Perversa escrita por Diamandis


Capítulo 48
Capítulo 48


Notas iniciais do capítulo

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Hermione saiu de casa rapidamente. Não se olhou no espelho, não passou maquiagem, não trocou de roupas, não pegou uma bolsa. Ela só queria sair dali e imaginar que era tudo um sonho ruim.

Correu desnorteada pelas ruas de sue bairro, virando a cada esquina, sem prestar atenção aonde ia. Parecia um labirinto, que ela andava em círculos. As ruas eram familiares, mas não eram reconhecidas. As lágrimas fartas embaçavam sua vista. Tropeçou centenas de vezes. As pessoas reparavam e comentavam confusas, às vezes maldosas. Apontavam, riam ou se solidarizavam. E ela apenas corria, esperando chegar a algum lugar onde tudo aquilo não passaria de um devaneio.

Numa rua um pouco mais escura, mas não menos luxuosa, uma sombra apareceu à sua frente. Seu corpo foi empurrado com o impacto, e ela caiu de lado.

A pessoa desceu da bicicleta e se aproximou.

– O que você está fazendo aqui?

Hermione a encarou, limpando os olhos.

– Gina... – Sussurrou. – Ah, que bom.

Levantou-se e sentiu seu braço e perna direitos arderem. Algo quente escorreu pelo seu cotovelo. Não tinha importância. Nenhuma dor se comparava àquela outra. A de estar realmente só.

– Gina, vamos esquecer o que passou, começar de novo. – Tentou sorrir, mas tudo que conseguiu foi uma careta de dor. – Mas, por favor, me ajuda agora. Não me deixa sozinha.

Cambaleou para frente, mas a ruiva se afastou.

– Quem diria, Hermione Granger... Olhe bem para você!

As lágrimas escorreram no rosto da loira outra vez.

Ela suspirou e tentou uma última vez:

– Me ajuda. – Hermione sussurrou, duvidando que sua voz estava alta o bastante.

– Não. – Respondeu gargalhando – Você não sabe como é bom te ver assim, derrotada.

– Por favor.

– Eu tenho que ir agora, arrumar minhas coisas. Por sua causa, minha vida acabou, e eu vou para um colégio interno horrível.

– Eu nunca te fiz nada.

– Você nasceu, Hermione. Você NASCEU! – Montou na bicicleta outra vez e pedalou rápido.

Hermione viu o vulto de Gina se afastar. As lágrimas atrapalhavam sua visão novamente. Passou a mão pelo braço e o sangue tingiu seus dedos de vermelho. Encostou-se na parede enquanto a dor agulhava seus membros e seu peito. Encolheu-se até ser apenas numa bola. Sentia que estava prestes a esfarelar e desejou que isso acontecesse se fosse acabar com aquela coisa que estava a matando de dentro para fora. Chorou baixinho e tentou se lembrar qual era o caminho para casa, em vão.

Ela estava sentada no chão, batendo as costas na parede fria.

– Mione, é você?

Uma janela havia sido aberta sobre ela e alguém a observava.

– Não. – Respondeu ríspida. – É o que sobrou de mim.

A pessoa fechou a vidraça e, segundos depois, apareceu ao lado de Hermione.

– Não seja dramática.

– O que você quer? – Perguntou. – Vai me humilhar também? Ok, manda a ver.

– Eu não vou te humilhar. – Respondeu. – Eu vou é fazer um curativo nesse seu braço.

Hermione levantou os olhos e encarou o rosto sensibilizado de Cho.

– Por que? Eu acabei com a sua vida.

– Não, Mione. Você acabou com a sua.

Hermione baixou os olhos outra vez e respirou fundo.

– Você é boa, Cho. – Sussurrou. – Coisa que nunca vou saber ser.

– Vai sim. Só precisa recomeçar.

– Como?

– Primeiro, você apaga os erros do passado.

– Como? – Insistiu.

– Há várias maneiras, mas todas levam a só uma: o perdão.
A loira suspirou.

– Vamos, Mione, por que não começa?

Ela continuou quieta.

Cho terminou o curativo e se levantou, decepcionada.

– Ok, a escolha é sua. – Virou-se pra entrar em casa, mas sentiu um par de braços trêmulos a segurarem.

– Me perdoa, me perdoa. – Ela estava agachada, agarrada à sua cintura, para que não fugisse. As lágrimas salgadas embaralhavam sua fala. – Por favor.

A oriental se abaixou e a abraçou de volta.

– Está tudo bem. Vai ficar tudo bem.

– Me perdoa.

– Shhh. Calma, amiga, vai passar.

Ficaram por um bom tempo abraçadas e Hermione sentiu seu coração descongelando lentamente. Talvez ela soubesse mesmo como ser uma pessoa boa.


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