Justiceira escrita por Clarisse Arantes
“Mais que uma heroína. Eu não sei dizer como exatamente ela era. Mas seus olhos possuíam um brilho especial e a cor era maravilhosa. Se cada tem seu universo em seu próprio olho, tenho certeza que o universo dela é cheio de cores e vidas. Um dia desses, eu não estava no meu melhor espírito, e talvez ela não estivesse também. Passei por uma rua estranha e suspeita, e fui rendida por um bandido. Só bastou um grito de desespero meu para que ela estivesse lá e me defendesse. Com a voz da justiça em suas cordas vocais, disse que a violência não é a resposta. Salvou-me daquele bandido maldito. Nunca vou esquecer isso. Nunca vou esquecê-la. E tenho certeza que ela já salvou outras milhares de vidas por aí, nós só fomos cegos o suficiente para não enxergar que, no meio de uma crise, em um país em que a violência e o trafico é a voz do povo, ainda existem pessoas boas. Ainda existem almas boas e algumas delas, às vezes estão rondando por aí, atingindo-nos de forma indireta. Eu sei que ela não quer reconhecimento ou fama, sei, somente pelo nome que devemos chamá-la, que ela quer dar esperança, mas além de tudo, a justiça daqueles que não podem se defender sozinhos. Mais uma vez, nunca a esquecerei, Justiceira.”
Abaixei o jornal para o meu colo. As palavras me emocionaram mais do que nunca. Respirei fundo e passei o jornal em minha mão livre para Gabriel ao meu lado.
Anna estava errada, ela não estava na primeira página do jornal, mas na segunda. A mulher de uniforme do Brasil captava toda a atenção da primeira página.
— Você merece — foi o que Gabriel murmurou-me após ler o escrito pela anônima. — Você é maravilhosa.
— Obrigada, Ash — sorri.
Nosso voo foi chamado e, com as mãos dadas, ao atravessarmos os portões de embarque, senti que nossos destinos estavam prestes a mudar.
Para melhor, dessa vez.
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