Pov. Lanna:

Hoje seria um grande dia, afinal seria a festa das luzes que segundo meu marido era um evento lindo que comemorava o nascimento da rainha Adelina e também servia como um memorial para os Sforza que perderam a vida durante a invasão de Magnus ao castelo da Alvorada.

Enquanto verificava os últimos detalhes para a festa ouvi Aurora chorando pela babá eletrônica que me acompanhava enquanto exercia minhas funções de rainha.

–Soraya, pode terminar de verificar tudo para mim enquanto vejo minha filha.- pedi a minha assistente que concordou antes que eu subisse as escadas.

Aurora havia sido uma surpresa para nós, afinal havíamos decidido parar em Aaron e Anthony. Mas quando saímos de férias pelo Caribe para comemorar nosso aniversario, no qual eu fazia 41 anos e Lukas 40, acabamos nos “animado” demais e nove meses depois tive Aurora que estava com 10 meses.

Apesar do susto, amávamos a nossa filha.

Assim que entrei no quarto de Aurora sorri quando a vi nos braços do pai que a acalentava sem parar tentado fazê-la para de chorar.

–Não sabia que você já havia chegado do parlamento.- disse confusa, pois meu marido tinha uma reunião com todos os ministros do reino e isso podia levar o dia todo.

–Nem fui meu anjo, o monstro da cultura está de cama, então preferi conversar com todos em outro dia.- Lukas esclareceu enquanto acariciava o cabelo loiro de Aurora, que segundo o pai, ela havia herdado a cor dos cabelos de seu avô paterno assim como Nicolas.

–É a decisão certa, pois assim evitará alguma confusão.- disse depois que lavei minhas mãos antes de pegar minha filha no colo para amamenta-la.

Aurora era um doce de bebê, só chorava quando estava com fome e raramente acordava de madrugada. Ela era tão loira quanto Nicolas e possuía os olhos verdes escuros do pai, o qual era louco por ela.

Mas eu sempre soube que Lukas era todo derretido por nossas filhas.

Enquanto amamentava Aurora, Lukas estava ajoelhado ao meu lado acariciando o cabelo da nossa filha enquanto sorria feito um bobo para cada olhar que ela dirigia ao pai. Mas o toque do meu celular quebrou o nosso momento em família.

–Pode atender para mim amor.- pedi a Lukas que se levantou e foi até o telefone.

–Estranho, é da escola dos meninos.- ele disse preocupado assim que olhou o número na tela e atendeu em seguida.

Ele ficou calado durante alguns minutos, mas pode perceber por seu rosto que nosso filho havia aprontado de novo.

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–Você precisa ficar calmo ou vai ter um enfarte.- disse enquanto andávamos pelos corredores do instituto Dewinter em direção a diretoria.

–Ficar calmo?! Como posso ficar calmo quando Anthony vive aprontando?!- meu marido questionou furioso.

–Isso é coisa de adolescente Lukas. Tenho certeza que ele irá parar de aprontar.

–Ele vai sim.- ele disse determinado e pisquei confusa antes de entramos na sala da diretora.

–Majestades.- a diretora nos cumprimentou com uma reverencia assim que entramos.

–Posso explicar tudo, papai e mamãe.- Anthony disse assim que olhamos para ele sentado em uma cadeira.

–Calado.- Lukas disse severo e Anthony se encolheu na cadeira.

–Senhor Sforza, por que não espera lá fora enquanto converso com seus responsáveis.- a diretora pediu e Anthony concordou sem escolha antes de sair.

Assim que nosso filho havia saído a diretora começou a contar detalhadamente a mais nova travessura de Anthony, que havia colocado fogo no laboratório de química do instituto.

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–Pai, se isso vai fazê-lo se sentir melhor, pode gritar comigo.- Anthony pediu enquanto Lukas o olhava serio em seu escritório assim que havíamos chegado em casa.

–Não sei se você já percebeu, mas já estou cansado de gritar com você. Já estou cansado de viver ouvindo reclamações das suas “brincadeiras”. Nunca pensei que diria isso, mas meu pai deve estar rindo de mim do além, por saber agora o que ele passava por ter um filho...- Lukas começou a dizer furioso e o interrompi.

–Nem ouse completar sua fala.- disse furiosa enquanto olhava apara ele.- Se nosso filho apronta é por que puxou isso de alguém.

