O Espelho do Tempo escrita por Beatriz Delfino


Capítulo 9
Rivalidade




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Quando chegou a Havana, Edward seguiu imediatamente para uma taberna, onde segundo ele, os marujos venderiam todo o rum obtido durante a viagem. Depois de vender todo o estoque de rum, Elizabeth e Edward decidiram andar pela cidade.

–Quando você disse que viria para Havana, eu pensei que você viria para visitar Havana e não para vender rum.

–Vender o rum faz parte dos negócios. Ser um pirata exige muito esforço Ellie.

–Eu imagino. Aliás, o que vocês vieram fazer aqui? Digo... Além de vender rum.

–Vim visitar um amigo meu que talvez navegue conosco. Seu nome é Thomas.

–Ele é um capitão também?

–Não. - Edward sorria - Thomas é apenas um estudioso.

–Ora, um cientista, que interessante.

–Somos amigos de infância, mas tomamos caminhos diferentes, Thomas preferiu os livros e eu preferi...

–O mar.

A garota olhou para o pirata, mas o garoto não retribuiu o olhar, ele parecia focado em procurar a casa de Thomas entre os de mais edifícios.

–Sim, aliás, um de nós tende à viver de aventuras, não é?

Enquanto caminhavam Ellie percebeu uma concentração enorme de piratas em tabernas e outros locais.

–Por que há tantos piratas aqui?

–Havana é um grande centro de comércio e, onde os comerciantes e governadores não nos querem aqui, por isso procuramos esconder quem realmente somos camuflando-nos como vendedores ou pescadores.

–Entendo.

Edward parou de caminhar e apontou uma das casas.

–É ali, siga-me.

Os dois pararam em frente à porta da casa e chamaram por Thomas, que apareceu alguns minutos depois.

–Edward!Que surpresa boa! Venha, entre. Não repare na bagunça.

Thomas abriu o caminho para que Ed e Ellie passassem, e quando ambos já estavam dentro da casa ele dirigiu o olhar a Ellie.

–Que moçoila encantadora é essa Edward?Decidiu casar e não me convidou?

Elizabeth corou, mas a frase não surtiu o mesmo efeito em Edward que apenas sorriu enquanto mexia em alguns retratos de Thomas que estavam em cima de uma cômoda.

–Ela é apenas uma ajudante do meu navio. Uma grande companheira ouso dizer.

–Imagino, seja bem-vinda minha querida. -Disse Thomas puxando uma cadeira para que Elizabeth se sentasse - Então Edward, o que exatamente te trás até minha casa?

Ed parou de mexer nos retratos em cima da cômoda e se sentou em um sofá, colocando os pés em cima de uma pequena mesa e sujando-a com a lama dos sapatos.

–Esta brincando comigo, Thomas? Vim buscá-lo para a navegação.

Thomas pareceu atordoado.

–O que? Viajar agora? Mas, minhas pesquisas... Edward, ainda não estou pronto.

–Mas é claro que esta, o mar sempre esta pronto para todos. Partirei daqui a três ou quatro dias.

–Três ou quatro dias?! Edward, realmente não posso viajar em tão curto prazo... Estou realizando algumas pesquisas.

–E quais pesquisas são essas que te atrasam de viajar comigo?

Thomas pegou um punhado de papéis e os estendeu à Edward.

–Aqui, olhe.

Os papéis estavam cheios de rabiscos incompreensíveis para Edward, mas pareciam realmente interessantes. O pirata fez um sinal com os olhos para que Elizabeth se aproximasse, a menina se levantou de sua cadeira e sentou-se ao seu lado no sofá, onde ele mostrou-lhe os papéis.

Olhando calmamente algumas anotações e mapas, Ellie percebeu que se tratava de estudos sobre viagens no tempo.

–Esta pesquisando sobre meios de viajar no tempo?

Thomas sentou-se na poltrona a frente dos convidados.

–Sei que parece loucura, mas um famoso capitão me procurou dizendo que estava em busca de um tesouro perdido e me entregou esses papéis para que eu tentasse descobrir a localização do artefato que, teoricamente, pode nos proporcionar uma viagem no tempo.

Elizabeth olhou para Edward que parecia tenso, a menina tentava entender por que o capitão parecia tão sério.

