Lumos! Interativa escrita por Dama dos Mundos


Capítulo 2
Uma breve espiada no passado.


Notas iniciais do capítulo

Yei!
Antes de tudo quero agradecer a cada um que enviou sua ficha e deu sua opinião no capítulo anterior. Obrigada a todos, seus lindos!
.
Eu revisei mas pode conter alguns erros... se acharem, por favor, me avisem, okay?
. Boa leitura.



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Ano 2017, Sala do Diretor

— Isso não vai acabar bem… — Alegara Dominique, atrás dos outros dois garotos, enquanto torcia de maneira insistentemente uma mão na outra. O trio havia invadido a sala do diretor pelo puro motivo de “não ter nada melhor para fazer”. Ela nem queria estar ali para começo de conversa, deveria estar em seu dormitório, embaixo das cobertas quentinhas e lendo alguma coisa para se distrair.

Mas seu melhor amigo era Scorpius Malfoy e levando isso em consideração, conseguir ter um fim de semana sossegado era impossível. Apesar de terem seguido para casas diferentes (ela, como qualquer Wesley que se preze, entrara na Grifinória, enquanto ele, obviamente, fora selecionado para a Sonserina) os dois haviam firmado uma amizade muito forte e duradoura com o passar dos meses e anos. Provável que a relação entre eles já começava a tomar um rumo diferente desse, mas se esse era o caso, nenhum deles admitia.

Dominique puxara os cabelos ruivos, cor-de-ferrugem do pai, assim como os olhos castanhos e o resto. Era tipicamente uma Wesley, e comumente usava os longos cabelos ondulados presos em um rabo de cavalo. Agora, porém, ela tentava mantê-los presos com o cachecol vermelho e dourado, já que na tentativa de seguir o passo dos garotos, não tivera tempo nem sequer de ajeitá-los.

Scorpius testava alguns feitiços nas dobradiças de um armário antigo, onde deviam haver documentos importantes. Por mais que tentasse, porém, a porta não se abria, e ele começava a mostrar sinais claros de irritação, enquanto estreitava seus gélidos olhos cinzas. Em um dado momento, seus dedos agarraram os próprios cabelos, tão loiros que quase chegavam a ser brancos, e os puxou. — Por que diabos isso não abre!?

— Não estás ditando o feitiço errado…? — O terceiro integrante do grupo perguntou, aproximando-se. Seus traços chegavam a ser andrógenos, e numa primeira olhada era difícil definir se era um garoto ou uma menina. Mas a voz, apesar de fina, denunciava seu gênero: Benjamim, como poderiam notar pelo nome, era um garoto com olhos verdes claros e curtos cabelos negros. Seu sorriso parecia inocente, mas estava longe de transparecer sua verdadeira personalidade.

— É óbvio que não, lhe pareço um imbecil?

— Queres mesmo que eu responda?

— Ei, vocês dois! — Dominique, que havia deixado ambos preocupados com a tranca e fora observar o resto do aposento, chamou a atenção deles para uma chave que encontrara em uma das gavetas da escrivaninha (que por algum motivo ilógico, estava destrancada). Ela tinha os mesmos padrões espiralados de relevo que o armário que tentavam arrombar possuía, e dessa forma a garota apenas ligara os pontos, enquanto segurava o pequeno objeto pela corrente que saía de sua ponta. — Parem de discutir e tentem usar isso.

— Para alguém que não queria vir você, você está muito animadinha. — Scorpius estendeu a mão para pegar a chave e, quando está lhe foi entregue, andou em direção ao imenso armário de madeira escura e tentou enfiá-la na primeira tranca. Esta abriu com um clique baixo, o que deixou-o claramente empolgado, e então o rapaz continuou abrindo-as, uma a uma. Eram cinco no total, e só quando fez a chave rodar dentro da última fechadura as portas abriram-se, com um estalar de madeira antiga.

— Quem usa chaves para abrir coisas dentro de uma escola de magia? Que coisa mais arcaica. — A garota ajeitou o cachecol no pescoço, olhando com certo receio para o interior do móvel.

— Possivelmente estava enfeitiçada para só abrir com essa chave. Caso contrário a Doninha teria conseguido abri-la.

Malfoy lançou um olhar letal ao amigo depois daquele comentário. O fato dele se parecer ligeiramente com uma doninha – aparência herdada de seu prezado pai – não lhe agradava nem um pouco. Isso também fazia referência um certo castigo que Draco havia enfrentado em seu quarto ano na escola. — Faça-me um favor e cale a boca, Benj.

