–Não importa se é a pessoa mais bondosa do mundo, se ela mata para alcançar seus objetivos, então ela não é tão bondosa assim.

–Pare de se esforçar, Thomas. Desse jeito vai abrir ainda mais o ferimento.

Elizabeth tentou estancar o ferimento de Thomas e ajudar de todas as formas. A sorte do rapaz é que um médico era membro da tripulação de Edward e pode cuidar de sua perna, a qual teve de ser amputada.Mesmo sem a perna direita, Thomas permanecia alegre e tentava recuperar-se.

Elizabeth deitou a cabeça do rapaz na areia.

–Acho que é melhor eu ir ver como Edward esta.

–É mesmo, ele também esta ferido.

Ellie levantou-se e foi em direção a Ed que estava em repouso na sombra de uma palmeira. A menina sentou-se a seu lado.

–Você acredita em tudo o que aconteceu?

–Do que esta falando, princesa de calças? Do fato de Thomas ter perdido a perna, ou do fato de nosso maior inimigo ter fugido?

–Tudo... Digo, John fugiu transtornado no navio dele, creio que ele ao menos não voltara.

–Ele estava em choque com a "segunda" morte da filha, em um momento ele pode senti-la de volta e noutro ele a perdeu novamente. Quando ele partiu nem se deu conta de que seu navio estava em péssimo estado e ainda abandonou metade dos moribundos que ele chama de tripulação conosco nessa ilha.

–Será que ele ficará bem?

Edward não se importou com a pergunta, pois no fundo, até ele mesmo se comovera com a história de John, um velho pirata que se tornou capitão só para procurar pelo único artefato na terra que poderia trazer seu tesouro de volta a vida; sua filha.

–Sim, John sabe se virar.

Edward olhou pra Ellie e percebeu o quanto a garota estava distraída.

–Desculpe...

–Pelo o que?

–Prometi te levar para casa e ao que me parece, você está pesa conosco aqui.

–Tudo bem Ed, afinal, eu estou em casa.

Edward e Elizabeth se olharam por alguns minutos até que o pirata sorriu.

–O que foi?

–Nada, princesa de calças, é só que tu não és tão princesa assim.

–Sou uma rainha, queridinho.

Edward gargalhou.

–Coitado do teu reino!

Os dois se aproximaram e desta vez nem Thomas pode atrapalhar o momento.

O pôr-do-sol. A brisa do mar. As ondas. Tudo estava em seu devido lugar quando Edward se aproximou de Elizabeth e roubou-lhe um beijo demorado.

A menina corou como nunca na vida, seu primeiro beijo tinha sido com um pirata.

Edward deu de ombros.

–O que foi? -Perguntou a menina toda abobalhada.

–Já vi melhores. - Disse o pirata escondendo um sorriso.

–Já viu o que?! Com quem pensa que esta falando seu pirata de meia tigela?

Ed riu deixando Ellie envergonhada.

–Você é linda quando esta nervosa, eu estou brincado, não existem melhores que você.

Aquilo surpreendeu Elizabeth, mas ela se deixou levar pelo momento e agora era sua vez de roubar um beijo de Edward.

–Será que os senhores poderiam fazer isso em outro lugar?

–Os incomodados que se mudem Thomas. -Disse Edward rindo.

–Nem se eu quisesse eu poderia me mudar, Edward, só se eu me arrastasse.

Os dois trocaram gargalhadas.

–Bom vamos indo princesa de calças.

Disse Edward estendendo uma das mãos para Ellie e se dirigindo a Thomas.

–O que vai fazer?

–Thomas não pode andar, então eu o carregarei de volta ao navio.

–Mas Edward... Seus ferimentos.

A garota parecia preocupada, então o garoto procurou tranquilizá-la.

–Foi superficial, além do mais, Thomas é o mais ferido aqui.

–Obrigada por se preocupar com o corte do Edward, Ellie. Tem razão, o menino que perdeu a perna não precisa de ajuda. - Disse o garoto com ironia.

–Desculpe Thomas, cuidarei da sua perna no navio.

–Ora Thomas, vamos lá, logo você verá a Sally.

–Espero que ela goste de aleijados.

Ellie percebeu a preocupação de Thomas e segurando em suas mãos, disse:

–Ela irá gostar de quem você é tendo você uma perna ou duas.

Thomas sorriu.

–Obrigada, Ellie.

–Vamos parar com isso vocês dois, nós estamos indo pra casa agora.

–Sim. - Concordou a garota - Estamos indo para casa.