–Um capitão famoso, é? -Edward agora estava com o olhar fixo nos papeis. -Thomas, cuide de Elizabeth, voltarei mais tarde.

Thomas não teve nem chances de questionar, já que o Edward simplesmente levantou-se do sofá e correu para fora. Elizabeth olhou para o cientista confusa, e ele lhe retribuiu o olhar sorrindo encabuladamente.

–Então senhorita, gosta de café?

Enquanto isso, do lado de fora da casa, Edward corria em direção ao porto, prestando atenção em cada marujo, ele suspeitava do "famoso capitão" de quem Thomas havia falado, e suas suspeitas se confirmaram quando ele chegou ao porto e viu o navio de John Avey ancorado bem ao lado do seu. "Maldito cão farejador" pensou Edward.

O jovem capitão deixou que a adrenalina do momento tomasse conta de seu corpo e invadiu o navio de John gritando seu nome.

–Ora rapaz, não precisa gritar, posso não ser tão jovem, mas também não sou surdo. -Disse John surgindo de sua cabine, ele parecia se divertir com a situação. - Entre, vamos tomar um rum e colocar nossos papos em dia.

Ed avançou em direção a John empurrando-o contra a parede e retirando rapidamente a espada de sua bainha, prensou-a contra a garganta do velho capitão.

–Não se faça de tolo seu velho miserável. Sei o que está fazendo aqui.

–Tens coragem de me apontar uma arma, capitão Edward? Imagino como a doce Elizabeth ficaria em saber que é capaz de tamanha audácia.

–Não desvie do assunto. Estou protegendo Elizabeth das mãos de um crápula imundo como tu.

–Interessante como tu protege a quem lhe trai.

John afastou a espada de seu pescoço e andando calmamente na direção da borda do navio, ficou de costas para Edward enquanto admirava o mar, como se nada tivesse acontecido.

–Do que esta falando?

–Será que a paixão pela menina o deixou cego?

Edward avançou alguns passos à frente com raiva, mas recuou assim que John colocou sua mão direita sobre o cabo de uma de suas espadas presas à sua cintura.

–Não a amo, se está pensando que ajudo Elizabeth com estes propósitos, esta errado... eu apenas, a vejo como um simples marujo, nada mais.

–Será mesmo?Tu compras roupas para teus marujos, Edward? Eu o vi carregando sacolas de roupas que certamente eram para a garota... Mas tudo bem, em todo caso, a menina te trai Edward, e tu estás cego o suficiente para não ver que ela está atrás do espelho não por que este pode levá-la de volta para casa, e sim por que este pode comprar-lhe uma nova casa, se é que me entende, rapaz.

–Está querendo dizer, que Elizabeth esta atrás da fortuna que o espelho pode lhe proporcionar?

–Pobre rapaz, tão absorto.

Edward estava irritado, o velho capitão parecia debochar da situação e de Elizabeth e, ambas as atitudes não o deixavam contente.

–Elizabeth nunca faria isso!

–Ela negou os presentes que deu a ela?Negou a morada que tu ofereceste?

O rapaz não acreditava no que John estava dizendo, embora fizesse pouco tempo que conhecesse Elizabeth, confiaria sua vida à menina, ele apenas não queria admitir isso, guardava os sentimentos para si.

–Achas mesmo que vou acreditar em ti? O homem que tentou matá-la para roubar-lhe o artefato que pode levá-la para casa?

–Se não acreditas em mim rapaz, verá quando ela lhe trair, porém, poderá ser tarde de mais.

John circulou pelo navio até que ficasse novamente frente a frente com Edward. O jovem capitão devolveu a espada à bainha e seguindo para fora do navio, disse:

–É o que vamos ver.

–O que pretende fazer rapaz?

–Eu mesmo irei atrás do espelho, e quando o recuperar entregá-lo-ei à Elizabeth. Quando eu fizer isso, poderemos ver qual dos dois está mentindo; ela ou tu.

–Quando fizerdes isto, será tarde de mais para voltar atrás. Irá arrepender-se pelo resto da vida rapaz!

Edward parou de andar e, olhando para o velho capitão, lançou-lhe um último olhar cínico acompanhado de um sorriso antes de deixar o navio.

–Somos piratas John, e já nos arrependemos amargamente por isso.


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