Além da vida escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 4
Gaia e Alejandro part. I


Notas iniciais do capítulo

E com vocês mais uma historia de três capítulos de uma das vidas passadas de Lukas e Lanna.



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Espanha, 1260 d.c.

–Apenas tente entender filha.- meu pai pediu suave e rugi furiosa.

–Jamais vou entender.

–Tudo que fazemos é para o seu bem querida. Aro não poderá tocá-la se estiver casada.- minha mãe justificou e olhei incrédula para eles.

–Não vu me casar com homem algum e também não deixarei Aro ou outro homem me tocar.- disse furiosa enquanto saia de minha tenda.

Na tradição do povo cigano ao qual fazia parte, aos 18 anos eu já deveria estar casada e cheia de filhos, mas apesar de amar a cultura Rom e segui-la sem reclamar, me casar era algo que jamais quis. Por que para mim casamento deveria ser por amor e não por obrigação. Mas no meu caso além da obrigação seria também por proteção já que Aro Volturi, um senhor de terras que amedrontava meu povo jurou que serei dele.

Na época eu só tinha 10 anos e já era bonita, desde então meus pais ficaram obcecados em me manter segura e conseguiram arranjar meu casamento com o herdeiro de uma das doze tribos que formavam nosso povo.

Os Sforza eram conhecidos por serem deformados, brutos e letais, pois seus meninos eram ensinados a lutar desde cedo. Eles eram responsáveis pela segurança do nosso povo, por isso não conviviam conosco.

E seria com alguém três ano mais velho do que eu que serei obrigada a casar.

Isso era um verdadeiro calvário.

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Mesmo tentando de todas as formas escapar de minha sina acabei tendo que me despedir de todos que amava antes de entrar na carruagem enviada pelos Sforza.

–Você vai ficar muda até quando filha? - meu pai questionou enquanto sacolejávamos dentro da carruagem.

Ele suspirou assim que não lhe respondi nada.

–Querida, tente ser educada e agradável quando chegarmos lá, tente não provocar a ira deles.- meu pai aconselhou e olhei para ele seria.

–É para esse tipo de gente barbara que vão entregar a única filha de vocês?!- questionei chocada e os dois olharam para seus pés sem ter coragem de me ver.

E aquela pergunta encerrou qualquer assunto que poderia ser falado naquele cubículo.

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Confusa abri os olhos assim que a carruagem parou, nem havia percebido que tinha pegado no sono.

–Chegamos querida, e seja gentil.- mamãe pediu passando as mãos em meus cabelos antes de apertar minhas bochechas para que ficassem coradas.

–Mãe, pare com isso.- pedi e ela sorriu amorosa.

–Só quero que você agrade seu noivo e a sua futura família.- ela se desculpou e suspirei.

–Me desculpe por ser grossa e mal agradecida mãe, é que tudo é novo para mim.

–Tudo bem meu amor, sei que o desconhecido sempre é assustador.- ela sussurrou carinhosa e sorri antes de abraça-la.

–Vou sentir tanto a sua falta.

–Eu sei minha pequena, mas ainda temos o hoje.

Depois que fiz as pazes com mamãe descemos da carruagem e fiquei maravilhada com o tamanho do povoado ou melhor vila que era o reino Sforza.

Haviam mais pessoas naquele lugar do que no meu povoado.

–Meus queridos, sejam bem vindos ao reino Sforza.- uma mulher amável disse assim que surgiu no meio da multidão acompanhada por dois homens.

Os dois eram incrivelmente fortes e bonitos e não havia nenhuma deformação aparente em nenhuma daquelas pessoas que andavam pela rua.

–Fizeram boa viagem? - a mulher questionou preocupada e mamãe sorriu.

–Sim Tsia, mas uma longa distância sempre será cansativa.

–Isso é verdade Rosália.- ela disse suave antes de olhar para mim com seus olhos verdes escuros, da cor exata das folhas das arvores.- Então, você é Gaia.