O outro apenas virou-se de costas para evitar que sua risada fosse vista, depois de alguns segundos podendo finalmente olhar em direção ao armário novamente. Havia pergaminhos ali, tão antigos que a poeira e o cheiro de papel velho pairava no ar. — Há quantos anos esses pergaminhos podem estar guardados?

— Muitos… milênios, possivelmente. — Dominique aproximou-se e tentou pegar com cuidado um dos rolos, rezando mentalmente pra ele não se desfazer em suas mãos. Se destruísse um patrimônio de Hogwarts, a diretora Minerva sem dúvida retiraria uns cem pontos de sua casa. Isso sendo otimista.

Havia uma data marcada no começo do pergaminho. Ano de 997. Benjamin chegou mais perto e mordeu o lábio inferior. — A escola não foi fundada em 992?

— Não brinca que são dessa época! — Scorpius esfregou as mãos, ele estava começando a ficar interessado.

— Hum… nós vamos ler?

Ele não respondeu. Os olhos cinzentos percorreram as primeiras linhas, logo parando em um nome grafado com mais força no pergaminho. A Desgraça Rubra, como haviam chamado no texto, fora um traidor que surgia dentro da própria escola, alguém que ameaçara até mesmo os Fundadores. Ele assobiou, notando que haviam encontrado algo realmente interessante daquela vez. — Vamos levá-lo.

— Como assim “vamos levá-lo”, eles vão dar falta! — Protestou Dominique, abaixando drasticamente seu tom de voz, embora ele mostrasse urgência.

— Não podemos ler aqui, alguém vai acabar nos encontrando. E ninguém vai dar falta de uns documentos que não mexem a séculos, é só deixarmos as coisas do jeito que estavam antes de invadirmos. — Com essas palavras, ele voltou a pegar a chave e a trancar novamente o armário, com o máximo de rapidez que conseguia.

— Precisaremos enfeitiçá-lo ou vai desmanchar. É muito antigo.

— Você é o especialista em feitiços aqui, Benj. Faça alguma coisa.

Benjamin apenas coçou a cabeça, clamando por paciência, enquanto sacava sua varinha e apontava para o documento em cima da mesa. — Protego Totalum.

A garota ergueu uma sobrancelha ao ouvir aquilo, entreabrindo os lábios por alguns segundos e logo fechando-os. Depois tentou uma vez mais falar algo, já que a primeira frase que pensara em dizer não havia soado nada inteligível em sua cabeça. — Isso serve pra objetos?

— Não sei lhe dizer, porém espero que realmente funcione.

— Tudo pronto aqui. — O rapaz de cabelos claros voltou-se em direção aos amigos, juntando as mãos na frente do corpo. — Podemos ir?

— Claro…

— Por mim tudo bem.

Os três deixaram a sala do diretor aos tropeços, levando consigo uma história que não era contada a milênios, esquecida pelo tempo e pelos bruxos. O que fariam com ela, era um mistério.

X-X

Ano de 997, Salão Principal

Os ânimos estavam alterados, pois era o início de mais um ano letivo em Hogwarts. Os alunos mais antigos, do quinto ano, que consideravam-se especiais (em sua maioria) por terem sido os primeiros a estudar naquele local, observavam com curiosidade a fileira de primeiro-anistas que percorria o corredor até o banco onde havia a maior novidade daquele ano: o Chapéu Seletor, encantado por todos os fundadores para fazer seu papel de selecionar as casas para as quais cada aluno iria.

Na mesa dedicada aos alunos da Grifinória, assim como nas outras, os cochichos não paravam.

— Esse pessoal não sabe o quanto é sortudo… na nossa época sofríamos um monte de testes para saber em qual Casa iriam nos encaixar. — Murmurou um rapaz muito alto para a sua idade. Ian tinha longos cabelos ruivos, tão vermelhos quanto o fogo, e olhos de um verde assustador. Eles intimidavam, faziam aqueles que estavam desacostumados com o garoto recuarem de imediato. Contudo, a maioria das pessoas naquela mesa parecia ter se acostumado com seus olhares mortais. Inclusive a pessoa que pareceu complementar o comentário dele, enquanto esforçava-se para ver a dita seleção.

— Não era tão ruim assim. Me diverti bastante naqueles dias.

