O Espelho do Tempo escrita por Beatriz Delfino


Capítulo 20
Borboletas no jardim




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Tanta coisa aconteceu por causa de um espelho.

Demorei a entender tudo o que se passava ao meu redor. Em um dia eu era uma estudante do colegial como qualquer outra; me reunia com minhas amigas em shoppings, trocávamos mensagens de textos e ficávamos horas no telefone, mas então tudo mudou.

Eu deixei minha casa para trás, sofri com as mudanças e estranhei todo o novo ambiente. Durante vários dias eu dormia desejando acordar em meu quarto dormia desejando me arrumar para escola sonhava com o tão esperado dia que eu voltaria para casa e encontraria Sarah me procurando preocupada. Encontraria com a minha tia fazendo a janta, subiria para o meu quarto para fazer o dever de casa e depois dormir cedo por que eu teria prova no dia seguinte.

Sonhei com coisas que nunca mais se tornariam realidade.

Custei a entender que a minha casa era aqui agora, no século XVIII. E acredite, o mais dolorido era ter de ouvir do Thomas que, quanto mais tempo eu passava no século XVIII, mais minha existência no século XXI era apagada.

Pensar que eu seria esquecida pelas minhas amigas e até mesmo pela minha família era horrível. Mas quando eu comecei a enxergar Thomas e Edward como minha família, como meus eternos companheiros e irmãos, a vida ficou mais leve e eu pude entender que, todos nós nascemos com a felicidade e ela fica dentro de nós.

Mas ela fica tão dentro de nós mesmo, que às vezes não podemos enxergá-la, e quando finalmente enxergamos, precisamos lidar com várias feridas do passado que muitas vezes não se curaram. Quando eu me lembrava do tempo que passava com a minha mãe, eu chorava pensando que nunca mais viveria algo como aquilo novamente e, quando eu me dei conta que eu poderia transformar o Século XVIII em minha própria casa e construir minha felicidade, tudo mudou.

Você deve estar se perguntando o que aconteceu com os outros... Bom, vamos lá.

Depois da nossa grande batalha, todos retornamos às nossas devidas casas, exceto John, que vagou pelos Sete mares a procura da filha, muitos dizem que ele enlouqueceu. A história dele é sempre contada pelos piratas e mercadores, e ficou conhecida como "O pirata do espelho dourado".

Thomas usou seus conhecimentos científicos para criar uma prótese mecânica para si, e a primeira coisa que ele fez em seguida, foi ir à biblioteca e falar com Sally.

Dizem que ela estava arrumando as prateleiras quando deixou alguns livros caírem, e um jovem muito gentil e educado os catou para ela. Foi amor a primeira vista, eles se casaram dois anos depois e tiveram um filho, a quem deram o nome de Ricky.

Eu e Edward nos mudamos para a Inglaterra, onde incentivei Ed a largar a pirataria e começar como um comerciante. Hoje ele é um dos maiores exportadores de Tecido de todo o país.

Casei-me quando tinha 19 anos, com um vendedor de tecidos e ex-pirata que vivia me chamando de "princesa de calças", apelido que ele mantém até hoje. Aos 22 anos tive gêmeos, e os chamei de Anne e Jack.

Jack é muito parecido com o pai, tendo herdado de mim apenas os cabelos ruivos, e Anne é muito parecida comigo, tendo herdado do pai apenas os cabelos loiros. São crianças felizes apaixonadas pelo mar e pela perna mecânica do "titio Thomas".

Carrego comigo agora, 24 primaveras e estou grávida do terceiro filho.

Fico pensando, que tudo isto começou com uma simples aposta, que mudou minha vida para sempre.

Eu sei que entregar o espelho para o pobre John, foi à melhor coisa que fiz na minha vida, pois foi naquele momento, que tracei todo o meu destino.

Hoje está chovendo, e escrevo essa carta sentada em minha cama e olhando pela janela admirando as gotículas de água que escorrem da janela enquanto a chuva cai do lado de fora.

Tenho que ir, Jack e Anne encontraram uma borboleta no jardim, não sei bem o porquê, mas é o inseto favorito deles. O meu também.

Bom... O que posso dizer? "Será apenas mais um dia...".


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