Lumos! Interativa escrita por Dama dos Mundos


Capítulo 3
É "cedo" demais pra esse tipo de coisa...


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo, seus lindos. Aproveitem, porque postar isso aqui com meu navegador bugado não foi moleza não. :v
Boa leitura.



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— Francamente… quantos anos vocês têm, cinco? — Fora a maneira que Godric utilizara para repreender o pequeno grupo atrás de si. O fundador mantinha sua espada na bainha e a varinha em uma das mãos, a postos. O grupo se encontrava na entrada da floresta negra – que, naquela época, ainda não era proibida – e esperava pacientemente que seu guia adentrasse o local. — Me surpreende que esteja metida nessa confusão, senhorita Beaumont.

Charlottie piscou seus magnéticos olhos azuis e sorriu de maneira controlada. — Ah… esse tipo de situação sempre acaba acontecendo comigo.

— Pelo fato de cismar de andar ao lado de Ian, é claro. — Alfinetou Ana, com sua habitual entonação seca, parando bem atrás da mesma. — Ei, Professor Godric… não era para a Senhorita Helga estar conosco? Afinal somos alunos dela.

Esse “somos” era referente aos outros três alunos da Lufa-Lufa, que mantinham-se um pouco mais atrás. Ani olhava com certo receio mal disfarçado a floresta que deveriam explorar. Max fingia estar muito animado – e talvez estivesse mesmo – mas sua tremedeira denunciava-o. Dimitry apenas bocejava, tranquilamente. Seus olhos, que mantinha com frequência fechados, tinham uma coloração estranhamente avermelhada.

— Helga, aqui? — Godric apenas ergueu uma sobrancelha, imaginando algumas cenas em sua cabeça, que incluíam a outra professora correndo desesperadamente de um trasgo, tropeçando em uma raiz de árvore e voltando aos terrenos seguros da escola de tanto rolar com a queda. — Não, definitivamente é uma péssima ideia. Tem objetos demais no caminho. E, além disso, todos vocês contribuíram para deixá-la em péssimas condições, principalmente Ian. — Agora ele apontava sua varinha no nariz do próprio, um de seus alunos favoritos. — Eu deveria transformá-lo num coelho, ou qualquer coisa indefesa que pudesse ser humilhante, contudo acho esse castigo uma maneira mais útil de lidar com a situação.

— Pelo menos não somos alunos do Professor Slytherin, dizem que ele castiga os infratores levando-os para as masmorras. — Sussurrou Ani para Max, que pareceu tremer ainda mais com a ideia.

— É sério isso?

— Sim, pergunte pra a Cateline quando voltarmos. — Ela abaixou ainda mais o tom de voz, tornando-o lúgubre, enquanto levava uma das mãos a boca. — Se voltarmos.

O rapaz ficou instantaneamente lívido, suspirando profundamente para tentar acalmar o nervosismo. Ele nunca havia entrado na floresta nos últimos quatro anos, por ser um aluno relativamente esforçado e também por puro pavor. — Eu preferia ser transformado em coelho.

— Olhe pelo lado positivo, Max… eis a grande aventura que estavas esperando. — Dim jogou o peso no ombro dele, abaixando a cabeça. Uma risadinha baixa escapou de seus lábios. — Pare de tremer e vá a luta.

— Vocês são realmente um peso morto. — Ana revirou os olhos, sentindo um braço passar pelos seus ombros. — Me largue, Ian.

— Aninha, não precisa ficar com medo, eu te protejo.

— Eu não estou com medo. Foi por sua causa que nós entramos nessa enrascada, pra começo de conversa. — Ela desvencilhou-se do meio abraço dele. — E não me chame de “Aninha”, faz parecer que sou uma anã.

— Mas você é pequenininha, parece um bichinho.

— Isso não é nem uma cantada, você já foi melhor fazendo esse tipo de coisa…

Godric suspirou profundamente, segurando a ponte do nariz entre o polegar e o indicador da mão livre. Aqueles adolescentes lhe davam uma profunda dor de cabeça as vezes. Seus olhos voltaram-se para Lottie, que esperava silenciosamente, do lado dele, com as mãos unidas por trás do vestido. Comparada aos outros, ela parecia estranhamente madura para sua idade.