Ele endireitou-se rapidamente na mesa, apelando para a sua melhor voz sedutora. — Lottie, minha doce e amável dama, o que acha de…

— Não. — Ela cortou imediatamente, erguendo seu olhar na direção do colega, já imaginando o teor da conversa. Seus olhos eram azuis-cobalto, tranquilos e perspicazes, dois lagos profundos que pareciam mostrar sua alma a quem os encarasse. As madeixas onduladas, de cor negra, estavam sempre soltas, e chegavam até um pouco abaixo da linha do ombro. Apesar de ter um porte mediano, não sendo nem muito alta nem muito baixa, comparada a Ian ela parecia estranhamente minúscula.

— Mas, Lottie! — Ele tentou protestar uma segunda vez, sem querer falando mais alto do que queria. Vários olhos voltaram-se para ele, o que fez com que uma ruga de estresse surgisse em sua testa. — O que estão olhando?

Quase ao mesmo tempo, boa parte dos estudantes levou um dedo aos lábios, em sinal de silêncio. Agora era possível ouvir a resposta do Chapéu Seletor para um dos primeiro-anistas.

— Corvinal! — Foia a decisão cantada por aquela voz tão diferente, enquanto Helga retirava-o da cabeça da criança e via-a correr em direção a mesa correspondente. Ian calou-se de imediato, controlando seu instinto rebelde e absolutamente barraqueiro, ainda mais quando notou o Diretor de sua Casa, Godric, observando-o com certa curiosidade, e também fazendo um sinal em direção aos lábios, pedindo silêncio. Sentiu em seguida um batucar breve em sua testa. Charlottie havia tocado-o com a varinha, com os olhos fechados, a mão livre tampando a boca, da qual saia uma risada abafada.

— Silêncio, moço. Tu ouviste.

Ele praguejou qualquer coisa ininteligível, voltando sua atenção para os alunos que ainda não haviam sido selecionados.

A jovenzinha que acabara de entrar para a Corvinal derrapou pelo chão, chegando à mesa, com um sorriso radiante, sinal de que estava gostando daquela ideia. Em instantes já tinha as bochechas rosadas agarradas por uma aluna do quinto ano, de longos e enrolados cabelos loiros, com uma trancinha montada em uma de suas mechas frontais, e olhos tão claros que era difícil definir se estavam entre o azul ou o amarelo. Talvez fosse efeito da luz. — Oh! Como és fofinha! Parece uma boneca!

— Lana, deixa a mocinha em paz. — Riu um de seus colegas, deixando um espaço entre si e a dita cuja para que a garotinha pudesse sentar-se ali. Esta ajeitou-se, chamando a atenção dos Corvinos mais próximos. Era realmente uma garotinha muito fofa, um pouco cheia, com o cabelo preto preso em marias-chiquinhas e o uniforme básico da escola – um vestido simples de cor acinzentada – cobrindo o diminuto corpo. Uma beleza claramente exótica.

— Como se chama, pequena? — Alana perguntou com delicadeza, ela não parecia prestar muita a atenção na seleção em si, por isso não gravava os nomes daqueles que eram chamados. Com seu jeito amável, contudo, não era difícil imaginar que faria amizade com todos aqueles alunos em menos de uma semana.

— Rebecca. — Ela respondeu prontamente, um sorrisinho maroto estampado na face.

— É um prazer conhecê-la Rebecca. — Ela passou seus dedos finos por sobre a cabeça da menina. — Seja bem-vinda a nossa Casa.

E a partir dali se sucedeu uma longa conversa, envolvendo memórias antigas e recentes, enquanto mais alguns alunos eram mandados para tal mesa e os veteranos preocupavam-se em mantê-los informados sobre como era a vida em Hogwarts.

Na mesa ao lado ficavam os Lufanos, conhecidos por sua fidelidade, vontade de aprender e por seus alunos amigáveis. Eles saudavam cada aluno novo que era mandado para sua mesa com extremo entusiasmo, o que fazia a pobre Helga coçar a bochecha, encabulada, enquanto tinha o olhar recriminador de Slytherin sobre si.

— São realmente seus alunos, Helga.

— He… — Ela riu, corando, sem graça. — Não posso negar.

Havia um grupo já formado naquela mesa, como muitos outros conheciam-se desde que pisaram pela primeira vez em Hogwarts, a quatro anos atrás. Seus componentes eram duas meninas e dois garotos. A primeira garota era Ana Lisender, uma jovem de aparência relativamente comum e expressão um pouco mais fechada do que era normal de um Lufano. Ela mordia brevemente o lábio inferior ao ver um novo estudante passar do seu lado. Não que fosse desagradável, mas aquela mirrada garota de cabelos castanhos e olhos cor de mel tinha um certo problema em se abrir com as pessoas.

