O Espelho do Tempo escrita por Beatriz Delfino


Capítulo 8
Novos aposentos




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No navio, Edward entregou uma sacola para Ellie com várias roupas que ele havia comprado. Roupas daquela época, e claro, quase todas as roupas eram masculinas, havia apenas um único vestido azul com rendas brancas.

Mesmo só tendo ganhado um único vestido, a garota se sentiu lisonjeada com o presente.

–Não use o vestido no navio, irá sujá-lo.

–Obrigada Ed, mas se eu não usá-lo aqui então nunca o usarei, já que ficarei o tempo todo no navio, certo?

Edward sentou-se em um dos barris e sorriu para Ellie.

–Você pode sair do navio quando for seguro pra ti.

–Então você se importa comigo.

O sorriso do rapaz se foi, ele agora parecia distraído com o vai-e-vem das ondas.

–Me preocupo com tu assim como me preocupo com todos os meus homens, não há nada mais que isso.

–Não tenho tanta certeza disto, seus homens tem um lugar para passar a noite, eles não dormem em barris.

–Ah, não te contei? Enquanto tu estavas fora tratei de arrumar um quarto onde poderias ficar confortável. Venha siga-me, quero mostrá-lo.

Os dois seguiram em direção à cabine do capitão e, por um momento Ellie pensou que o pirata finalmente permitiria sua entrada no cômodo, em vez disso ele se direcionou para uma porta a baixo das escadas que parecia ter sido feita recentemente.

Quando Ed abriu a porta, sorriu gentilmente para Ellie e a puxou carinhosamente pela mão. Seu quarto era lindo. Ela não se sentia em um navio, ela se sentia em casa. Seu quarto era espaçoso com uma grande janela ao fundo que possuía uma bela vista para o mar além de uma longa cortina branca, sua cama fora colocada no canto direito e ao seu lado havia uma pequena cômoda com um livro, do lado esquerdo do quarto havia uma pequena escrivaninha com uma cadeira aparentemente confortável.

O pirata caminhou até a janela e a abriu fazendo com que uma brisa fresca invadisse a sala.

–Obrigada. - Disse Ellie admirando-o cuidadosamente.

–Pelo o que?

–Por tudo. Por mais que diga que não sente nada por mim, e eu acredite nisso, você me trata com zelo, então estou agradecendo... Sabe Ed, eu vim de um lugar muito distante, mais distante do que qualquer mapa pode mostrar, e eu preciso voltar para lá...

–Entendo - Edward continuava sorrindo - Então te ajudarei a voltar.

–Não será tão fácil, precisarei encontrar o espelho antes.

–Assim que cumprir a minha rota, eu prometo que procuraremos o teu espelho.

Elizabeth espantou-se.

–Por que você me ajudaria?

–Por que somos amigos e, além disso, aquele dia tu choravas pensando em alguém, esta pessoa deve estar preocupada contigo.

–Duvido muito que ela esteja.

–Por quê?

A menina ficou ao lado de Ed admirando o mar sem fim e sentindo a brisa que adentrava o cômodo, o rapaz por sua vez, lançava um olhar cauteloso à menina.

–Eu pensava em minha mãe. Nunca conheci meu pai e minha mãe se foi quando eu tinha 10 anos, então eu moro... morava...com uma tia minha, ela não se importava muito comigo, mas eu gostava dela.

–Eu sinto muito, Elizabeth. Eu acho que te entendo, não tive uma infância muito boa também...

Edward iria continuar a frase, mas foi impedido por uma voz que veio da poupa do navio, era um dos marujos que veio lhe avisar sobre a partida do navio.

–Capitão, estamos prontos para partir!

O garoto olhou para Elizabeth que pareceu chateada pelo fim repentino da conversa, mas sorriu para ela de uma forma gentil.

–Continuaremos a conversa mais tarde. Vista as roupas que te dei e depois me fale o que achou delas.

Edward deixou o quarto enquanto Ellie admirava o horizonte, ela olhou para a sacola de roupas em cima da cama e parecia disposta a experimentá-las, afinal, o capitão tinha escolhido-as para ela, não é mesmo?

Ela sentou-se ao lado da sacola e retirou cada peça de roupa cuidadosamente, escolhendo qual deveria usar.

Enquanto isso na poupa do navio, Edward se preparava para assumir o leme do navio, mas quando olhou para o porto de Nassau e avistou John parou rapidamente. Ele se aproximou da borda do navio. O silêncio e uma troca de olhares foram suficientes para arrancar um sorriso malicioso do velho capitão.

–Não pense que se livrou de mim rapaz. Os melhores desafios nem sempre são os mais fáceis.

Ed sorriu.

–Com certeza senhor. Veremos-nos outra vez.

Edward deus as costas ao velho capitão.

–Uma outra vez bem próxima rapaz... uma outra vez bem próxima. -Cochichou John caminhando de volta para seu navio.

Depois de ter deixado o porto e começar a navegar, Edward avistou Elizabeth saindo de seu quarto, e percebeu que a menina usava uma das roupas que ele lhe havia dado.

–Olhem só, a princesa trocou as calças.

–Muito engraçado você. Meu Deus, me sinto um pouco enjoada.

–É normal, demora um pouco para se acostumar.

–Tudo bem, enquanto isso ficarei bem aqui.

Elizabeth puxou uma cadeira e a colocou ao lado do leme do navio.

–O que esta fazendo?

–Não vou deixar que fique aqui sozinho capitão. Vou ajudá-lo a navegar

–E por um acaso já navegaste antes?- Edward possuía um tom de ironia na voz.

–Sempre há uma primeira vez... aliás para aonde estamos indo?

Uma brisa forte soprou e Edward pareceu se iluminar. Elizabeth observou cada detalhe do rosto daquele capitão tão jovem. O cabelo loiro preso por uma fita vermelha realçava os olhos azuis vívidos que estavam vidrados no mar com uma felicidade indescritível.

–Estamos indo para Havana.


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