamos tanto tempo separados. E temos tão pouco tempo juntos durante o dia.

–Você sabe o porquê, Lena. - Ele respondeu, numa entonação cansada, trancando a porta do quarto e virando-se para ela.

–Eu sei. Não estou exigindo nada de você. Só... Podemos deixar as noites para passarmos juntos.

–Parece justo. - Helena sorriu. - Só dormir essa noite? Estou exausto.

–Só dormir. - Assentiu. - Eu senti tantas saudades. - Seguiu-o com os olhos, observando-o ele se aproximar de novo. Seu corpo parecia ter um ímã, que a puxava com uma força extraordinária. Abraçou-a com força, tirando-a do chão um pouco. Enterrou o rosto no ombro nu dela, o cheiro agradável de sabonete o aconchegando ainda mais. O corpo inteiro de Helena arrepiou.

–Eu também.


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Notas finais do capítulo

E sobre o meu aniversário: 20 anos, pra quem quer saber. HAHA Me sentindo um pouco menos inútil, agora que tenho DUAS histórias para trabalhar (a que estou postando junto com Chasing é uma original, ta no meu perfil, recomendo viu? eheh).

E por ser meu aniversário, ACHO que vocês deviam comentar em dobro.