A segunda se chamava Anastácia, e se era tão calada quanto a amiga, diferenciava-se claramente da mesma pela aparência, com seus cabelos da cor do chocolate e tímidos olhos escuros como o petróleo. Ela definitivamente chamava a atenção também por suas curvas, mas não se preocupava com isso, por achar-se feia e esquisita. Sua timidez era tão marcante que com muito custo conseguira ficar no meio daquele pequeno grupo, e isso se dava pelo fato de todos ali serem igualmente complexados. Bom… quase todos.

O terceiro era um garoto desengonçado num primeiro olhar. Os cabelos negros e curtos pareciam sempre bagunçados, e sua íris era escura, quase da cor da retina, o que faria com que parecesse demoníaco caso não estivesse sempre com uma expressão sonhadora no rosto. Ele também era desajustado, o típico garoto medroso e protegido pelos pais até da própria sombra, mas dali parecia ser o mais falante. Ora ou outra, erguia a mão para acenar para um novato, voltando a apoiar os braços sobre a mesa e a continuar a falar. Ele falava bastante, pelo menos com aquele pessoal. Seu nome era…

— Max… Pode explicar de novo aquela lenda de Ícaros, acho que não entendi muito bem. — Quem lhe perguntava era Anastácia, ou Ani como era apelidada, para não ser confundida com sua colega mais próxima.

— O que você não entendeu? — Ele piscou os olhos com surpresa.

Ana fez questão de se intrometer, depois de mastigar tanto seu lábio inferior que agora ele continha pequenas feridas. — Deve ser porque você fala rápido demais?

— Ei, eu não falo rápido demais!

— Você fala sim. — Ani deu sua opinião sincera, enquanto abria um sorriso de canto. Tal coisa fez com que Max cora-se, e voltasse sua atenção num repente para o último integrante do quarteto.

— Diga alguma coisa, Dimitry!

Sem resposta. O rapaz reparou que o outro estava dormindo a sono solto, com a cabeça deitada entre os braços, numa posição incomoda – no mínimo – em que só dava para reparar em seus cabelos que pareciam quase prateados de tão claros. Era difícil entender como ele conseguia dormir naquela balbúrdia.

— Parece que dormiu.

— Grande novidade. — Ana revirou seus olhos, cutucando o garoto loiro com a ponta do dedo. — Acorde, dorminhoco, isso não é lugar pra apagar.

— Hummm… me acordem quando for algo importante. — Ele apenas ajeitou-se melhor em sua posição e voltou a dormir, como uma pedra.

— Como assim quando for algo importante, nós estamos em plena seleção das casas… — Ani alegou, inclinando a cabeça, os olhos escuros piscando brevemente.

— Ah… deixe-o pra ai, não vamos conseguir mantê-lo acordado mesmo. — Ana estreitou os olhos, com um pequeno pensamento em mente. — Embora quando precisarmos subir para os dormitórios, isso possa ser problemático.

— É… a menos que um de nós carregue ele. — A outra jovem apontou de maneira sutil para Max, enquanto Ana movia seu olhar apático na direção do mesmo. O rapaz apenas meneou a cabeça, deixando-se cair sobre a mesa.

— Por que sempre eu?

A mesa dos Sonserinos ficava mais ao canto do salão, e parecia a mais silenciosa ali, talvez porque Slytherin mantinha seus olhos frios cravados naquela direção com tanto empenho que a maioria de seus alunos ficaria incomodada. Aliás, para qualquer lugar que ele endereça-se seu olhar, um silêncio desconfortável tomava conta. Salazar Slytherin tinha algo de assustador, embora seu porte fosse magnífico e seu rosto, sem expressão. Os alunos mais antigos estavam de certa forma acostumados com aquilo, mas não deixava de ser inquietante.

Batendo com as unhas cumpridas contra o tampo de madeira estava uma moça de cabelos negros e completamente bagunçados, cumpridos ao ponto de chegarem à cintura. Os olhos eram de um azul comum, embora fossem grandes, com olheiras profundas que marcavam profundamente em sua pele pálida. Seu rosto era fino, com um nariz arrebitado. Isso parecia aumentar a aura de superioridade que vinha dela. Parecia estar sozinha por conveniência, o que ficou óbvio quando outra garota deixou seu lugar mais a frente para sentar-se ao lado dela.

