– Eu não sei como se faz isso. – Reclamou Cho.

Hermione riu alto e tomou a folha de instruções de suas mãos.

– Deixe-me ver.

Pegou o papel e leu, mas o semblante superior desapareceu de sua face. Ela também não sabia.

– Eu... Bom, você... É assim:... Ah, Cho, não é possível que você não saiba! – Reclamou, revirando os olhos. – Na verdade, é sim.

– Com licença. – Interrompeu Ronald.

Pegou a folha de papel e leu calmamente.

– É simples. Você simplesmente tem que...

O ruivo explicou a matéria e todos escutaram atentamente. As garotas o observavam atentamente.

Gina deixou os olhos passearam por seu rosto, pescoço, ombros. Era realmente bonito, não dava para negar. Aliás, dava. Pegou um papel, escreveu alguma coisa e entregou para Hermione. "Repara o jeito que Cho está secando o Bolsista."

Hermione observou a antiga amiga com ódio no olhar. Ela não tinha direito de olhar para ele! Quem ela pensava que é?! E ele era tão... Tão... Idiota!

O modo como explicava a matéria. O modo que usava aqueles olhos azuis para olhar cada um de uma forma diferente e, ao mesmo tempo, de igual para igual, como se não fosse só um pobre bolsista. Era tudo tão... Irritante!

"Ela é uma vaquinha. E ele é um inútil! Estou farta disso..."

No banheiro, Hermione e Gina falaram o quanto puderam sobre Ronald e Cho. Minutos depois, voltaram para a mesa, com cara de poucos amigos.

– Já está ficando tarde. Vou indo. – Comunicou, guardando suas coisas na mochila. – A gente termina isso depois.

Colocou a mochila nas costas e saiu andando.

– Espera, Hermione! Vou com você.

– Não! – Falou, irrevogável. – Eu não estou indo para casa.

Desfilou para fora do Museu e andou rápido até a outra esquina.

“Vaca... Quem ela pensa que é para olhar pra ele daquele jeito?! Ainda mais para ele! Aquele... Inútil!”, pensou. “Cho, você ainda vai me pagar por essa traição. Eu tenho algo seu. Você está em minhas mãos.”

– Mione! – Alguém chamou. – Espera!

Granger parou e olhou para ela com um sorriso irônico.

– Chang! Você não morre tão cedo. Ou será que morre?

– Pare com isso, Mione. O que houve com você? Aquela festa... Não rolou nada de mais. Ele me beijou, mas eu não queria.

– Ah, faça-me rir! Quando um não quer, dois não beijam! E se você queria, você me traiu!

– Não, Mione... Ron é legal. Se você o conhecesse...

– Eu não quero conhecê-lo! Quero que ele e aqueles olhos azuis se ferrem!

– Pelo amor de Deus, Hermione! Por que tanta raiva? O que ele te fez?

– Ele chegou aqui e roubou tudo que era meu! Até minha amiga, ele roubou! Você mesma viu como as pessoas olharam pra ele nos primeiros dias! E ele não passa de um bolsista babaca.

Pequenas gotinhas se formavam nos cantos de seus olhos, que faiscavam de raiva.

– Não é verdade. Ron não te roubou coisa alguma. Foi você quem o roubou, acabando com a paz dele! Você tem noção de como dói ser humilhado em público?! Ah, é claro que não. Você é ‘Hermione Jean Granger, a intocável’!

– Eu sou! Sou sim. E isso, ninguém vai tirar de mim!

Ela voltou a andar, mais apressada que antes.

– Mione, eu não terminei!

– Não há nada para terminar! Faça um favor: SUMA DAQUI! E não me chame de ‘Mione’. Você não tem mais intimidade para isso.

Cho correu até ela.

– Hermione, por favor, me escute.

– Não! DESISTA, coisa.

– Olha como fala comigo, garota! E, quer saber? Eu acho que o que você sente por ele não é raiva: é amor, Hermione. Eu te conheço e sei que você se apaixonou pelo bolsista, Granger! Quem diria, não é?! – Cho gargalhava. – E está morrendo de ciúmes.

– Cale a boca, sua ignorante! Está maluca?!

Chang se contorcia de rir.

– Você vai me pagar, sua tábua! Não perde por esperar!

Hermione correu até um táxi e foi embora, deixando Cho – rindo – para trás.