Justiceira escrita por Clarisse Arantes


Capítulo 15
Parte quatorze




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            Conseguimos capturar Garoto Solitário um tempo depois. Após me atacar com força, voei para longe do escritório de Anna e fui diretamente para o galpão. Ao entrar, senti meu corpo cair com rapidez em direção ao chão, mas eu atingi uma cama elástica, quando Pedro caiu contra o chão gelado. Eu consegui ouvir alguns de seus ossos se quebrando. Nós éramos forte e tínhamos a audição aguçada, porém, ainda podíamos nos ferir.

            Ele não conseguiu se levantar e rendi-o contra o chão. Ash apareceu logo após, sorrindo pela vitória. Atrás dele, caminhava o respeitável Nick Fury. Com suas vestes totalmente pretas, ele encarou Pedro no chão e deu de ombros.

            — Mais um.

            Agachou-se e puxou Pedro pelo colarinho. O galpão não permitia que usássemos nossos superpoderes.

            — O que vai fazer comigo?! — Pedro gritava desesperado, enquanto Nick Fury ia puxando-o e levando-o para longe.

            — Não se preocupe — ouvi Nick dizer — Eu não vou matar você, eu sou vou te machucar... bastante.

            Engoli em seco. Nick levaria Pedro para uma prisão no exterior. E de lá, eles me garantiram, que não conseguiria fugir. Eu estava totalmente aliviada. Finalmente tinha me livrado de Garoto Solitário, mesmo que alguns minutos que havia passado com Pedro, ele tivesse mostrado-se alguém de coração. Mas era tudo uma farsa.

            — E agora? — ouvi Ash sussurrar ao meu lado. Eu dei de ombros, sem encará-lo nos olhos.

            — Agora — respirei fundo — eu vou com Nick para os Estados Unidos. Você pode nos acompanhar.

            — Eu tenho uma vida aqui...

            — Então fique — sorri sem graça.

            — Você vai ficar bem?

            Meu corpo virou-se para Ash, encarando sua máscara. Meus dedos foram parar em seu pescoço e em poucos segundos, conseguia sentir o toque de sua pele. Eu estava tirando sua máscara. A máscara que ele tanto custara para não tirar. Eu não sei exatamente o porquê, ou o que estava causando em mim, mas meu coração batia apressadamente. Pulava dentro de mim, desesperado.

            Ele pareceu envergonhado depois do tecido ter ido parar em minhas mãos. Eu sorri e acariciei seu rosto.

            — Você é tão bonito.

            E ele realmente era. Ash possuía os traços mais fortes e mais bonitos que um homem podia ter. Seus olhos escuros eram intensos. E seus lábios, carnudos, estavam muito atraentes naquele momento.

            Então Ash completou o meu mundo, beijando-me. Não havia elogios de Pedro que pudessem comprar o momento, e senti-me realizada. Ele sabia o que fazia.

            — Eu ainda nem sei o seu nome — consegui sussurrar-lhe entre o beijo.

            — Não é tão importante agora.

[...]

            Quando cheguei a minha casa naquela tarde, meus olhos pediam para eu, por favor, parar para dormir. Eu não podia. Liguei milhares de vezes para o celular de Anna e nenhuma delas ela atendia. Depois de ter entregado Pedro para Nick e beijado Ash, descobri que ela fora parar no hospital. Tinha ido visitá-la, mas ela passava bem e já tinha sido liberada.

            Entretanto, não atendia minhas ligações. Minha mala rosa estava em cima de minha cama, aberta e pronta para receber poucas peças que eu levaria comigo para os Estados Unidos.

            Não sei exatamente se fui eu, Nick com seu pedido maravilhoso, mas Ash tinha confirmado em ir junto. Pelo menos somente para dar uma “treinada”. Nossa história enigmática tinha começado há muito mais tempo que Pedro, e eu sabia que de certa forma, ele sempre esteve na minha.

            A propósito, eu sei que o que fez mudar-lhe de ideia, foi o meu maravilhoso beijo “pós não morte e missão sucedida”.

            Ouvi a campainha de meu apartamento soar no ambiente, corri rapidamente para a porta e abri-a. Uma Anna chorosa revelou-se. Não aguentei e novamente, meus olhos estavam embaçados. Era muita emoção para um dia só. Agarrei-a em um abraço quente e emotivo e nós duas choramos abraçadas. Eu sabia que ela ainda possuía o desespero dentro de seu corpo.

            — Eu vou sentir tantas saudades — ela choramingou. — Quem vai salvar-me senão você?

            Separei nosso abraço e dei-lhe espaço para entrar na casa. Ela assim o fez, indo direto para o meu sofá.

            — Sabe que pode ir conosco.

            — Conosco? — ela subiu uma sobrancelha.

            — Ash. Ah, o nome dele é Gabriel.

            Anna sorriu maliciosamente.

            — Entendo. — Ela deu de ombros, cansada. — Mas eu não posso ir, amiga. Até queria. Mas sequer inglês sei falar direito — nós rimos. — E tenho trabalho por aqui. E tudo agora tá uma loucura. Amanhã terá minha cara estampada na primeira página do jornal.

            — E você sabe que virei te visitar. E também poderá.

            Nós sorrimos e, Anna não se conteve, levantou-se e me abraçou novamente. Um abraço rápido, mas com um peso enorme de uma amizade e de uma pessoa maravilhosa que deixaria para trás, mas levaria comigo, ao mesmo tempo.

            — Agora você precisa me ajudar com as roupas.

            Anna riu e assentiu.

            — Com certeza — disse ela. — Você é horrível nisso.


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