O Espelho do Tempo escrita por Beatriz Delfino


Capítulo 18
Dignidade




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Quando se aproximaram da ilha, foi possível ver o velho capitão e sua tripulação aguardando na areia da ilha, Edward pensou se deveria fazer uma estratégia com seus marujos, mas ele conhecia John e, sabia que nada podia deter o velho.

–O que faremos? -Perguntou Thomas.

–Lutaremos.

–Edward, sou um cientista, não um lutador. Foi sorte ter sobrevivido à primeira luta, infelizmente não gosto de abusar da sorte nestas coisas.

–Se eu pudesse escolher achas que estaria aqui lutando por um espelho?

–Levando em conta que se deixou levar por um rostinho bonito só por que ela era "diferente", sim, acho que estarias aqui mesmo. - Sussurrou Thomas.

Edward sorriu para Thomas e voltando sua atenção para a tripulação, ele esperou que o navio chegasse perto o suficiente da praia, e depois de pedir que o ancorassem, gritou:

–Atacar!

Os tripulantes do navio de Edward saltaram do navio até a praia aonde, mal chegaram e já começaram a lutar.

–Deixem o velho comigo! -Gritou Edward.

–Conosco, você quis dizer conosco.

Thomas apareceu segurando uma espada.

–Pensei que fosse do grupo da ciência, meu amigo.

–E sou, mas dessa vez decidi abusar da sorte.

Thomas e Edward pularam na frente do velho capitão e, mal dando chance para que ele dissesse algo, começaram a batalhar.

Elizabeth observava de longe a cena que de certa forma já se acostumara a ver; Homens matando de um lado, homens morrendo de outro.

Porém seus olhos vagavam pela cena a procura de um objeto. Um único objeto, o qual avistou rapidamente; o espelho.

A garota percebeu que teria que passar pelo velho capitão para chegar até o espelho, mas ao admirar a cena também notou que o ferimento na perna do velho capitão não havia se curado.

Por ser um pirata, era compreensível que John não se deixasse levar pela dor, muito menos que parasse de lutar pelo simples fato de senti-la, mas o capitão cambaleava algumas vezes, o que dizia para Ellie que o ferimento ainda doía.

"Um ponto fraco!" pensou a menina.

Ela pulou e caiu sobre a areia da praia e empunhando uma espada, ameaçou entrar na briga.

Enquanto a garota pensava como entrar em meio à disputa, Edward e Thomas lutavam sem pausa.

Edward era ótimo empunhando uma espada, rápido e flexível conseguia prever os movimentos de John e evitá-los, porém Thomas era seu oposto. Sendo lendo e inflexível, o cientista sofria para manter o ritmo da batalha e de algum modo, percebeu que se não conseguisse se defender, ele não sobreviveria até o fim da batalha.

–O que foi? Estou muito rápido para teus movimentos lentos? -Ameaçou Edward.

–Ora, ora, filhote de cão sarnento. Tu tens muito que aprender rapaz!

Edward bloqueou um ataque de John em cheio, se não tivesse se defendido, a espada de John teria cortado-lhe a garganta. Empurrando o velho para trás, o jovem capitão conseguiu acertar um misero golpe próximo ao olho de John, mesmo não sendo grande coisa, um filete de sangue escorreu pelo ferimento.

John passou os dedos pela ferida, analisando-os manchados de sangue logo em seguida.

–Parece que não sou tão filhote assim.

Edward sorria. Aquele sorriso lançado diretamente a John. Aquele sorriso que John simplesmente, odiava.

John levantou sua espada e estava se preparando para um novo golpe.

–Não adianta, abaixe a espada velho, não és capaz de me derrotar, desista.

Desta vez, quem sorriu foi John, fazendo com que Edward ficasse sério.

John posicionou sua espada e com um movimento rápido, passou por Edward e atingiu seu alvo.

Os olhos de Edward se esbugalharam, ele não podia acreditar, John tinha se movido tão rápido que ele nem tivera chances de se defender.