— Andrômeda, parece que suas olheiras estão mais fundas hoje.

— Olá, Katherine… — Houve um resmungo como resposta, enquanto ela começava a bater ainda mais insistentemente com as unhas sobre a mesa. — Perdeu alguma coisa aqui?

— Não, de forma alguma… só queria ver como minha amiga estava.

— Nós não somos amigas.

— Oh, deve ter feito uma viagem dura até aqui para estar com esse mal humor.

De fato, toda vez que voltava para casa Andrômeda voltava com um humor digno de um trasgo. Por si mesma, passaria o resto da vida na escola, mas naquela época isso era um luxo permitido apenas pelos órfãos, pois o castelo não era tão grande como nos dias atuais.

A seleção havia terminado. Andrômeda ignorou as palavras de abertura dos fundadores e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Não vai dizer logo o que quer, Katherine?

A outra apenas fechou seus olhos de um azul hipnotizante, enquanto brincava com os longos cabelos de cor escura, percorrendo-os completamente com os dedos até que chegassem à ponta, o único local cacheado do mesmo. Suas bocas eram carnudas, e ela tinha a mania – que fazia nesse exato instante – de mordê-los de vez em quando para forçar uma vermelhidão. Aquela garota era extremamente narcisista. — Eu apenas queria ver se estava bem.

Mesmo que houvesse um traço do sorriso irônico em seus lábios, Andrômeda sabia que dessa vez ela não estava brincando. As duas podiam passar por irmãs, e de alguma forma a convivência com os anos tornou-as algo bem próximo disso. A primeira garota parou finalmente de martelar seus dedos na mesa e deu um espaço maior para que a outra pudesse sentar apropriadamente.

— Apenas sente-se ai e fique quieta.

Uma moça que estava ao lado de ambas também moveu-se brevemente para mais perto, ao ver que Katherine havia amansado a fera. Ela apoiou o cotovelo na mesa e deitou o rosto sobre a mão para ficar mais visível. — Meninas, mas que surpresa!

Dois pares de olhos azuis voltaram-se para ela, e houve uma expressão de confusão típica… que sumiu tão rápido quanto chegou. — Ah… Cateline, você sempre me pega nesse seu truque. — Kat foi a primeira a protestar.

— Já pode voltar ao normal.

A garota fez seus cabelos encurtarem até chegar aos ombros, e a coloração enegrecida deu lugar a um vermelho-escuro, quase um vinho. Os olhos, que mostravam uma sútil heterocromia, sendo um azul e outro verde, também se ajeitaram, ficando ambos da cor esverdeada. Um rosto sisudo era visível, embora houvesse um tiquinho de divertimento no fundo daqueles olhos prescrutadores. — Chegará um dia que não conseguirei mais enganá-las.

— Ou um dia que vou enfeitiçar uma garota inocente achando que é você. — Andrômeda retirou os cabelos do rosto com as mãos, havia abaixado a cabeça para ocultar as olheiras, mas tal movimento mostrara-se claramente inútil.

— Isso seria divertido, deveria tentar um dia desses. Seria ótimo pra descontar a sua raiva.

— Eu até já sei o que ela vai dizer agora. — Alegou Kat, por sua vez, voltando a morder o lábio inferior e tentando forçar a voz a ficar padronizada com a de Andrômeda. — Hei de descontar minha raiva nas duas!

— Acho digno. Melhorou bastante sua imitação, Kat.

— Sim, eu sei. — Riu de uma maneira convencida, voltando seu olhar para a outra amiga apenas para descobrir que ela estava ignorando ambas.

— Oh… está nos ignorando.

— Parece que sim.

— E perdemos o discurso inicial.

— É um fato. Não acho que vá causar muito problema.

— Também não…

Andrômeda suspirou pesadamente. Algo lhe dizia que ia ser um longo e extenso ano.

Ela mal poderia imaginar que estava certa. Seria longo, extenso e aterrador.


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Notas finais do capítulo

Bom. Tentei dar uma descrição geral dos personagens de todas as fichas que recebi. Espero que eu não tenha errado nada ou desagradado em algo. Essa é apenas uma apresentação dos personagens como um todo, nos próximos capítulos as descrições de cada um serão bem mais detalhadas, pois trabalharei em partes.
.
Eu não esqueci da descrição dos uniformes gente, mas como esse capítulo tem muita descrição eu optei por deixar para o próximo.
.
Por enquanto é só isso. Kisses para vocês e até a próxima. :3