–Sim.- sussurrei seria e ela sorriu.

–Corajosa e isso é bom. Ser corajosa é uma qualidade imprescindível para ser a mulher de um príncipe Sforza. Tenho certeza que você e Alejandro se darão muito bem.- ela disse amável antes de se virar para os dois homens que a acompanhavam.- Juan e Esteban assegurem-se de que a bagagem de meus convidados chegue até o castelo.

–Sim majestade.- os dois disseram fazendo uma reverencia antes da rainha nos conduzir para longe da carruagem.

Agora eu sabia que meu suplício era um príncipe e que se chamava Alejandro.

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Assim que avistei o castelo real arfei incrédula, afinal nunca tinha visto uma construção como aquela pois em meu povoado as pessoas vivam em tendas.

A rainha Tsia nos mostrou todas as dependências do castelo que era ricamente decorado assim como confortável, mas a parte que mais me encantou foi o jardim, que possuía uma piscina enorme alimentada por uma cascata natural e várias flores também que davam ao lugar uma aparência de floresta mágica.

Após visitarmos todos os cômodos fomos em direção aos nossos respectivos quartos.

–Espero que goste querida. Tentei deixar o ambiente extremamente agradável.- a rainha disse enquanto parávamos diante de uma porta.

–Obrigada pela preocupação majestade.- agradeci e ela sorriu antes de abri a porta e me incentivar a entrar.

Assim que coloquei os pés no quarto parei de respirar diante de seu tamanho e luxo. Aquele quarto era vinte vezes maior que a tenda em que morava com meus pais.

–Sei que no começo tudo é assustador Gaia, mas garanto que irá se acostumar. E quero deixar claro que nenhum dos boatos ditos por nosso povo sobre os Sforza é verdade.- a rainha disse segura e virei para vê-la.

–Nosso povo? - questionei confusa e ela sorriu.

–Nasci no mesmo povoado que você Gaia, sua mãe e eu éramos amigas de infância. Quando fui entregue aos cuidados do antigo rei como noiva de seu filho, estava tão apavorada e assustada quanto você.- ela disse suave e pisquei confusa.- E então, eles ainda espalham por ai que o povo Sforza é deformado, bruto e letal?

–Sim.- sussurrei sorrindo por ela não se sentir ofendida pelos comentários.

–Velhos hábitos nunca morrem minha cara. Sente- se vamos tomar um refresco enquanto tento desmentir todos esses boatos.- a rainha pediu enquanto servia o refresco em duas taças de ouro e me entregava uma antes de se sentar.

–Pelo que você mesma viu no mercado central nenhum de nós somos deformados.

Somos perfeitamente normais.

–E quanto ao fato de serem guerreiros majestade? Isso não os torna brutos e letais? - questionei após ter tomado um gole do meu refresco.

–Os homens Sforza são brutos e letais com seus inimigos por que foram ensinados desde os cinco anos de idade a pegar em armas. Mas com a sua família não. Devo dizer que eles são os homens mais carinhosos, gentis, envolventes e ardentes que existem.- ela disse e sorriu assim que percebeu que eu havia corado.- Gaia, não se preocupe por que aqui nenhum homem é capaz de machucar uma mulher ou sua mulher, é uma lei. Nossas crianças são educadas a valorizar, respeitar e amar suas mulheres e homens com o mesmo ardor em que lutam em batalhas.

–Pensei que só os homens fossem para a guerra.- sussurrei confusa e ela sorriu.

–Apenas os homens vão para a guerra Gaia, mas as mulheres aprendem a lutar tão bem quanto os homens. Afinal, quem irá nos defender quando eles estiverem fora? - ela questionou e concordei com a sua lógica.

–Agora vou deixa-la descansar, afinal deve estar exausta da viagem.- ela disse suave enquanto se levantava da cadeira em minha frente.- Você terá uma dama de companhia chamada Eva, que a ajudará a se arrumar e a instruirá sobre nossa sociedade.

–Obrigada majestade.