–Agora a culpa é minha?! Por acaso mandei Anthony passar mais tempo na diretoria do que na sala de aula?! A culpa dele ser assim é sua, por que vive acobertando tudo o que ele faz.- Lukas me acusou e o olhei sem palavras.

–Agora a culpa é minha?! A culpa é minha se você passa mais tempo cuidando de Florença do que dos seus filhos.

–Você está dizendo que sou um péssimo pai?!- ele questionou ofendido.

–Não estou dizendo, estou confirmando. Você dá mais atenção para o seu reino do que para nossos filhos.

–Isso não é verdade. Apesar de trabalhar sem parar, jamais deixei minha família de lado.

–Não é o que parece.

–Já chega.- Anthony gritou interrompendo a nossa discussão.- Vocês são os melhores pais desse mundo e não tem culpa de terem um filho rebelde como eu. E não quero que fiquem discutindo por minha causa, prometo que vou tentar domar minha vontade de aprontar.

–Acho bom, ou mando você para um internato na Sibéria. Um local que é têm como diretor um ex general e que não tem internet.

–Só se for por cima do meu cadáver que você irá mandar meu filho para um reformatório.

–Dá para vocês pararem de brigar?!- Anthony implorou se sentindo culpado por nossa briga.

–Vamos tentar. Agora suba e se arrume para a festa das luzes.- Lukas ordenou e Anthony concordou antes de sair do escritório do pai.

Ficamos nos olhando por alguns instantes antes de começarmos a sorrir.

–Você foi ótima amor, quase acreditei que estávamos brigando de verdade.- Lukas disse assim que recuperamos o folego de tanto rir.

Havíamos desenvolvido uma “técnica” especial para lidar com Anthony, pois já havíamos feito de tudo para que ele parasse de aprontar. E durante uma conversa na qual , Lukas e eu estávamos repreendo o nosso filho por causa de mais uma das suas “brincadeiras” , acabamos brigando e descobrimos que ele se sentia culpado por nossa briga e se comportava como um anjo depois.

Sei que era cruel da nossa parte, mas não conseguíamos ter outra ideia para educar Anthony.

–Meu anjo.- Lukas sussurrou se sentando ao meu lado no sofá.- Acho que deveríamos considerar matricular Anthony no internato da Sibéria.

–Não. Lukas, sei que ele vive aprontando, mas por favor, não mande nosso filho para longe.- implorei olhando em seus olhos.

–Lanna, Anthony é um príncipe. Ele pode não ser o primeiro na linha de sucessão do trono, mas precisa se comportar de acordo com o seu título. E se ele se casar com alguma rainha? Como poderá ajudá-la a reinar se não tem responsabilidades? - meu marido questionou e concordei resignada.

–Você tem razão. Só peço que me deixe ter uma última conversa com ele, Anthony sempre me ouviu.

–Sei que talvez ele e você me odeiem se fizer isso, mas estou pensando no bem dele. E você tem uma última chance. Se Anthony não começar a se comportar de acordo com sua posição terei que mandá-lo para o internato. Espero que me entenda.- ele sussurrou triste e concordei antes de lhe dá um beijo e subir para ver Anthony.

–Posso entrar? - perguntei assim que abri uma pequena fresta na porta do quarto do meu filhos.

–Claro mãe, já ia atrás da senhora para me ajudar com isso.- Anthony disse sorrindo enquanto apontava para a sua gravata.

Sorri antes de ajudá-lo a fazer o nó, o que me fez lembrar das inúmeras vezes que Lukas ensinou para Anthony, mas nosso filho nunca conseguiu assimilar a sequência de passos.

Anthony era muito parecido com o pai.

Os dois compartilhavam a mesma cor dos olhos e dos cabelos, tinham o mesmo formato do rosto, o mesmo nariz e as mesmas mãos. Mas ele compartilhava algo com o pai que seu irmão gêmeo não possuía.

Ambos tinham um gênio indomável.

Só que ao contrário do pai que sabia se controlar, Anthony não tinha ideia de como fazer isso.

–Obrigado mãe.

–De nada amor.- disse olhando em seus olhos verdes.- Será que poderíamos conversar.

–Claro.- ele concordou e respirei fundo antes de ter uma conversa franca com meu filho.

E por mais incrível que pareça meu filho me escutou, e começou a se comportar de acordo com a sua posição.