— O Mestre parece cansado.

— Ah… é apenas impressão sua. — Ele ergueu uma sobrancelha. — Sabe que se não fez nada pode ir embora, não sabe?

— Eu sei. Porém quero ir junto.

— Bom, se é o que deseja. — Godric sabia que seus alunos eram corajosos, afinal esse era umas das características básicas para entrar em sua casa e ser ensinado por ele. Charlottie podia ser realmente uma leoa por baixo daquela pele de boa moça que sempre exibia, então imaginou que não faria mal que ela testasse seu sangue frio na floresta. Jogou os cabelos – de um tom gritante de ruivo – para trás, virando-se para encarar seus alunos e os de Helga. — Então, seus infratores perversos… preparem-se, vamos entrar.

O silêncio tomou conta por um tempo. Os alunos prepararam suas varinhas, endireitando o corpo. E com um sinal do fundador, todos entraram no que viria a ser a Floresta Proibida.

X-X

— A… ah… Achim! — Cateline espirrou, coçando ligeiramente o nariz depois, erguendo seus olhos na direção da floresta. — Aqueles malditos estão falando de mim.

— Oh… eles arrumaram confusão cedo esse ano. Não faz nem uma semana que as aulas começaram. — Alana estava sentada ao seu lado, enrolando uma mecha do cabelo loiro entre os dedos. Ambas estavam do lado de fora da entrada para o castelo, observando a direção que os companheiros de ano a ser castigados haviam tomado.

— Aqueles trapaceiros de uma figa, passaram a minha frente. Era para eu abrir a temporada de “travessuras do ano”.

— Isso é algo como uma competição? — Questionou Alana. — Vocês são estranhos, como assim brigam para ver quem recebe o primeiro castigo do ano?

— Não é simples assim, garota, isso tudo faz parte de nossa eterna aposta, está bem? E a graça é quebrar as regras e não ser pego. Eles não passam de amadores. — A ruiva balançou negativamente a cabeça, como se dissesse que eram casos perdidos.

— Não acho que foi proposital. Quer dizer, ninguém… joga um feitiço numa fundadora por querer. — Alana começou a rir, sua mão elevou-se até a barriga.

— Seria muita estupidez. Acho que eles estavam brigando e acabaram acertando a Helga.

— Pobre professora Helga. — A moça fechou os olhos momentaneamente. Fez um biquinho de chateação. — Mas, poxa… eu queria entrar na floresta também, deve ser tão legal!

— Não tem nada de muito relevante por lá, tenha certeza disso. — a garota levantou-se da escada e se espreguiçou brevemente. — Eu vou na frente, o Professor Salazar odeia atrasos.

— Certo… e Cateline…

— O que é?

— S.O.R.R.I.A! — Alana levou uma mão para cada lado do rosto e abriu um sorriso realmente animador. — Sorrir é o melhor remédio pra tudo.

A ruiva mordeu o lábio inferior, racionalizando sobre aquele assunto por alguns segundos. Não, Lana… definitivamente não é para tudo. Pensou em dizer, mas repensou e ergueu uma sobrancelha. — Ha… diga isso para a Helga lá na enfermaria, garota.

— Eu vou dizer mesmo!

Conhecendo bem aquela garota, ela tinha certeza que faria tal coisa se quisesse. Cateline sabia o quanto ela poderia ser amigável, mesmo com os alunos da Sonserina, que normalmente eram tão egocêntricos que era difícil se aproximar. Alana era assim, alguém que transpirava otimismo. Parecia quase infantil aquela maneira de ver o mundo, e talvez fosse isso que segurasse a língua de Cat para não dizer algo que destruísse aquele mundinho perfeito.

— Faça isso. — abriu um sorriso sarcástico – que obviamente não era bem o que a amiga queria dizer com “sorria” – e logo deu as costas, acenando com simplicidade e adentrando a escola.