–Não precisa agradecer querida. E você só conhecerá meu filho no jantar de amanhã, isso lhe dará tempo para se arrumar de acordo com a posição que ocupará em breve. Tenha um boa noite Gaia.- a rainha desejou antes de sair.

Não demorou muito para que Eva aparecesse em meu quarto após a rainha ter saído.

Eva era uma moça da mesma idade que eu, muito bonita e gentil que me auxilio em tudo que precisei.

Talvez pudéssemos ser boas amigas em breve.

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Acordei sentindo um calor infernal, mesmo tendo todas as janelas do quarto abertas.

Aquele castelo estava parecendo um caldeirão no fogo, sedenta me sentei na cama e peguei a pequena jarra de agua que estava no criado mudo, mas a mesma estava seca.

Suspirei e decidi colocar meu robe por cima da camisola que usava para poder me aventurar em busca de um copo de agua pelo castelo em plena madrugada.

Como sempre tive excelente memoria consegui encontrar rapidamente a cozinha, mas assim que estava com meu copo de agua em mãos ouvi o barulho de algum mandado na piscina.

Curiosa, deixei o copo em cima da mesa e fui para o jardim que estava agradável apesar da noite quente, mas assim que cheguei a piscina não vi ninguém.

–Esse calor está deixando você louca Gaia.- sussurrei para mim mesma antes de entrar, mas fui impedida por alguém que segurou meu braço e me empurrou de encontro a uma parede.

–Quem é você? - um homem questionou empresando seu corpo ao meu enquanto segurava uma faca em meu pescoço.

Naquele momento comecei a tremer apavorada pensando que iria morrer.

–Se mão quiser morrer é melhor me dizer quem és.- ele exigiu furioso e balbuciei meu nome.

Assim que ouviu meu nome ele me soltou em choque e pela fraca luz da lua percebi que ele estava com o cabelo preto pingando e completamente pelado o que me fez corar e virar de costas.

–Me desculpe senhorita. Não sabia quem era, se soubesse jamais a atacaria dessa forma.- ele se desculpou envergonhado.

–Tudo bem, acho melhor ir para o meu quarto. E não se preocupe, prometo não contar a ninguém.- disse nervosa diante da situação, afinal nunca tinha visto um homem sem roupa na vida.

–A senhorita seria capaz de guardar o segredo de um simples soldado? - ele questionou confuso e virei para vê-lo.

–Se o senhor prometer guardar o meu segredo, farei o mesmo.- pedi e ele concordou.

Nervosa sai o mais rápido possível daquela situação embaraçosa e perigosa para nós dois.

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Passei a manhã inteira inquieta pelo que aconteceu de madrugada, afinal se alguém soubesse do incidente no jardim minha vida e a do soldado estariam em risco.

–Deseja alguma coisa senhorita? - Eva questionou enquanto me via andar de um lado para o outro.

–Sim, gostaria de lhe fazer uma pergunta.

–Claro.- ela concordou e me sentei ao seu lado.

–O que acontece aqui a uma moça se ela for acusada de traição ao futuro noivo? - questionei e ela me olhou assustada.

–A senhorita não é mais virgem?!- ela questionou horrorizada.

Na cultura cigana a noiva tinha que ser virgem, pois na noite de núpcias o noivo deveria mostrar a todos a prova da sua pureza de sua noiva. E se não houvesse prova era decretada uma verdadeira guerra entre as famílias dos noivos.

–Claro que sou.- disse me defendendo e depois gemi angustiada.- Eu não sei depois do que houve ontem com aquele soldado.

–Que soldado senhorita? - Eva questionou preocupada e lhe contei o que aconteceu de madrugada.

–Deus, me sinto tão ingênua agora.- sussurrei envergonhada após ela ter me assegurado que minha virgindade estava intacta.

– A senhorita não foi ingênua, só não sabia como isso acontecia.- Eva garantiu enquanto voltava a costurar um pedaço de renda na barra do vestido que iria usar hoje no jantar.

