Perversa escrita por Diamandis


Capítulo 49
Capítulo 49


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo...



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Hermione e Cho estavam muito próximas outra vez, mas agora, a amizade entre elas era limpa, verdadeira.

Faltavam poucos dias para o início das aulas. O frio, que estava sendo expulso com a chegada da primavera, voltou repentinamente por uma noite. Hermione caminhava sozinha por uma rua, procurando por um táxi. A Quinta Avenida ficava cada vez mais distante, junto com Cho e o cyber café.

Lá na frente, uma luz falhava uniformemente e o barulho de seu salto batendo no chão era calmo e monótono. Ela pensava em tudo que havia acontecido.

Seu pai a visitava todos os dias e estava sendo mais fácil do que ela havia imaginado. Sua mãe irradiava alegria, liberdade. E se preocupava mais com ela.
Cho e Cedrico estavam namorando firme, apaixonados, assim como Harry e a brasileira.

Ela os invejou.

Não havia tido mais notícias de Ronald desde a sua festa e a saudade, embora bem disfarçada, estava ali como uma dor constante.

A luz piscou outra vez, demorando uma pouco mais para ascender. Ventou e ela colocou o capuz de seu casaco vermelho.

Suspirou longamente e olhou a ponta das próprias botas de couro. Um arrepio dançou pelas suas costas e ela se contorceu levemente. Olhou para trás, cada vez mais distante do movimento. Agora ela estava quase debaixo da luz falha.

Um ruído baixo chamou sua atenção e ela olhou para trás novamente. Mas não havia nada ali. Paranoias urbanas. Apertou um pouco o passo e o ruído se repetiu, um pouco mais alto, mais perto.

Sua respiração estava rápida e seu coração pulava de medo em seu peito. Então, ouviu nitidamente o barulho de passos atrás de si. Cada vez mais perto, mais perto.

Ela era uma presa fácil. A garota rica indefesa. Pensou em correr, mas ele logo a alcançaria. A luz sobre ela se apagou e um vulto se aproximou. Alguém segurou seu braço – machucado – com força e ela gemeu baixinho. Algo pontudo foi colocado estrategicamente em suas costas. Um movimento em falso e estaria tudo acabado.

E, dessa vez, não haveria alguém para salvá-la. Haveria?

– Só entrega o dinheiro e nada acontece. – Ele sussurrou.

Hermione parou de respirar naquele exato momento. Não havia mais medo dentro dela. Havia desespero. Ela se virou repentinamente, certa de que estava delirando. Mas a certeza veio quando ela reconheceu certo par de olhos azuis quase cobertos por uma máscara preta.

– Ronald?!

Ele se afastou e deixou a lâmina pontuda cair no chão.

– Você?! – Ele disseram juntos.

Ele recuou, com os olhos arregalados. Hermione tremia feito louca, sua respiração mais ofegante que antes. Ronald não queria machucá-la, nunca. E ela sabia disso.

A dor brotou nos olhos de ambos, que se encararam por um longo minuto. Ele encostou no meio fio e se sentou.

– Parabéns Ronald. – Sussurrou de cabeça baixa. – Na primeira tentativa, olha quem você escolhe.

Retirou a máscara e mostrou seu rosto cansado. O cabelo emaranhado e molhado de suor.

Hermione se aproximou, hesitante.

– O que você está fazendo? – Choramingou.

– É sua culpa! – Ele gritou, levantando-se. – Além do mais, se meu pai não tivesse descoberto, eu ainda teria dinheiro par comprar o meu remédio!

Hermione se abaixou ao seu lado.

– Não diga isso, Ron. Por favor.

Ele se levantou, com as mãos na cabeça. Sua expressão desesperada e seus olhos molhados eram muito diferentes daquele Ron que Hermione conhecia.

– Quando eu vim pra Nova York – Disse, com a voz embargada. –, eu sofri muito. Por causa dos meus amigos, do meu lugar, da minha mãe. Tudo piorou quando você causou aquela rejeição da galera.

Ele riu e a encarou. Ela estava chorando, olhando para as pedrinhas que se soltavam do asfalto.

– Então eu, Ronald Weasley, entrei em depressão! Meu pai me levou num cara que cuida de gente fresca, assim. E ele me receitou um remédio. Fluoxetina.

Hermione enlaçou os joelhos com os braços.

– Acontece que eu queria que aquilo acabasse logo. Então, comecei a tomar além do que foi receitado. Quando acabou, eu passei a comprar por minha conta.

– Mas, Ron, porque?

– Tudo estava melhorando desde o dia em que começamos a namorar. Mas aí, na sua festa...

Ele se virou com as mãos no rosto e Hermione ouviu seus soluços.

“Primeiro, você apaga os erros do passado.”, ela se lembrou.

Colocou a mão sobre o peito e sentiu seu coração batendo forte, quente. Como de uma pessoa boa.

– Desculpe, Ron. – Sussurrou, chorando também. – Você... foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. E eu... eu consegui estragar tudo, outra vez.

– Mas que droga, Hermione! – Ele gritou, os olhos cheios de cólera. – Não vê que eu sou mesmo um babaca inútil? Se eu não tivesse aparecido na sua vida, você ainda teria suas amigas, ainda seria feliz como antes, teria tido uma festa perfeita, você estaria com o Harry.

– Ora, cale a boca! Se você não tivesse aparecido, eu ainda teria uma vida supérflua. Eu nunca teria sido feliz de verdade!

O silêncio reinou enquanto a lâmpada piscava devagar sobre eles.

Hermione se levantou e deu um passo. Depois outro e outro. Correu por um segundo e sentiu os braços de Ronald segurando seu corpo com força. Ela o apertou com fervor, como se quisessem que eles fossem um só. E, de certa forma, eram.

– Eu preciso de você, Ron.

– Eu também preciso de você, Mione.

Eles se beijaram, chorando.

– Eu vou te ajudar. – Ela sussurrou. – Nós vamos sair dessa juntos.


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