Alana ficou ali, parada por um tempo, e quando ia levantar-se também, um gatinho balinês roçou em seu braço nu, pedindo por atenção. Pelo seu tamanho ainda era um filhote, com a maior parte do corpo branco e com pelos longos e espessos. Suas orelhas, rabo e patas eram negros, assim como a parte frontal do rosto, mais especificamente a área ao redor do nariz. Os olhos eram azuis.

— Ah, Vega! Por onde foi que você andou?

A gatinha apenas miou, parecendo estar chateada com a falta de atenção de sua dona, e esfregou-se mais uma vez nela, logo saltando para o seu colo. Alana abraçou-a e pôs-se de pé, passando pela entrada e caminhando em direção a sua própria sala. — Tome cuidado, não vá se perder por ai outra vez!

— Miau!

— Boa garota.

Ela olhou em volta… ainda estava dando falta de seu colega mais próximo, ele ainda não havia chegado a Hogwarts, e fazia uma semana que as aulas haviam começado. Onde aquele cabeça de vento havia se metido? Talvez houvesse acontecido algo… ela tirou esses pensamentos da cabeça para continuar seu caminho. Rowena podia não ser tão severa como Salazar, contudo não era bom abusar da sorte…

X-X

Beatrice Scorched Sand já havia se acostumado à entrada dos alunos em sua enfermaria, vítimas de acidentes ou de alguma criatura da floresta. Já perdera as contas de todos os ossos, ferimentos e doenças que tivera de cuidar em apenas cinco anos da fundação de Hogwarts. Mas a enfermeira havia achado no mínimo estranho quando alguém entrara em seu local de trabalho tão cedo… espantando-se ainda mais quando deparou-se com uma Helga com o rosto desfigurado. Bom, ela imaginava ser a distinta e atrapalhada fundadora, pelo menos, porque era difícil definir seus traços.

— He… Helga? Digo… senhorita… o que aconteceu?

— Ahn. Os alunos estavam duelando enquanto eu estava ausente da sala de aula e quando voltei acabei sendo atingida por uma azaração ferreteante. — ela coçou a parte de trás da cabeça, tentando sorrir. Pareceu mais que estava fazendo uma careta medonha, e Beatrice desviou os olhos dela antes que tivesse pesadelos com aquilo.

— Nesse caso, milady, poderias resolver isso por conta própria, não?

— Sim, mas não é exatamente isso que me trouxe até aqui, e sim o fato de eu ter desequilibrado ao receber o feitiço e consequentemente caído para trás e rolado alguns degraus… — Ela fez uma sucessão de gestos com a mão, como se eles narrassem os acontecimentos, e voltou a sorrir, exibindo o outro braço quebrado em, pelo menos, dois lugares.

— Por Deus, senhorita Helga! — a enfermeira levou uma mão a testa, chocada. — Um dia acabarás matando-se desse jeito!

— Acalme-se, acalme-se, Beatrice. Está muito preocupada. Sabe, eu sou bem forte, aguento bastante coisa.

Com essa falta de coordenação motora, isso a salva, com toda certeza… A mulher pensou, suspirando e começando a providenciar o necessário para cuidar da professora, enquanto fazia um gesto para que ela sentasse em uma maca. Agora entendia o porquê dela não ter dado um jeito em si própria, afinal o braço fraturado era o direito, e Helga era destra. Se tentasse usar a varinha com a outra mão, obviamente que não poderia sair nada de bom daquilo. Beatrice começou tratando da azaração, afinal estava incomodando-a profundamente.

Finiti Incantatem. — ela puxou a própria varinha e apontou em direção ao rosto da outra, dizendo o encantamento. Depois de alguns segundos, a habitual e meiga Helga olhava-a de volta. — Os outros não quiseram ajudá-la?

— Bom, eles quiseram, mas eu não queria tomar muito tempo deles.

— A milady é realmente muito estranha. Ainda há alguns cortes, irei tratá-los depois… por enquanto, deixe-me ver o estado do seu braço. — enquanto a outra estendia-lhe o braço como fora pedido, Beatrice voltou a dialogar. — Não ficas-te chateada com seus alunos por terem feito isso a ti?

— Não mesmo, foi sem querer.

— Mas estavam mirando outra pessoa, não?