–Tem certeza que eu ainda sou virgem Eva? Por que tudo que não quero é motivar uma guerra.

–Não se preocupe, sou casada e posso garantir que ser apenas empresada em uma parede por um homem sem roupas não tirou sua virgindade.- Eva assegurou e respirei mais aliviada fazendo-a rir.- E como ele era senhorita?

–Não consegui ver direito pois estava muito escuro.- sussurrei tentando me lembrar do soldado.- Tudo que sei é que ele tem o cabelo preto e é forte. E ele tinha um cheiro bom de erva doce ou hortelã.

–Se me permite um conselho senhorita é melhor esquecer está história, por que se a senhorita se apaixonar por esse soldado será inevitável não incentivar uma guerra.- ela aconselhou e concordei.- Agora acho que devemos cuidar da senhorita afinal, hoje será finalmente o dia em que conhecerá o príncipe.

–Que ótimo.- disse forçando um sorriso que a fez rir.

–Sei que a senhorita não queria se casar, mas já que será inevitável, por que não tenta dá uma chance ao príncipe Alejandro? Ele é um rapaz maravilhoso e muito bonito também, sei de moças que matariam para estar no seu lugar.

–Vou pensar nessa hipótese Eva.- disse tentando encerrar o assunto enquanto ela me levava para mais uma sessão de beleza com óleos perfumados e outros produtos.

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Tentava controlar minha respiração enquanto descia as escadas que me levariam até a minha sina. Assim que apareci na sala vi várias pessoas conversando e mamãe veio até mim sorrindo.

–Querida, você está linda.- ela disse sorrido enquanto olhava meu vestido verde escuro de renda e meus longos cabelos escuros que estavam soltos exibindo meus cachos naturais.

–Mamãe, por favor, não me obrigue a isso.- implorei desesperada e ela me olhou com amor.

–Minha menina, não estou castigando você. Seu pai e eu só queremos que fique segura de Aro.

–Não aguento mais isso mãe. Acordo todo dia sem saber se vou continuar respirando até a noite, acho que vou enlouquecer.- sussurrei nervosa e ela acariciou meu rosto de leve.

–Vamos deixar as preocupações para depois querida e viva o hoje. Agora, respire fundo e tente se acalmar.

–Aconteceu alguma coisa Rosália? - a rainha questionou preocupada assim que se aproximou de nós.

–Não Tsia. Minha filha só está nervosa em conhecer seu noivo.

–A minha querida não precisa temer, meu filho é um ótimo rapaz.- a rainha disse enquanto me levava em direção aos outros.

–Quero lhe apresentar meu marido Hernandez. Meu filho do meio Raul e minha filha caçula Belinda.- ela disse enquanto indicava cada um deles que me cumprimentaram sorridentes.

–E este é meu primogênito Alejandro.- ela disse e indicou um rapaz de cabelos pretos e olhos verdes escuros da mesma cor dos olhos da rainha.

–É um prazer conhece-la senhorita.- Alejandro disse suave enquanto me olhava e pisquei em choque.

–É você...- sussurrei reconhecendo sua voz.

Alejandro havia sido o soldado que me atacou ontem. -De onde você o conhece filha? - meu pai questionou sério e fiquei sem saber o que dizer.

–Estava nadando ontem na piscina por que estava uma madrugada quente, e acabei confundindo a senhorita Gaia com algum invasor.- Alejandro explicou enquanto eu corava das bochechas ao pescoço.

–Alejandro, me diga que você estava vestido.- o rei questionou tentando controlar o riso.

–Em uma noite quente como aquela, claro que não. E além do mais sempre nadei sem roupa de madrugada.- Alejandro disse simples e todos sorriram menos eu e meus pais.

–Gaia.- meu pai sussurrou furioso e me encolhi em resposta, por que sabia o que ele iria fazer.

Sem dizer nada meu pai segurou meu braço com força antes de pedir licença e me arrastar até meu quarto.


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