Já fazia quase dois anos que a mansão Malfoy tinha como convidado de honra Tom Riddle ou Lorde Voldemort, e muito ultimamente, seus vários seguidores. Os três Malfoy já não tinham mais privacidade. Assim que acordavam já se deparavam com um comensal ou outro no meio do corredor. Pior ainda era quando entravam em alguma sala e lá estava o Lorde Voldemort fazendo seus vários planos, ou como em algumas vezes, torturando alguém. E era comum algum dos Malfoy acordar no meio da noite, quando conseguiam dormir, ir ao banheiro e por sorte não pisar na cauda de Nagini.

Draco que abandonara Hogwarts no ultimo ano letivo, passava o dia inteiro trancafiando no quarto. Já Lucio vagueava por toda a casa sem rumo, pra ele era muito ver sua família submetida a tais condições sem poder fazer nada, e a pobre Narcisa já não sabia o que fazer. Ela já tentara seguir o exemplo do filho, mas não consegui ficar o dia inteiro no quarto, já não aguentava vagar e da de cara com o Lorde Voldemort, ou pior anda com Bellatrix, sua irmã arrogante.

Narcisa sempre apoiou Bellatrix, e quando ela saiu de Askaban, Narcisa acolheu e a ajudou a retomar sua vida. Mas Bellatrix Tinha uma paixão doentia por Voldemort que ninguém aguentava, e nos últimos meses por mais que Voldemort a ignorasse, a devoção de Bellatrix por ele estava pior do que nunca, e tal obsessão assustava Narcisa.

Então para evitar tais acontecimento, a biblioteca que ficava ao subterrâneo passou a ser o refugio diário de Narcisa de onde saia apenas para se alimentar e dormir.

Era um fim da tarde, ao crepúsculo, Narcisa estava recolhida em sua biblioteca concentrada em certo livro. Um romance escrito por uma bruxa muito famosa em tempos mais antigos , e era o que se podia dizer bastante interessante. Estava tão envolvida que nem notou a presença de Bellatrix chegando sorrateiramente ao seu lado.

– Porque tão seria, irmãzinha? – Falou bem ao ouvido de Narcisa.

– Oh, pelas barbas de Merlin! – exclamou Narcisa, que até saltou da sua poltrona deixando o livro cair no chão – Não faça isso Bella!

– Senso de humor Ciça, já ouviu falar? é bem comum nos dias de hoje – Falou Belatrix se jogando no sofá ao lado.

– Era comum, minha irmã, era comum.- resmungou Narcisa enquanto pegava de volta seu livro e se ajeitava-se em sua poltrona.

– Estamos ganhando uma guerra, por Merlin, Ciça, não consegue ver isso?

– Estou trancafiada dentro de minha própria casa, e você quer que eu dê pulinhos de alegria? Sempre que alguém chega desse jeito perto de mim eu penso que... pra me ma... – Narcisa suspirou fundo e não disse mais nada.

Vendo o estado em que a irmã se encontrava, Bella se levantou e sentou no braço de sua poltrona, acariciando seus cabelos ela disse:

– Acalme se Ciça. Logo nenhum sangue ruim estará a solto por ai, o mundo trouxa estará em nossas mãos, e o Potter não será um problema.

– Deixamos Potter escapar!

– Isso minha irmã, é culpa daquele alfo domestico. – retrucou Bellatrix que se levantou e começou a andar pra um lado e pro outro. – Se não fosse por ele, Potter e seus amiguinhos estariam mortos a uma hora dessas. Como eu queria estar com a minha varinha pra jogar minha raiva em alguém!

– O Lorde das trevas já jogou sua ira em nós assim que eles fugiram. O pobre do Draco ainda tem marcas pelo corpo!

Bellatrix soltou uma de suas gargalhadas de escarnio quando Narcisa terminou.

– Seu sobrinho foi torturado e você está rindo? como pode ser minha irmã?

– Não estou rindo disso. Estou apenas tentando me lembrar de que ira é está do lord das trevas e eu não vi isso. Só isso.

– Como assim ele não te torturou? A culpa é quase totalmente sua!

– Ela não é quase totalmente minha! E mesmo se fosse, ele não teria coragem no momento sou muito valiosa pra ele.

– Não se iluda minha irmã...

– Alguém reconhece meus valores.