— Era um duelo amigável. Godric insistiu que eles deveriam cumprir detenção na floresta mesmo assim. — ela bufou, franzindo o cenho. — Como alguns alunos dele estavam envolvidos, creio que tenha um pouco de razão. Ele se predispôs a ser o guia, também.

— Quando entrarão?

— Na hora do almoço. Ou perto.

— Oh… estarão com Lorde Griffindor, de qualquer forma, serão bem cuidados.

— Eu espero mesmo, ou irei azarar aquele Grifo intrometido. — ela esticou o braço em direção à enfermeira para que esta pudesse enfeitiçá-lo.

Braquium Remendo. — os ossos retornaram ao seu devido lugar, embora a dor ainda se mantivesse por um tempo. — Não se preocupe, milady. Importa-se de ficar aqui por mais algumas horas?

— Não, não. Você é uma boa companhia.

Beatrice pensou em argumentar que não era sobre isso que estava falando, mas simplesmente deu de ombros e começou a separar as gazes e medicamentos para colocar sobre o rosto da fundadora. Se esta não tomasse cuidado, iria realmente machucar-se muito sério um dia desses… mas sabia que era inútil alegar isso para Helga, ela tinha uma visão muito estranha das coisas.

X-X

Cateline adentrou as masmorras do castelo, onde ficava a sala de aula de Salazar. Silenciosamente, sentou-se em uma carteira vazia, numa arrumação em trio. As duas outras eram ocupadas por Katherine, que havia enfeitiçado a sua própria para refletir sua imagem quando bem entendesse, e por Andrômeda, que parecia ter óbvios problemas para tentar arrancar a escova que havia ficado presa em seu cabelo ao tentar arrumá-lo mais cedo.

— Andrômeda… o seu cabelo… — sussurrou praticamente, chamando a atenção da garota.

— Sim, eu sei. Ele está mais rebelde que o normal hoje. — ela tentou mais uma vez desembolar a escova, sem muito sucesso.

— Céus… um grifo pode fazer ninho ai, tome cuidado.

Kat começou a rir da piada, levando rapidamente a mão a boca para abafar o barulho, já que Salazar estava sentado atrás de sua mesa, com os olhos fixos em um livro e possivelmente planejando o resto da aula. Faltava pouco tempo para que esta começasse de fato, o que explicava a concentração do professor na encadernação em detrimento de seus alunos. — Você deveria ter arrumado isso antes.

— Foi por ter tentado arrumar antes que isso aconteceu. E tive de vir assim mesmo, ou iria me atrasar.

— Não tem nenhum feitiço para isso?

— Deve ter, ora essa. — ela perdeu o pouco de paciência que tinha, enrolando cabelo e escova num coque mal feito e prendendo-o com uma pena. — É nessas horas que eu desejava poder encurtar o meu cabelo também.

— É apenas questão de prática. — Cateline piscou para ela, voltando sua atenção para Slytherin por um tempo. Ele ainda parecia focado em sua leitura, os cabelos prateados e compridos presos por algo que parecia um laço, os olhos frios completamente concentrados.

— Ei, Cat… explique qual foi o problema com o Ian e os outros, estou curiosa. — Katherine, que sentava-se diretamente ao seu lado, cutucou-a com o cotovelo, e a ruiva chegou um pouco mais perto para poder sussurrar novamente, num tom que ambas ouvissem.

— Godric levou o grupo inteiro para a floresta como detenção. Não faço a menor ideia do que vão fazer lá dentro. Parece que acertaram uma azaração na Helga e ela sofreu um acidente, ou algo assim.

— Só espero que voltem bem… quer dizer, se o Max morrer ou sumir não vai ter ninguém pra gente infernizar.

— Vocês duas são as piores. — resmungou Andrômeda, colocando uma mecha que teimava em soltar do coque atrás de sua orelha. — Aquele garoto vai ficar traumatizado com as suas travessuras pelo resto da vida. Pensei que haviam combinado de parar de incomodá-lo desde o último natal.

Elas se entreolharam por alguns segundos. Cateline escondeu a boca brevemente com a mão. — Não é nada pessoal, só é divertido importuná-lo.

