Mais uma semana se passou como um piscar de olhos. O novo ano chegou. A última lembrança que Hermione tinha da noite de seu aniversário era de estar deitada quieta em seu quarto, ainda com o vestido novo, apenas ouvindo o som de sua respiração e da música que ainda animava a festa lá embaixo.

Ela estava deitada numa poltrona da sala, de moletom e cabelos presos, lendo um livro. O almoço estava quase pronto e o cheiro vindo da cozinha aguçava seu estômago.

– Hermione?

– O que foi?

– Você está salivando...

– O cheiro está bom.

Sua mãe sentou-se ao seu lado e ela fechou o livro.

– Podemos falar com você?

– Você e quem?

– Eu. – Disse seu pai, da porta do escritório.

– Claro, papai.

Ele caminhou até elas e começou a falar.

– Olha, filha, eu sei que não estão sendo dias fáceis para você. E que você presenciou algumas cenas horríveis entre sua mãe e eu, mas...

A pequena Granger revirou os olhos e sorriu.

– Não, pai. Não se preocupe. – Ela puxou a mão dele, fazendo-o se sentar ao seu lado. – São crises, passam. E eu sei que tudo está bem agora.

– Essa é a questão, filhinha. – A Sra. Granger interrompeu. – Não está tudo bem.

Hermione não entendeu e os encarou desconfiada.

– Nós conversamos e resolvemos aquele... dilema. – Seu pai continuou. – Mas era só um entre tantos.

– Não estava mais dando certo. – A mãe continuou. – Foram quase vinte anos e a maioria deles, felizes.

– Como assim ‘foram’?! – Ela se recusava a entender o óbvio.

– Nós vamos nos separar.

– Não! – Ela gritou. – Vocês não podem. Nós somos a família perfeita, lembram?

– Não torne as coisas mais difíceis, Hermione. – Pediu o Sr. Granger.

– Eu não vou deixar!

– Hermione Jean Granger! – Ela se calou assim que ouviu sua mãe pronunciando seu nome completo. – Eu não costumo censurar você, querida, mas essa não é uma decisão sua. Estávamos vivendo num inferno aqui em casa e vai ser melhor pra todo mundo que isso acabe.

– Minhas coisas já estão prontas e eu vou para um hotel amanhã, até escolher um novo lugar para morar.

Hermione o encarou, horrorizada.

– Você vai me abandonar. – Sussurrou.

– Nunca! Nós vamos estar sempre juntos, eu já consultei um advogado.

– Seu pai e eu não viramos inimigos, filha. Nós vamos conviver normalmente.

– Eu não quero que isso aconteça. – Ela choramingou e encolheu as pernas sobre o sofá.

– Nós sempre vamos te amar, pequena desenhista. – Ele finalizou.

O Sr. E a Sra. Granger a abraçaram, enquanto a informação era digerida e transformada em lágrimas, lentamente.