– Com certeza. Mas esse alguém não poder ser Ele – Narcisa praticamente gritou a ultima frase, e na mesma hora que terminou de falar o que terminou de falar o conhecido barulho de algo se rastejando tomou conta de toda a biblioteca.

Bellatrix abriu um grande sorriso. Narcisa sabia que ele tinha ouvido . o medo estava estampado no seu rosto. Ela ouviu passos descendo a escada , e segundos depois ele estava parado frente as duas analisando as expressões de cada uma, e com certeza tentando legilimencia. Por sorte, ambas eram mestres em Oclumência.

– Creio que as senhoritas tenham me mencionado nessa conversa. Bellatrix? Narcisa?

– Creio que sim, Mi... Milorde - Respondeu Narcisa

– Hum... - Ele caminhava entre uma e outra com os pés quase não tocando o chão – Bellatrix Quer me dizer sobre do que falavam?

Um silencio se entendeu pela sala

– Foi o que eu pensei. – Disse Voldemort secamente – Sempre fui um tanto curioso vocês sabiam? É um dos meus pequenos defeitos que possivelmente ninguém nota. Agora vão me falar ou terei que tirar a força?

– Milorde, Não se preocupe – disse Bellatrix ajoelhando-se aos seus pés. Era incrível, Bellatrix devia achar que para falar com Voldemort ela era obrigada ajoelhar- se, ou não seria ouvida por ele – Dou-lhe minha palavra que não falei nada sobre...

– Acabou de falar! – disse ele com a voz elevada – levante- se Mulher! Agora ela sabe que há algo, não sabe o quê, mas sabe que há!

– Mestre eu juro que não sei...

– Cale a Boca Narcisa! Deixe de ser ingênua mulher! Você não sabe disfarçar. Posso ver em seus olhos, posso ver o que pensa.

– O que ela pensa Mestre? – perguntou Bellatrix curiosa.

– Ela viu as diferenças físicas e emocionais em você Bellatrix. Ela já esteve em seu lugar e sabe pelo que você está passando.

– Eu juro! Juro, eu não sei do que você está falando Mestre! – choramingou Narcisa

– E ela também sabe que se eu tivesse a mínima ideia de que ela desconfia de algo. Ela e toda a sua família pagaria por isso – Completou sombriamente, com os olhos em Narcisa analisando todas as mudanças de fisionomia.

– Milorde eu te peço não faça nada a Ciça... Por mim? – pediu Bellatrix com uma voz muito baixa

Lorde Voldemort voltou o olhar pra ela, colocou as mãos delicadamente em seu queixo e olhando com suas fendas vermelhas em seus olhos disse:

– Pobre Belatrix... Eu não a desejo, não quero nada que venha de você a não ser sua fertilidade. Como pode pensar que irei fazer algo por ti? – perguntou ele sorrindo – É bom que seja Homem. - e dizendo isso saiu por onde veio, com a serpente o seguindo. Voldemort deixou a biblioteca que agora estava tomada pelo silencio de ambas, as lagrimas escorriam pelo rosto de Narcisa com medo do que iria acontecer com a sua família, agora que ela não tinha suspeitas e sim certeza da situação em que a irmã se encontrava, com medo do que mais Voldemort poderia fazer com sua família. E do outro lado, sentada ao chão apoiada no sofá Bellatrix sussurrou:

– Ciça como você soube que Draco seria Homem?

Narcisa piscou algumas vezes olhando para irmã enquanto processava a pergunta

–Eu... Eu senti, entende?

– Entendo.

Um silencio se estendeu pela sala

– Ah Ciça, você não sabe o que sou capaz de fazer pelo Lorde das trevas... agora ele vai me matar – Ela riu com escarniu –Não me importo de morrer nas mãos dele... Mas sempre sonhei que quando ele me matasse seria por algo realmente importante...

– Pelas barbas de Merlin minha irmã, você sonha em morrer nas mãos dele?

– Não por um motivo bobo e fútil – Continuou Bellatrix como se não tivesse sido interrompida – Ah minha irmã, como eu a odeio... Você não faz ideia... Só ele pra me fazer aguentar isso...

– Bella... Quem é ela?

– Ela? – Rio Bellatrix ironicamente – Ela, minha irmã, é a nossa filha. Ela... É a herdeira do Lorde.