— Ele é muito medroso. — atalhou por sua vez Kat, mordendo o lábio inferior e abrindo um sorriso sarcástico. — Mas é um garoto legal, de qualquer forma. E não são brincadeiras tão maldosas assim.

— Você fingiu ser um espírito agonizante preso no banheiro masculino, Cateline. Pediu a alma dele em troca para que pudesse se ver livre e preparar sua vingança. E você, Kat, transformou-se num gato preto e meteu suas unhas em todo o uniforme dele.

— Ah, eu estava realmente inspirada naquele dia, não é… — a jovem coçou o queixo, pensativa.

— Poxa, mas daquele jeito ficou tão estiloso! — defendeu-se Katherine por sua vez, abrindo um sorriso de canto. — Ele achou que estava com má sorte pelo resto da vida.

— Assim como as senhoritas ficarão também com uma péssima sorte, e isso inclui passarem algum tempo nas celas, se não ficarem caladas. — As três ergueram os olhos ao mesmo tempo para observarem Salazar Slytherin em frente a suas carteiras, com o livro aberto na mão e uma expressão definitivamente intimidadora no rosto.

— Ah… perdoe-nos, senhor.

— Só estávamos debatendo sobre o que aconteceu com a… senhorita Helga.

— Não vai acontecer novamente.

— Helga, é… — ele fechou o livro apenas como um movimento de mão, estreitando os olhos. — Eles tem muita sorte de serem alunos dela. — abaixou um pouco o corpo, apoiando as mãos na mesa de Katherine, que ficava no meio. — As senhoritas podem debater isso mais tarde. Fui claro?

O trio fez um único movimento afirmativo com a cabeça, enquanto o professor se endireitava e tomava distância, começando de fato sua aula.

X-X

Não importava o que pudessem dizer, os uniformes de Hogwarts não haviam sido feitos para andar na floresta. As meninas usavam vestidos com corpetes apertados por fitas e saias baixas com babados, que chegavam até a canela.

A roupa masculina compunha-se de calças relativamente simples, uma camisa abotoada e uma túnica que cobria tudo, quase um sobretudo, com arabescos trançados em toda a sua extensão. Em ambos os sexos, calçados simples cobriam seus pés, e a habitual capa bruxa, com o emblema de Hogwarts talhado na altura do peito, as suas costas. Era normal que usassem chapéus negros e pontudos também, mas não era inteligente fazê-lo naquele lugar cheio de árvores, raízes e afins.

A única coisa que diferenciava os alunos das casas entre si era a cor. Aqueles que eram escolhidos para a Lufa-Lufa tinham a base preta e os detalhes em amarelo. Grifinórios costumavam usar os mais chamativos, vermelhos com detalhes em dourado. Os escolhidos por Rowena tinham uniformes de uma cor bem parecida com o bronze e veios azuis. Por fim, Sonserinos usavam vestes prateadas com os detalhes em verde.

Os broxes que mantinham sua capa no lugar também eram distintos, geralmente com a aparência do animal patrono da respectiva casa: um Leão dourado, um Texugo preto, uma Águia bronze e uma Serpente prateada. Quando o clima esfriava consideravelmente com a chegada do inverno, as vestes eram trocadas por uma versão mais quente e pesada, com menos detalhes, contudo.

— Ah, maldição! — Ian viu-se agarrado por vários galhos. A trilha era estreita, e era comum que uma árvore apontasse suas garras no meio do caminho, barrando a passagem. — A quantos anos ninguém limpa esse lugar!?

— Considere parte do seu trabalho… — Godric não parecia nem um pouco incomodado com a interferência da flora local, ele facilmente desviava dos obstáculos, e quando não podia fazê-lo, cortava-os com sua espada. — Assim como cuidar daqueles que vem mais atrás, garanhão.

Ian se sacudiu para tentar quebrar os galhos mais finos e contorceu-se, conseguindo se libertar e voltando-se para as meninas que haviam ficado mais atrás. Lottie havia mantido o ritmo por um tempo, mas em algum momento cansara-se, diminuindo sua velocidade e indo com um pouco mais de calma. Ela segurou a mão que este estendia e usou-a para içar-se, já que havia uma pequena elevação na trilha daquele ponto.

