O Espelho do Tempo escrita por Beatriz Delfino
"Juliet e seu pai seguiram viagem até o..."
–Feche esta porcaria!- Disse Edward arrancando o livro das mãos de Elizabeth. - Quem lhe deu isto?
–Como assim quem me deu isto? E me devolva agora!
Edward pegou o livro e o arremessou no mar.
–EDWARD!O que você fez? Seu imbecil! Eu estava lendo aquilo!
Elizabeth enfurecida gesticulava agressivamente com Edward enquanto este calmamente conduzia o navio.
–Aquela história é velha, por que tu irias querer saber dela?
–Se é velha por que não me diz sobre o que é então, senhor esperto?
Edward ficou sério e por um breve momento, Elizabeth pensou que o tinha magoado. A garota se preparava para pedir desculpas quando seus pensamentos foram interrompidos.
–É a história sobre um homem pobre que se apaixona por uma nobre e tem uma filha com ela?
Thomas se aproximou do Leme onde Edward estava. Seus olhos percorreram o rosto do capitão pirata que permanecia sério, em seguida fixaram-se no rosto de Ellie que parecia minimamente brava.
Thomas se apoiou na madeira do navio, e olhando para Elizabeth prosseguiu:
–O homem cria a sua filha, Juliet, muito bem e acaba almejando uma vida melhor para sua ela. Os dois programam uma viajem para outro país, mas o navio em que eles estavam acabou sendo atacados pela marinha espanhola. O homem sobreviveu, mas ganhou uma cicatriz ao tentar, em vão, salvar a sua filha. O nome do homem... É John Avey.
Um silêncio permaneceu no ar, Ellie tentava absorver o que tinha acabado de ouvir. Edward agora parecia mais triste do que sério, então Thomas prosseguiu:
–Dizem que a filha dele morreu afogada junto com os escombros, mas que ele tentou tira-la de lá a todo custo. Mesmo depois de ter cortado de fora a fora o rosto, ele continuou tentando salvar a única coisa que importava para ele.
–Ele morreu tentando salvar o seu único tesouro. - Disse Edward fitando o horizonte.
–É isso...
Os dois olharam para a garota que observava o mar aonde o livro havia afundado.
–É por isso que John quer o espelho, ele quer voltar no tempo para salvar a filha, mas então, ele tem motivos dignos!
Thomas sorriu por alguns instantes.
–Não estou brincando Thomas! Se ele encontrar o espelho antes, ele pode...
–Não, ele não pode. O espelho não analisa as tuas vontades Ellie, ele analisa o que tu fazes para realizá-las. Não importa se tu fores à pessoa mais bondosa do mundo, se tu não conquistares o espelho da forma correta sendo digna você nunca o conquistará da forma maldosa e desonesta.
–Mas, ele só quer trazer a filha de volta Thomas.
–E mata para realizar tal feito.
A seriedade pairou sobre os três. Elizabeth continuava olhando o mar, enquanto Thomas e Edward fitavam o horizonte.
–Hey Thomas, estamos quase chegando à ilha da juventude, então não posso deixar de perguntar. O que aconteceu com aquela mulher que estavas apaixonado?
Thomas corou.
–Sally?
–Esta mesmo.
Elizabeth desviou a atenção do mar e notando o quão vermelho Thomas estava, decidiu entrar no jogo.
–Então o senhor Thomas está apaixonado?Quem é Sally?
Thomas sorriu.
–Ela é uma bibliotecária de Havana. A mulher mais linda que já vi.
–E ela continua não dando-lhe bola?
Edward riu quando proferiu tais palavras, mas Thomas permaneceu sério encarando o amigo.
–Selly é uma mulher delicada, como uma linda flor na primavera. Assim como todas as damas do mundo, ela precisa ser cortejada para que compreenda e perceba meu amor...
–... E então ele se tornará recíproco. - Brincou Edward.
–Exatamente!
Thomas estava tão radiante que Elizabeth se perguntava se ele entendera o tom de ironia na voz de Edward.
–Quando isto tudo acabar, voltarei para Havana e conquistarei Sally, ela irá me notar e iremos nos casar! Teremos filhos e viveremos felizes para sempre.
–Que vida chata!
–Não é chata, Edward, é apenas monótona.
–Como eu disse; Chata.
–Tu nunca entenderias! -Disse Thomas dando de ombros. - E você Ellie, o que fará quando voltar para casa?
Thomas disse isso com uma felicidade tão grande que estranhou quando Elizabeth e Edward pareciam desapontados. Vendo uma oportunidade, Thomas decidiu zombar do amigo:
–Oque foi Edward? Você não quer que a Ellie se vá?
Dessa vez foi à hora de Elizabeth corar.
–Ele não vê a hora de que eu vá embora Thomas!
–Não teria tanta certeza, Elizabeth.
Thomas e Ellie sorriram, mas Edward estava mais sério do que nunca.
–O que foi amigo?Está envergonhado?
Edward soltou retirou suas mãos do leme e avançou alguns passos, retirando a luneta do bolso e focando em um ponto distante.
–Veja, ele está tentando disfarçar.
Disse Thomas enquanto cutucava Ellie. A garota sorria com toda a situação.
–Vamos Edward, diga algo!
O capitão guardou a luneta no bolso, encheu os pulmões e gritou para a tripulação:
–Chegamos rapazes! A ilha da juventude nunca esteve tão perto! Entretanto, preparem suas armas... Parece que temos companhia de um velho amigo.
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