–Como eu disse, tu és apenas um misero filhote.

Os olhos de Edward fixaram-se em sua barriga. John havia lhe desferido um golpe. Felizmente o corte foi superficial, tudo não passara de um susto.

Porém, ao retomar sua posição, Edward percebeu que não fora o alvo do ataque de John. O alvo foi Ellie.

Ellie estava paralisada, ela acabara de sair do navio e a única coisa que conseguiu ver foi Thomas.

Thomas havia se jogado na frente da menina para protegê-la, e a espada de John acertara-lhe em cheio a perna direita.

Com dor, o rapaz agonizou quando John puxou sua espada de volta.

Thomas deitou-se de bruços na areia agarrando-se à perna direita, John posicionou sua espada na parte de trás do pescoço do menino.

–Suas últimas palavras, filho.

–Thomas!

Edward pretendia atacar John pelas costas, mas o velho ergueu a mão como um sinal para que o jovem se sustasse.

–Não se aproxime filho, ou matarei seu amigo mais rápido.

O jovem pirata engoliu em seco.

John pressionou a espada na nuca de Thomas, mas antes que furasse sua pele, ele foi interrompido por um grito.

–Pare!

Elizabeth estava ofegante, e com suas mãos ela segurava o espelho.

John arregalou os olhos.

–Quando foi que tu o pegaste pirralha?

Elizabeth retirou o casaco de cima do espelho, mostrando seu vidro reluzente a John.

–Você o quer para trazer sua filha de volta, não é?Posso fazer isto para você, se eu acionar o espelho, você deixará Thomas partir, certo? Não ira machucá-lo?

–Prometo entregá-lo vivo.

Ellie vira o espelho para si e analisa seu reflexo no vidro, ela se concentra e lembra de como fez para entrar no espelho a primeira vez. Ela o admirou por alguns segundos até que o espelho reluzisse e demonstrasse que estava pronto para ser usado.

John sorriu quando a garota entregou-lhe o espelho em mãos.

–Finalmente! Finalmente o rei pegou sua coroa de volta!

–Devolva o Thomas! Você prometeu.

John parou de admirar o artefato, voltando sua atenção para o garoto estirado ao chão.

Embora o corte na perna de Thomas fosse sério, ele permanecia acordado acompanhando tudo com os olhos, e notou quando John sorriu com um ar esnobe.

–Ah sim, o garoto... O pobre garoto.

John direcionou sua espada para a perna direita de Thomas.

–O que... O que você esta fazendo?!

Elizabeth arregalou os olhos quando John rasgou a perna de Thomas verticalmente. O corte que antes era pequeno e profundo, agora ocupava toda a região vertical de Thomas, os gritos do rapaz foram abafados pelos risos doentios do velho capitão.

–Desgraçado! -Gritou Edward.

–O que foi que você fez?- Elizabeth estava transtornada.

–Prometi entregá-lo vivo não inteiro. Agora, se me der licença, tenho algo para fazer.

John se afastou do corpo de Thomas e virou o espelho para si, vendo que este estava funcionando. Elizabeth havia se deitado no chão da praia para tentar estancar o sangramento enquanto John se observava.

–Finalmente, finalmente, - Repetia o capitão. - Finalmente você voltara para mim, Juliet.

De repente, a imagem de uma linda garota loura de olhos azuis apareceu no espelho. A garota sorria gentilmente para John.

–Papai! - Disse ela.

–Juliet!

John estendeu a mão para tocar o vidro do espelho.

Quando Elizabeth pensou que John fosse atravessar o espelho, algo aconteceu.

O vidro despedaçou-se.

O vidro antes reluzente que mostrava a imagem da garota loura, agora despedaçada, estava tornando-se escuro.

Em total desespero John olhava para cada pedaço do espelho.

–Por que...? O que esta havendo?Juliet! Juliet, minha filha!

De repente, na face do espelho as mesmas palavras foram proferidas:

"Tu não és digno de tal poder"

E estas palavras foram às últimas do espelho, que depois de trincar, desapareceu.


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