— Agradeço. — murmurou com seu tom recatado de sempre, endireitando-se e tomando a dianteira.

— Eu ganho um beijo por isso mais tarde?

— Não abuses da sorte, Ian…

— Um dia você vai se arrepender de todas as vezes que me negou!

— Quem sabe. — ela abriu novamente o seu sorriso comportado e desceu a cabeça para passar por baixo de um galho mais grosso.

— Tsc… as garotas daqui são muito difíceis! — voltou sua atenção para trás e estendeu uma vez mais sua mão. — Venha, Ani! Dim, acorde, ou vamos te deixar para trás.

A garota conseguiu subir com a ajuda dele, agradecendo polidamente, e também jogou o peso em um tronco próximo para ajudar a puxar o dorminhoco Dimitry, que já começava a protestar. — Eu não estou dormindo! Estou perfeitamente acordado.

— Ah, eu sempre esqueço que isso é o seu normal.

— Ao menos Max conseguiu ficar um pouco mais para frente, ou teria trabalho duplo. — comentou Anastácia, depois de ajudar a trazer Dimitry para o mesmo nível dos dois.

— Me pergunto se aquele covarde vai aguentar até o final.

— Ele não é covarde… é só que… foi muito protegido quando era menor, ou algo assim. — Ani ajeitou suas vestes, pensativa.

— De qualquer forma vamos andando, antes que nos percamos. — O ruivo alegou, estralando o pescoço e seguindo a trilha.

— Godric não nos deixaria para trás… deixaria? — Dimitry começou, um tanto quanto descrente a princípio, e então apressou um pouco o passo.

— Se ele estiver querendo testar nossa responsabilidade, não duvido. — A garota comentou, focando os olhos escuros um pouco mais para frente. Ainda podia ouvir as discussões do grupo que estava mais a frente, composto por Ana, Max, o próprio Godric. Charlottie era normalmente calada, e deveria estar no meio caminho entre um ou outro.

— Vocês estão falando muita besteira hoje, céus! Deem um tempo. — Ian colocou as mãos dentro das mangas da própria túnica, com um princípio óbvio de irritação. Um grito, porém, chegou aos ouvidos de todos, fazendo-os pararem num repente.

— Essa voz… — Ian foi o primeiro a se recuperar, seus olhos foram para o local de onde devia provir o grito, e ele ficava fora da trilha. Sem pensar duas vezes, ele contornou uma árvore que impedia seu acesso e disparou na frente.

— Ei, Ian, não podemos sair da… ah, ele já foi. — Dim cortou a própria frase, o parceiro não iria escutá-lo.

— Precisamos ir também… você reconheceu a voz, não?

— Acho que sim… droga! Ninguém consegue ficar pelo menos um dia sem arranjar problema nesse lugar! — Ele se esforçou para seguir Ian, enquanto Ani vinha logo atrás… aparentemente, todos eles haviam começado aquele ano com o pé esquerdo…


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Notas finais do capítulo

Espero realmente que a imagem apareça no final dessa vez...
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Bom, como prometido fiz uma breve descrição dos uniformes e aprofundei um pouco mais alguns personagens. Acho que já notaram que essa primeira turma era completamente atentada, não?
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Como já foi dito esse pessoal do quinto ano - principalmente os das fichas - são muito unidos, independente das casas. Naquela época, também, não havia a rixa demoníaca entre as casas - não sei se havia originalmente, mas optei por não fazer tal coisa. Existem pequenas desavenças entre os grupos mas não é nada muito sério.
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Próximo capítulo explicará o que aconteceu exatamente entre os Grifinórios e Lufanos para a pobre Mestra Helga ter sido azarada. Sim, ela vai ser minha vítima favorita. Assim como o Max - desculpe, Koke, mas vou aproveitar muuuuuito bem a fraqueza do seu personagem *careta demoníaca do mal *.
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Acho que é apenas isso, pessoal. Espero que tenham se divertido e até a próxima